quarta-feira, dezembro 28

A Europa


Foi por acaso que a ciência moderna, o iluminismo e a revolução industrial aconteceram na Europa, ou nem por isso? Essa especificidade da Europa (da civilização ocidental) aconteceu por causa da separação entre o sagrado e o profano instituida pela religião cristã, ou aconteceu apesar da religião cristã ter passado a dominar a Europa?
Estas e outras questões tém estado em discussão no nosso cartão de Natal. Agora passam para aqui.

Foto: A Europa à noite.

6 comentários:

Orlando disse...

A Europa e a China

Durante séculos a proporção entre os número de habitantes da Europa e da China manteve-se constante. O mesmo aconteceu em relação àproporção entre os rendimentos per capita médios destas duas zoans do mundo. A certa altura os valores destes indices dispararam na Europa e mantiveram crescimentos moderados na China. Porquê?

Fernand Braudel dá uma resposta: quando alguém tinha ideias ou comportamentos inovadores na Europa ou na China, acabava sendo perseguido. Na Europa, podia sempre mudar de cidade ou de país. Na China não existia essa opção. Quem queria sobreviver, devia adoptar uma atitude conformista. As cidades-estado da Itália renascentista levaram esta diferença ao extremo, reproduzindo tanto quanto isso é possível a estrutura das cidades da Grécia Antiga.

Em anbos os casos esta difernça acabou por permitir uma grande expansão da região onde foi possível pensar livremente. Alexandre, o Grande e a expansão inicidad com os Descobrimentos, que culminou na quase hegemonia da civilização ocidental que deu origem à Globalização.

Orlando disse...

O Sagrado e o Profano

Quando Laplace escreveu o seu tratado de astronomia sobre o sistema solar e lhe perguntaram onde é que entrava Deus, ele respondeu que não tinha precisado dessa hipótese. Foi a divisão entre o Sagrado e o Profano que permitiu a Laplace dar tal resposta (Parece que afinal não a deu, mas podia ter dado...).

A divisão entre o Sagrado e o Profano é mais uma divisão do Poder. No Nome da Rosa o Frade Guilherme tenta manter a sua cabeça e poder usá-la para pensar. Consegue-o porque o poder está dividido entre o papa e o imperador.

António Araújo disse...

>Na Europa, podia sempre mudar de cidade >ou de país.

Isto é algo que me preocupa ha algum tempo. Dentro da UE já é irrelevante mudar de país. Quando o mundo se reduz a meia duzia de blocos ideologicos e geograficos e juridicos, que ainda por cima almejam a boas relações entre si, por motivos comerciais, onde raio é que se refugia um blasfemo? No renascimento podia ir construir algo noutro lado. Agora so lhe resta sublimar-se e passar a clandestino. Ou conformar-se.

Orlando disse...

Adenda a "A Europa e a China"

Gengis Khan conseguiu uma série de vitórias militares comparáveis às de Alexandre sem que o seu povo tenha passado por um período de liberdade intelctual. Convém no entanto notar que a única consequência desta epopeia militar foi a substituição da classe dirigente da China. O impacto civilizacional foi praticamente nulo.

lino disse...

Ainda sobre o post original (postal de natal): certamente que a separação entre igreja e estado, explícita na doutrina escrita, teve um papel determinante na evolução das sociedades cristãs. Frequentemente critica-se a Igreja pelos seus pecados no passado e por querer intervir politicamente ainda hoje, mas esquece-se que na verdade o poder temporal aproveitou-se fartamente (ainda se aproveita quando pode) da igreja para legitimar fins. Julgo que também é fundamental no modo como evoluiu a história do ocidente o facto de os escritos que enformam a doutrina cristã não serem muito normativos e, de um modo geral, afirmarem princípios tão revolucionários que ainda hoje podemos identificar-nos com eles. Com o decorrer dos tempos e a evolução das mentes não poderia deixar de se identificar as contradições entre práticas da igreja e princípios. O caso do islamismo é quase o oposto: a doutrina (escrita) preocupa-se obsessivamente em restringir e determinar práticas no dia-a-dia e em castigar duramente as infracções, não restando espaço para que se afirme que os governos apoiados na fé islâmica e que, do nosso ponto de vista, ferem constantemente os "direitos humanos", agem em desacordo com a palavra escrita.

Anónimo disse...

Very nice site! »