(começou aqui) (continua daqui)
Quando o Luís saiu do carro deu de caras com o Lino. Agradeceu-lhe a cotovelada com um sorriso de circunstância. O Lino retribuiu a delicadeza não perguntando o que ele estava ali a fazer, completamente fora de si.
Uma hora antes o Lino não conseguia disfarçar a sua raiva perante a imbecilidade do Luís. A Matilde arrastava as duas amigas do restaurante para o café, perdida de amores pelo Luís, sem que este se apercebesse do que quer que fosse. Só tinha olhos para o John. O Lino estava irremediavelmente apaixonado pela Matilde, que o ignorava. Este paralelo irritava-o mais do que tudo o resto.
O Lino foi tutor da Matilde quando esta entrou na universidade. Empenhou-se a fundo, como era costume em tudo o que fazia. Arranjou-lhe uma bolsa para um curso de verão em Cambridge. Quando deu por isso, já estava irremediavelmente apaixonado. Aquelas pernas longas terminadas em olhos transparentes envolviam-no durante sonhos húmidos.
A Matilde voltou das férias com as marcas do bikini a sair das calças de cintura descaída. O Lino começou a baralhar definições, errar cálculos, empastelar demonstrações. Perfeccionista compulsivo, se algo corria mal tudo acabava por correr mal. Como sempre, foi a investigação que mais sofreu. Os colegas só murmuravam comentários nas suas costas mas tudo se lhes adivinhava no olhar. Não tinham coragem de lhe dizer nada. Com excepção do Luís, claro. Até isso o Lino tolerava. Sempre tinha achado graça ao feitio conflituoso do Luís, uma novidade refrescante no ambiente do departamento.
Até ao dia em que o Lino suspeitou que a Matilde estava interessada no Luís. Aí, as coisas complicaram-se. Sempre que o Luís iniciava uma cruzada contra algo ou alguém, o Lino desmontava o seu raciocínio, expunha as suas motivações ou ridicularizava as suas intenções. A plateia aplaudia. Vindo do Lino, uma dos poucos colegas que o Luís respeitava, estas palavras certeiras feriam como punhais. A escalada do conflito continuava e já se faziam apostas sobre o seu desenlace.
Quando a Matilde se sentou na mesa ao lado do Lino, a bandeja dos cafés descontrolou-se. Quando o seu cotovelo finalmente encontrou um apoio, as faces coradas da Matilde deram ao Lino a certeza de que ela finalmente descobrira a sua existência.
(continua aqui)
Quando o Luís saiu do carro deu de caras com o Lino. Agradeceu-lhe a cotovelada com um sorriso de circunstância. O Lino retribuiu a delicadeza não perguntando o que ele estava ali a fazer, completamente fora de si.
Uma hora antes o Lino não conseguia disfarçar a sua raiva perante a imbecilidade do Luís. A Matilde arrastava as duas amigas do restaurante para o café, perdida de amores pelo Luís, sem que este se apercebesse do que quer que fosse. Só tinha olhos para o John. O Lino estava irremediavelmente apaixonado pela Matilde, que o ignorava. Este paralelo irritava-o mais do que tudo o resto.
O Lino foi tutor da Matilde quando esta entrou na universidade. Empenhou-se a fundo, como era costume em tudo o que fazia. Arranjou-lhe uma bolsa para um curso de verão em Cambridge. Quando deu por isso, já estava irremediavelmente apaixonado. Aquelas pernas longas terminadas em olhos transparentes envolviam-no durante sonhos húmidos.
A Matilde voltou das férias com as marcas do bikini a sair das calças de cintura descaída. O Lino começou a baralhar definições, errar cálculos, empastelar demonstrações. Perfeccionista compulsivo, se algo corria mal tudo acabava por correr mal. Como sempre, foi a investigação que mais sofreu. Os colegas só murmuravam comentários nas suas costas mas tudo se lhes adivinhava no olhar. Não tinham coragem de lhe dizer nada. Com excepção do Luís, claro. Até isso o Lino tolerava. Sempre tinha achado graça ao feitio conflituoso do Luís, uma novidade refrescante no ambiente do departamento.
Até ao dia em que o Lino suspeitou que a Matilde estava interessada no Luís. Aí, as coisas complicaram-se. Sempre que o Luís iniciava uma cruzada contra algo ou alguém, o Lino desmontava o seu raciocínio, expunha as suas motivações ou ridicularizava as suas intenções. A plateia aplaudia. Vindo do Lino, uma dos poucos colegas que o Luís respeitava, estas palavras certeiras feriam como punhais. A escalada do conflito continuava e já se faziam apostas sobre o seu desenlace.
Quando a Matilde se sentou na mesa ao lado do Lino, a bandeja dos cafés descontrolou-se. Quando o seu cotovelo finalmente encontrou um apoio, as faces coradas da Matilde deram ao Lino a certeza de que ela finalmente descobrira a sua existência.
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6 comentários:
espero que continue - alguns que não são da área estão a achar piada. O plural é magestático, na realidade aqui há só um par de olhos.
Acho engraçada a forma como desmontas o fascínio que nos meios universitários há por certas personagens.
De facto, muitas vezes é mais bluff que qualquer outra coisa. E quem cai no bluff faz figura de urso.
Por outro lado, a ciência é tão feita de tricas e disputazinhas como outra coisa qualquer. Todos têm os seus pontos fracos, mesmo que às vezes os escondam bem.
Segue, segue! Tens leitor garantido.
Lindo, lindo!!! Mais, mais! :)
Que alívio tudo isto ser ficção. :)
Pesadelos?
Talvez não...
Terrores nocturnos?
Quem sabe...
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