quarta-feira, agosto 31

The roots of Muslim Rage


É o título de um famoso artigo de Bernard Lewis, o maior especialista mundial do Islão. Já falei dele nos comentários a este post. Temos certamente algo a aprender com ele.
O Islão surgiu no século sétimo. Durante o primeiro milénio da sua existência o seu único recuo importante foi a perda da Península Ibérica, largamente compensada pela sua expansão a oriente. A queda do Califado de Córdova continua tão viva na memória muçulmana porque eles não estavam habituados a perder. Em 1683 os Turcos cercaram Viena pela segunda vez. A queda de Viena podia ter mudado o curso da história. Viena resistiu. A partir daí a Revolução Industrial desequilibrou os pratos da balança.
O mundo muçulmano tem estado dividido ao longo dos últimos três séculos entre duas atitudes opostas, emular o Ocidente e tentar destruí-lo.
A Turquia foi refundada por Ataturk na base da separação da igreja e do estado, um conceito estranho ao Islão. A possibilidade desta separação é uma das características fundamentais que distingue o Cristianismo das outras religiões. O próprio Irão possui uma constituição e uma organização política com muitos elementos copiados do Ocidente.
Por outro lado os países muçulmanos apoiaram sistematicamente todos os movimentos que se opuseram à corrente principal da civilização cristã, como foi o caso do nazismo e o comunismo pró-soviético. Não existiam à partida quaisquer razões objectivas que aproximassem os muçulmanos destes ismos. Para além do habitual raciocínio o inimigo do meu inimigo...
Embora o império russo sempre tenha subjugado com mão de ferro dezenas de milhões de muçulmanos, os conflitos do Islão com a URSS foram sempre pontuais, como foi o caso do Afeganistão. Nunca ouvi um árabe falar sobre a situação da Chechenia.
O estado de Israel tem sido o catalisador da raiva muçulmana contra os Estados Unidos e o Ocidente em geral. Convém notar que quando da sua fundação o estado de Israel sobreviveu graças a armas provenientes do bloco soviético. Em 56 forma os americanos que forçaram os israelitas a abandonar o Egipto. A actuação recente das forças ocidentais na Jugoslávia em defesa dos muçulmanos não contribuiu minimamente para apaziguar a ira muçulmana.
Donde provém essa raiva? Não parece razoável atribuí-la a razões políticas. A verdade é que a nossa civilização consumista, com tanta carne à mostra, está a corroer os valores tradicionais da civilização muçulmana. É plausível pensar que a única forma de garantir a sobrevivência da sociedade muçulmana tal qual ela existe agora seria destruir a nossa civilização. A estratégia proposta pelo OMWO é afinal a razão pela qual nós estamos a ser atacados pelo terrorismo!
As palavras do meu amigo Mehmet fazem mais sentido à luz do parágrafo anterior. Dizia ele:
Vocês querem que a Turquia entre para a CE para destruir a nossa cultura. Disse-lhe que não me parecia que isso fosse verdade. Para além do mais, eu não queria que a Turquia entrasse na Comunidade Europeia. Vocês não tem o direito de recusar a nossa entrada! Perguntei-lhe se afinal ele queria entrar e porquê. Porque em compensação vamos destruir a vossa.
Destruir a nossa cultura é a única forma de garantir o imobilismo da sociedade muçulmana.
OMWO, o terrorismo é uma ameaça importante. Não se deve subestimar o adversário. Vamos logo para a bomba atómica. Aqui fica a Luba.

A senhora Peter Hegre, fotografada pelo marido.

29 comentários:

Orlando disse...

Tive de republicar o post. Infelizmente perderam-se alguns comentários.

Anónimo disse...

Comentando agora o seu interessante post: Há anos li o "Choque das Civilizações" de Samuel Huntington. A ideia que me ficou foi a de que o vazio criado pelo fim da guerra fria, em que havia de um lado os "aliados" ou "Ocidente" constituido por uma série de países relativamente heterogenea e que incluia Israel, Turquia, Grécia, Japão, Filipinas etc., e do outro uma lista não menos heterogenea, nunca foi substituido. Independentemente do juizo de valor que façamos desta velha divisão, onde é que podemos dizer hoje que acaba a Europa?

António Araújo disse...

ON, não é a padralhada Islâmica (e os seus seguidores) que eu quero apaziguar. Já disse várias vezes que tanto essa como a Cristã, como a Judaica só me causa asco. Conheci Judeus (em particular, até eram Judeus Israelitas) e muçulmanos, e cristãos, que prezo muito. Tinham todos em comum o facto de não levarem as respectivas religiões demasiado a sério. Ha muitos judeus em Israel que detestam os seus fanaticos tanto como eu. Quem pensa que ser contra os abusos Israelitas é ser contra Israel não percebe o que está em causa.

Achas que eu tenho algum apreço por uma religião sexualmente frustrada que ainda por cima mutila os olhos? Que tem asco à representação do corpo (basta recordar o assunto do meu blog - ao menos os artistas do Ocidente sempre podiam pintar o raio da Madonna e do Bambino)? E que faz lei pública das tretas escritas num livro religioso? E que condena escritores à morte por ofenderem os seus mitos?

Se falo contra as guerras são as guerras estupidas como a do Iraque que so servem para enraivecer muçulmanos moderados e transformá-los em novos fanáticos. So pioram o equilibrio de forças.

Quanto à outra guerra, sei bem que a "minha estatégia" é uma das causas. Não o quereria de outra forma. Hà guerras que merecem ser lutadas. E eu ainda gostaria, ja o disse varias vezes, de ver o Islão transformado, como o cristianismo, numa religião de trazer por casa. Penso que aí estamos envolvidos numa luta de morte que não pode ser descurada.

António Araújo disse...

Ah, e a tua bomba nuclear está aprovada pelo meu departamento da defesa. Envia-a devidamente embrulhada ASAP para...cof...realizarmos testes...

PS: É um pouco batota utilizares o Hegre...
a minha arma era amadora, a minha célula de terrorismo anti-terrorista é uma coisa de baixos recursos, não temos os vossos orçamentos de porcos capitalistas...:(((

Calvin disse...

Mas porquê?... Porquê aqueles sapatos de salto alto?... Tss, tss, tss... :o)

António Araújo disse...

É o que dá quando largam as burkas! Tapem os olhos, irmãos! :))

Sofia disse...

E depois as mulheres é que são histéricas...

... valha-me Deus... :)

Orlando disse...

Caro Quim,

este espaço destina-se a comentários ao post, não à publicação de artigos por copy paste. Arranje um blogue e publique-os lá. Foi por isso que apaguei o seu comentário. Não tenho nenhum problema em que meta um link para esse artigo, agora colocar neste blogue duas vezes o mesmo artigo é demais. Espero que me compreenda.

Anónimo disse...

Caro ON:

Acho a sua atitude de pura censura...
Porque não apaga outros comentários?
Só lhe digo que o maior massacre da HISTÓRIA não foi praticado pelos muçulmanos, mas por cristãos, e já foi muito depois do século VII.
Você diz:
"nós estamos a ser atacados pelo terrorismo!"
Então os EUA e o RU + seus aliados provocam centenas de milhares de mortos no Iraque e "nós" é que estamos a ser atacados?
Para além disso, o seu texto é paternalista, infantil e machista.

Orlando disse...

Caro Quim,
eu não apago comentários. Apago copy paste. Não é a mesma coisa. Compreendo que não concordo comigo, espero que perceba a diferença.

Orlando disse...

Tem toda a razão quando diz que a civilização ocidental tem cometido os maiores massacres. Tem toda a razão. É a civilização mais poderosa.
A invasão do Iraque foi uma estupidez que vai sair cara aos sucessores do Bush.
Eu digo: nós também somos atacados pelo terrorismo.
Já que se dá ao trabalho de adjectivar o meu texto agradecia que, se um dia destes tiver oportunidade, seja mais concreto nas suas críticas.

Eu normalmente não analiso as situações em termos morais. Acho uma perda de tempo. Prefiro discutir as causas e as consequências das acções.
Mas cada um tem as suas preferências.

Orlando disse...

Caro Martin,
para mim a Europa acaba antes da Turquia. É vital que a Europa tenha boas relações com a Turquia. É do interesse da Europa que a Turquia se desenvolva.
Entrar na CE não pode estar em cima da mesa.

Orlando disse...

Caro Quim,
já alguma vez falou com um muçulmano? Eu conheci dezenas deles. Todos com educação superior, tendo vivido vários anos em países desenvolvidos. Não são todos iguais, claro. Sabe como é que muitos deles falam das mulheres ocidentais? Na melhor das hipóteses chama-lhes putas. Não é preciso usarem minissaias. Basta mostrarem alguma independência de espírito. Também conheci várias mulheres muçulmanas. Acha que elas gostam da forma como são tratadas?
As coisas que eu escrevi não li nos livros. Eu assisti ao efeito que a nossa sociedade, com todas as suas qualidades e defeitos, tem sobre muitos muçulmanos.
Acho que devia pensar bem antes de me chamar machista.
Já agora, em que sociedade prefere viver: cá, ou lá?
Esta é a pergunta mais importante de todas. Eu não tenho dúvidas sobre a resposta...

Orlando disse...

Caro Martin,
acho também que a Europa acaba antes de Israel, Cabo Verde, Marrocos e Timor Lorosae.

Sofia disse...

Eu não sei se vocês sabem, mas.. quem controla o Mundo, são as mulheres.

...

Talvez não fosse má ideia procurarem antes umas fotos, bem rebuscadas, de homens semi nus...

... ou mesmo nus.

Orlando disse...

OMWO,
acho que no essencial as nossas posições sobre o assunto são iguais. Foi refrescante apresentares como "estratégia" uma fatalidade:
A existência da cultura ocidental põe em perigo a cultura islâmica. Não há nada a fazer. É assim mesmo.
Os nossos microbios também destruiram as civilizações do continente americano. É um fenómeno semelhante.
Chamaste a atenção para um aspecto fundamental do problema de coexistencia entre as duas civilizações.

António Araújo disse...

>Tem toda a razão quando diz que a civilização ocidental tem >cometido os maiores massacres. Tem toda a razão. É a civilização >mais poderosa.

Isto é verdade. Tenho tido vontade de fazer um post sobre isso. Quando digo mal dos EUA ou quando critico a actuação Europeia neste ou naquele assunto não espero nunca ser confundido com os meninos do BE e afins e com a sua auto-flagelação patética. Não tenho nenhuma duvida de que, com todos os seus defeitos, estou muito feliz de pertencer à civilização Europeia. E não sinto nenhum dos impulsos auto-flagelantes da moda PC nem nenhuma vergonha da nossa História, pelo menos comparativamente com as alternativas.

A que me refiro?

Exemplo 1: A Europa é horrivel, carrega a culpa da escravatura.
Tretas! A escravatura era universal, foi a Europa que acabou por fazer esforços para a abolir. Se a fizemos em grande escala, não foi por abraçarmos mais o conceito ou por o inventarmos - mas apenas porque fomos mais eficientes. Tinhamos mais meios para que, uma vez decididos a fazê-lo, o fizessemos em mais larga escala.

Exemplo 2: Os maiores massacres foram cometidos por Ocidentais.
Talvez...e depois? O principio é de novo universal, apenas, mais uma vez, fazemos parte de uma sociedade muito desenvolvida tecnologicamente, que controla grandes recursos. Outros matariam ainda mais, mas nao conseguem. Nós temos que controlar muito bem a nossa força. Um encolher de ombros dos EUA, por exemplo, chegaria para devastar todo o planeta...

Ja referi os abusos dos EUA. Mas não quis fazer disso uma ladaínha moralista. Pelo contrario. Os EUA portam-se apesar de tudo com uma contenção que historicamente é inovadora. Nunca na historia da humanidade um imperio tao militarmente potente se portou (apesar de tudo) com tanta contenção. Alertei apenas para que tal contenção não é garantida e não podemos continuar a contar com a boa vontade de outrem. Who's your daddy? they are not. E ha sinais de uma certa mudança agora que a URSS não está lá para os assustar...e se as coisas começarem a correr mal podem cair as luvas. Convém que a Europa se saiba defender de *todos* os seus potenciais inimigos. Precisamente para que, face a isso, eles nunca deixem de ser nossos amigos.

Ja deixei claro que ao falar de Hiroshima, e de outros actos, como terrorismo, e ao equalizar moralmente o terrorismo, como estratégia militar, com outras estratégias identicas usadas pelo Ocidente, estou apenas a exigir uma visao clara do assunto em termos estratégicos, não estou a apelar à auto-flagelação nem à peninha barata pelas "vitimas" que nos atacam. Nao ha vitimas. Ou se quiserem - só hà vitimas. Isso é irrelevante. Estar de olhos abertos é que é importante.

Orlando disse...

Sofia,
tu controlas o teu blog...

Calvin disse...

E mesmo assim, nem sempre, ON. :o)

Anónimo disse...

1) "Os EUA portam-se apesar de tudo com uma contenção que historicamente é inovadora. Nunca na historia da humanidade um imperio tao militarmente potente se portou (apesar de tudo) com tanta contenção".
Há homens que batem na família, mulher e/ou filhos.
"Portam-se apesar de tudo com uma contenção que historicamente é inovadora. Nunca na historia (...) se portaram (apesar de tudo) com tanta contenção". Podiam matá-los...
2) "A invasão do Iraque foi uma estupidez que vai sair cara aos sucessores do Bush".
Centenas de milhares de mortos são, apenas, "uma estupidez"? Francamente...

António Araújo disse...

1) Eu ja fiz criticas bastante duras. O que quer mais agora ? Que me flagele por ser Ocidental? Eu disse "apesar de tudo mostram uma contenção que historicamente é inovadora". Tem alguma coisa de concreto a objectar a esta frase ou ao meu argumento ou está só a reclamar porque eu não me estou a vergastar e a choramingar?

Os americanos poderiam ir pelo caminho do Adolph Hitler facilmente (mais facilmente do que ele proprio). Muitos dos seus inimigos, e muito do mundo islâmico, faria isso se pudesse. Mais uma vez, eu reconheci os abusos, também reconheço a dimensão relativa dos mesmos. Não ando por aí com agendas pre-definidas.

>Há homens que batem na família, mulher >e/ou filhos.
>"Portam-se apesar de tudo com uma >contenção que historicamente é >inovadora. Nunca na historia (...) se >portaram (apesar de tudo) com tanta >contenção". Podiam matá-los...

O seu argumento é ilogico e irracional. Does not cumpute. Pense primeiro no que pretende afirmar.

Está a dizer "podia ser pior". O que eu disse é que se passa algo que historicamente é novo. Isso não tem nada a ver com o argumento de "podia ser pior". Se o marido não mata a mulher apesar de lhe bater, isso não tem nada de "historicamente inovador". O seu argumento nem sequer merece ser rebatido porque nem está a falar do mesmo que eu.

A 2) nem devia responder porque não fui eu que o disse, mas de novo está a pedir o quê? Porque alguém diz que X é uma estupidez, isso não implica que se esteja a afirmar que é "apenas uma estupidez". O Sr. não sabe o que é uma implicação lógica? A lógica básica é um pre-requisito para a discussão racional. O sr. porta-se como um vilificador profissional com uma agenda. Daqui a pouco passa uma lei segundo a qual não se pode escrever "EUA" sem uma lista de prefixos insultuosos sob pena de se ser um fascista genocida implicito.

Estas tretas aborrecem-me. É por estas e por outras que não aguento a esquerda de hoje, com as suas frases feitas e os seus slogans embirrantes. É magnifico que a esquerda tenha tao poucos votos ainda hoje, com todo o capital que idiotas como o Bush lhe fornecem. Grande parte disto deve-se à sua fundamental tendencia para a ladaínha exagerada e enfadonha, que consegue submergir algumas boas ideias num lodaçal perfeitamente opaco.

>Francamente....

O abanar de cabeça moralista é uma coisa que so me inspira ao bocejo.

António Araújo disse...

Mais, se frisei que a situação era "inovadora", é precisamente porque por isso mesmo não tenho a certeza de que possa ser mantida. Porque talvez não esteja na natureza humana ser capaz de manter contida uma força que não é equilibrada por outra. Uma "inovação" na psicologia humana é por vezes um estado meramente transitorio e patologico, com o qual não se pode contar. E portanto o meu comentário inscreve-se no aviso que pretendi fazer num post anterior. Penso que isto era evidente para si, e a sua objecção é por isso perfeitamente incompreensivel para mim a não ser nos termos que referi anteriormente.

De novo temos uma agenda a cegar as pessoas.

Se não se pode "dizer bem" dos terroristas não se consegue entender a sua natureza.

Se não se pode "dizer bem" dos EUA não se consegue entender a sua natureza.

Em ambos os casos perdemos a perspectiva e deixamos de ver perigos e oportunidades.

Mas preferem cantar slogans. Não a isto, não áquilo. Isto não é um jogo de futebol. Aborrece-me esta tendência para partidos e clubes.

Sofia disse...

Machistas! :)

Anónimo disse...

Talvez gostassem de saber que a senhora Hegre tem uma irmã gémea:)

Anónimo disse...

"Eu normalmente não analiso as situações em termos morais. Acho uma perda de tempo" "Perda de tempo" é um conceito moral ou afim, ON. Evitar a moral é mais difícil do que parece.

Roberto Iza Valdés disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Roberto Iza Valdés disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

best regards, nice info http://www.proactiv-skin-care-system.info payday advance

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.