terça-feira, janeiro 3

Quantas dimensões?

MaDi said...
Vivemos num espaço a 3 dimensões (ou com a 4ª dimensão de tempo) e para nós é conceptualmente complexo imaginar um espaço do género cartesiano com mais do que 3 dimensões.
Imaginei noutro dia que o espaço em que vivemos poderia ser uma projecção de um hiperespaço (dimensão n). E que nesse hiperespaço estaria Deus.
Como a partir de uma projecção é impossível saber o que foi projectado sem condições iniciais sabidas, daí viria toda a nossa incompreensão sobre estas coisas.
Um tanto rebuscado, eu sei. O que acham?
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Platão pede-nos na República que imaginemos um grupo de prisioneiros atados por correntes numa caverna, virados de costas para a saída, que só vêem as sombras do mundo real projectadas na parede. Para Platão o mundo real é o Mundo das Ideias, do qual o nosso mundo é uma pálida sombra. A alegoria da Madi é mais uma versão da Alegoria da caverna.
A alegoria da Madi tem alguma coisa a ver com a realidade? Tem mais do que parece. O mais interessante problema da física moderna é o de unificar a teoria da gravitação de Einstein, uma teoria essencialmente contínua, com a mecânica quântica, uma teoria essencialmente descontínua. Einstein procurou resolvê-lo durante décadas sem chegar a nenhum resultado. Actualmente começa-se a conseguir vislumbrar como será possível unificar as duas teorias. Os primeiros modelos bem sucedidos em que se consegue compatibilizar as teorias são modelos em que só existem duas dimensões, uma de espaço e uma de tempo. Esses modelos só permitem descrever fenómenos muito simples, como o movimento de um objecto em linha recta.
Quando se tentou aumentar o número de dimensões para dois ou três surgiram problemas matemáticos insolúveis. Mais tarde reparou-se que os modelos funcionavam bem se aumentássemos o número de dimensões para certos valores como onze ou vinte e seis...
Actualmente este facto é interpretado da seguinte forma: uns milisegundos depois do BigBang o nível de energia do universo baixou drásticamente e daí resultaram várias quebras de simetria. A maior dessa quebras de simetria foi o facto de o espaço encurvar em certas direcções: digamos que certas rectas se transformaram em circulos de diametro muito inferior ao diametro de um atomo. Para nós é como se essas rectas se transformassem em pontos e algumas dimensões deixassem de existir. Estes conceitos não tém nada de esóterico para um matemático ou um físico teórico.
O nosso universo é qualquer coisa semelhante a uma projecção de um universo a muitas dimensões (a alegoria da Madi). As leis que regem o nosso universo são mais dificeis de perceber do que as leis simples que regem o universo quando o nível de energia é mais elevado (A alegoria do Platão).
Madi, parece que até vivemos na projecção de um universo a muitas dimensões. Apesar de tudo, continuamos a entender o que se passa. E não precisamos de um deus para explicar as coisas!

2 comentários:

Broken M disse...

Do tal Deus moral não!

Eu tive um professor de termodinâmica que quando explicava cada uma das leis da termodinâmica, dizia no fim: "E isto prova que Deus existe".

A única pessoa que tinha uma ideia semelhante à minha de Deus era ele. Há leis no Universo. Para mim, essas leis instranponíves são Deus.

Anónimo disse...

Só a natureza é divina, e ela não é divina...