quinta-feira, agosto 18

Armas de distracção massiça (2)




As pessoas estão preocupadas. O que acontecerá se um país liderado por fanáticos religiosos hostis à cultura ocidental (por exemplo, o Irão) se apropriar “da Bomba”?

Eu também me preocupo com isso. Mas não tanto como me preocupo com esta questão:

O que acontecerá se um grupo de fanáticos religiosos hostis à cultura ocidental se apropriar de um país que já possui “a Bomba” (em vastas quantidades)?

O pior é que me parece que isto já aconteceu

Em breve os americanos poderão ser ensinados (nas aulas de ciência, nada menos!) que existem duas teorias cientificas (note-se o detalhe crucial!) acerca da origem das espécies: Uma é a teoria de Darwin, e a outra...bom, a outra é que o Pai Natal, ou Deus, ou outra criatura mítica de existência igualmente demonstrável as criou a partir do nada. E é este povo, assim ensinado, e assim liderado, que tem o dedo sobre o big red button...

25 comentários:

Pedro Santos Cardoso disse...

Felizmente, ainda não passa de mais uma das sugestões do texano... e esperemos que fique na gaveta!

António Araújo disse...

Isto é um "ataque preventivo" :)

Broken M disse...

Tinha ideia que isso só acontecia em alguns estados, como no Texas. É nos Estados Unidos inteiro?

António Araújo disse...

MaDi, eu escrevi "poderão". O post refere-se meramente às posições tomadas pelo Bush e não à realidade presente das escolas, que felizmente não é essa. O "inteligent design", que era a "teoria" em causa, é uma roupa nova e pseudo-científica para o "creacionismo", e pretendem alguns que deveria ser considerado uma teoria cientifica e ensinado lado a lado com o Darwinismo.
Segue o link do artigo ou procura no google "Bush intelligent design".

Mas tratam-se apenas das posições do Bush, até agora não tomou nenhums passos legais nesse sentido (que eu saiba). O meu ponto é que quando nos preocupamos com os tarados religiosos de outras bandas esquecemos os tarados religiosos que são nossos aliados. Com amigos destes...

A Europa tem-se permitido viver à sombra dos EUA, como uma criança protegida pelo Pai. Não temos força militar que lhe possa fazer frente e permitimos que eles se fortaleçam cada vez mais. Assumimos sempre que é o gigante um bocado estupido, um bocado bruto, mas benevolente para nós, um eterno aliado (ainda que embaraçoso).
Mas o carácter dos povos e essencialmente das lideranças altera-se com os tempos. Um dia destes podemos ter um lunatico (digo, outro lunatico) no poder, que nos seja hostil. Ele terá nas mãos poder militar suficiente para nos vaporizar. Vamos esperar por esse momento de braços cruzados?

Não é uma corrida ao armamento o que eu proponho. É precisamente o oposto. Podemos começar apenas por, silenciosamente, perceber que o problema existe. Não é urgente, talvez, mas existe...

Falarei mais disto depois.

Broken M disse...

Mas que existe já se sabe há algum tempo. Não sei se as coisas são tão lineares assim.
Eu percebi que este intelligent design era uma teoria como o criacionismo e sabia que era ensinada como tal no Texas, não pensei que fosse nos Estados Unidos inteiro, era isto que estava a comentar.
Lunáticos hão-de existir sempre. Não se trata disso. E embora não goste muito de teorias de conspiração, acho que tudo que se passa nos Estados Unidos tem a ver com vantagens económicas que os lobbys podem obter.
Irrita-me sempre um bocado esse anti-americanismo exagerado. Como se todos eles fossem uns ignorantes estúpidos. Também não é assim. Se se quiser fazer ciência como se deve, há-de se ter que fazer por lá um breve estágio. E não me venham dizer que são só estrangeiros. A verdade é que eles é que dão as condições. E ensinam uma praticidade e pragmatismo que não existem por estes lados do oceano em que muitas vezes só se fica a teorizar.

António Araújo disse...

Não me parece que eu sofra de anti-americanismo, muito pelo contrário. Não me lembro de ter chamado os americanos de estúpidos nem nada que se pareça. Apenas falei de um problema concreto. Não pode existir uma boa paz quando um dos aliados tem uma arma apontada à cabeça do outro.

Não é assim que as coisas funcionam. Um idiota destes na casa branca é um bom alarme para acordarmos para a realidade - nós vivemos da boa vontade dos americanos. A unica coisa que impede os EUA de se tornarem um tirano global é a sua própria opinião interna. Um regime totalitário nos EUA poderia tornar-se um regime totalitário em grande parte do mundo. Ou levar-nos a uma nova estratégia de destruição mutua assegurada para manter uma paz perigosa. O mundo nao pode esperar sobreviver a uma segunda dose desse tipo. Além disso a preocupaçao do Bush em recriar a ideia do guarda-chuva nuclear indica que ele gostaria de descartar sequer a hipotese de um tal equilibrio.

O que eu estou a dizer é que:

1) a preocupação Americana em proibir aos países extremistas e perigosos a posse de armas nucleares é uma optima ideia.

2) Todos os paises são em potencia extremistas e perigosos, acima de tudo os EUA que foram os unicos a detonar duas bombas atomicas contra civis.

Conclusão?

Broken M disse...

Conclusão: tens razão. :)

Mas, sinceramente, não acho que seja o Bush quem governe o quer que seja. Apenas um palhaço que obedece ordens de outros. E dá jeito que o palhaço seja ignorante.

Além disso, tudo gira à volta do petróleo, ou não?

António Araújo disse...

Tudo gira à volta de tanta coisa :)

O problemas das teorias de conspiração não é que não estejam correctas, é que são tantas conspirações ao mesmo tempo que no final o sistema é perfeitamente caótico e imprevisível. É um random walk pelo espaço dos estados, com muitas moleculas, cada uma delas uma vontade, a chutar a nossa partícula-teste a cada instante.

E concordo quanto ao idiota. É um peão. Ou melhor, é o Rei. E o Rei é só uma peça. No entanto é ao Rei que se aponta para o checkmate... simplesmente porque o verdadeiro adversário, o jogador, não se vê no tabuleiro...

lino disse...

"Um dia destes podemos ter um lunatico (digo, outro lunatico) no poder, que nos seja hostil. Ele terá nas mãos poder militar suficiente para nos vaporizar."

Fanáticos por fanáticos, JÁ estão em acção os que nos querem fazer ir pelos ares aos pedaços e, assim que lhes seja tecnicamente possível, vaporizar-nos. Por isso, certas comparações são inadequadas. Por isso, certos factos perturbantes deveriam preocupar-nos mais que outros.

António Araújo disse...

Caro Lino,
o facto de umas coisas nos preocuparem mais que outras não significa que as outras não possam ser referidas. Especialmente porque as primeiras já são referidas todos os dias não vejo porque é que eu teria que ir mais uma vez repetir a litania. Esse problema já está ser tratado, bem ou mal. Eu prefiro falar de outros que estão a ser ignorados, e que a longo prazo poderão ser muitíssimo relevantes.
O proposito de um blog não é ser a repetição do noticiario da SIC, pois não?

MaDi: Voltando ao comentario do anti-americanismo, gostaria de saber se os EUA são agora um país de partido unico? A oposição nos EUA é anti-americana? Se eu fôr contra o nosso PM sou Anti-Lusitano?

ON, estás a ver isto? Não tarda nada estou a ser acusado de activista anti-globalização/anti-americano, como aqueles meninos finos do BE :). Bato-te aos pontos! :) em poucos meses chamam-me de porco capitalista, depois de comunista, e, não tarda nada, terrorista :)
Isto Agrada-me :)
Ah, noutro sitio a MaDi está a acusar-me de ser um geek que não presta atenção às mulheres :)
Alguém quer ir preparar a fogueira?

E eu ainda nem larguei o meu verdadeiro post-bomba (fica para setembro, quando houver maior concentração de civis):)

Sofia disse...

A fogueira já está preparada há muito...

Temos pena. Quem não quer ser lobo, não lhe veste a pele.

(O BE não tem meninos finos. Isso queriam eles...)

:)

António Araújo disse...

Estás a brincar? Aquilo está cheio daqueles meninos que queriam ser comunas para chatear o papá, mas não gostam da estética do PC, que está cheio de empregadecos da carris e gente assim. Não, no BE são todos intelectuais e cheios de daddy-issues...

Sofia disse...

Mas não são finos. Não passa de aspiração. Não me contraries, se fazes favor...

... ou ainda sou obrigada a usar a violência. E depois podias gostar e era um problema...

:)))

Broken M disse...

desculpa n era p o on era para o omwo
:)

Broken M disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Broken M disse...

Omwo,
Claro que não há só um partido nos EUA. E se tu fores ver os resultados das últimas eleições, verifica-se que nos estados mais desenvolvidos dos Estados Unidos, quem ganhou não foi o Bush.

E eu não disse em lado nenhum que eras um geek.


(estou com alguns problemas em pôr o comment :))

Anónimo disse...

O lino bem tentou tornar a conversa mais sensata, mas a frivolidade da moda é invencível...

António Araújo disse...

Ceeeerto....

e em que consiste exactamente a frivolidade da moda?

Agora são inquestionaveis todos os actos dos nossos aliados?

Tambem tenho que estar "behind our troops?". Get this: they're not ours.

Tivemos um belo acto de sensatez no outro dia, quando em Londres abateram a tiro aquele brasileiro...que afinal nao tinha o tal casaco suspeito...que afinal nao ia a correr...que afinal nao tinha saltado as barreiras do metro...que afinal estava sentado...que afinal os tais policias ja tinham decidido executar, pensando que se tratava de outrem, ao menor sinal de resistencia, ao que agora parece...

Ou o outro acto de sensatez, de dois paises que decidem mentir para começar uma guerra que nao teve nada a ver com o terrorismo. Que raio é que o Iraque tinha a ver com o Bin Laden? Onde estavam as armas de distracção massiça?

A frivolidade da moda consiste precisamente em nao se poder dizer nada porque tems que estar todos muito unidinhos, muito assustadinhos com o papão, enquanto somos bem papados pelos nossos protectores ( que alias foram quem nos meteu nesta alhada ).

Quanto ao Lino, eu até tendo a concordar com ele em quase tudo. Para começar faz posts que se compreendem, e nao comentarios monossilabicos. Em segundo lugar concordo com ele que a uma ameaça responde-se com a força (agora convém é bater na ameaça e nao em quem está à volta ou em quem nos convém). Diz o Lino que o Islão é uma ameaça à cultura Ocidental, se bem percebo de alguns posts que ele tem escrito (pode corrigir-me se erro). E eu concordo que o Islão pode ser uma ameaça. Porque aliás, todas as religiôes organizadas - O islão, o judaismo, e o Cristianismo - podem ser uma ameaça. O que nos protege do Judaismo são as suas caracteristicas tornarem-no numa coisa clubistica, de poucos, e mesmo assim é o que se vê quando se torna extremo (lembremo-nos que Israel existe "porque Deus quer"!). O que nos protege do Cristianismo é que está já devidamente castrado, como um bom animal de estimação - já queimou o que tinha a queimar e é agora uma coisa essencialmente turistica. Quanto ao Islão, começou mais tarde e está agora no estado em que estava a Cristandade da Idade Média. Prontinho a queimar tudo o que se lhe oponha, e em pleno furor expansionista.

É preciso parar essa expansão na Europa? É. Até que o Islão passe esta fase adolescente e se torne uma religião decorativa, como as outras, como deve ser. Depois disso tanto me faz, é padralhada como as outras. Mas é capaz de demorar aí umas dez centenas de anos até chegar a essa senilidade realtivamente inofensiva em que agora vive a Igreja do Crucificado...e na qual deve permanecer. E da qual alguns esperam agora acordá-la. Porque se isto se tornar uma guerra entre Cristianismo e Islão extremos então digo-lhes que só espero que se matem uns aos outros de uma vez por todas e eu entre os dois escolho o Diabo, obrigadíssimo. Ja bastaram quase dois mil anos a aturar a padralhada.

Defender a cultura ocidental faz-se em muitas frentes. Uma delas é cá em casa, contra os nossos proprios demonios internos.

PS: Ja pensou que se calhar é moda bater no idiota da Casa Branca, precisamente porque ele merece?

Se quer saber, em tempos eu ate me deixei levar por ele. Nada me parecia pior que o ridiculo Clinton e a sua matrona belicosa de serviço (lembra-se daquela que libertou o Kosovo ? Nesse tempo nao eram as WMD mas as covas que eram invisiveis ). E se quer saber eu não sou comuna, desengane-se. E se quer saber eu até acredito mais ou menos no capitalismo. Eu sei que a populaça funciona por clubes, mas engana-se, nao sou do BE, não sou do PC, não ando nas manifestações anti-globalização, e não digo mal dos EUA por habito. Penso por mim proprio. Mudo de ideias. Digo mal quando acho mal. E não recuso uma ideia so porque certos tipos que nao me agradam também a têm. As vezs o BE tembem tem razao. As vezes o PC tambem tem razao. Nao me preocupa se estou ao lado deles ou contra eles. Repito: Penso por mim proprio. Experimente.

António Araújo disse...

link para o bom senso

António Araújo disse...

Aqui está uma citação de outro frívolo Anti-americano:

"Those who would give up essential liberty for temporary safety deserve neither liberty nor safety."-Benjamin Franklin

Temos tanto medo de meia duzia de tarados bombistas que o melhor é já nem abrirmos a boca por receio de ofender o tarado bombista que nos promete proteger deles.

Falam tão facilmente de lutar, e de estar "por detrás" das "nossas" tropas precisamente aqueles que não estariam jamais com elas no terreno. Cobardes como o Bush e os seus lacaios, que fazem ar de duros a um oceano de distancia. E os cobardes que em casa, face a uma ameaça de quinta categoria estão prontos a perder até o direito a falar e a pensar só para se sentirem um pouco menos amedrontados. Que estão prontos a ver o estado tornar-se dono deles. Que por medo de uma tirania estrangeira que imaginam querer apoderar-se deles, permitem que uma tirania caseira se estabeleça sem resistencia.

Julga-me pacifista, meu caro senhor? Muito pelo contrário. Tal como dizia o infeliz crucificado, eu trago a espada!...

Broken M disse...

omwo,
andas um pouco revoltado, lol!

Acho bem!

Até vês padralhada num post meu... :)

O judaísmo não só é uma ameaça como praticamente nos controla em tudo o que fazemos. A economia mundial está em grande parte nas mãos deles, por mais clubista que sejam, a verdade é que também interferem. Interferem na economia, como o catolicismo interfere no direito.

Não acho que o catolicismo esteja suficientemente castrado. Não é pelos católicos não andarem a atirar bombas por aí por acharem que o Deus deles é melhor que não interferem com a sociedade. Interferem de um modo bastante mais hipócrita do que o Islão.

E agora sou eu que vou arder no Inferno! :)

Broken M disse...

E o que se diz do Blair, que num dia diz que não se vai alterar os hábitos de vida ocidentais por causa do terrorismo e no dia seguinte o tal brasileiro é morto?

António Araújo disse...

O Sr. Blair nunca passou da prostituta do Sr. Bush. Não me parece que valha a pena falar com ele, a não ser que gostemos de intermediários. Eu não perderia tempo a falar com o sapo cocas quando sei que este não passa de um trapo colorido com a mão do marionetista metida no traseiro.

Concordo com tudo o que disseste acerca do Cristianismo. Falava apenas por comparação com o Islão. Quanto ao Judaismo, também é tudo verdade. Mas no caso dos Judeus o que está em jogo é um espirito de grupo -racial, daí o clubismo- ferrenho, que encontra expressão na religião e que em qualquer outro grupo seria chamado de racismo, mas que neste caso não se pode criticar sem ser chamado de anti-semita pelos caes de guarda sionistas...o problema não é o Judaismo, mas o Sionismo, que em tempos foi considerado um movimento racista pela ONU (deixou de ser por intervenção posterior dos EUA), e que é considerado como tal até por alguns grupos judaicos que não se identificam com ele.

Não haja duvidas que todo o clima de tensão que hoje vivemos deve-se a esse movimento e ao apoio que os EUA lhe confere. Permitimos e apoiámos a criação de uma colónia nova numa altura em que todo o mundo - inclusive Portugal - largou as suas colónias ancestrais. Hostilizámos todo o mundo Islamico por causa de uns tipos que dizem que a sua Disneilandia religiosa lhes pertence por direito divino (isto, ao que me dizem, está na constituição(!!)). Apoiámos no fundo o equivalente a uma cruzada daquelas que faziamos na Idade Media. Como é que isto aconteceu? Porque raio é que não lhes ofereceram em vez disso NY de uma vez por todas? Os cristãos também possuem a sua Disneilandia, mas está num sitio onde nao incomoda ninguem e até dá para fomentar o turismo.

Dito isto, o estado de Israel é um facto consumado. A retirada da faixa de Gaza é um bom começo para o que se desejaria - uma integração pacifica com os estados circundantes. Afinal, entre tarados religiosos de uma e doutra espécie, não se poderá almejar a um entendimento?

Broken M disse...

Omwo,
por acaso ando a ler agora um livro sobre os pontos comuns das diversas religiões. Mas ainda estou na parte das religiões tribais, portanto não posso prolongar mais o assunto.
Foi escrito por Hans Kung, um teólogo suiço católico, mas que foi excomungado, e que portanto se torna muito mais credível.
Foi excomungado por duvidar da infalibilidade papal :)

Quanto à faixa de Gaza, é um início, mas um tanto quanto fácil. Veremos como eles se vão comportar no futuro.

António Araújo disse...

Vamos lá ter cuidado com os extremismos! Agora a pôr a causa a infalibilidade do Papa....daí até as gajas largarem as burkas é só um passo!