A religião responde a uma inquietação metafísica e existencial, que uma explicação do "como" não consegue apaziguar.
Responde mesmo? Quando se admite a leitura literal da Bíblia, fica tudo claro, mas só alguém com uma mentalidade muito primitiva o consegue fazer. As inquietações são neste caso apaziguadas ou apenas reprimidas? Quando se pressupõe a necessidade de interpretar a Bíblia, haverá realmente lugar a um apaziguamento das inquietações metafísicas e existenciais? Não será que, na melhor das hipóteses, algumas inquietações foram apaziguadas, dando lugar a outras?
Para já não falar nas novas inquietudes do tipo "como pode Deus deixar morrer aquela criança?").
Não será a ideia de que com a morte do corpo físico tudo acaba o melhor apaziguador de todas as inquietudes? Não é reconfortante saber que, quaisquer problemas que venhamos a ter um dia, vão todos ter um fim?
Responde mesmo? Quando se admite a leitura literal da Bíblia, fica tudo claro, mas só alguém com uma mentalidade muito primitiva o consegue fazer. As inquietações são neste caso apaziguadas ou apenas reprimidas? Quando se pressupõe a necessidade de interpretar a Bíblia, haverá realmente lugar a um apaziguamento das inquietações metafísicas e existenciais? Não será que, na melhor das hipóteses, algumas inquietações foram apaziguadas, dando lugar a outras?
Para já não falar nas novas inquietudes do tipo "como pode Deus deixar morrer aquela criança?").
Não será a ideia de que com a morte do corpo físico tudo acaba o melhor apaziguador de todas as inquietudes? Não é reconfortante saber que, quaisquer problemas que venhamos a ter um dia, vão todos ter um fim?
10 comentários:
O mais inquietante é, no caso de tudo terminar efectivamente com a morte do corpo físico, não chegarmos a saber que afinal a morte era mesmo o fim.
Eu cá acho que o texto do "Quase em Pt" diz exactamente aquilo que eu queria dizer aqui há uns tempos na caixa de comentários.
"A religião responde a uma inquietação metafísica e existencial, que uma explicação do "como" não consegue apazigar."
O exemplo da música é muito bom. "Mas essa explicação arruma a questão? Obviamente não."
Acho que há de facto apaziguamento para certas pessoas, o facto de acreditarem que há um "ser" superior, que elas nunca hão-de compreender completamente, mas que lhes assegura que tudo faz sentido nesta vida.
A inquietude do tipo "como pode Deus deixar morrer aquela criança" não ocorre nas pessoas verdadeiramente crentes. Aliás, as pessoas que conheço que melhor lidam com a morte são as verd. crentes. Para quem acredita, saber que a morte não é o fim é apaziguador, logo não faz mal morrer.
E sinceramente, e falando agora de mim, não acho muito reconfortante saber que tudo terá fim um dia. A única coisa que me vai reconfortando são coisas como as mostradas na foto no post de cima :)))
Hugo
http://dottoratoamilano.blogs.sapo.pt
Quem pensa dessa forma, não está confortável. Porque, simplesmente, não está nada. Não vive.
Por acaso, tenho pena de não estar na posição do Hugo. A mim, também me reconfortaria uma coisa como a mostrada na foto do post de cima.
Infelizmente, sou hetero. Acresce, também com muita pena minha, que não consigo ver-me a mim própria daquele ângulo...
(Básicos! Tão previsíveis! :) )
"Quem pensa dessa forma, não está confortável. Porque, simplesmente, não está nada. Não vive."
Isto era p o meu texto ou para o do ON?
"Acresce, também com muita pena minha, que não consigo ver-me a mim própria daquele ângulo..."
Pode-se sempre pedir a alguém para tirar uma foto...
Era para o ON. Em relação ao conforto de pensar que quando acabamos, acabam os nossos problemas. :)
C' est pas la même chose... :)
Uma vez apareceram-me lá em casa uns testemunhas de Jeová. Tentaram convencer-me de como Deus me ia fazer sentir melhor. Expliquei-lhes que achava que quando morresse tudo acabava. E que me sentia maravilhosamente bem com essa ideia. Os homens ficaram tão impressinados com a minha performance que o chefe deles apareceu lá passados uns dias. Não para me converter, mas para limitar os estragos que eu tinha feito no campo deles.
Lino, é claro que sabemos. Como poderia ser de outra forma? A religião não se pode pronunciar sobre a existência ou não de deuses. Só deuses cristãos há uma dúzia deles. Mas a teoria da evolução começa a explicar razoavelmente bem porque é que o homem sente necessidade de os criar. É uma questão sobre a qual não tenho a menor dúvida.
"Quem pensa dessa forma, não está confortável. Porque, simplesmente, não está nada. Não vive."
???
Sofia, não percebo!
Hugo, os crentes não têm medo da morte? Quando lhes morre um ente querido, como reagem? Para mim um dos aspectos mais deploraveis da religião católica (e não só) é a exploração do medo da morte dos fieis durante o discurso que o padre faz nos funerias. Aí é que se vê quem tem medo ou não!
ON, "responde" não no sentido de dar a resposta que resolve a questão. Responde, no sentido de reagir. Com melhor ou menor resultado - em termos psicológicos!
Sobre o medo da morte dos crentes e dos não-crentes. Um tio meu que é médico e acompanhou muitas pessoas a morrer diz que a capacidade de enfrentar e aceitar a morte varia muito, e tem nada a ver com se a pessoa é religiosa ou não. Há pessoas muito crentes que morrem mal e ateus que morrem bem. Penso que depende, não só, se acham que a sua vida foi bem vivida ou não. Só saberewi na altura, mas acho que morrerei muito melhor se posso olhar para trás e dar por bem aproveitado o tempo que me foi dado em terra.
Quem vive, plenamente, tem como conforto saber que pode tentar resolver os problemas à medida que eles vão aparecendo. Mais plenamente ainda, pensa que pode tentar também resolver os dos outros. Viver é isso. O desafio constante.
O resto é... nada.
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