sexta-feira, dezembro 16

Politicamente Correcto

O totalitarismo costumava ter um rosto: Hitler, Staline, Mussolini. Hoje o maior perigo totalitário é o Politicamente Correcto. É um fenómeno contra o qual é difícil lutar. Como nasceu? Quem tem a ganhar com ele, quem o promove? Parece ter começado nos Estados Unidos. Começou por ser uma procura de uma solução para a convivência entre os vários grupos étnicos. Pretendia a interdição de certas expressões consideradas ofensivas. É cada vez mais uma forma de condicionar a nossa forma de pensar a todos os níveis.
Como podemos lutar contra o politicamente correcto num blogue?
A forma de luta mais elementar consiste em fazer o contrário do que é politicamente correcto. Muitos dos meus posts são desse tipo.
Outra forma consiste em desmontar alguns dos truques do políticamente correcto. Fica para uma próxima oportunidade.
Finalmente, temos o post anti-totalitário. Vamos a um exemplo. No sábado o Lutz escreve o post Interrogatório (2), onde pergunta:

Se um governo continua a permitir e encobrir a violação sistemática dos direitos humanos por serviços que lhe estão subordinados, acha sustentável votar nele, porque porventura concorda com a sua política noutros assuntos?

Eu respondo nos comentários Acho. Eu saio do quadro aceitável perversamente estabelecido por este post totalitário. Levo alguma pancada. Mais tarde o Lutz escreve um comentário onde básicamente diz o meu que eu, de uma forma menos provocadora. As pessoas aceitam. Ao fazê-lo são descondicionadas relativamente aos truques do politicamente correcto. Um post deste tipo funciona como vacina para o tipo de condicionamento que o politicamente correcto nos impõe. A posteriori, transforma-se num post anti-totalitário!

Nós pensamos da forma como discutimos. O problema fundamental do condicionamento ao nosso discurso é que ele acaba por limitar a forma como raciocinamos. O mais importante não é o número de neurónios que possuímos mas o número de sinapses (ligações) existentes entre entre essas células. Digamos que se não pudermos dizer (logo pensar) a frase a mulher é um ser inferior estamos a limitar o número de combinações que o nosso cérebro pode produzir. Estamos assim a diminuir a clareza dos nossos raciocínios e a limitar a nossa criatividade.

A Madi tem razão quando afirma que a forma como argumenta não condiciona de forma significativa as respostas dos seus interlocutores. Tem toda a razão. Na net somos todos meio anónimos e a capacidade de condicionar é limitada. Mas o facto de um discurso ser totalitário não tem a ver com o conteúdo nem com os seus efeitos mas tão só com a forma. Madi, o mesmo discurso, ao vivo, sendo tu a chefe do teu laboratório, condiciona o discurso dos teus subordinados.

O politicamente correcto é tão perigoso por nos facilitar tanto a vida. As relações entre as pessoas tendem a ser menos conflituosas. As nossas convicções deixam de ser postas em causa. Temos acesso a uma série de instrumentos para convencer outras pessoas de algumas das nossas convicções. Em troca, só perdemos a nossa alma.

53 comentários:

Broken M disse...

Perdemos a nossa alma? Ou apenas não a mostramos?

Orlando disse...

Madi,
vai mirrando a cada sinapse não concretizada:)

Orlando disse...

Estou a desdizer-me adjectivando o post do Lutz primeiro de Totalita´rio e depois de anti-Totalitário?
Nem por isso.
Eu deixei bem claro no primeiro comentário ao post Post Totalitários que um post desse tipo podia a posteriori deixar de o ser:)

Orlando disse...

Lutz,
peço desculpa pelo meu comentário no teu post sobre Louçã/ Pacheco Pereira. Estraguei o efeito anti-politicamente correcto do post.
Shame on me!

Anónimo disse...

Fiquei com uma duvida: a "primeira" pergunta do Lutz tambem e' um exemplo de politicamente correcto?

"P: Se lhe fosse demonstrado que a defesa dos nossos valores não seria possível sem recurso a estes meios, mudava a sua posição?"

Orlando disse...

Não me parece mp, aí ele põe em causa alguns princípios do políticamente correcto questionando a possibilidade da sua aplicação prática. A segunda pergunta é "gramaticalmnete" muito semelhante, mas ideologicamente completamente diferente. Um drible à Cristiano Ronaldo. O Lutz não é nada ingénuo. Manipula a língua portuguesa com a destreza de um Maquiavel. Como tem boas intenções e escreve na Terra da Alegria, é provavel que apesar de tudo consiga conquistar o céu:)

lb disse...

Antes de mais, muito obrigado pelos elogios! Nunca me imaginei ser comparado com o Cristiano Ronaldo, espero que as meninas também o façam desde então...

Agora a sério: O que acho interessante é que num blogue a possibilidade de abalar o quadro de referências em que orientamos a nosso raciocínio e as nossas opiniões só surge quando temos uma caixa de comentários, paciência e calma de aguentar o debate, e ainda comentadores de qualidade! O maior elogio que até hoje ouvi do Quase em Português veio do Luís do Mal: "...além do mais lido por gente magnífica!"

Orlando disse...

Confissão:
quando estava a escrever o post sobre o Lobo Antunes, apercebi-me rapidadmnete de que a Sofia ia levar pancada.
"Ela aguenta-se. Faz-lhe bem."
QUando levei pancada no post do Lutz doeu um bocadinho mais do que eu estava á espera. Tinha perdido o hábito!
Só depois é que comecei a meditar em assuntos politicamente correctos:)

Orlando disse...

Sorry Sofia!

Sofia disse...

Já cá venho, com mais tempo. Não perdes pela demora...

Sofia disse...

"O mais importante não é o número de neurónios que possuímos mas o número de sinapses (ligações) existentes entre entre essas células."
Experimentem dizer isto a alguém com meia dúzia de neurónios, ainda que em plena tempestade cerebral...

"O politicamente correcto é tão perigoso por nos facilitar tanto a vida. As relações entre as pessoas tendem a ser menos conflituosas."
Completamente em desacordo. Ser politicamente correcto e hipócrita ao mesmo tempo, facilita, aparentemente, as relações entre pessoas nesse momento. Porque se as convicções de quem está a falar de uma forma politicamente correcta não coincidirem com o que está a dizer, isso vai observar-se nas atitudes. E são as atitudes que fazem andar o Mundo.
...

Primeiro: Eu levei pancada?! Não só não me lembro, como não me dói nada... :) Fracos! :)

Segundo: É politicamente correcto
apercebermo-nos "rapidadamente de que a Sofia ia levar pancada" e continuarmos. Isso demonstra uma enorme capacidade de amar o próximo, ao deixá-lo levar pancada sabendo que ele aguenta e que "Faz-lhe bem".

Terceiro: A partir de agora, prepara-te para veres contestadas todas as tuas ideias.

Quarto: O post de cima era giro. Ainda bem que o tiraste, porque não ia conseguir dizer mal dele.

António Araújo disse...

qual post de cima?

Sofia disse...

Contigo, só falo de outros assuntos, OMWO. Posts de cima, não. Lamento. :)
Já me viraram do avesso.

lb disse...

O "politicamente correcto" é so uma forma de cercear o pensamento através da pressão social. O que o PC tem de nocivo, existiu e existe sempre em todas as épocas e em todas as culturas. Até acho seguro dizer, que, nas sociedades ocidentais, nunca houve tanto contraditório como hoje. Até certo ponto, o efeito PC é inevitável, embora que deve ser combatido sempre, claro. Não sei se leste, mas em tempos tentei uma definição do PC, ao mesmo tempo atacando o uso muitas vezes por sua vez criticável que se faz desta acusação.

lb disse...

«"Politicamente correcto" é, desde que Pacheco Pereira assim o definiu também em Portugal, o palavrão que denomina a reprodução acéfala da ideologia dominante, a observância - e exigência de observância - do seu código de conduta, por nenhuma razão melhor do que o conformismo.
Mas a acusação de "politicamente correcto" passou entretanto a ser a arma predilecta e de uso mais fácil para quem defende uma posição minoritária - ou até maioritária mas divergente da ideologia dominante - e que quer contra-atacar sem se dar ao trabalho de desenvolver uma argumentação no conteúdo.
Ignora-se deliberadamente - ou pior: inconscientemente -, que o depreciativo no termo só pode advir da estupidez, da origem preguiçosa, cobarde e conformista da posição atacada, e não do facto de ela ser dominante, o que confere à acusação do "políticamente correcto" as características principais daquilo que ela pretende flagelar.»

Orlando disse...

Lutz,
não tinha lido mas li agora. Aqui ficam os links para quem possa estar interessado:

http://quaseemportugues.blogspot.com/2005_02_01_quaseemportugues_archive.html#110890186780991932

http://quaseemportugues.blogspot.com/2005_06_01_quaseemportugues_archive.html#111991591591521661

Dizes que o PC "é uma reacção ao controlo da linguagem pela ideologia (anteriormente) dominante".
Não se podia dizer a coisa melhor. Hoje em dia somos muito mais sofisticados. Qualquer ideologia que tenha uma agenda com objectivos concretos é imediatamente detectada e alvo de contra ataques. O politicamente correcto, ao só agir sobre a forma, é muito mais dificil de combater. Esquiva-se facilmente a ataques e tem um grande poder de adaptação e de mutação, como o capitalismo e a sida. Acho que é esta a diferença entre o politicamente correcto e as ideologias totalitárias anteriores.

Não é totalmente mau, mas o MAL tem de ter alguma coisa de bom para poder triunfar:)

António Araújo disse...

"No bad man is entirely bad, no good man is entirely good" - Krishna

Anónimo disse...

Krishna speaks in english?:)

António Araújo disse...

"Of course, doesn't everyone?"-Krishna

António Araújo disse...

Pessoalmente, a linguagem PC é das coisinhas que mais asco me causam sobre a Terra, a não ser porque me deu tantas vezes a oportunidade de fazer sangrar os seus proponentes com meia duzia de blasfemias bem escolhidas...pequenos prazeres da vida...

O PC é um exemplo de Newspeak, um ingrediente fundamental de qualquer bom pesadelo Orwelliano. Quando limitamos bem a linguagem, as críticas ao status quo deixam de ser sequer blasfémias, passam a ser frases-mal-formadas, desprovidas de significado. É esse o propósito destas "inovações" linguisticas. O seu verdadeiro propósito só se sente nas gerações seguintes, que não conseguem sequer fazer o "parsing", a descodificação, das frases que no passado eram blasfemas, mas que na nova ordem já nem frases são.

Orlando disse...

Outra semelhança entre o politicamnete correcto, o capitalismo e a sida é que são "anomalias do sistema" no sentido em que esse termo é usado no Matrix: não há ninguém por trás, ninguém é O reponsavel, não há um rosto que possamos apontar. Mesmo que se acredite em teorias da conspiração do tipo "foram os judeus que inventaram o politicamente correcto" ou mesmo que essas teorias fossem verdadeiras, a verdade é que o criador há muito que deixou de controlar a criatura.

Anónimo disse...

OMWO,
essa ideia é muito interessante. Dá para exemplificar?

Anónimo disse...

"Mas ao contrário da contaminação ideológica da linguagem que normalmente se processa de forma oculta, o politicamente correcto declara abertamente as suas razões e os seus objectivos. Isso distingue a linguagem do politicamente correcto do Newspeak orwelliano."

Lutz, post referido pelo ON.

António Araújo disse...

Assim de repente lembro-me desta:

Ha uns tempos atrás foi decidido que o conceito de "raça" não era "científico", e propôs-se (fez-se?) eliminá-lo de todos os documentos oficiais da UE.

Esqueçamos por um instante as nossas posições pessoais acerca da validade cientifica do conceito. Quero dizer apenas o seguinte:

Uma vez tomado tal passo há uma miriade de medidas que não podem ser, não só tomadas, mas mesmo enunciadas em tais documentos. Há um conceito que desaparece de discussão porque não pode ser enunciado. Isto é totalmente artificial porque, "cientifico" ou não, o conceito de raça está presente nas mentes dos cidadãos, e constrange as suas interacções. Não desaparece do terreno por desaparecer do papel.

Mas agora tome o passo seguinte: proiba a menção do conceito (tornando esse simples acto como "hate crime" - note-se que não utilizei a palavra "racismo" ja que não há "raça") em livros escolares, artigos de jornal, etc. Censure-o da televisão sempre qua alguem o mencionar em entrevistas de rua. Se fizer isto bem feito ao fim de uma geração ou duas a palavra e o conceito serão apenas usados por meia duzia de velhotes "reaccionarios" e decrepitos, e apenas às escondidas. Conversa de velhos doidos!

Deixa de se poder falar de uma data de coisas. Certos comportamentos de grupo e afinidades e hostilidades mutuas tornam-se incompreensiveis. Certas frases deixam de ser compreendidas pelas novas gerações, donas de uma linguagem mais pobre.

A teoria é que também certos comportamentos nefastos deixam de ocorrer no terreno, à custa disso. Na minha opinião, tal não tem funcionado, não dá mostras de vir a funcionar, e ainda que funcionasse não pagaria o preço de sermos cada vez mais uma carneirada acéfala e cobarde. Trata-se de novo de escolher: enfrentamos os perigos livremente, corajosamente, conscientemente, ou protegemo-nos, dando em troca a nossa liberdade de pensamento e de acção, e a nossa coragem?

É de novo a velha escolha entre liberdade e segurança...

António Araújo disse...

"Mas ao contrário da contaminação ideológica da linguagem que normalmente se processa de forma oculta, o politicamente correcto declara abertamente as suas razões e os seus objectivos. Isso distingue a linguagem do politicamente correcto do Newspeak orwelliano."

Posso discordar do lutz, não posso? :)

O problema é:

No mundo real as teorias de conspiração não funcionam bem. Ha demasiada gente en jogo ao mesmo tempo, e não se pode impedir alguns de falar demais ou de analisar demais. Não há um orgão central a comandar a "conspiração". Há muita gente a meter o bedelho, com ideias e objectivos diferentes, e mesmo incompativeis.

Por exemplo, de novo na questão da raça. Enquanto que por um lado se propõe que o conceito não existe, por outro lado pedem-se compensações por ofensas passadas sobre "raças" desfavorecidas, cria-se um estigma sobre a "raça" branca, diz-se que os "brancos" são racistas, etc. Afinal os "brancos" existem só quando convem para pedir satisfações, e sabemos logo identificar os "negros" quando queremos afirmar que estão a ser discriminados. Afinal "raça" existe ou não?

Este exemplo mostra o caos que se pode gerar entre duas investidas distintas do que se pode considerar em ambos os casos facções do politicamente correcto. Não há uma coordenação central. Ou se há, sofre o ruido de muitas outras "células". Não creio que se possa dizer que o PC "declare abertamente" seja o que fôr, apenas que alguns dos seus proponentes o fazem. Muitos outros falam apenas em código e fazem questão disso. Não me parece que a abertura seja condição que define o PC, mas apenas um acidente que ferirá o Newspeak em qualquer sociedade minimamente aberta (numa ditadura absoluta já seria possivel coordenar a coisa de forma central - ao contraio do Orwell, inverteu-se a ordem natural das coisas e deu no que deu :)).

O PC não é newspeak apenas pelo mesmo motivo que o comunismo na russia não era "verdadeiro comunismo" e o capitalismo nos EUA não é "verdadeiro capitalismo". É um exemplo do modelo teorico aplicado à pratica, imperfeito porque no mundo real há muito ruído, ou, dito de outra forma, "shit happens".

Anónimo disse...

Caro OMWO,
obrigado pelas respostas.
Por mim, estou convencido.
E pode discordar do Lutz à vontade:)

António Araújo disse...

Já agora, isto não tem nada a ver com o tema (e não vou voltar a este assunto, que dá sempre longas discussões inuteis), mas como o mencionei como exemplo, lembrei-me que ha um artigo novo e interessante acerca da questão da "raça" no washington post:

http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2005/12/15/AR2005121501728_pf.html

Isto refere-se apenas à questão da pele "branca", que ao que parece depende apenas de uma "point mutation". Apenas imagino o barulho que isto pode dar.

Exemplo:
"uma mutação que envolve apenas um aminoacido não é importante"

contestação:

1-O conceito informal (e o fenotipico com pretensões validas ou não a cientifico) de "raça" nunca foi uma questão apenas de cor da pele. Um africano e um nórdico distinguem-se bem fisicamente mesmo que os pintemos ambos de cor-de-rosa.

2-Há doenças genéticas mortais que tambem dependem so de um aminoacido. Se nao ha "raça" por causa disto tambem essas doenças não existem. Vão dizer isso ao pobre tipo com o fenotipo inviavel - levanta-te e caminha, estás curado!

um comentario inteligente no seio do artigo:

"You may tell people that race isn't real and doesn't matter, but they can't catch a cab," Ota Wang said. "So unless we take that into account it makes us sound crazy."

Um comentario idiota no seio do mesmo artigo:

"Recent revelations that all people are more than 99.9 percent genetically identical has proved that race has almost no biological validity."

"Proved!", nada menos.
Nem sequer é esse o argumento que foi usado (mas o da variação inter e intra - "raça", que tem falhas mais subtis ). Nem mesmo os "PC" são tão estupidos, já que o mesmo argumento "provaria" que o conceito de espécie sofria do mesmo mal (qual é a diferença percentual entre o DNA de um homo sapiens sapiens e o de um gorila, ou mesmo de um rato?).

António Araújo disse...

ops, o link era:

http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2005/12/15/AR2005121501728_pf.html

António Araújo disse...

ops 2:

lá em cima, onde disse "so um aminoacido" queria dizer "so uma base"

Estou a morrer de dores de cabeça, ja so digo disparates. Chega de bloggar por hoje :)

António Araújo disse...

nao consigo encontrar uma referencia noticiosa para isto:

>(...)e propôs-se (fez-se?) >eliminá-lo de todos os documentos >oficiais da UE.

Será que era a ONU? Falta-me a memória. Se alguem se lembrar avise-me.

António Araújo disse...

Afinal foi a Unesco :)

( Obrigado, ON :) )

Orlando disse...

Aqui fica uma amostra do PC:

Vicki: I agree with you. You may well know, if we figure biological 'and' social components into the equation, you are both correct about the race issue. There are no human races, but there are social race classifications. That's also why you're correct in that most blacks would beg to differ with Pierce. Their perception of being a race is based on their own cultural construction, just as countries have varying concepts of race. It certainly wasn't anything Pierce made into good argument since, if he understands there are no true biological race distinctions in humans, he certainly should have known what you meant by the cultural terminology of "black race". Maybe not.

Prosper, your last statement makes me mindful of how people tend to drop their mental chains when posting on internet forums. :)
Posted by: Tessa on October 17, 2005 12:26 PM

em

http://www.grouchyoldcripple.com/archives/002520.html

Orlando disse...

Ver no site das Nações unidas em

http://www.un.org/WCAR/durban.pdf

a declaração da

World Conference Against Racism, Racial Discrimination, Xenophobia and Related Intolerance

realizada em 2001 em Durban. No ponto sete diz-se:

Any doctrine of racial superiority is scientifically false, morally condemnable, socially unjust and dangerous, and must be rejected

along with theories wich attempt to determine the existence of separate human races.


Na primeira parte da frase decide-se que é cientificamente errada uma doutrina execravel.
Uma doutrina pode ser declarada execravel por uma assembleia. Mas uma doutrina não é uma teoria cientifica. A assembleia arroga-se o direito de tomar decisões sobre o que é ou não ciencia. O leitor não se importa porque realmente aquilo não é ciencia. Uma vez aceite que a assembleia se pode pronunciar sobre ciencia, negam a possibilidade da existencia de teorias que determinem a existencia de raças humanas. Como tal não existem as ditas cujas.

A UNESCO está a preparar uma Universal Declaration on Bioethics and Human Rights. Felizmente o bom senso prevaleceu e os desvarios realizados nesta conferencia forma eliminados.

Anónimo disse...

É simples: existe racismo, mas não existem raças!

Orlando disse...

Sofia,
com meia dúzia de neurónios só se conseguem 64 sinapses (dois à sexta) não dá para a uma grande tempestade:)

Orlando disse...

Aliás, 120.

Anónimo disse...

Eu sou políticamente correcto! Omwo, onde estão as falhas "subtis"? Ou são tão subtis que se volatilizaram?

Orlando disse...

Oh Setúbal,
há maneiras de saber que andavas a espreitar o blogue.
Já sabia que desta vez não ias conseguir manter o silêncio:)

Orlando disse...

Para já não vou intrometer-me na discussão. Há coisas mais importantes:
O essencial da questão para mim é:

Pode-se conceber que exista um definição científica de raça humana ou isso está interdito?

Se a resposta é não, não nos autorizas a responder à tua questão:)

Sofia disse...

:)

...

...

Mas a mulher é um ser superior.

Anónimo disse...

ON, as "raças" humanas são fenómenos biológicamente superficiais. As diferenças observadas entre as "raças", que vão para além da côr da pele, envolvem muito poucos caracteres. Por isso mesmo não são designadas formalmente como subespécies e não são reconhecidas na hierarquia taxonómica. Para além das diferenças observadas existem outras , como a maior resistência ao paludismo nas "raças" do Vale do Sado. Mas continuam a ser insuficientes para o reconhecimento formal. Tudo isto é como seria de esperar numa espécie em que o fluxo genético foi sempre elevado desde tempos pré-históricos ( e parece que até pulou a barreira sapiens sapiens/neandherthal: criança de Lapedo).
O resto das questões são interessantes mas não me meto. Excepto para dizer que por aqui nos blogues toda a gente desanca no políticamente correcto mas esse tipo não aparece em nenhum lado.

Orlando disse...

Não respondeste à minha pergunta.
Como não estou autorizado a discordar de ti, resigno-me ao silêncio.
Que mais posso eu fazer?

Orlando disse...

O PC está presente em todos nós.

Orlando disse...

Finalmente a Sofia admitiu que é loira.

Anónimo disse...

ON, não faças chantagem emocional!:)
A "correcção política", tal como racismo, o machismo, a vontade de matar, a cobardia, o niilismo, a tentação de trair, a ganância, a estupidez (para lá da PC), a condução agressiva, está em todos nós. Permite que não me preocupe muito com ela.

Orlando disse...

Pronto,
não se pode discutir o assunto.
Não se fala mais nisso!

António Araújo disse...

>Eu sou políticamente correcto! Omwo, onde >estão as falhas "subtis"? Ou são tão >subtis que se volatilizaram?

Ola, so vi isto agora.

O problema do argumento da variação inter e intra raças é este: A importância das diferenças não é medida linearmente com o número de bases alteradas.

Podes ter uma única diferença numa única base de um único gene que faz a diferença entre um fenotipo viavel e um inviavel, certo? Da mesma forma podes ter uma diferença no genotipo de duas raças que apesar de ser pequena em número de bases (e portanto não afecta esse argumento) causa uma diferença importante no fenotipo em termos previsivos por exemplo de valores (medios) de QI ou outro qualquer atributo considerado socialmente relevante. É perfeitamente possivel que tal seja válido apesar desse argumento, e continuas a ter o problema do famoso (ou infame) "The Bell Curve".

Na alemanha nazi os testes de QI foram eliminados porque os judeus Ashkenazi tinham resultados melhores do que os alemães "arianos"...nos EUA tens duas teorias de conspiração: a primeira é que os testes cairam em descredito porque os negros tinham valores medios mais baixos do que a população WASP, e o "factor X" que o justificava socialmente e não genéticamente nunca foi encontrado. A segunda é que cairam em descredito porque de novo a população WASP não quer enfrentar o facto de que os japoneses e os tais judeus têm scores mais altos do que ela :)

António Araújo disse...

Será que "há" raças?

O que é "haver"? Nós humanos fazemos classificações em "raças", "espécies", etc, porque essas classificações têm valor organizativo e previsivo. É uma questão de utilidade e de uma compulsão racional de compreender o mundo.
Será que existe uma forma util e previsiva de partir o homo sapiens sapiens em bocados ( inevitavelmente "fuzzy" e com muitas intersecções, claro) ?

Eu faço a seguinte pergunta:

"Hà" raças de cães? E de cavalos, "há"?

Quando olhamos para esses animais parece-me que percebemos melhor as coisas porque eliminamos os factores politicos e sociais e emocionais e contemplamos so a questão racional e cientifica.

O argumento intra e interespécies, funciona nos codigos geneticos destas raças de animais?

Se sim, vão-me convencer que não há um motivo racional e cientifico para classificar como raças distintas os pastores alemães e os poodles?
O facto da coisa ser também aqui "fuzzy" (a maioria dos cães são "rafeiros", tal como nós :)) não impede a utilidade da classificação para compreender melhor os pontos extremos e mesmo os pontos intermédios como mistura desses extremos.

Não se faz uma sociedade mais estavel a custa de castrar a ciencia e o pensamento para evitar inferencias sociais desagradaveis. Faz-se à custa de enfrentar as implicações sociais de maneira inteligente.

lb disse...

Sobre o tabu de referir raças etc. escrevi em tempos dois posts. Em caso de houver interesse, os links são estes:
http://quaseemportugues.blogspot.com/2004_11_01_quaseemportugues_archive.html#110114053990809162 e
http://quaseemportugues.blogspot.com/2004_11_01_quaseemportugues_archive.html#110130995167471060

Defendo a não mistura da moral com ciência, isto é a total liberdade da ciência de criar conceitos e categorias, não limitada por questões morais, mas uma responsabilidade política de ser criterioso no uso de conceitos no discurso político.
Na prática, porém, isto é tudo bem mais complicado, pois a ciência é sempre feita num contexto político, financiado por alguém etc.

Sofia disse...

Completamente de acordo com o OMWO.

C-O-M-P-L-E-T-A-M-E-N-T-E.
***********************************Estou muito preguiçosa, ON.
...Mas ainda dá para pintar o cabelo, se isso fizer alguém feliz.

Anónimo disse...

Setúbal, pergunta onde está o políticamnete correcto.
Deve saber, você é funcionário do PC.
A pergunta do ON é bem clara,
era assim tão difícil responder?

Anónimo disse...

Mas não se vê logo que existem raças?

Orlando disse...

Como entretanto já foram publicados dois novos posts sobre este assunto, agradeço que coloquem os vossos comentários nas caixas de O som do que não se diz (I e II).