domingo, julho 3

O Direito ao Trabalho

Tirado daqui.

Como diz Pacheco Pereira, os blogues são importantes porque (quando) é uma elite que está a escrever para uma elite. Vale a pena escrever um artigo de opinião para cem pessoas? Só vale se esse artigo tiver algum valor acrescentado que normalmente não se possa encontrar num jornal diário. Quando perder a ilusão de às vezes conseguir isso, fecho a loja. A primeira das coisas que não faço é expor aqui as minhas opiniões que são partilhadas pela maior parte dos leitores. Seria uma perda de tempo. Se isso leva a que algumas pessoas me tomem por fascista, que posso eu fazer?

Um exemplo do tal valor acrescentado? Todos nós temos as nossas referências. Não se pode estar a pôr tudo em causa todos os dias. Um blogue de opinião é o lugar onde podemos dar-nos ao luxo de por essas referências em causa. Convém fazê-lo uma vez por outra. Só assim podemos compreender cada vez melhor os fundamentos das nossas convicções. Só um homem de pouca fé tem problemas em discutir os valores em que acredita. Mesmo que a certa altura surja alguma dificuldade, havemos de a superar reflectindo um pouco mais sobre o assunto. A nossa compreensão do mundo sairá sempre reforçada.

Responder à opinião expressa por alguém com um artigo da Declaração dos Direitos do Homem não não me parece fazer sentido. Está-se a pretender explicar à pessoa em questão que cometeu um delito de opinião? Que tal tentar perceber a razão que levou os criadores da Declaração a incluir o artigo em questão e explicar essas razões à pessoa em causa?
A motivação do parágrafo anterior foi um comentário de um leitor anónimo ao post Donde vem a electricidade? Afirmo eu nesse post que A Constituição Portuguesa, ao assegurar o direito ao trabalho, está a contribuir para que os portugueses tenham uma visão pouco realista da forma como a sociedade funciona. Note-se que os americanos não têm esse direito. Nem os franceses.

Artigo 58.º (Direito ao trabalho) 1. Todos têm direito ao trabalho. 2. Para assegurar o direito ao trabalho, incumbe ao Estado promover:a) A execução de políticas de pleno emprego; ...

Este governo não está a promover uma política de pleno emprego. Os anteriores ainda menos. E a oposição não denuncia este facto? Ninguém faz nada? Será que a constituição está a ser levada a sério? Será que é para levar a sério? Como é possível este estado de coisas? Não deveria o governo cair por não estar a cumprir a constituição?

Quais seriam as consequências de uma política de pleno emprego? Querem mesmo seguir esse caminho? Existe uma tal política?

O que é que significa toda a gente tem direito a trabalhar?
Tem direito a trabalhar no que quiserem?
Naquilo para que estão habilitadas?
Naquilo que estiver disponível?

Para que serve então incluir uma norma deste tipo na Constituição? E na Declaração dos Direitos Humanos? Quais foram as consequências práticas destas inclusões?

46 comentários:

Anónimo disse...

"O que é que significa toda a gente tem direito a trabalhar?"
Significa "toda a gente tem direito a trabalhar"! Não sabe o que é? É ter um ganha-pão... Não é necessariamente ter um ganha-croissant...
É ter o direito à dignidade, a uma vida decente, a ter filhos, a educá-los com decência, etc. etc. etc.
Por mim, assunto encerrado.
A pessoa que tão bem "compreende os mecanismos do funcionamento da sociedade" nem sabe o que "significa toda a gente ter direito a trabalhar"!
Assunto encerrado!
Adeus!

Anónimo disse...

Deixei de frequentar este blogue por várias razões, mas uma especialmente. Já demasiadas vezes vi aqui coisas que mexem demasiado comigo (é talvez o blogue que mais o tem feito)e não me apetece debater nada. Foram as touradas, os direitos dos animais, a vida zen, o metro e o big brother, a doação de órgãos, por aí fora. Ao princípio achei interessante, mas depois não. Para dizer que sou absolutamente contra a doação de órgãos teria de estar sempre aqui a vir, porque sei bem como seriam as reacções e sei bem que nunca poderia ser entendida, porque parece que a vida e o progresso seguem o sentido oposto da minha sensibilidade e dos meus princípios. De todo este tempo passado na blogosfera, sei bem como a maior parte das pessoas só se ouve a si própria e quando dá a sua opinião é porque já está muito convencida de que tem razão e está certa. Parece-me a mim que só estamos interessados em ouvir o que os outros têm a dizer para melhor podermos conhecer os seus argumentos e os podermos refutar. Isto é rigidez e não tenho visto nada diferente nos blogues que frequento.
Hoje não resisti, vim ver este post.
Despeço-me, ainda assim este é um blogue interessante.

wind disse...

ESte post dava "pano para mangas", mas como não estou para "discutir" só digo que todos temos o direito ao trabalho.

Orlando disse...

Cara Wei,
obrigado pelo elogio.

Orlando disse...

Cara cócegas cerebrais,
posso fazer umas cócegas?

Eu também acho que o trabalho é importante para toda a gente.

"Mesmo que se receba um subsídio, que interesse tem ficar em casa a olhar para as paredes?"

Há muita gente que está furiosa por já não ser possível reformar-se aos cinquenta e poucos anos.

O problema do desemprego preocupa-me bastante. É um probelma terrível. Por isso não nos podemos dar ao luxo de fantasiar sobre ele.

"toda a gente tem direito ao trabalho, ... esse é um passo indiscutível que a história alcançou"

aonde? não está a falar de Portugal, suponho. Então está a falar de que países?

Orlando disse...

Cara Wei,
se passar por aqui gostava que me explicasse do que é que não gostou no post sobre o Zen.

Anónimo disse...

Gostei muito do post ou posts sobre zen. Como eu já disse, este é um blogue muito interessante. A minha reserva prende-se justamente com as coisas polémicas. Não vejo nenhuma vontade em debater ideias (da parte dos comentadores de todos os blogues) mas, como já disse, cada um pretende impor aos outros o seu ponto de vista. O contrário do espírito zen...

Anónimo disse...

The Center for Economic and Social Rights (CESR):
===================
What is the Right to Work?
The right to work gives everyone the opportunity to earn a living wage in a safe work environment, and also provides for the freedom to organize and bargain collectively. The right to work does not guarantee that every person will have a job; rather, it means that governments are required to take effective steps to realize the right over time. States violate the right when they either fail to take those steps or when they make the situation worse. This right prohibits the use of compulsory or forced labor.
What are the minimum requirements?
• Freedom of Association: Everyone has a right to join free trade unions. Unions have the right to strike and function freely
• No discrimination: Discrimination in access employment is strictly prohibited, including distinctions, exclusions, restrictions, or preferences, in law or practice, on the grounds of race, color, sex, nationality, political opinion, social origin, or age. Discrimination on the basis of sexual orientation or class should also be prohibited
• No arbitrary dismissal: Arbitrary dismissal is prohibited, and there must be adequate domestic resources for redress if a worker is arbitrarily dismissed
• Equal pay for equal work: There must be equal pay for equal work, meaning that no two people working the same type of job can receive different salaries. There must be adequate remedies to address any such inequalities
• Adequate minimum wage: There must be machinery for fixing, monitoring, and enforcing equitable minimum wage levels that are geared to the cost-of-living index.
• Equal Opportunity: There must be equal opportunity for promotion
• Right to Rest: Rest and leisure: there must be a reasonable limitation of working hours, periodic holidays with pay, and remuneration for public holidays.
As with every human right, the right to work entails the following obligations:
• Respect — the obligation to respect requires governments to refrain from interfering directly or indirectly with the enjoyment of the right to work
• Protect — the obligation to protect requires governments to prevent third parties, such as corporations, from interfering in any way with the enjoyment of the right to work
• Fulfill — the obligation to fulfill requires governments to adopt the necessary measures to achieve the full realization of the right to work
===================
About Us
The Center for Economic and Social Rights (CESR) was established in 1993 to promote social justice through human rights. In a world where poverty and inequality deprive entire communities of dignity and even life itself, CESR promotes the universal right of every human being to housing, education, health and a healthy environment, food, work, and an adequate standard of living.

Anónimo disse...

Wei: Já que pensamos da mesma forma, porque não falarmos uma com a outra? Ao contrário dos outros, não queremos impôr ideias, apenas aprender, analisar o que nos é dito. Façamos a diferença, então. Se desistirmos, o Mundo fica um lugar mais feio. E nós sabemos como torná-lo bonito. :) (Apeteceu-me mandar a modéstia às urtigas, e depois? Tenho esse direito!)

Broken M disse...

Sofia, acabaste de impôr a ideia de consegues pôr o mundo mais bonito e os outros não.

Broken M disse...

Acho que talvez tenha uma opinião um bocado extremista em relação a isto. Mas eu acho que toda a gente tem direito ao trabalho, há poucas pessoas que querem trabalhar de facto. Há-que se mudar a ideia por exemplo que uma pessoa fique uma vida inteira no mesmo emprego, há-que se mudar a ideia que não é preciso saber mais do que já se sabe. A verdade é que no mundo actual a concorrência é muito grande e não se pode esperar que vamos ter um emprego se não fizermos realmente por isso.
Claro que em Portugal o tráfico de influências é enorme e nem sempre os melhores estão nos melhores empregos, nem sempre a progressão na carreira é justa, há pouco emprego para quem é muito novo e para quem é muito velho. Não se aposta muito na competência, mas sim em factores que ninguém entende bem.
Não acho que seja o governo o responsável directo para criar emprego. Acho que indirectamente devem criar condições para tornar atractivo para as empresas terem aqui uma sede. E isso não tem sido feito...

Anónimo disse...

Sofia,
Na verdade a esperar uma resposta positiva ao que eu escrevi apenas a poderia esperar de ti. Não porque os outros sejam "menos bonitos", mas porque encontrei em ti mais pontos de contacto. Fico contente, é sempre bom sabermos que não estamos sozinhos, mesmo na blogosfera.:)

António Araújo disse...

É sempre muito produtivo que as pessoas que pensam de igual forma discutam exclusivamente entre si. Esse é o exemplo que nos é dado pela Química, na formação das micelas, e a Natureza tem sempre razão.

Quando estamos sozinhos fica sempre mais dificil, mas podemos sempre formar uma micela "a um", como nos ensinam as avestruzes.

O que o ON disse está a ser aqui tão mal interpretado, nos comentários deste post e do anterior, que eu não acredito que alguém tenha lido realmente o que está lá escrito. Parece uma reunião do PC, toda a gente a debitar cassetes, como mantras. (Os meus amigos do PC que me perdoem, mas eles já sabem o que eu penso :))

Só não me envolvo nesta discussão porque:

1) O ON safa-se bem sem ajuda.

2) Eu nunca discuto nos posts religiosos, como poderão verificar, e este é o caso.

3) Nunca discuto quando estou enervado. Já me aconteceu fazer homens adultos chorar, e é extremamente inestético.

Mas cheira-me aqui ao pelotão de choque ideológico...só não fixo baionetas porque ainda não ouvi a expressão mágica: " Estou chocado(a) com (...)" :)

O melhor é sair de fininho antes que tenha de perder aqui o dia :)....

PS: Quanto ao direito ao trabalho, dispenso bem. Eu queria era o privilégio de ganhar sem trabalhar...

Anónimo disse...

Folgo em saber que o OMWO é um valentão: põe homens a chorar e enfrenta ladrões. É bom saber: mesmo não querendo trabalhar poderá ganhar a vida como meu guarda-costas.

António Araújo disse...

E ás vezes até faço as duas coisas ao mesmo tempo. E também dou festas para crianças dos 5 aos 50 anos. E às vezes até leio os posts antes de decidir se mando o autor para a fogueira ou não.
São manias minhas. Sou um diletante. Há quem prefira ir pontapeando quem está no chão.

Mas não dou para guarda-costas, as minhas já precisam de toda a protecção que lhes possa dar.

Mas aceito desafios para duelos

had we been using real swords (...)
-Kurosawa, os sete samurais

Anónimo disse...

EXPLICO ALGUNAS COSAS

PREGUNTARÉIS: Y dónde están las lilas?
Y la metafísica cubierta de amapolas?
Y la lluvia que a menudo golpeaba
sus palabras llenándolas
de agujeros y pájaros?

Os voy a contar todo lo que me pasa.

Yo vivía en un barrio
de Madrid, con campanas,
con relojes, con árboles.

Desde allí se veía
el rostro seco de Castilla
como un océano de cuero.
Mi casa era llamada
la casa de las flores, porque por todas partes
estallaban geranios: era
una bella casa
con perros y chiquillos.
Raúl, te acuerdas?
Te acuerdas, Rafael?
Federico, te acuerdas
debajo de la tierra,
te acuerdas de mi casa con balcones en donde
la luz de junio ahogaba flores en tu boca?
Hermano, hermano!
Todo
eran grandes voces, sal de mercaderías,
aglomeraciones de pan palpitante,
mercados de mi barrio de Argüelles con su estatua
como un tintero pálido entre las merluzas:
el aceite llegaba a las cucharas,
un profundo latido
de pies y manos llenaba las calles,
metros, litros, esencia
aguda de la vida,
pescados hacinados,
contextura de techos con sol frío en el cual
la flecha se fatiga,
delirante marfil fino de las patatas,
tomates repetidos hasta el mar.

Y una mañana todo estaba ardiendo
y una mañana las hogueras
salían de la tierra
devorando seres,
y desde entonces fuego,
pólvora desde entonces,
y desde entonces sangre.
Bandidos con aviones y con moros,
bandidos con sortijas y duquesas,
bandidos con frailes negros bendiciendo
venían por el cielo a matar niños,
y por las calles la sangre de los niños
corría simplemente, como sangre de niños.

Chacales que el chacal rechazaría,
piedras que el cardo seco mordería escupiendo,
víboras que las víboras odiaran!

Frente a vosotros he visto la sangre
de España levantarse
para ahogaros en una sola ola
de orgullo y de cuchillos!

Generales
traidores:
mirad mi casa muerta,
mirad España rota:
pero de cada casa muerta sale metal ardiendo
en vez de flores,
pero de cada hueco de España
sale España,
pero de cada niño muerto sale un fusil con ojos,
pero de cada crimen nacen balas
que os hallarán un día el sitio
del corazón.

Preguntaréis por qué su poesía
no nos habla del sueño, de las hojas,
de los grandes volcanes de su país natal?

Venid a ver la sangre por las calles,
venid a ver
la sangre por las calles,
venid a ver la sangre
por las calles!

Orlando disse...

"Comente primeiro, leia depois."

Que ilusão a minha. Julgava eu que as pessoas faziam ao contrário...

Ao que parece sou acusado de impor ideias as pessoas num post em que só faço perguntas.
Um blog não é um canal de televisão. Não tem condições de impor nada a ninguém.
Quando muito impus a ideia de que certos assuntos afinal podem ser discutidos.

Compreendo que algumas pessoas não tenham disposição para discutir este post neste momento das suas vidas.
Isso é outro assunto.

Não gostei nada do post assinado CESR. Parece-me uma tentativa de intimidação. Posso estar a interpretar mal. Não me parece que tenha sido a organização em questão que o colocou aqui.

Vou apagá-lo amanhã de manhã. Se quiserem mantê-lo coloquem-no como anónimo.

Anónimo disse...

sim, nunca tive dúvidas de que fizesse as duas coisas ao memso tempo. Duelos? Onde e quando? Isso já me cheira aalguma coisa de jeito...caro OMWO. Mas não abuse, que eu sou fraquinha.

Anónimo disse...

Estou chocada com... o OMWO. Desafiou uma senhora para um duelo!

Anónimo disse...

On,
Claro que não, como eu disse às pessoas não interessa nada saber o que o outro pensa, apenas que o outro oiça o que nós temos para lhe dizer. É por isso que polémicas desta, sobretudo na blogosfera são inúteis. Já viu? Até um duelo...

Anónimo disse...

correcções:
como eu disse,
polémicas destas

Anónimo disse...

A intenção era dizer que o autor do texto era a organização
Center for Economic and Social Rights (CESR),
que eu nem sei sequer o que é. Não era intimidar.
Tanbém o poema é de Neruda e também não é para intimidar.
Acho que um pouco de poesia faz bem. Afinal são os poetas que, às vezes, explicam melhor as coisas.
Isto é, o seu a seu dono.
Para obter a página da rede onde vêm os textos, basta clicar no nome.

Orlando disse...

Cara Wei,
por acaso conhecemo-nos? É só para tirar umas dúvidas. Depois fico mais à vontade.

É verdade que não se avança muito nestas polémicas. No entanto elas mexem com as pessoas, não é? A longo prazo, produz efeitos.

Acho que o duelo não era para ser realizado na blogosfera. Sakamoto é nome de homem. Na blogosfera muda-se de sexo com facilidade.

Orlando disse...

Caro Ricardo, assim estamos entendidos. Um poema não faz mal nenhum mas é melhor não exagerar.

Anónimo disse...

On,
É claro que o duelo não era para ser na blogosfera! Vê como não se percebe nada? Nem sequer isso?
Que eu saiba, não o conheço. A não ser, que se vá a ver e você seja meu primo direito.

Anónimo disse...

Para não haver mal entendidos eu teria de dizer: eu sei que o duelo não era para ser realizado na blogosfera. Quando eu escrevi "Até um duelo...", queria dizer que uma pessoa tinha ido ao ponto de desafiar outra para um duelo. Sakamoto, pelos vistos, não é homem nem mulher, é apenas alguém a induzir os outros em erro. Um anónimo, que nem o sexo quer revelar. Vê como é complicado?
E não, não penso que você seja meu primo direito, mas na verdade nunca se sabe!...

Orlando disse...

Eu não tenho primas direitas. Afinal até se sabe.

Anónimo disse...

Ora, vê? Um porto seguro.

Anónimo disse...

Isto de "ler primeiro e comentar depois" não dá bons resultados.
De manhã li os comentários ao post de 6a feira e resolvi participar; agora que volto para ler o post de hoje, descubro que queria tê-lo feito aqui!
Dá para translatar o comentário?


Anonymous said... já menos iluminado, aliás com a sensação de ter falhado o momento.

Anónimo disse...

Onde está o Omwo? Onde está o Omwo? Acobardou-se? Teve medo de que dissessem que ele luta com mulheres? Onde está ele? Zás! Pás! Trás! Onde está ele?

António Araújo disse...

Cara(?) Sakamoto-San, e espantados blogoesféricos:

Quanto ao duelo...

eu não desafiei, apenas mostrei a minha disponibilidade. Na medida em que as minhas afirmações de factos tinham sido postas em causa e o nome era japonês achei que o dono do nome se queria portar como um japonês e esperaria de mim o mesmo:

"Sinto-me insultado. Não posso viver com esta vergonha" etc, etc

Como o meu nick não é japonês mas eu absorvi alguns dos traços, achei que era adequado esclarecer a minha disponibilidade para resolver as coisas à maneira de dois bons samurai, se "ele" assim quisesse. Não há nisto agressividade. Apenas a compreensão de que somos todos flores de cerejeira, ténues, temporários, belos e prontos a morrer (ou a ficar com uns olhitos negros). Há nisto muito menos agressividade do que na troca de galhardetes lusitana, à maneira de fadista, com apitar de buzinas e gestos obscenos de mão.

Agora, se o autor de facto tira a sua máscara de teatro Noh para mostrar um rosto feminino, nada mais posso fazer do que me sentir desarmado. Mas não o poderia adivinhar.

Entretanto, isto não é arrogância da minha parte. Não descuro um adversário por ser uma mulher. Só não consigo macular a sua beleza, é tudo, o que me torna um alvo fácil de derrotar. Não é justo para mim :)

Ainda sobre as mulheres e os duelos:
Uma vez conheci numa conferência uma rapariga Polaca que era cinto negro em várias artes marciais. Trocámos técnicas num recanto de um parque. Ela mexia-se como um pássaro e não tive dúvidas de que me poderia fazer sangrar. Tínhamos mais ou menos o mesmo peso e a mesma constituição e ambos gostávamos da sensação de nos testarmos contra gente maior e mais pesada. Depois de a conhecer fiquei com a impressão de que eu era mais rápido (mas por pouco) e que a poderia bater. Mas nunca tomei isso por certo, e ainda não tomo (só saberia se tentasse). Garanto que a respeitei mais do que a qualquer mastodonte de 90 quilos. Ainda hoje penso nela como alguem a admirar em termos marciais, e o facto de ser mulher em nada o muda, apenas lhe dá ainda mais charme.

Ofereceu-se para um duelo amigável naquela mesma noite. "We shall meet at midnight at the park behind our hotel. It will be safe for you, then...and safe for me..." (imaginem isto com sotaque de Count Dracula). Esperei até à dita hora. Infelizmente, cansada das conferências, adormecera no seu quarto. Era o último dia e não tivémos nova oportunidade. Até hoje pergunto-me até que ponto teríamos sangrado antes que um dissesse "stop!"

Frase favorita dela: "Don't get stressed! It is just a little blood" :)

Ok, Sakamoto-San...assim seja. Por detrás do Hotel, à meia noite. It will be safe for you, then, and safe for me :)

António Araújo disse...

Ola Sakamoto-San (ou devo dizer "-Chan?"...ou "-Kun?" :)),

que falta de espirito Zen, essas onomatopeias lembram-me mais uma luta de galos ou de saloon. És samurai ou cowboy? :)

Estou aqui, fui jantar com amigos. Estava a despedir-me de todos e a escrever o meu poema de morte enquanto esperava no semáforo...

Red Light...
Green Light...
no more shall I see the cherry blossoms...

Não era grande coisa, vou ter que pensar melhor...:)

Já arranjaste padrinho?

Anónimo disse...

Bom,caro OMWO, na realidade, se é que há realidade aqui, nunca esperei uma resposta tão comprida e séria. Mas como me diz por detrás do Hotel, eu tenho de revelar, a si e aos espantados blogsoféricos. Então seja: no próprio Hotel Sossego, à meia-noite. Sou a camareira Macha K
Morada: http://sossegohotel.blogspot.com
Estarei à sua espera. Sem o sabre.

Anónimo disse...

E sakamoto

António Araújo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

Censura da parte de quem?

António Araújo disse...

Wei/macha/sakamoto-Sama

Tottemo omoshiroi desu ne!

Estou siderado. Uma barreira sem portais.

Pouso a espada e caminho para o local do duelo. Vou baixar a cabeça e aguardar pelo aço.

Momento perfeito. Estou pronto para o fim. Magnífica técnica.

Esta floresta está cheia de espíritos.

António Araújo disse...

Caro anonymous,
nada de censura. Eu estava a reformular um post meu, com umas correcções irrelevantes de estilo, que a resposta da sakamoto tornou redundante, por isso apaguei-o para nao confundir a cronologia.

Anónimo disse...

Caro OMWO,
Você é msmo bom, não devia tê-lo subestimado. Nem a si, nem a este blogue. Com a devida vénia.

Anónimo disse...

Você diz:
“Afirmo eu nesse post que A Constituição Portuguesa, ao assegurar o direito ao trabalho, está a contribuir para que os portugueses tenham uma visão pouco realista da forma como a sociedade funciona. Note-se que os americanos não têm esse direito”.

Os americanos? Quais? Se for os dos EUA trata-se de um bom exemplo! Veja-se a Constituição dos EUA. Fala até da possibilidade da existência da escravatura! Ora veja:

13th. Amendment
to the U.S. Constitution
Section 1. Neither slavery nor involuntary servitude, except as a punishment for crime whereof the party shall have been duly convicted, shall exist within the United States, or any place subject to their jurisdiction.
Section 2. Congress shall have power to enforce this article by appropriate legislation.

Você diz:
“Este governo não está a promover uma política de pleno emprego. Os anteriores ainda menos. E a oposição não denuncia este facto? Ninguém faz nada? Será que a constituição está a ser levada a sério?”
É verdade que a oposição não denuncia este facto? É verdade que ninguém faz nada?

Orlando disse...

Caro anónimo, nunca vi nenhum partido pedir a demissão do governo por inconstitucionalidade da sua política de emprego. Se lermos a constituição à letra, e não vejo outra forma de a ler, o presidente seria obrigado a demitir o governo e dissolver a Assembleia da República. Por uma vez, não concorda comigo?

Orlando disse...

Caro anónimo,
o meu artigo trata de uma questão muito precisa. Parece-me importante que as pessoas tenham uma noção mais clara das consequências das suas acções e das suas escolhas. Conheço inúmeras pessoas bastante capazes que fora das instituições a que pertencem e que as protegem do contacto com a realidade, teriam problemas terríveis.
Os americanos eram educados de forma a compreenderem rapidamente o que os espera da vida. Tem o hábito de trabalhar em part-time desde relativamente novos, saiem de casa dos pais bastante cedo. Aprendem a ter de contar com eles e não ficar à espera que a sociedade lhes resolva os problemas, etc...
Acho isto bastante positivo.

Noutros aspectos, a sociedade americana não me agrada por aí além. Os americanos não retiram nenhum artigo da constituição. Apenas juntam emendas. Como tal o texto é contem esse tipo de aberrações. Não gosto delas.

Orlando disse...

Considero que numa sociedade democrática todos os cidadâos tém interesse em que ninguem fique desempregado por muito tempo. O desemprego de longa duração é um fenómeno social muito grave que me preocupa. Espero que o governo faça o possível por resolver e prevenir o agravamento desse problema. Todos nós devemos ajudar dentro das nossas possibilidades.

Mas não é este o tema do post. sobre este assunto não tenho nada de interessante a dizer. Se tiver, digo.

Anónimo disse...

Como é?! Tenho que ser eu a impôr a ordem? AAAAAi!!!! Os Mal-entendidos são tantos, que perdi a vontade de comentar. Só quero dizer que - e penso que posso falar em nome da Wei -Macha K - Sakamoto- não sei mais o quê- de um hotel onde se pode descansar -, quando se falou em imposição de opiniões, não se estava a falar do On. Já de alguns dos que por aqui comentam... :) Cara Madi: já que é uma imposição, que fique então registado que a Madi tem conhecimento de que eu faço do Mundo um lugar mais bonito. :)

Anónimo disse...

On: Eu estou apenas a tentar ser bem comportada, ao seguir a indicação de "Comente primeiro, leia depois"... :)

Orlando disse...

Fazes sim senhor.