segunda-feira, dezembro 19

O som do que não se diz (III)


Há uns dias ia no carro e ouvi momentaneamente a emissão de uma daquelas igrejas brasileiras da moda. O "pastor" dizia qualquer coisa do tipo:

"Todos os homens, independentemente da sua raça, nacionalidade, ou estatuto social, têm um desejo (...)"

O que falta aqui? Find (the invisible) Wally.

Às vezes o que não é dito diz tudo.

O maior sonho de uma religião é tornar-se tão dominante que a própria palavra "religião" deixe de existir no dicionário.

46 comentários:

Sofia disse...

Oi?! :))
É isso aí, meu irmão.
Cê anda ouvindo essáis coisa? Faz isso não! É pirigoso, viu?! :)

António Araújo disse...

Tenho medo não! O sinhô mi protégi, garota!

Aleluia!

Dito isto, a importação das igrejas brasileiras foi mais do que compensada pela importação das "gárôtais" brasileiras :) - o movimento migratório mais agradável na história Lusitana, e talvez mesmo a justificação ultima do nascimento de Portugal (eh, fomos nós que as inventámos, com esforço genético considerável). O mundo inteiro agradece :)

(Sim, Sofia, eu sei que tu preferes os "mulequis"! So falo por mim :))

Sofia disse...

Eu agora sou loira, OMWO. Marcha tudo. :))

Orlando disse...

Antes do aparecimento das máquinas fotográficas japonesas esses objectos chamavam-se kodaques.

Anónimo disse...

314, como funcionário do PC estou impedido pelo Comité Central de fazer declarações públicas. E tal como o saudoso Barreirinhas só respondo ao que quero quando o ON pergunta. É um privilegiado!
OMWO, qd perguntei onde andava o PC estava exactamente a pensar no Wally!

Anónimo disse...

OMWO, a diferença entre raças é (idealmente) determinada por uma amostragem aleatória dos CARACTERES (incluindo os genotípicos). As grandes diferenças fisiológicas associadas, por ex., à substituição de um aminoácido no caso da anemia falciforme (mortal no homozigoto) continuam a ser superficiais do ponto de vista racial (porque o número de caracteres envolvido é diminuto) e fala-se então de polimorfismo. Este foi um problema crucial para os naturalistas pós-Darwin, a distinção entre variedades geográficas (raças) e variedades que podem surgir no interior duma população.(Como é óbvio não estou a afirmar que as diferenças físicas aparentes entre as diversa etnias têm uma base genética tão diminuta e envolvem tão poucos caracteres.)Já agora, os mongolóides (nome não PC: com esta já ganhei uma pasta no governo PS) são uma raça? E devemos designá-los por mongolóides? E se lhes chamarmos portadores do sindroma de DOWN o que é que estamos a fazer?

Anónimo disse...

OMWO, claro que existem "raças" de cães. No mesmo sentido em que existem "raças" de homens. E "raças" de mulheres (esta é frase-dízimo que pago à igreja-PC por cada comentário!). E as diferenças entre cães continuam a ser biológicamente superficiais. As "raças" de cães são variedades domésticas. O problema,que me interessa, com o termo termo "raça", e que antecede em séculos a PC é que conflui variedade geográfica, variedade doméstica e polimorfismo que são três coisas muito diferentes.

Anónimo disse...

Mudando de conversa (reparem: mudando de conversa!). Então já não estou autorizado a ser políticamente correcto? (É assim a pergunta, não é?). E acreditam que eu seja políticamente correcto? Porquê? E onde está o Wally neste blogue? (Nos links e citações ele está, com isso concordo). E porque é que é(são) ele(s)?

Sofia disse...

Podemos e devemos chamar-lhes trissómicos, porque é isso que eles são. Têm três cromossomas 21, em vez de dois. Se um cão rafeiro nascer com três orelhas, o que é que lhe chamamos? Cão rafeiro com três orelhas, correcto?

Anónimo disse...

Correcto, Sofia. E não há mais nada a dizer?

Anónimo disse...

Há um autor muito importante sobre a PC: Vuillemin. Mas, possívelmente, a defesa veemente que ele faz da PC ia chocá-los.
Teste PC: em Olleana quem tem razão, o professor ou a aluna?

Anónimo disse...

On, no outro post defendo Hollywood contra os teus ataques.

Sofia disse...

Há, O Setúbal :). Se alterarmos o gene responsável pela cor da pelagem, o rafeiro não se transforma em Mastim Napolitano.

António Araújo disse...

>são uma raça? E devemos designá-los por >mongolóides?

Os mongolismo não é utilmente classificado como uma "raça" (noção imperfeitamente definida mas util) mas sim como uma "doença" (outra noção imperfeitamente definida e util, que se aplica melhor a este caso).

O que leva à seguinte questão:

Porque não banimos também o conceito de "doença"? Não é ele também perfeitamente vago e mal definido? O que é "doença"? É uma alteração dos parametros biologicos (em relação à "norma" - que conceito fascista ) prejudicial ao individuo?

Prejudicial? Quem decide o que é prejudicial? Não serão só questões de percepção social e preconceito? E o que é "desvio em relação à norma"? Quão grande tem que ser o desvio? Sindroma de Down é grande que chegue como "desvio"? É prejudicial que chegue? É doença? E cegueira, é doença? E ser canhoto, é doença? Pode ser "prejudicial", não pode? E é minoritario, não é? É um optimo exemplo - era muito chato para um canhoto tocar guitarra, mas agora já há guitarras para canhotos - prova de que não há doenças, so há diferenças, e as dificuldades decorrem de que a sociedade descrimina indevidamente as minorias!

E a diferença genética média intra e inter grupo, diz-nos o quê? Acho que tal como "raça", "doença" é uma construção social sem base cientifica precisa.

E, meu caro, eu tinha feito uma pergunta à qual ninguém ainda respondeu. Se abolirmos o conceito de "raça", os problemas raciais desaparecem?

Dou-lhe uma pista:

Se abolirmos o conceito de "doença", os problemas de saúde desaparecem?

António Araújo disse...

"Vida", por exemplo, é outro conceito mal definido. Não há nenhuma definição precisa em biologia para distinguir o "vivo" do "não-vivo" em todos os casos. No entanto não vejo que alguém se proponha a retirar esse conceito (com as suas várias definições que se intersectam, complementam, e em alguns casos limite - como os virus - se contradizem) dos livros de biologia, o que, convenhamos, era engraçado tentar...

No fundo, e falando precisamente, não há nada "vivo", so ha sistemas de particulas em movimento. Será -surpresa das surpresas- que o pensamento humano se basiea quse sempre em conceitos imprecisos mas uteis?

Anónimo disse...

Sofia, mas no caso dos mongolóides (agora, estou numa de anti-Pc) também estão envolvidos todos os genes do cromossoma extra-numerário. E não são uma raça (oh meu D/deus(a) disse a palavra r).

António Araújo disse...

No comentario em que prupus que se abolisse o conceito de doença não estava a brincar. A abolição de um conceito relacionado, o de "deficiência" é outro dos grandes temas PC. Ora vejamos:

De "deficiente" passou-se para "pessoa com deficiencia", e daí para "pessoa com necessidades especiais". Ninguém é deficiente, somos apenas diferentes, e alguns de nós têm necessidades especiais...

Meus amigos...não havia "nexexidade"...o conceito era um bom conceito...

Ok, confesso, estou farto desta conversa. Pediram-nas, e vou ter que ser claro e cientifico:

Se um gajo telefona para uma casa de putas e pede explicitamente uma Tailandesa-Romena-mulata especialista em sexo nasal, isso é UMA NECESSIDADE ESPECIAL.

Se quando a Tailandesa-Romena-mulata chega ao quarto ele não consegue vê-la porque é CEGO, isso é uma deficiência.

Perceberam ou querem que lhes escreva outra vez isto *em Braille*?

A pior "pessoa-com-necessidades-especiais-do-foro-visual" é aquela que não quer ver.

Anónimo disse...

pessoa com necessidades especiais".

Posso ser eu que sou "tone deaf" relativamente ao PC, mas.... eu posso evitar chamar "deficiente" apenas por uma questao de cortesia e boa educacao. Isso nao prejudica em nada a minha capacidade conceptual de distinguir um deficiente motor de um tipo que tem a necessidade especial de se deslocar de Porsche.

De qualquer modo, ja' percebo um pouco melhor o que o ON e o omwo querem dizer com PC (depois de ler os varios exemplos). Eu costumava olhar 'as vezes para o fenomeno de uma outra perspectiva. Apos os anos 60, a sociedade tornou-se, em muitos aspectos, mais civilizada e as pessoas ja' nao aceitam muitos abusos dos "poderes dominantes" (em termos muito gerais) - pelo menos, se suportados apenas nas tradicoes e na submissao 'a autoridade. Isso deu origem nos EUA - simplificando - a dois tipos de reaccoes: a reaccionaria e a liberal (no sentido americano do termo e nao do Blasfemias et al.).

Os reaccionarios acharam que o que acoteceu nos anos 60, foi uma crise da democracia (Kissinger, por exemplo, referia-se especificamente ao "peace movement", mas aplicava-se tambem aos civil rights, aos costumes, etc.). Desde entao, lutam encarnicadamente para fazer o pendulo ir para o outro lado e criaram as famosas "war cultures".

Os liberais - simpatizantes com todo esse espirito mais tolerante - viram-se na necessidade de absorver a subversao e a contestacao, e socializa-la (por assim dizer) no contexto da sociedade capitalista e de consumo. Bom, acho que espontaneamente isso resultou na criacao de grupos que defendem objectivos relativamente restritos (sejam ambientalistas, feministas,...) e isso levou tambem 'a criacao de novas (sub-)disciplinas nas universidades - veja-se os estudos de gender. Essa e' uma forma espontanea de continuar a defender ideais progressistas, sem por directamente em causa a logica politica e economica da sociedade americana. E' tambem mais facil, na pratica, partir as questoes sociais globais em sub-questoes de modo a poder estudar e intervir. E' claro que isso e' tambem encorajado pelas proprias instituicoes porque isso facilita a defleccao da contestacao em direccoes multiplas e contraditorias entre si.

No fim de contas, o PC e' um compromisso entre os progressistas e os poderes dominantes - que sao conservadores por definicao.

Anónimo disse...

So' para explicar com um exemplo: ao defender o conceito de raca como relevante para as politicas sociais e criando as "affirmative action" esta'-se, de certo modo, a deflectir a questao da injustica das desigualdades sociais 'a partida (independentemente da raca), ja' que nos concentramos apenas em compensar a desigualdade racial. Uma vez essa questao resolvida, porem, continuaremos a ter pessoas em situacoes de grande desvantagem (embora possamos imaginar que a amostra possa ficar bem misturada do ponto de vista racial). E' isso que se pretende evitar discutir, nesse caso, nos EUA.

Atencao, isto nao significa que eu seja contra a "affirmative action" - apos tomar em conta as circunstancias especificas no terreno.

António Araújo disse...

>No fim de contas, o PC e' um compromisso >entre os progressistas e os poderes >dominantes - que sao conservadores por >definicao.

Não concordo. Além disso é preciso ver que aquilo que ele é não é aquilo que ele queria ser. Acho que o PC está enfraquecido e em declineo, a nao ser em alguns pontos especializados.

Na verdade foi quase por desporto que ne dei ao trabalho de falar tanto sobre isto. Antigamente eu fazia muito barulho acerca do PC (um pouco como o Lino no "falta de tempo" e pelos mesmos motivos embora com diferenças substanciais) mas agora nao me dou ao trabalho porque ja nao é o assunto crucial. Foi equilibrado por outras forças. Bater no PC em demasia tornou-se demasiado facil hoje em dia, é como bater na igreja catolica, podemos faze-lo, e devemos faze-lo de vez em quando para que não se agigante de novo, mas já nao é tao perigoso como era e ja nao merece muita atençao. Tem o seu nicho e lá pode ficar como mais uma das tantas forças deste sistema dinamico.

Há outros problemas mais centrais.

MAs foi bom recordar :)....

António Araújo disse...

>veja-se os estudos de gender

Vejo sim. Já agora, sabia que utilizar "gender" neste caso está errado e é um exemplo da linguagem PC? "Gender" é um termo que só está correcto quando referido a questões gramaticais, o termos correcto aqui seria "sex", mas mudou-se para "gender" porque achou-se que "sex" era socialmente inapropriado e podia lembrar o acto sexual, etc, etc - mais politica a mutilar a linguagem.

ja agora, é util espreitar a wikipedia acerca deste assunto:

http://en.wikipedia.org/wiki/Politically_correct

António Araújo disse...

>Posso ser eu que sou "tone deaf" >relativamente ao PC, mas.... eu posso >evitar chamar "deficiente" apenas por >uma questao de cortesia e boa educacao.

Certo, mas porque é que pessoa com necessidades especiais é mais educado?

Se calhar sou eu que sou tone deaf, mas ha deficientes que concordam que essas alterações de linguagem eufemisticas são elas sim o verdadeiro insulto. Porque são condescendentes ao extremo.

Do artigo da Wikipedia:

A cripple became an invalid, and proceeded through a long sequence of euphemisms, including disabled, handicapped, then disabled again, people with disabilities, differently abled, and physically challenged. In 1991, the National Cristina Foundation offered $50,000 to the person who came up with the most empowering term for people with disabilities. The winning entry was "people with differing abilities," and is seldom used by researchers, the disabled, or their care providers. Another entry in that contest was "severely euphemized."

An unintended consequence of the euphemisms for "crippled", a term which merely describes a physical condition, is that the euphemisms contain a message that subliminally tells the persons so-labeled that they should feel resigned to their fate. Famous Baseball team owner Bill Veeck, who had lost a leg due to an injury incurred during World War II, took notable exception to that viewpoint, writing the following in the last chapter of his 1962 autobiography, Veeck - As in Wreck, titled "I'm not handicapped; I'm crippled":

A cripple cannot coddle himself. Once you coddle yourself, you're admitting you can't do what anybody else can do, and then you're through... You will notice I always use the term 'cripple'. It isn't a word you normally hear, is it? It has become customary, in our euphemistic world, to describe us cripples as 'handicapped'... Webster defines 'handicapped' as 'to place at a disadvantage'. I don't believe I am. I believe I can do anything that anybody else can do that doesn't involve quick sprints, high jumps and a fast buck-and-wing. And so, although I am crippled, I am not handicapped.

In more recent times, Christopher Reeve very publicly adopted a similar attitude, and was a hero to many other paralysis victims, much to the chagrin of what could be called the "physically challenged establishment", some of whom criticized him for characterizing his condition as something that needed to be cured, rather than resigning himself to it. [4] In contrast, it was said of the tireless lobbyist Reeve that, "The man who cannot move has not stopped moving." [5]

The National Federation of the Blind has passed a resolution condemning the use of politically correct terms to describe blindness. Similarly, many autistics condemn the phrase "person with autism" because it separates their personhood from their autism, something those in the autistic culture refuse to accept, as they regard autism to be an integral and wonderful component of themselves. Those in deaf culture similary dislike such phraseology. As a result, a major and commonly raised objection to such terms is that they go against the very wishes of those at whom they are targeted.

António Araújo disse...

Notar:

>As a result, a major and commonly raised >objection to such terms is that they go >against the very wishes of those at whom >they are targeted.

O que não é verdade do ponto de vista da minha teoria: que o PC não é "targeted" a quem diz que protege mas aqueles que o criam, e que, em geral,nao pertencem ao grupo que dizem proteger.

>much to the chagrin of what could be >called the "physically challenged >establishment"

Bom, porque o "physically challenged establishment" não é composto de "physically chalenged people" mas dos que vivem a custa deles.

Não tenho nada contra a agenda liberal, não mais do que contra a conservadora. O PC serve uma facção dita liberal, mas que por sua vez só se serve a si propria.

Anónimo disse...

omwo, eu uso o termo "gender" porque a minha antiga vizinha estava a fazer um PhD em "gender studies". Para mim e'-me indiferente... embora ache que os estudos da historia das sufragistas, por exemplo, seriam mais bem enquadrados na disciplina de Historia do que em Women Studies ou Gender Studies...

Anónimo disse...

eheheh eu queria dizer "melhor enquadrados", mas saiu-me "mais bem"... enfim :-)

Anónimo disse...

Quanto aos termos "deficiente" ou "necessidades especiais", eu usarei o termo pelos qual as pessoas em causa exprimirem preferencia, se tiverem alguma. So' posso falar por mim, e' claro.

Anónimo disse...

mp-s, não me esqueci da review

Anónimo disse...

OMWO, se abolirmos o conceito de raça os problemas sociais não desaparecem. A tua pergunta é um excelente exemplo duma pergunta "totalitária" sensu ON. Como é possivel eu (ou alguém) responder "sim"?

Anónimo disse...

Caro OMWO, a resposta à sua pergunta sobre a abolição do racismo é claramente sim.

Anónimo disse...

OMWO, eu não estou interessado no racismo ou no PC. Estou interessado em refutar os maus argumentos biológicos e recusar a terminologia vaga.

Anónimo disse...

Quanto à questão da doença: de facto é um conceito útil, vago, E em certos casos ( vou dar a depressão como o exemplo menos polémico que me veio à cabeça) mal aplicado. A medicalização de vários problemas sociais e morais assenta no mau uso do conceito de doença (permitido por ser um conceito vago). Aliás os PC (e os seus antepassados humanistas) usam e abusam da "doença" desculpabilizadora.

Anónimo disse...

O conceito de "vida" não tem qualquer papel na biologia. Na periferia da biologia,sim, e de facto aí é útil.

Anónimo disse...

Um conceito vago pode ser útil. Mas não é por ser vago que é necessáriamente útil. "Raça",em BIOLOGIA, ao confundir três conceitos muito diferentes, não só não é útil como prejudicial.

Anónimo disse...

OMwO, ainda bem que concordas que o ataque à PC já deu o que tinha a dar. Se atacarmos a Igreja Católica, o ateísmo, o marxismo, o liberalismo económico..., nos blogues portugueses aparecem logo uma série de tipos indignados. Ataca-se a Pc e estamos todos de acordo. Não eras tu que não gostavas dos consensos?

Anónimo disse...

E quem é que responde às minhas perguntas? OMWO, se ainda não conheces Vuillemin acho que vais gostar. É da tua àrea ( a "political correctness", claro:))

Anónimo disse...

"mp-s, não me esqueci da review"

Obrigado! :-)

António Araújo disse...

>"Raça",em BIOLOGIA, ao confundir três >conceitos muito diferentes, não só não é >útil como prejudicial.

Quem é que disse que "raça" era um conceito util apenas na biologia? É alias na biologia que menos util poderá ser, embora não me pareça que seja de todo de descartar.

Dou-te um exemplo de outra área: Quando aprendo a desenhar faces, é habitual usar um livro que inclui sub-capitulos sobre as caracteristicas morfológicas da "raça branca, negra, e asiatica". Dificilmente se pode ser mais vago do que isto, e no entanto ao aprender as caracteristicas dessas três categorias fico armado de ferramentas que, apos ligeira adaptação a cada caso específico, são de uma extrema utilidade no desenho. Ajudam-me a ver uma base comum a partir da qual depois posso procurar os detalhes especificos de cada pessoa.

E essa base é ainda util quando a pessooa em questão não se enquandra em nenhum dos três grupos, porque posso ver características de cada um, e notar melhor ainda as caracteristicas que nao se enquadram em nenhum dos três.

Em medicina o conceito também é util, as raças, dterminadas morfológicamente, daquela forma primitiva e ridicula - i.e., a olho-, são previsivas de certos tipos de doenças.

A definição de raça era vaga e macroscopica. Com a genetica temos uma teoria fndamental que esta na base das antigas teorias fenomenologicas. Mas nao é de todo comum em ciencia que as teorias fundamentais eliminem a utilidade dos conceitos fenomenologicos. Pelo contrario, a seu tempo caracterizam esses conceitos de forma mais exacta. O que é preciso é saber mais ao nivel molecular do que significa o conceito de raça. Não ha interesse nisso. Ha interesse politico em dizer: "como até agora não parece haver uma boa justificação exacta do conceito de raça em termos de teoria genética, então essa justificação não existe." E os argumentos usados para essa prova de "não-existencia" nem são convincentes. Ja disse porque o penso.

Mas estamos a andar em circulos. Acho que vou passar a outro post. :)

Orlando disse...

A discussão sobre raças já vai longa. Aqui fica o que espero seja a minha última contribuição ou perto disso.

O Setúbal não é a única pessoa inteligente a "censurar" a existencia de raças. Veja-se o seguinte texto de Ernst Mayr, uma dos maiores biologos do século XX:

http://www.goodrumj.com/Mayr.html

Retirei o seguinte excerto:

"Let me illustrate the implications of individual differences by analyzing the outcome of the 2001 Boston marathon. Kenyans are a population famous for producing long-distance runners. Three Kenyans had entered the race, and it was predicted that they would end the race as numbers one, two, and three. However, to everybody's great surprise, the winner was a Korean, and, even more surprisingly, number two was an Ecuadorian from a population that had never been credited with long-distance running abilities. It was a clear refutation of a typological - or essentialist - approach to thinking about race."

Esta ilustração é muito mais do que isso. Só um aluno idiota apresenta um argumento deste género. Mayr não é idiota. Acontece que a ciência não é neutra. Como afirma o Lutz, depende de financiamentos. A biologia tem sido muito sacrificada. O caso Lyssenko durante o estalinismo, o ensino do inteligent design nos estados unidos, a matilha de bioeticos à espera que um biologo meta o pé na argola.

Se um paragrafo idiota como este ajudar a garantir os financiamentos à investigação em biologia, vale bem a pena vender a alma ao diabo.

Como costumava dizer um grande amigo meu: Se um cientista está a fazer um trabalho importante, é seu dever arranjar os financiamentos necessários, ponto final.

Anónimo disse...

Mas o que e' que esta' aqui em causa? Alguem tem uma tese a defender: diferentes racas teem diferentes capacidades intelectuais? E' isso? Ou e' so' questao de principio: se estudassemos mais a biologia da diferenciacao racial, talvez conseguiseemo fazer uma classificacao biologica fundamentada das racas?

Duvida: mas as racas nao estao muito misturadas? E nao tendem cada vez mais a misturar-se?

Orlando disse...

Mp,
para mim o que está em causa é essencialmente a liberdade de pensamento e o não empobrecimento mutilante de uma lingua. Há que enfrentar os problemas daí decorrentes: certas raças são mais inteligentes do que outra?
Mas não é isso o tema deste post. Algumas destas questões serão tratadas brevemente...

António Araújo disse...

>para mim o que está em causa é >essencialmente a liberdade de >pensamento e o não empobrecimento >mutilante de uma lingua.

exacto.

Quanto as perguntas do mp-s, penso que ja estao respondidas na longa discussão lá em cima e no outro post.

Por motivos pessoais penso que hoje e amanhã não terei tempo para nada de mais longo, sorry. :(

Broken M disse...

Desculpem lá, venho muito atrasada e não me apeteceu ler tudo, portanto o que eu vou dizer se calhar não faz muito sentido por agora.
Vida tem uma definição em biologia,omwo. Segundo o paradigma actual,qualquer ser que consiga absorver nutrientes, processá-los e eliminar os resíduos, utilizando para isso os seus próprios recursos energéticos é um ser vivo. Basicamente o facto de comermos e defecarmos é que faz dos seres humanos seres vivos :).
O grande problema com este conceito é a existência dos vírus, que estão colocados na fronteira entre vida e não vida, porque não absorvem nutrientes, apenas utilizam os nutrientes das células hospedeiras de modo a replicar o seu RNA, o que provoca alterações celulares.
Note-se que a Vida é um acontecimento altamente improvável. Aparecer de repente uma combinação de moléculas que se conseguisse organizar-se de modo a adquirir, processar e eliminar tudo sozinhas só aconteceu uma vez na Terra. A partir daí só evoluiu.

António Araújo disse...

>Segundo o paradigma actual,qualquer ser >que consiga absorver nutrientes, >processá-los e eliminar os resíduos, >utilizando para isso os seus próprios >recursos energéticos é um ser vivo. >Basicamente o facto de comermos e >defecarmos é que faz dos seres humanos >seres vivos :).

MaDi, se eu arranjar um robot à maneira da maquina auto-replicativa do Von Neumann e definir nutrientes como, sei lá, gasolina e parafusos ou algo assim (nada estranho porque ha "bicharcos" -archeobacterias por exemplo- que "comem" coisas piores :)) posso estar de acordo com essa definição de vida, tecnicamente, mas se o robot não for "carbon-based" vais ver como de repente acorda tudo para o facto de que a definição é fuzzy na fronteira :)

De qq forma foi precisamente o caso dos virus que eu referi no meu comentario, nao foi?

Ou, mais facilmente:

>Segundo o paradigma actual

aha! :)

De qq froma, se queres dizer que o conceito de vida é muito mais claro do que o de raça, concordo em absoluto.

António Araújo disse...

isto é de qq forma um problema tipico em ciencia. se uma definicao é demasiado rigorosa não apanha todos os casos que queremos apanhar. Se é demasiado vaga apanha tanta coisa que não serve para nada.

Os matematicos e os fisicos chateiam-se uns com os outros porque os primeiros preferem correr o risco de ser demasiado restritivos e os segundos o de ser demasiado vagos.

Sofia disse...

De qq forma, este OMWO não existe! :)
Já agora, definição de existência, existe? :)

Anónimo disse...

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