sexta-feira, maio 19

"Uma criança tem direito a um pai e uma mãe"

Este slogan tem sido usado para retirar às mães solteiras o direito de recorrer a um banco de esperma ou a um dador anónimo. Vamos perder um momento a analisá-lo? O que é que subentende? Se a mãe solteira recorre a um dador anónimo, está a retirar ao seu filho o direito a conhecer o pai? Será mesmo assim? Se ela não recorrer, não há filho!
Este slogan atribui subrepticiamente uma pseudoexistência a algo que ainda não existe. O slogan só faz sentido se acreditarmos que uma criança já existe sobre a forma de uma "alma" ou "proto-alma" antes de ser concebida, estando à espera num limbo que um casal o "adopte". Alguns até acreditarão em algo assim, suponho eu. Mas não tém o hábito de o explicitar...
Existe uma hipótese de a criança vir mais tarde a sentir-se incompleta por nunca vir a conhecer o pai? É possível. Temos de ultrapassar tantos traumas na vida... Vamos então legislar que não podem nascer crianças com malformações de qualquer tipo, obrigando as mães a abortar? Não me parece a melhor opção.
Se perdermos um momento a analisar os slogans com que somos confrontados todos os dias, na publicidade, na política, nos blogues, acabamos por notar até que ponto eles nos enredam em suposições que uma vez explicitadas nos fazem sorrir. Vale sempre a pena parar para pensar.

62 comentários:

Orlando disse...

Por exemplo: se os bébés viessem de França trazidos por uma cegonha, como me ensinaram em pequeno, o slogan fazia todo o sentido.

Anónimo disse...

Oh, On! Já viu o longo caminho percorrido? Desde as cegonhas até ao presente post?...:)

Sofia disse...

Vim só pedir a reserva de um lugar.
Volto mais tarde para contradizer o ON.
Mal posso esperar! :))

Broken M disse...

O pai de um primo meu morreu quando a minha tia estava grávida. Nunca conheceu o pai, só conheceu uma fotografia.
Será que ver uma foto resolve o problema de não se ter pai?

Anónimo disse...

Um slogan é mais uma frase que soa bem e menos um argumento. Não é de admirar que enquanto argumento tenha falhas.
www.blog.jaimegaspar.com

Orlando disse...

Quem disse a frase pretendia estar a apresentar um argumento.

Anónimo disse...

Não sei em que contexto surgiu a frase slogan/argumento, mas imagino-a como sendo o género de frase que se põe como título de um artigo porque captura em poucas palavras uma ideia e soa bem, deixando-se os argumentos propriamente ditos para o corpo do artigo. Daí ter comentado que via a frase mais como slogan do que argumento.
www.blog.jaimegaspar.com

Broken M disse...

Um slogan por menos argumento que seja tem por fim representar uma ideia.
E a ideia que este slogan representa é que é estranha.
Este é o mesmo slogan que se usa para dizer que os homossexuais não devem poder adoptar, porque neste caso a criança não terá um pai e uma mãe mas sim dois pais e duas mães.
Este tipo de slogan é completamente idiota, no sentido que a vida difere muito deste idealismo. E como até podemos dizer que toda a gente tem direito a poder ver bem, nem toda a gente vê bem, há míopes, hipermetrópes , amblíopes e cegos no mundo.
Acho que o slogan quando usado como arma contra a adopção pelos homossexuais é ainda mais horrível. No caso das mães solteiras ainda se pode dizer que é uma escolha consciente de que a criança não tenha pai,no caso dos homossexuais tratam-se de crianças que não tem pai, nem mãe, nem pessoa nenhuma que as ame. E para mim, acho que é melhor ter na infância uma pessoa seja pai, mãe, tio, amigo, sobrinho, o que quer que seja que nos amem do que um pai e uma mãe que são maus pais.

Sofia disse...

"Este tipo de slogan é completamente idiota, no sentido que a vida difere muito deste idealismo."

A vida, somos nós que a fazemos. E as crianças não têm culpa disso.
Todas as crianças têm direito a ter um pai e uma mãe, sim.
Qual é o problema da frase?

Cair no exagero nunca é bom, Madi.

Sofia disse...

Por que diabo será tão difícil perceber a diferença entre "traumas na vida" (ON, ON...) causados pela natureza, por um azar do caraças qualquer, e os mesmos "traumas na vida" causados porque "apeteceu" a alguém causá-los...?!

Juro que me faz uma enorme confusão.
Acho tão óbvia, a diferença.

Orlando disse...

Sofia, é obvio que existe uma diferença mas... já é muito tarde. Amanhã falamos.

CA disse...

Sofia

Todos têm direito a ter um pai e uma mãe que os ame. A questão é saber até onde vamos para "assegurar" esses direitos. E à custa de quê.

Orlando disse...

Sofia, leste o meu post?
És capaz de o resumir em três frases?
Não se pode traumatizar quem não existe.
Ou acreditas que nalguma versão da história da cegonha?
Se a criança não nascer sem pai. Não nasce.

De tanto se querer proteger o feto desde o instante zero, passou-se a querer defender o feto desde o instante -678, reduzindo ao absurdo a defesa desde o instante zero

Sofia disse...

Caro CA

Todos têm direito a ter um pai e uma mãe, ponto final.
Nesta frase, estão incluidos o amor, a prestação de cuidados, a educação, bem como dois exemplos distintos para identificação futura. Tenham eles o sexo que tiverem.
A questão não é só saber até onde vamos para assegurar esses direitos. É também perceber até onde estamos a ir, onde estamos a refugiar-nos, para lhos retirarmos. À custa de quê... Boa pergunta. Descansemos então as nossas consciências. Dormamos em paz. As crianças estão entregues. Que adultos vão ser, é problema delas. Permitimos-lhes ter uma família, fizemos o nosso papel de paizinhos da humanidade. O resto... qual resto?...

Orlando disse...

Sofia,
acho que se devia proibir os divorcios até que as crianças sejam maiores de idade. As crinaças também devem ter direito a viver como os dois pais. Eles tém outras prioridades? Não tivessem arranjado as criancinhas! Não faz grande sentido, pois não? Eu acho que não.No entanto o teu discurso pode ser usado para justificar isso...

Sofia disse...

Acredito que não somos tão poderosos como achamos que somos. Acredito que há muitas coisas que desconhecemos, sobre nós próprios.
Acredito, de uma forma que nem eu entendo, na natureza. Nos instintos, muito mais do que na razão. E o meu instinto diz-me para proteger todas as crianças. Todos os zigotos, portanto.
A propósito, sabes qual é o instante -678 de um feto?
Poderá estar numa das minhas filhas. Não é absurdo nenhum, ON. Isto é um ciclo. Faz todo o sentido defender a vida em qualquer instante. É para isso que cá andamos, ou não?

Orlando disse...

OU melhor:

acho que se devia proibir os divorcios até que as crianças sejam maiores de idade, ponto final.

Esse ponto final é assim a modos que intolerante, não é? faz lembrar um ayatola...

Todos deviamos ter cuidado com a tola:)

Sofia disse...

Num divórcio, existem dois pais. Vão sempre existir dois pais.
Eu não disse que é suposto proteger de tudo...
(isto vai tornar-se muito pessoal. vou ficar por aqui)
Nós andamos cá para arranjar criancinhas e depois as deixarmos voar. É a vida.

Orlando disse...

... e tu é que decides daquilo que é importante proteger, não é?

Quando se quer proteger tudo, acaba por não se proteger nada. Cada mulher entre os quinze e os quarenta que não esteja gravida contem uma vez por mês um projecto de ser vivo. Cada homem produz todas as semanas milhões de projectos de ser vivos. Tu queres proteger estes seres vivos e muitos mais.

E QUERES PROTEGER ALGUNS DOS SEUS DIREITOS NEGANDO-LHES O DIREITO À EXISTÊNCIA:)

Não vez a ironia da situação?

CA disse...

Sofia

A humanidade só existe porque sempre nasceram crianças, mesmo quando as condições não eram ideais. Se levarmos as tuas ideias à prática serão muito poucas as pessoas que poderão ser autorizadas a ter filhos. Às outras isso será simplesmente proibido. É isso que queres?

CA disse...

Já agora, Sofia, como é que se protege todos os zigotos?

Sofia disse...

Não sou eu que decido!
Basta olhar para a natureza. Por que motivo uma invasão, mesmo que com fins terapeuticos, ou de diagnóstico, a um ventre grávido, pode acabar em aborto?
No que diz respeito a vida, em que é que somos diferentes dos outros animais?
Eu não nego o direito à existência. O que defendo não aprova é o direito à manipulação da vida de outrém. Objectivada ou em potência.

Sofia disse...

Não, CA. Obviamente, não. E é precisamente por esse motivo que não acho que se deva justificar a entrega de crianças, só para as desinstitucionalizar, ou o nascimento de outras, com o argumento simplista "mais vale meio pai do que nenhum".

Os zigotos podem proteger-se antes de existirem. Educando para o respeito pela vida, para a responsabilização. Distribuindo preservativos.

Orlando disse...

Disciplinar e aclarar o raciocinio obriga-nos a abandonar algumas ideias que nos são queridas. Não o fazer, acaba por ter o seu preço.

Cada um segue as suas opções e depois paga a conta que lhe for apresentada:)

Sofia disse...

Ideias são uma coisa. Valores, são outra. (Digo eu, do alto da minha ingenuidade...)
E parece-me que, relativamente à minha opinião, nem o raciocinio mais disciplinado e aclarado sabe qual é. Mas é só uma impressão. Na volta até estou enganada. :)

Orlando disse...

Sofia,

Absolutamente.
Acreditamos em vários valores.
Decidimos como agir numa situação em função de um ou vários valores que defendemos.
Cada valor é uma ilha isolada no oceano.
Podemos deixar as coisas assim.

Ou podemos estabelecer pontes entre essas ilhas usando a Razão.
E às vezes descobrimos através da Razão que existem incompatibilidades no nosso sistema de valores.
Sai mais barato descobri-lo através da Razão do que descobri-lo na vida real.

À vezes também não exprimimos os valores em que acreditamos da forma mais fiel possível.


Numa discussão é habitual alguém proceder da seguinte forma:

Tu ages na situação A da forma F porque acreditas no valor V.
Eu acredito W. Repara que, se tu também acreditas no valor W então os valores V e W são incompativeis porque...

O CA e eu estamos a procurar fazer uma coisa deste género.
A reacção mais normal é as pessoas quererem manter os valores em ilhas separadas ignorando as relações entre eles. Estabelecer pontes e reconhecer incompatibilidades obriga a fazer escolhas dolorosas no nosso sistema de valores. Podem obrigar-nos a modificar a nossa imagem de nós proprios.

Quero no entanto salientar que esta é para aí a terceira ou a quarta vez em que a habitual conversa de surdos que costuma ocorrer neste blog se transformou em comunicação. Com sorte, pode ser que volte a ocorrer comunicação mais uma meia dúzia de vezes até ao fim do ano:)

Orlando disse...

Acho que estive a ser muito optimista. Meia dúzia de vezes seria pedir demais:)

Orlando disse...

Sofia, neste caso é provavel que não seja a tua visão de ti própria que esteja em causa mas mais a tua visão do mundo. O mundo é capaz de ter muito mais tons de cinzento do que de preto e branco. Nem os valores de uma mãe bem intencionada em defesa de todoas as crias são simples.

Sofia disse...

Cada caso é um caso, ON.
V e W podem não ser incompatíveis.
Um exemplo prático: Na minha opinião, e de acordo com os valores que defendo, designadamente o direito de uma criança a ter um pai e uma mãe, sou contra a adopção por parte de casais homossexuais. No entanto, apoiaria pessoas que quisessem adoptar uma criança (ou várias), em determinadas circunstâncias, fossem elas, ou não, homossexuais ou solteiras (há homens com capacidades extraordinárias e interesse suficiente, no que diz respeito ao desenvolvimento saudável de uma criança, que seriam melhores pais solteiros do que muitas mães).
O que está em causa, para mim, é o móbil da reivindicação. A maior parte dos que reclamam o direito à maternidade ou paternidade fora dos parâmetros convencionais (leia-se relação amorosa com outro ser da mesma espécie), fazem-no porque querem "ter um filho". Não porque querem ser pais de uma criança.
Tenho a convicção plena, ON, de que, no nosso mundo, não há preto só preto ou branco só branco.

CA disse...

Sofia

"O que está em causa, para mim, é o móbil da reivindicação. A maior parte dos que reclamam o direito à maternidade ou paternidade fora dos parâmetros convencionais (leia-se relação amorosa com outro ser da mesma espécie), fazem-no porque querem "ter um filho". Não porque querem ser pais de uma criança."

Esta afirmação sobre as intenções das pessoas não pode ser feita sem fundamento, nem a priori. Até porque o mesmo pode ser dito de qualquer casal casado que quer ter um filho ou adoptar um. Aqui não estão em causa valores mas o facto de decidires a priori que toda uma categoria de pessoas tem uma intenção sem veres que todas as pessoas fora desse grupo podem ter as mesmas intenções.

"Eu não nego o direito à existência. O que defendo não aprova é o direito à manipulação da vida de outrém. Objectivada ou em potência."

Esta frase é muito geral. Na verdade quaisquer pais manipulam profundamente a vida dos filhos. E os médicos também manipulam a nossa vida. A manipulação não é um direito dos pais mas sim das crianças. Quando se educa numa religião manipula-se a criança. Mas a criança tem o direito de crescer num ambiente em que os pais a possam educar religiosamente se assim o entenderem.

"Os zigotos podem proteger-se antes de existirem. Educando para o respeito pela vida, para a responsabilização. Distribuindo preservativos."

Os preservativos não protegem zigotos a não ser que adoptes a forma mais eficaz de garantir que não haja morte de zigotos: evitar a procriação. Assim protegem-se os zigotos antes de existirem. Quanto a educar para o respeito e a responsabilidade, é preciso concretizar, pois aqui cabe qualquer coisa. Há quem defenda o aborto pela responsabilidade de evitar que nasça uma criança que venha a sofrer.

Sofia disse...

Uma criança desejada pode sofrer.

Sofia disse...

"Os preservativos não protegem zigotos a não ser que adoptes a forma mais eficaz de garantir que não haja morte de zigotos: evitar a procriação."
Precisamente. :)

Sofia disse...

" Aqui não estão em causa valores mas o facto de decidires a priori que toda uma categoria de pessoas tem uma intenção sem veres que todas as pessoas fora desse grupo podem ter as mesmas intenções."

Vou correr o risco.
Não tenho uma opinião muito favorável à procriação medicamente assistida. Acho que a natureza sabe o que faz.
Logo, eu vejo que todas as pessoas fora de todos os grupos, podem ter essas e outras intenções. E há pessoas com muita sorte.

CA disse...

Sofia

Quanto aos zigotos, vejo que defendes a extinção da humanidade. É que há morte de zigotos em qualquer forma de procriação, natural ou não.

Quanto à medicina, há biólogos que têm chamado a atenção para algo que dizes: "Acho que a natureza sabe o que faz." Ao usarmos a medicina para fazer viver pessoas que de outra forma morreriam, estamos a perturbar o mecanismo de selecção natural. Sobretudo quando salvamos crianças, que ao chegarem à idade adulta terão filhos susceptíveis às mesmas doenças.

Quanto aos grupos de pessoas, a constituição proíbe a discriminação com base na orientação sexual, mas isso pode ser alterado se a maioria das pessoas achar que o deve ser.

Sofia disse...

"Quanto aos zigotos, vejo que defendes a extinção da humanidade. É que há morte de zigotos em qualquer forma de procriação, natural ou não."

Oh, não! Descobriram! :)

O que eu quis dizer, CA, foi que é de evitar a concepção, se ela não é desejada.
Eu não quero defender zigotos inviáveis. Só acho de um egoísmo extremo querer decidir o futuro de um zigoto com base num "apetece-te ter um filho, ou nem por isso?", depois de estar concebido.

"Ao usarmos a medicina para fazer viver pessoas que de outra forma morreriam, estamos a perturbar o mecanismo de selecção natural."

Pois é. E eu estaria a mentir se dissesse que acho mal que se salvem essas crianças.
Mas depois, coloca-se a outra questão:
Os portadores de trissomia 21 também têm o direito de ter filhos... Isso quer dizer que? Direito à vida, toda a gente tem. Direito a criar situações que propiciem a morte precoce de outros seres, é que acho que não. Quantos embriões, em cada FIV...

"Quanto aos grupos de pessoas, a constituição proíbe a discriminação com base na orientação sexual, mas isso pode ser alterado se a maioria das pessoas achar que o deve ser."

Democratico q.b.
Daqui a algum tempo, os psis vão ter um acréscimo de trabalho. Mas isso... nem é mau de todo. :)

CA disse...

"Quantos embriões, em cada FIV..."

Não só em cada FIV. Em cada casal que tenta ter filhos, tens ideia de quantos zigotos se perdem porque não chegam a nidar?

CA disse...

"Os portadores de trissomia 21 também têm o direito de ter filhos... "

E há casos em que têm. A questão é se têm as capacidades mínimas para serem eles próprios autónomos.

Sofia disse...

Só fica um, em cada 5. E depois? É a natureza.
Há uma diferença entre perdê-lo ou ir lá aspirá-lo. Ou não?

Sofia disse...

Exactamente, CA!
Foi onde quis chegar, com o exemplo da trissomia.

Sofia disse...

Ou no caso dos seropositivos. São 30% (talvez menos, hoje em dia. não tenho acompanahdo a evolução nesse campo) de hipóteses de a criança nascer seropositiva. E depois não negativizar. É justo? Isso é o que eu chamo "manipular a vida" de outrém.

CA disse...

"Há uma diferença entre perdê-lo ou ir lá aspirá-lo. Ou não?"

Não percebo bem o que queres dizer com isto. Na FIV aspira-se o óvulo e tranfere-se o embrião.

Quanto à diferença, há a mesma que há em usar a medicina para tratar a criança e deixar o sistema imunitário da criança dominar a doença.

Quanto à trissomia, achas que se pode equiparar um homossexual a uma pessoa com trissomia 21 e deficiência mental profunda?

Sofia disse...

Não. Estava a falar da IVG. Entusiasmo-me e dá nisto. :)

CA disse...

"Ou no caso dos seropositivos. São 30% (talvez menos, hoje em dia. não tenho acompanahdo a evolução nesse campo) de hipóteses de a criança nascer seropositiva. E depois não negativizar. É justo? Isso é o que eu chamo "manipular a vida" de outrém."

E quanto aos míopes? Devem ser também proibidos de procriar? É que há uma grande probabilidade de terem filhos míopes.

Sofia disse...

Quantos embriões, são utilizados (ou inutilizados, neste caso) numa FIV?

Acho que se pode recear um efeito adverso na estabilidade emocional de uma criança, quando o pai que o adoptou (pai no sentido lato. pai/mãe), antes de ser uma pessoa que quer ser pai, é um homossexual que quer ter os mesmo direitos que.

O risco, no caso de oligofrenias, é físico, além de todos o outros.

Sofia disse...

A míopia não é causa de morte, que eu saiba. Há limites, CA.
Ninguém deve achar que a perfeição existe mesmo. Mas daí a justificar a absoluta imperfeição com esse facto...

Sofia disse...

As pessoas acabam por se tornar demasiado permissivas e tolerantes, porque desistem de tentar fazer o que consideram impossível. Acho que há muita hipocrisia, neste e noutros assuntos. Se se pensar a partir do ponto de vista do interesse da criança, a resposta aparece tão mais simples...

CA disse...

Sofia

O que significa utilizar embriões numa FIV? Já agora, quantos embriões, são utilizados (ou inutilizados, neste caso) num casal que tenta engravidar ao longo de vários meses?

Quantos factores podem fazer "recear um efeito adverso na estabilidade emocional de uma criança". Proíbe a procriação em todos os casos? Além disso, o que a leva a pensar que quando um homossexual quer adoptar um filho "quer ter os mesmo direitos " antes de querer ser pai?

Segundo o meu dicionário "oligofrenia" quer dizer atraso mental. O facto de haver risco físico parece-me secundário. Misturar atraso mental com homossexualidade já me parece incompreensível neste contexto.

"A míopia não é causa de morte, que eu saiba."

Nem a seropositividade. Em contrapartida o cancro é. E há quem tenha tendência genética para ele. Logo...

"Há limites, CA."

Quais são eles?

"Se se pensar a partir do ponto de vista do interesse da criança, a resposta aparece tão mais simples... "

Só aparece simples se evitar pensar nas consequências do que defende.

Orlando disse...

Por uns instantes, houve comunicação. Depois, voltou tudo ao normal. Porque é que o diálogo é impossível?

António Araújo disse...

Ena, tanto comment...porque é que só este assunto da treta é que dá sempre tanta discussão?

Deixem-me adivinhar: foi desta que, depois de uma longa reflexão, se chegou a conclusões racionais e indiscutiveis acerca do assunto.

Ou...não?

Ah, é por isso que gostam tanto de discuti-lo :)

Oh, a beleza inefável dos campos em que a cada um pode pertencer uma opinião vociferante, e graças a Deus nunca se pode chegar a lado nenhum...

Em geral, se cheira a criancinhas, é logo um bom indicio de que se trata de mais um destes...

E ainda é Domingo! Deixem só a malta voltar do descanso, cheia de energias.

ON, descarado agitador de massas, esta receita não se cansa nunca...
agora se pusesses isto a render, isso é que era!

Pôr os zigotos a render...ora aí está uma expressão com um je ne sais quoi de peculiarmente escrotesco...:)

Orlando disse...

OMWO,
o unico tema de todos os meus posts é reflectir sobre a forma como raciocinamos e como comunicamos. Até nos posts sobre futebol.
As pessoas é que julgam que eu falo sobre criancinhas.
Perante esta total incompreensão da minha obra, suponho que só me resta retirar-me.
Que mais posso eu fazer? :(

CA disse...

On

O teu problema não estará no facto de pensares que as pessoas podem raciocinar independentemente de tudo o que fazem e vivem? Não estarás a sonhar com seres ideais, puramente racionais?

Orlando disse...

Como eu? Talvez!

Orlando disse...

Olha, raciocinar correctamente é fazê-lo independentemente dessas coisa todas, não é? De outra forma, com é que vamos comunicar e argumentar? É impossível. Uma vez por outra existe a comunicação.
Só convinha que acontecesse mais vezes!

António Araújo disse...

ON, my point era que as outras provocações não surtiram efeito. É sempre o raio das criancinhas que dá discussão. De resto, don't mind me, eu nem li os comments deste post, nunca leio nem estes nem os das tralhas católicas. Aliás, eu não disse isto. Eu não estive aqui :)

Nota que mesmo sem ler aposto que a discussão não seguiu de todo na direcção que pretendias. Aposto que tomou o seu rumo, o do costume, que nada tem que ver com divagações acerca da racionalidade.

É provavelmente impossivel converter o mundo. Mais vale aprender a mantê-lo domado.

CA disse...

On

"raciocinar correctamente é fazê-lo independentemente dessas coisa todas, não é?"

Sim. Mas qualquer raciocínio exige um ponto de partida, uma base (lógica e alguns axiomas). Ora às vezes não é fácil chegar sequer a estabelecer essas bases.

"Uma vez por outra existe a comunicação."

Para haver comunicação tenho que, de algum modo, colocar-me no lugar do outro para o poder entender. Ora isto não é fácil, sobretudo quando os assuntos são delicados e as conclusões podem mexer connosco e com as nossas convicções.

Sofia disse...

Freud explica isto tudo, ON.

Eu não percebo nada de lógica. Para mim, só é lógico que somos demasiado complexos para podermos pensar todos da mesma forma.

CA, HIV predispõe para uma morte precoce. Mesmo assim, existirão casos em que a minha opinião não seria a mesma, no caso de uma pessoa seropositiva querer conceber um filho. Como disse, cada caso é um caso. O problema, para mim, está em querer-se generalizar.

"Só aparece simples se evitar pensar nas consequências do que defende."

A resposta é sempre simples. Quem quer ser pai, tem o direito e o dever de fazer uma criança feliz. O resto, são pormenores.

Orlando disse...

"A resposta é sempre simples. Quem quer ser pai, tem o direito e o dever de fazer uma criança feliz. O resto, são pormenores."

Acabaste de optar pelo sistema minimal.

Deixa lá, nos dias de chuva optas pelo outro:)

Orlando disse...

OMWO,
obviamente tens razão. Não era dificil teres razão. Mas, por um instante, houve comunicação. A Sofia distraiu-se.

No post do Godel, não há criancinhas. Aí, é quase pegar ou largar.

Sofia disse...

ON

Aquilo dos pormenores... estava a ser irónica. :))
Eu não opto.

Broken M disse...

On,
mas quando fazes um post estás à espera que "a discussão não siga na direcção que pretendes"?
Sempre pensei que isto fosse como as condições iniciais de uma simulação monte carlo.
Há eu, há a sofia, há o CA, há tu e há o OMWO. Todos pensam de modo diferente. Dás um tema e vês o que vai dar... como no jogo da vida :D

Broken M disse...

Sofia,

Eu gostaria de saber em que mundo vives.

Quantas crianças é que não vieram a este mundo sem que os pais quisessem?

A sida já está há muito no caminho para uma doença crónica. Ter sida nos dias de hoje é como ter asma.

Orlando disse...

Madi,

primeiro que tudo, o teu regresso é muito apreciado por estas bandas:)

A discussão irá para onde for. Mas era giro que os primeiros comentários tivessem algo que ver com o tema específico do post.

Já agora, os temas superficiais da maior parte destes post não me interessam por aí além. O que eu tenho andado a fazer a maior parte do tempo é uma refleão sobre a forma como as pessoas pensame comunicam. Era giro que mais alguém discutisse isso comigo.