domingo, julho 10

A realidade e as notícias

Neste momento não tenho tempo disponível para discutir o arrastão como gostaria. Aqui ficam estas reflexões.
Fui ver o vídeo da Diana Adringa. Estava à espera de finalmente encontrar provas documentais sobre o que tinha acontecido. Aparecem umas imagens dos acontecimentos que ocupam um por cento do tempo do video. O resto do tempo é uma entrevista ao comandante da polícia. Aprendi muitas coisas ao ver o vídeo.
Fiquei a saber que, em caso de dúvida, quando se quer saber o que aconteceu, pergunta-se à polícia. Fica registado. Vamos usar esse método da próxima vez que morrer alguém numa esquadra? É esta a posição do BE: na dúvida, pergunta-se à polícia?
Convém lembrar que Diana Adringa é candidata independente pelo BE à Camara da Amadora. Podemos considerá-la uma observadora independente? Serão as fotos escolhidas por DA para ilustrar o arrastão representativas? não serão um pouco tendenciosas?
Seria muito interessante fazer a transcrição daquilo que o o comandante da PSP diz. O seu discurso é altamente confuso.Começa frases que não acaba. Hesita. Diz a certa altura que quis mudar a versão dos acontecimentos, mas não conseguiu. Parece que não o deixaram. Não podia ter feito um comunicado?
A posição do comandante da polícia é obviamente muito delicada. Tanto mais delicada quantos mais graves tenham sido os acontecimentos. Tomá-lo como única testemunha a entrevistar parece-me muito estranho.

Finalmente o comandante da polícia acaba por confirmar o que toda a gente sabe: que umas dezenas de pessoas roubaram os banhistas enquanto umas centenas se moviam. Essas centenas de pessoas influenciam a decisão dos assaltados. Ou não será?
O vídeo não contradiz nenhum facto conhecido. Não diz nada de novo. Confirma tudo o que se sabia. Limita-se a repetir o mantra: estejam tranquilos, não aconteceu nada até á exaustão.
Pretende-se diferenciar os arrastões de cá dos do Rio: os do Rio seriam organizados e este foi espontâneo. Os arrastões do Rio começam das mesma forma que este começou. O CA poderá confirmar este facto. Basta falar com um amigo comum nascido no Rio.

Acho que ainda vou ter que fazer a transcrição da entrevista. Só a partir daí se pode discutir com seriedade o vídeo.Ninguém quer dar uma ajuda? Vai ser divertido. Divide-se em partes...

37 comentários:

Orlando disse...

Não tenho nada contra o BE. Já apoiei aqui duas vezes a candidatura do BE á camara de Lisboa. Rotulos simplistas não resolvem o problema.

CA disse...

No caso do arrastão, há acusações a pessoas ou pelo menos a um grupo de desconhecidos de raça negra. Parece-me que num caso destes a regra deveria ser: quem acusa é que deve fazer a prova. Não servem de prova os relatos iniciais das televisões. As fotos só mostram a confusão.

Se houve um arrastão, quem é que foi atacado, quem é que foi roubado? Para mim o facto de só haver uma queixa registada levanta logo dúvidas. Mas, perante as acusações de exagero feitas às televisões, não seria normal que estas mostrassem algumas entrevistas com pessoas roubadas ou atacadas em Carcavelos na ocasião? Mesmo que essas pessoas não quisessem dar a cara poderiam fazê-lo com ocultação da identidade; não seria a primeira vez que tomávamos conhecimento de um crime por esta via. Mas nada.

raiva disse...

E se tivesses? O ascendente que o BE tem é impressionante! Quando se discorda do Bloco, tem de se dizer que é divergência pontual, "Não tenho nada contra o BE"...

Pois eu tenho. E esta do arrastão é mais uma das várias coisas que tenho contra o BE. É mais uma mentira que nos querem fazer engulir, em que o conduto é sempre feito de grandes valores morais (neste caso, o anti-racismo).

Li as declarações da Ana Drago na AR sobre o arrastão:

http://avidodiva.blogspot.com/2005/06/arrasto-ou-arrasto-o-bloco-sabe.html

Demenciais.

raiva disse...

A falta de queixas não indicia nada. Este tipo de crime nunca dá origem a muitas queixas.

Relembro-te que a queixa, contra terceiros, tem de ser aprsentada na esquadra. Dá de certeza muito mais trabalho ao queixoso do que ao ladrão. E a probabilidade de recuperar o material roubado... é infinitesimal.

CA disse...

A questão mantém-se: como é que sabemos que houve arrastão?

Sofia disse...

On, 100% de acordo. Pensei (quase) exactamente o que acabei de ler equanto via o vídeo. Não sabia quem era a Diana, mas a sua imparcialidade é evidente. CA: não percebo que necessidade existe, de tapar o sol com a peneira. Que diferença faz, se foram 500 ou 100? Alguém pode negar que, na praia do Tamariz, a alguns kms de distância, é frequente haver assaltos aos banhistas? O facto de ninguém fazer queixa à policia, significa que não houve roubo? E quando o roubo é apenas na forma tentada? Faz-se queixa de quê? "Olhe, Sr. agente... O indivíduo de côr, vinha na minha direcção, com mais dez atrás. De repente, ouviu-se um tiro e eles começaram a correr noutra direcção. Mas eu quero apresentar queixa!"? Ou "Roubaram-me a mochila, com duas sandochas de atum, uma de ovo mexido, e o termo do tang de laranja. O termo, ainda vá que não vá... Mas as sandochas nem estavam estragadas nem nada!"

Orlando disse...

Caro Raiva,
as minha divergências com o BE são essenciais. existem no entanto algumas concordancias pontuais que tornam a minha mais posição mais dificil de ser ignorada.

Caro CA:
quando houver um assassinato numa esquadra de polícia...
como é?

Transcrever o texto é essencial.
o argumento resistem em filme mais cai em livro.
Esta tentativa de branquear o que aconteceu deixa bem claro o incomodo que a realidade pode causar.

raiva disse...

Pequenos arrastões, protagonizados por negros, são frequentes em Carcavelos (como noutros locais).

Era 10 de Junho, a praia estava muito concorrida, vieram muitos de outros locais (sim, estou a falar de negros). A estação da CP de Oeiras avisou para Carcavelos que algo iria acontecer, porque eram muitos os grupos de negros a deslocar-se para Carcavelos, anunciando que ia haver problemas...

Houve comerciantes da praia de Carcavelos a fechar as portas. Para eles era evidente o que se estava a preparar.

Conheço pessoas que estavam lá.

A verdade, infelizmente, varia com a côr política do observador...

Há racismo em Portugal. Os negros são mal tratados e marginalizados. Alguns negros assaltam. Qual é a novidae disto, que tanto fere as sensibilidades de alguns?

Orlando disse...

Quando ouvi falar do vídeo pensei que o vídeo mostrava o que tinha acontecido.
Convém perceber que a maior parte das pessoas nunca verá o vídeo mas fica a pensar que afinal existe um vídeo que mostra como foi.
O vídeo não mostra nada!

Que jornalista é esta que quer pôr o ponto final numa discussão entrevistando uma só pessoa, que nem sequer é testemunha, que ainda por cima é polícia?
A esquerda costuma ter um nome para as pessoas que actuam desta forma e para as pessoas que pactuam com estes comportamentos.
Sabem qual é?

Sofia disse...

Qual é, qual é?

Orlando disse...

Fascistas, pelo menos...

Orlando disse...

Um arrastão e um bombão
tudo no mesmo mês
demasiada realidade

raiva disse...

Esse polícia disse, segundo o Expresso, que o agente que havia falado em arrastão foi um «polícia que não soube consubstanciar exactamente o que tinha acontecido»... olé!

Sofia disse...

:) Boa noite!

Orlando disse...

Convém chamar os bois pelos nomes:
esta manhã vi o artigo e não consegui a brir o vídeo. Acreditei que o video era sério. Como havia um artigo no blogue sobre o assunto dei-me ao trabalho de encontrar um computador com software para poder ver o vídeo. Caso contrário não o teria feito. E ficava a julgar que afinal...

Esta história do vídeo é um embuste de proporções monumentais e uma vergonha para a quem o fez.

A promiscuidade entre o jornalismo e a política é algo de muito grave. Alguma esquerda acha que está acima destas coisas. Acha muito mal.

Orlando disse...

Boa noite, Sofia.

Sofia disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Sofia disse...

Boa noite, ON.

Sofia disse...

É preciso gerar muita vida, para entender o BE!!! Há coisas que me ultrapassam, de facto...

Orlando disse...

Pois é Sofia. Tenho dificuldade em explicar certas atitudes sem fazer processos de intenções.
por isso é melhor ficar calado.

Sofia disse...

Não... Calado, não. Vamos lá fazer processos de intenções!

CA disse...

Parece que quando certos temas entram neste blog a calma sai logo por algum lado.

Em primeiro lugar no site há dois vídeos: um de quase 20m que é o vídeo a que me referia no post. Outro de cerca de 5m em que o comandante da polícia é entrevistado. Só agora vi o vídeo de 5m e pelo que percebo o ON só viu este vídeo.

O relato que o comandante da polícia faz sobre o acontecimento (cerca de 30 pessoas aproveitam uma altercação para furtar e roubar (usando alguma violência)) parece-me aceitável. Corresponde ao que a maioria das pessoas relata em Carcavelos e também noutras circunstâncias.

Isto representa um problema de segurança que tem que ser tratado. Podemos discutir depois quais os meios mais adequados.

Há uma diferença colossal entre 30 e 500 pessoas. Um grupo de 30 pessoas é relativamente fácil de organizar. Todos se conhecem razoavelmente (como numa turma). Um grupo de 500 pessoas a funcionar organizadamente representaria uma ameaça gravíssima pois significaria uma enorme capacidade de organização.

Depois disto tudo mantém-se, do meu ponto de vista, que houve um grande exagero dos meios de comunicação social. Curiosamente até o comandante da polícia reconhece que este é um interessante estudo de caso sobre a relação com os media: era aqui que eu queria chegar.

Orlando disse...

Eu acho que há pessoas que querem evitar o crescimento do racismo.
E que estão dispostas a fechar os olhos a certas coisas para o conseguir.
Se a estratégia resultasse até era capaz de não ser má ideia.
Acho que o efeito é o contràrio do pretendido.
São estas pessoas que acabam por atirar outras para os braços de um Jean Marie le Pen.
Se a classe política bem pensante continuar a agir assim o aparecimento de um grande partido de extrema direita ficará apenas dependente da aparição de um líder carismático.
Não sei se Alberto João Jardim não acaba de descobrir finalmente a maneira de vir para o contenente.

Orlando disse...

Ok, encontrei o tal vídeo e não o consegui abrir. Espero conseguir vê-lo amanhã à noite.

Sofia disse...

Só quem não sabe como funcionam os grupo de negros, pode falar de organização nos mesmos...

Orlando disse...

Já vi o vídeo. Quase todo. Senti-me assim.
Não deu para ver até ao fim.

O mais grave de tudo são as mensagens subliminares. Na primeira parte do vídeo somos bombardeados com a repetição da mesma ideia de uma forma cada vez mais agressiva. A certa altura torna-se insuportável o ritmo frenético a que somos bombardeados com a ideia de que houve arrastão.
A exaustividade não tem funções informativas. Apenas pretende influenciarnos subliminarmente. Depois as coisas acalmam, passam a um tom suave. Aparece a "verdade". Diana Adringa é uma excelente profissional da propaganda.

Moita Flores é referido como sendo um candidato autárquico do PSD. Afirma que existiu arrastão.
Diz-se algures que Diana Adringa é candidata do BE?

Este vídeo não merece mais do que a manifestação do meu nojo.

CA disse...

Peço desculpa por ter chamado a atenção para um vídeo que te incomoda tanto.

Anónimo disse...

Esse vídeo é muito manipulador! Os bloqueiros têm muita competência na propaganda!!!

Broken M disse...

Achei que o vídeo era uma compilação das notícias que foram dadas nos jornais e televisões. Não traz nada de novo, ca, além de umas opiniões de pessoas que também não estiveram lá.

Sofia disse...

Então??!!

Broken M disse...

Sabes, sofia, começo a desconfiar que as tuas desconfianças são justificadas. O on diz que n vai estar presente esta semana, e não há comentários nem posts de ninguém...se calhar são mesmo a mesma pessoa.

Sofia disse...

Será, Madi? Achas...?

Broken M disse...

sofia,

pode ser.

O omwo já me disse q sofre de múltipla qualquer coisa.

Bastam os outros dizerem qualquer coisa.

O mais estranho é que tenho tido comments do on e do omwo durante esta semana.

Não têm dado atenção nenhuma a esta terra.

Está sol.

Já não precisam de anti-depressivos
:)

António Araújo disse...

eu nunca precisei :)

apenas não tenho nada para dizer que caiba aqui, neste momento...

Belas teorias de conspiração, mas não, não é verdade...apenas estamos todos coincidentemente silenciosos... :)

Broken M disse...

Vou acreditar em ti, omwo!

Anónimo disse...

Eu não

Sofia disse...

Nem eu!!! :)