domingo, maio 14

Vanitas vanitatum et omnia vanitas

Ecclesiastes 1:2

De que nos podemos orgulhar?
De termos nascido ricos? De estarmos bonitos? (não dura sempre) De sermos inteligentes? (dura mais) Da nossa personalidade?
Ter orgulho em ter nascido rico está fora de moda. Pelo menos quando é afirmado em público. Mas há outras razões para não ter orgulho em tal coisa: não nos assiste nenhum mérito nisso. Ter orgulho em estar bonito também não pode ser apregoado aos sete ventos. Embora sejam dois atributos muito úteis, sem dúvida. Ter orgulho em ser inteligente também começa a ser complicado. O /me já não cai nessa. Concessão ao politicamente correcto?
Se não há motivos para nos orgulharmos da nossa herança económica, porque haverá motivos para nos orgulharmos da nossa herança genética? Qual é o nosso mérito em termos os genes que temos? Se fizermos uma campeonato a jogar ao cara ou coroa, é provável que o vencedor tenha alguma vaidade na sua vitória. Vaidade provem do latim vanitas, que significa vazio.

Podemos orgulhar-nos de algumas decisões que tomamos? Do nosso espaço de livre arbítrio. Acho dificil distinguir o livre arbítrio do resto? Quando se começa a escarafunchar as coisas...

Será que precisamos mesmo de ter orgulho naquilo que somos?

22 comentários:

António Araújo disse...

Não faz sentido ter orgulho num acidente.

É ridiculo ter orgulho de bascer rico, esperto, saudavel, forte, bonito, Português, Inglês, branco ou negro. É ridiculo porque são apenas acidentes de nascimento sobre os quais não se teve qualuer influência.

O que sobra? Os artificios da Vontade. Consigo ter orgulho se por mero exercicio da vontade me dispuser a enfrentar algo que supera a minha inteligencia ou a minha força. Tenho orgulho quando cuspo nos acidentes da genética ou da Geografia. Mesmo quando falho. Porque aí é o meu EU que age.

Mas mesmo isso não é talvez motivo de orgulho. Porque talvez mesmo a vontade não passe de algo que está codificado na mistura de genes e ambiente. Há, afinal, o determinismo. Em termos cristãos, Lucifer não pode ganhar porque mesmo a sua revolta faz parte do plano do omnisciente...Mas costumo dar mais valor à vontade que à inteligencia e força e beleza...parece-me que, sendo ainda uma ilusao, é uma ilusão de segunda ordem, num sentido qualquer que não consigo determinar. Porque está mais perto da consciência, da auto-consciência, que me parece ser aquilo que define o exclusivamente humano com maior probabilidade...

Mesmo isto se calhar é uma ilusao. Se calhar é mesmo tudo acidente. Esta frase foi escrita hà milhoes de milhoes de anos pela configuração inicial dos particulas elementares do universo. A mais bela das cargas de cavalaria, desesperadas e desafiadoras, não são corajosas nem audazes, não rompem com a ordem das coisas, não demonstram vontade real, são inevitavis resultados dos genes e dos ambientes, da configuração inicial dos tempos, não menos acidentais que a beleza e a inteligencia e a riqueza e a nacionalidade dos priviligiados do acidente genético e social...mecanismos de relógio em movimentos inevitaveis e infaliveis e desprovidos de qualquer significado moral.

Tudo vaidade? Tudo ilusão...

Muitas vezes repito quando tudo corre mal esse mantra. E forço-me a repeti-lo também quando tudo corre bem. Essa fria indiferença é a marca da superioridade do Hinduismo - ver o Baghavad Gita - sobre as religioes imberbes e cheias de ilusoes juvenis como o cristianismo. Mas o que sobra no final dessa compreensão? Um torpor nihilista, uma fira indiferença, a beleza da consciência nua...

O mais belo da esgrima japonesa é que quando termina o embate é impossivel saber quem ganhou. Nem exultações de vitoria nem frustrações na derrota. Ninguém tem real responsabilidade. Apenas se rolaram os dados porque não há muito mais que se possa fazer...

António Araújo disse...

tantos erros de ortografia...estou mesmo sem paciencia...mil perdoes, é o que temos...

Alberto Oliveira disse...

... o latim não é o meu forte mas... não me orgulho de o não dominar.
Vamos lá então ver se consigo responder à questão de hoje sobre orgulho... e (ou) preconceito?, acrescentaria um sujeitinho irónico que conheço, sendo o mais sintético possível.
Não sou orgulhoso. Melhor; nunca gostei do substantivo. Muito menos do adjectivo. Porque não me fazem falta nenhuma. Senão vejamos:

-reconheço sem esforço que sou um gajo bem-parecido... <.
-estou muito satisfeito de ter umas massas valentes...

O "orgulho de" não foi necessário...

Mas à séria, à séria, gosto daquilo que sou, daquilo que tenho, daquilo que tenho feito da minha vida. É que o amor-próprio nunca fez mal a ninguém. Pelo contrário; quando moralmente bem sustentado, aponta-nos o caminho da exigência, que é matéria de que (generalizando), o nosso povo anda de candeia às avessas e muito tem contribuido para os níveis (sofríveis) de participação colectiva na vida cívica deste país. Prontos.

bjs.

Sofia disse...

Eu tenho muito orgulho no OMWO. Mesmo quando ele sugere que os erros ortográficos têm origem na falta de paciência.

António Araújo disse...

O orgulho é desnecessario. Basta sentires-te agradecida pela minha existencia.

/me disse...

Achei perfeito a discussão aparecer aqui.

A determinada altura, julgava-se que os recém-nascidos eram como tábuas rasas, onde se podia escrever a sua personalidade. A componente genética era insignificante. Assim, se por exemplo se educasse um rapaz como uma rapariga (ou vice-versa), ele assim ficaria. Porque a educação é que conta.

Mais recentemente, deu-se conta do erro. A base genética tem muita importância. Tal como a educação tem. Não tenho dúvidas que ambas, juntas, educação e genética, determinam em grande medida a nossa forma de ser.

Assim, que nos resta para nos orgulharmos? Não é fácil responder... Um exemplo: eu tenho a certeza de que não conseguiria nunca trair, no sentido físico, alguém com quem estivesse numa relação. Mas não me orgulho nisso, não há mérito nenhum da minha parte. A minha educação e sistema de valores a isso me levam.

Contudo, há coisas de que me orgulho. É das vezes em que me contrariei e fiz algo melhor do que aquilo que me apetecia.

Claro que eu tenho uma concepção moral das coisas: eu acredito que, à medida das nossas possibilidades, todos podemos escolher, em determinadas situações, se queremos fazer algo bem ou algo mal.

António Araújo disse...

>Contudo, há coisas de que me orgulho. É >das vezes em que me contrariei e fiz >algo melhor do que aquilo que me >apetecia.

Apenas seguiste o teu perfil genético e de educação, mais uma vez. Independentemente das angustias morais e das duvidas e do esforço. Todas aessas sensações estavam elas próprias determindas.

>todos podemos escolher, em determinadas >situações, se queremos fazer algo bem >ou algo mal.

Não vejo como, num universo determinista. Nós podemos escolher, sim, e o que vamos escolher é-nos desconhecido até ao ultimo instante, por vezes, mas a nossa decisão está determinada deste o inicio dos tempos, pelas condições iniciais e pelas leis da física. Tal como está a nossa sensação de duvida.

Eu posso dizer: eu sou livre, se quisesse saltava agora desta janela e esquivava-me assim ao determinismo. Mas não é verdade, pois jamais saltarei da janela. As minhas caracterisiticas acidentais impedem-mo tão absolutamente como uma parede de tijolos que a cobrísse.

Orlando disse...

Comenta a Sofia dois posts abaixo:

"Tenho hábitos péssimos, de facto...
e muito orgulho em ser portuguesa."

Mais um mau hábito, Sofia? :)

/me disse...

omwo, discordo quando dizes "a nossa decisão está determinada deste o inicio dos tempos, pelas condições iniciais e pelas leis da física". Não acredito que a vida seja um problema de condição inicial... Pelo contrário, acredito que cada um de nós pode fazer por alterar o rumo das coisas.

Ou seja, em jeito de brincadeira, sou ateu da tua fé num universo determinístico.

António Araújo disse...

>Pelo contrário, acredito que cada >um de nós pode fazer por alterar >o rumo das coisas

Claro que pode. Diria mesmo mais:

É INEVITAVEL (pelas condições iniciais e leis da física) que assim seja! :D

não resisiti. Era irresistivel.

António Araújo disse...

Livre arbitrio: O nosso desconhecimento presente das nossas futuras, predeterminadas, decisões.

Ou: O suspense que se sente ao ler um livro, apesar do final já estar inscrito na ultima página. Há mesmo quem exclame "não faças isso!" quando o herói de um filme está prestes a cometer um erro...

/me disse...

Eheh. :)

Penso que temos duas visões distintas do mundo. Ambas exigem fé...

Para efeitos práticos, é que não me parece haver diferença. :)

Orlando disse...

Uma deixa um espaço para a vaidade.
A outra não.

/me disse...

Por outro lado, uma também deixa espaço para o mérito e para exigências éticas/morais. A outra não.

De qualquer modo, não passam de uma questão de fé... Tanto uma, como a outra...

Alberto Oliveira disse...

O tempo que disponho para o virtual está contabilizado. Daí a velocidade com que passo de um blog para outro sem dar conta. O comment que deixei aqui, seria para os "jardins de Luz", seguindo o link deixado pela sua administradora no último post. Daí os beijos equivocados. O comentário sim; esse fica por aqui sem orgulho nem preconceito. É a sério.

Orlando disse...

/me,
pelo menos concordas que há diferenças...
Neste caso fico-me pelo agnosticismo.

Orlando disse...

Orgulho naquilo que já somos não serve para grande coisa. Orgulho naquilo que estamos a fazer já me parece ter alguma utilidade.

/me disse...

On, de acordo. Orgulho por aquilo que estamos a fazer. :)

Sofia disse...

Mau hábito quando me faz estar absolutamente de acordo com Paulo Portas, em relação ao hino nacional. :)

Orlando disse...

Ele não acredita nisso. É só conversa. Não te preocupes:)

Anónimo disse...

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Anónimo disse...

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