quarta-feira, dezembro 12

Pensar Bem - Pensar Melhor

Qualquer pessoa que tenha frequentado o Cambridge teve oportunidade de aprender por lá algo mais do que inglês. Aprende por exemplo a estruturar uma apresentação, começando com uma introdução onde explica os seus objectivos, terminando com um resumo das conclusões a que chegou. Expor melhor obriga-nos a pensar melhor. Não se ensina nada disto ao longo de doze anos de estudo da língua portuguesa. Apesar de a Inglaterra ser o nosso mais velho aliado, nunca aprendemos nada com o pragmatismo da cultura inglesa. Da cultura francesa assimilámos o bom Rosseau, que considera que já nascemos ensinados. Não é bem assim.
Sabia que é muito comum a existência de cursos de pensamento crítico nas universidades dos países de cultura anglo-saxónica. Por alguma razão o fazem. Não sabia é que existia um desses cursos aqui por Lisboa. Vejam o post do Ludwig Krippahl no Rerum Natura.

7 comentários:

Anónimo disse...

Curso de pensamento crítico?

Curso = seguir trajecto bem definido.
Crítico = questionar trajecto bem definido.

Curso e crítico são quase antónimos!

«Eu vou-lhe dizer como deve pensar pela sua cabeça. Comece por pensar pela minha...»

:-)

Alexandre Pierson disse...

Cursos de "Pensamento Crítico" no primeiro ano às custas de tempo lectivo que poderia servir para ensinar mais Física e/ou Química e/ou Matemática e/ou Programação a estes miúdos que vêm mutilados pelo nosso ensino secundário custa-me um bocado.

Diseertar sobre "Pensamento Crítico" parece-me bem quando já se sabe alguma coisa sobre Ciência. Não antes...

Orlando disse...

Jaime e Alexandre, qual é o problema de dar a uma pessoa meia dúzia de textos de três linhas e perguntar em qual deles inclui um argumento? Será que isso é dizer-lhes como pensar?

Já agora, não será um desperdício ensinar logica? e filosofia?
Ensinar os outros a pensar?
Com que direito?
Claro que não é.
O que se faz é dar instrumentos às pessoas...

A cadeira pode estabelecer uma ligação entre utilizar a nossa cabeça no dia a dia e utilizá-la na sala de aula. Muitos miúdos funcionam de maneiras completamente diferentes nos dois contextos. E a forma como pensam no dia a dia acaba por ganhar.

Acho que não fazia mal uma cadeira de pensamento critico logo no liceu...
Os bons alunos de ciencias são aqueles que já pensavam com algum rigor na vida do dia a dia. Os que não o fazem naturalmente, aprenderão a pensar com rigor na ciencia mais facilmente se o aprenderem primeiro no dia a dia.
Acredito nesta tese.

Orlando disse...

Jaime, o Rosseau estava mesmo enganado!

Anónimo disse...

on, não me leve tão a sério! O meu comentário é mais uma "provocação" do que uma afirmação série de que não se pode ensinar o pensamento livre. :-)

Alexandre Pierson disse...

Á partida não vejo qualquer problema em introduzir uma disciplina de "Pensamento Crítico" num curso de engenharia, ou de "Retórica" , ou de "História das Ciências",...etc.

O problema é quando isso se faz às custas de tempo lectivo de disciplinas elementares de Ciências que os alunos bem precisariam, pois muitos chegam à Universidade sem saber sequer somar fracções ou o que são as leis de Newton (não é exagero, hoje em dia é mesmo assim).

Gosto muito de tertúlias, mas infelizmente não há tempo para leccionar "disciplinas-tertúlia" e muito menos nos primeiros anos.
A propósito: o curso em causa também tem uma disciplina de "Expressão e Comunicação"...Acho óptimo, vão aprender a "comunicar bem". O preço é aprenderem menos coisas dignas de serem comunicadas.

Orlando disse...
Este comentário foi removido pelo autor.