quarta-feira, agosto 31

The roots of Muslim Rage


É o título de um famoso artigo de Bernard Lewis, o maior especialista mundial do Islão. Já falei dele nos comentários a este post. Temos certamente algo a aprender com ele.
O Islão surgiu no século sétimo. Durante o primeiro milénio da sua existência o seu único recuo importante foi a perda da Península Ibérica, largamente compensada pela sua expansão a oriente. A queda do Califado de Córdova continua tão viva na memória muçulmana porque eles não estavam habituados a perder. Em 1683 os Turcos cercaram Viena pela segunda vez. A queda de Viena podia ter mudado o curso da história. Viena resistiu. A partir daí a Revolução Industrial desequilibrou os pratos da balança.
O mundo muçulmano tem estado dividido ao longo dos últimos três séculos entre duas atitudes opostas, emular o Ocidente e tentar destruí-lo.
A Turquia foi refundada por Ataturk na base da separação da igreja e do estado, um conceito estranho ao Islão. A possibilidade desta separação é uma das características fundamentais que distingue o Cristianismo das outras religiões. O próprio Irão possui uma constituição e uma organização política com muitos elementos copiados do Ocidente.
Por outro lado os países muçulmanos apoiaram sistematicamente todos os movimentos que se opuseram à corrente principal da civilização cristã, como foi o caso do nazismo e o comunismo pró-soviético. Não existiam à partida quaisquer razões objectivas que aproximassem os muçulmanos destes ismos. Para além do habitual raciocínio o inimigo do meu inimigo...
Embora o império russo sempre tenha subjugado com mão de ferro dezenas de milhões de muçulmanos, os conflitos do Islão com a URSS foram sempre pontuais, como foi o caso do Afeganistão. Nunca ouvi um árabe falar sobre a situação da Chechenia.
O estado de Israel tem sido o catalisador da raiva muçulmana contra os Estados Unidos e o Ocidente em geral. Convém notar que quando da sua fundação o estado de Israel sobreviveu graças a armas provenientes do bloco soviético. Em 56 forma os americanos que forçaram os israelitas a abandonar o Egipto. A actuação recente das forças ocidentais na Jugoslávia em defesa dos muçulmanos não contribuiu minimamente para apaziguar a ira muçulmana.
Donde provém essa raiva? Não parece razoável atribuí-la a razões políticas. A verdade é que a nossa civilização consumista, com tanta carne à mostra, está a corroer os valores tradicionais da civilização muçulmana. É plausível pensar que a única forma de garantir a sobrevivência da sociedade muçulmana tal qual ela existe agora seria destruir a nossa civilização. A estratégia proposta pelo OMWO é afinal a razão pela qual nós estamos a ser atacados pelo terrorismo!
As palavras do meu amigo Mehmet fazem mais sentido à luz do parágrafo anterior. Dizia ele:
Vocês querem que a Turquia entre para a CE para destruir a nossa cultura. Disse-lhe que não me parecia que isso fosse verdade. Para além do mais, eu não queria que a Turquia entrasse na Comunidade Europeia. Vocês não tem o direito de recusar a nossa entrada! Perguntei-lhe se afinal ele queria entrar e porquê. Porque em compensação vamos destruir a vossa.
Destruir a nossa cultura é a única forma de garantir o imobilismo da sociedade muçulmana.
OMWO, o terrorismo é uma ameaça importante. Não se deve subestimar o adversário. Vamos logo para a bomba atómica. Aqui fica a Luba.

A senhora Peter Hegre, fotografada pelo marido.

terça-feira, agosto 30

Mudar de vida

De tempos a tempos uns mais, outros menos, consideramos a hipótese de mudar de emprego ou de vida. Que tal abrir um bar numa praia, procurar um emprego de provador de gelados ou largar o emprego para escrever um livro? Como podemos fazer a transição? Como podemos decidir se faz ou não sentido tentar aquela mudança de carreira? Como podemos evitar que a indecisão nos acabe por roubar o nosso emprego actual ou a nossa paz de espírito? Como podemos evitar o maior erro da nossa vida?

Ficar à espera de saber se queremos ou não mudar para outra carreira não é uma boa ideia. Não há introspecção ou planificação que resolva o problema. Mudar de carreira passa por reinventar a nossa identidade actual. Tudo seria mais simples se essa identidade fosse tão independente das contingências da vida quanto nós costumamos pensar que ela é. A única forma de sabermos se queremos realmente mudar de carreira ou não e acabar com o dilema passa pela acção: dar alguns passos na direcção da nova vida e ver o que acontece. Recorrer a um mentor, seja ele um amigo, um colega ou um profissional ( career counselor, headhunter ...) é uma possibilidade a considerar.

Não é invulgar um doutorando guardar o diploma na gaveta e ganhar bom dinheiro graças ao hobbie que foi desenvolvendo nos tempos livres.
Joan Birman foi uma estudante brilhante que decidiu no fim da licenciatura casar e ter meia dúzia de filhos. Aos quarenta voltou à universidade para fazer o doutoramento e tornou-se dez anos mais tarde uma das maiores especialista mundiais de Teoria dos Nós.
No mundo de hoje cada vez vai ser menos comum ter um só emprego para toda a vida. Com o aumento da esperança de vida, o momento da reforma é uma boa altura para abraçar uma nova carreira. Não necessáriamente em full time, não necessáriamente remunerada.

Herminia Ibarra é uma especialista em mudança dentro das organizações que se dedicou à análise das questões abordadas neste artigo. Este assunto é um daqueles em que o case study é a alternativa sensata à tentação de desenvolver teorias. Algumas pessoas fazem a transição quase sem dar por isso. Outros têm um objectivo claro mas não sabem como o alcançar. Outras apenas sentem um mal estar mais ou menos profundo e ainda não têm uma ideia clara de para onde querem mudar. Outras ainda chegam à conclusão de que não há razão para mudar. Deixo aqui dois casos discutidos em Working Identity.

Pierre era um psicoterapeuta extremamente bem sucedido, especializado no apoio a pessoas que perderam entes queridos. Um dia encontrou um monge tibetano com os mesmos interesses. Tinha lido em tempos um livro sobre Budismo que o tinha influenciado profundamente. Tinha sido decisivo na escolha da sua especialidade. Aceitou um convite para visitar o mosteiro do seu colega. Voltou lá várias vezes. Passou boa parte de umas férias nas Caraíbas fechado no quarto a meditar. Vais trocar-me pelo mosteiro, não é? perguntou-lhe a namorada. Ele percebeu nesse momento que ela tinha razão.

John tinha um emprego bem pago que cada vez o satisfazia menos. Albergava dentro de si o desejo de escrever ficção e foi adiando a decisão. Sentia-se cada vez mais miserável. Decidiu consultar um astrólogo. A consulta serviu para alguma coisa: o astrólogo convenceu-o de que tinha de optar: não havia hipótese de manter o seu nível de vida actual e dedicar-se à escrita. Uma vez aceite o obvio, John decidiu-se a correr o risco de começar tudo de novo.

As indecisões fazem perder dias,
E dias são gastos lamentando esses dias.
Falas a sério? Aproveita cada minuto;
Se podes fazê-lo, se sonhas que podes, começa;
A audácia contém a magia e o poder do génio.

Goethe

domingo, agosto 28

Armas de destruição Macia



Modesta proposta estratégica:

Há perto de dois mil anos atrás uma religião fundamentalista proveniente do Médio Oriente infiltrou-se na civilização ocidental e tentou convertê-la. Os senhores de Roma tentaram detê-la por todos os meios. Todos sabemos a história dos leões e dos cristãos no Coliseu. Isso deu mau resultado e Roma acabou por sucumbir às más influências do crucificado. Levou-nos dois mil anos de cruzadas, inquisições, e repressões, para reduzir a aberração cristã aquilo que ela é hoje: uma religião civilizada, isto é, lúdica, simpática, geograficamente reduzida a uma Disneilândia italiana com sucursais pelo mundo, e que hoje em dia raramente incita ao genocídio ou a outros divertimentos próprios das religiões a sério (embora ainda cause estragos, e insista em tentar levantar-se de novo, como um daqueles monstros de Hollywood no último minuto de um filme de terror).

Agora a civilização está de novo em perigo. Dizem alguns que o objectivo final de Bin Laden é nada mais nada menos do que converter-nos todos a uma outra religião fundamentalista do Médio Oriente. O coliseu não funcionou da outra vez. O que fazer para evitar o “Califado”?

O que eu proponho é um ataque preventivo: temos nós que converter o Islão à nossa religião – não, não me refiro ao cristianismo, mas à religião do prazer transitório e superficial. Fora com as burkas, tragam as tangas. É impossível entreter pensamentos religiosos sérios no mundo de hoje. Proponho que o meu método seja testado nas cobaias disponiveis: Ponham os Taliban a escolher toques polifónicos e cores de tampas de telemóvel e vejam o que acontece. Ninguém faz a revolução de barriga cheia. O que é que ganhou verdadeiramente a guerra-fria? O rock, os jeans, os 50 canais de televisão. Façam os fiéis desejar os microondas, os carros desportivos, os comandos à distância. Façam com que eles esqueçam as tais virgens no paraíso e desejem as rapariguinhas fáceis da discoteca. O coliseu teria funcionado melhor se os Romanos tivessem posto os Cristãos na plateia.

Lema da minha campanha militar:

Os bons muçulmanos vão para o céu. Os maus muçulmanos vão a todo o lado

sábado, agosto 27

A Blast from the Past – Memórias incómodas de outros terrorismos



Como as coisas mudam…ou não? Para aqueles que pensam que o terrorismo é uma invenção árabe, convém lembrar um outro dia em que o Reino Unido esteve de luto. Note-se como já nesse tempo o ataque foi apelidado de “um crime cobarde”. A retórica nunca muda, nem os crimes, o que muda são os autores:

Comunicado da British House of Commons:

"On July 22, 1946, one of the most dastardly and cowardly crimes in recorded history took place. We refer to the blowing up of the King David Hotel in Jerusalem. Ninety-two persons lost their lives in that stealthy attack, 45 were injured, among whom there were many high officials, junior officers and office personnel, both men and women. The King David Hotel was used as an office housing the Secretariat of the Palestine Government and British Army Headquarters. The attack was made on 22 July at about 12 o'clock noon when offices are usually in full swing. The attackers, disguised as Arabs, carried the explosives in milk containers, placed them in the basement of the Hotel and ran away.”

O atentado foi ordenado originalmente por David Ben Gurion, que no entanto o cancelou à última hora. Menachem Begin, líder do grupo Zionista Irgun, prosseguiu no entanto com o plano.

Ambos estes homens viriam a ocupar o cargo de Primeiro-Ministro de Israel, e Begin, juntamente com Sadat viria mesmo a ganhar o prémio Nobel da paz (frequentemente atribuído a carniceiros semi-regenerados) pelos acordos de Camp David mediados por Jimmy Carter.

Vê-se assim que não há qualquer objecção histórica à negociação com terroristas, nem à sua aceitação à mesa de jantar, mesmo na companhia dos convivas mais distintos.
Como tal, e era este o propósito deste post, venho desde já propor a candidatura antecipada de Osama Bin Laden ao prémio Nobel da paz de, digamos, 2012 ou 2013. You heard it here first, folks!

Estarei apenas a brincar? Veremos…

segunda-feira, agosto 22

Uma empresa gerida por um imbecil

Penso que foi o Warren Buffet que disse:
“Gosto de investir numa companhia que possa ser gerida com sucesso por um imbecil. Porque é certo que um dia será.”

Ou seja: nunca se deve assumir o melhor cenário.

Eu não sou um pacifista. Acho que a guerra é apenas a continuação da política por meios extremos. Mas sou a favor da redução dos stocks de armas nucleares a um nível que não ponha em causa a sobrevivência da humanidade. Por uma questão de bom senso, que a frase citada resume na perfeição. O problema da estratégia MAD (destruição mútua assegurada), utilizada nos tempos da guerra-fria, é que a longo prazo é mesmo assegurada. Primeiro, assume que as lideranças são sensatas. Ou pelo menos que não são imbecis. O que já vimos que nem sempre é verdade. Depois, assume que não se dá um acidente. Mas a verdade é que existe sempre a probabilidade não nula de que tudo corra mal, e dado tempo suficiente qualquer acontecimento de probabilidade não nula acontecerá seguramente. Já não vivemos à sombra da MAD. Mas vivemos à sombra da existência de stocks de armas nucleares suficientes para destruir todo o planeta. É inacreditavelmente estúpido permitir a existência de stocks nucleares das dimensões que ainda existem, estejam em que mãos estiverem (e nem estão em grandes mãos neste momento). Finalmente, vivemos à sombra da ideia da “guerra das estrelas” (episodio 2 – o ataque do clone de George Bush Sr.) que pretende erigir um guarda-chuva nuclear sobre os EUA. Graças aos céus que isso provavelmente jamais acontecerá – será apenas uma desculpa para encher os cofres da R&D militar – por uma mera questão de inépcia. Mas se acontecer passaremos a ter um único país que terá o dedo no gatilho e nenhuma forma de ser demovido. Passaremos a depender totalmente de que as coisas corram bem nos EUA. Um Adolph Hitler ou um Staline americano teria a pistola apontada a todos nós. É suposto passarmos a viver da boa vontade de outrem? É suposto vivermos a contar com a natureza angélica dos EUA? Somos crianças? Somos sonhadores? Isto não é uma empresa que possa ser gerida por um imbecil. E como tal é um bilhete para a ruína.

Seria bom que se aproveitasse para iniciar - seriamente - um desarmamento nuclear global da próxima vez que na Casa Branca não estiver sentado um retardado.

(pode-se sempre sonhar)

sábado, agosto 20

O que é um blogue?

Já viram o novo mapa do sitemeter? É preciso ter um flash qualquer coisa para ver isto. Eu estive quase para deitar o sitemeter fora. Para que é que isto serve, afinal? Acho que já me passou a mania de ir ver como é que vai o negócio. Mas este novo brinquedo é giro, não é?

quinta-feira, agosto 18

Armas de distracção massiça (2)




As pessoas estão preocupadas. O que acontecerá se um país liderado por fanáticos religiosos hostis à cultura ocidental (por exemplo, o Irão) se apropriar “da Bomba”?

Eu também me preocupo com isso. Mas não tanto como me preocupo com esta questão:

O que acontecerá se um grupo de fanáticos religiosos hostis à cultura ocidental se apropriar de um país que já possui “a Bomba” (em vastas quantidades)?

O pior é que me parece que isto já aconteceu

Em breve os americanos poderão ser ensinados (nas aulas de ciência, nada menos!) que existem duas teorias cientificas (note-se o detalhe crucial!) acerca da origem das espécies: Uma é a teoria de Darwin, e a outra...bom, a outra é que o Pai Natal, ou Deus, ou outra criatura mítica de existência igualmente demonstrável as criou a partir do nada. E é este povo, assim ensinado, e assim liderado, que tem o dedo sobre o big red button...

Armas de distracção de massas (1)




Futuro comunicado da Casa Branca (para daqui a uns meses quando o Sr. Presidente o conseguir decorar):

Hi there sports fans! Lembram-se das tais armas de distracção massiça? Afinal não estavam no Iraque. Parece que estão no Irão! Foi o que me disse a Inteligência militar, e eu ouço sempre a inteligência (quando não estou a falar com o Senhor). Iraque, Irão, é parecido, enganei-me, vocês sabem que eu não percebo nada de Geografia, só sei que é lá para a terra dos chicanos e dos pretos, perdão, dos Afro-Africanos. O que interessa é que está na hora da porrada, digo, de libertar mais países oprimidos e caçar terroristas. Graças a Deus! Cada vez há mais gente a odiar-nos, não se percebe porquê…devem odiar a Democracia, é isso. Ou a Liberdade. Pois, a Liberdade…ou Deus! É isso! Bando de fundamentalistas ateus!“

"There's an old saying in Tennessee — I know it's in Texas, probably in Tennessee — that says, fool me once, shame on … shame on you. Fool me - you can't get fooled again!"
—President George W. Bush (AKA Slow George), Nashville, Tenn., Sept. 17, 2002

terça-feira, agosto 16

Crise dos vinte?

A Madi falava no outro dia da Crise dos vinte. Da angústia de sentir que, ao fazer escolhas na vida, se está a abrir portas que inevitavelmente implicam o fecho de outras portas. A M e eu fomos lá comentar que a crise não acabava aos vinte. Que continuava até mais tarde.
Voltando a este tema, começo por perguntar se toda a gente realmente sentiu a crise dos vinte. E se toda a gente considera que se prolonga até mais tarde.
Sentiram?
Prolonga-se?
Parece-me que a resposta varia de pessoa para pessoa. Depende de quê? Eu diria que depende do tipo psicológico da pessoa em questão. As pessoas que se relacionam com o mundo através da intuição estão mais sintonizadas para a percepção das oportunidades que surgem ou desaparecem a cada momento do que as outras. As outras "apanham" uma possibilidade e preocupam-se exclusivamente com a sua concretização. Se a apanharem. Para elas, é mais difícil. Para as intuitivas, é a concretização que é mais difícil.
Em ciência algumas pessoas destacam-se pela sua capacidade de gerar novas ideias. Outras pela sua capacidade em concretizar as possibilidades descobertas pelas primeiras. Não tem sentido dizer que uns são mais importantes do que outros. E todos tem que desenvolver até certo ponto ambas as capacidades.
Crise dos vinte? ... Ou crise dos intuitivos?
Eu diria que a intensidade e a duração da crise dos vinte é proporcional ao desenvolvimento da intuição na pessoa em questão. Provas? as pessoas que se queixaram da crise apresentaram todas a intuição como uma das funções mais desenvolvidas. Falta ouvir a opinião das outras pessoas que fizeram o teste: Sofia, OMWO, Calvin?
E de quem ainda o quiser fazer...

Duas fotos do casal

Não vêem que ele é um tipo absolutamente normal? Simpático e tudo!
Ela sim é um ser perverso! Já viram a série?

segunda-feira, agosto 15

Desperate housewives

Esta série foi o grande sucesso da televisão americana no ano passado. Trouxe a ABC de volta para o top, depois de uma longo afastamento. Trata das vidas de uma série de donas de casa suburbanas, apimentadas por uns mistérios policiais. Passa aos domingos antes das oito na Sic e à uma da manhã num canal de cabo. Às vezes lembro-me de gravar. O horário é péssimo mas tem as suas compensações: introduz as criancinhas portuguesas às delícias do sado-masoquismo, à hora do lanche. Um bom complemento para a educação sexual que lhes é providenciada pelas telenovelas.
Vamos ao que interessa. Temos um casal disfuncional, com filhos crescidos. A mulher ( a senhora do bolo) acaba de descobrir que o marido só tem prazer no sexo quando sente dor e é humilhado. Numa última tentativa de salvar as aparências do casamento, aceita substituir a prostituta a que o marido costumava recorrer. Vamos ver o que acontece. Será que ela até vai gostar? Não me contem a história. Eu perdi os últimos episódios. A esta hora já se deve saber o que aconteceu.

Queria aproveitar esta oportunidade para fazer umas perguntas.
A: Acham que também existem mulheres que gostam de violência durante o sexo? Até que ponto?
B: Se sim, é por isso que se diz que entre marido e mulher, não se mete a colher?
C: Será que algumas mulheres, além de gostarem de apanhar, gostam de se queixar?
D: será que alguns homens vão parar à prisão por causa dos fetiches da mulher?
E: Qual será a percentagem de casos de violência conjugal em que existe uma componente de masoquismo do lado da vítima?
F: Será que um homem masoquista tem mais problemas em conseguir que o parceiro lhe satisfaça as suas necessidades do que uma mulher?
G: Estes tipos de actos são perfeitamente normais, quando praticados de comum acordo, ou nem por isso?

Perguntar não ofende. Mas eu vou responder, nos comentários.
Satisfaço já a vossa curiosidade, não precisam de perguntar: Não gosto que me batam, nem com uma flor.

sábado, agosto 13

O livro das mutações



Estamos em plena silly season. Demos o nosso melhor.

Nada á mais difícil do que tomar decisões. Que bom seria conhecer o futuro. Na verdade, prever o futuro é uma das mais velhas profissões do mundo. Se por um lado os fundamentos da astrologia estão totalmente errados, por outro esse não é o ponto chave da questão. Fazer acreditar que se sabe prever o futuro é apenas uma das condições convenientes para conseguir criar o ambiente propício ao desenrolar da consulta astrológica. Se o astrólogo for uma pessoas dotada de uma intuição poderosa, bem intencionada, que saiba de ofício, é possível que essa consulta possa ser a melhor instrumento de decisão à disposição do cliente que o vai consultar. Há poucos disponíveis no mercado. Se...


Na vida, às vezes o que é preciso é arranjar uma solução que funcione. Muitas das decisões que nos atormentam podiam ser tão bem resolvidas pelo atirar de uma moeda ao ar como por qualquer outro método. Desde que o acto de atirar da moeda ao ar conseguisse que a pessoa que a atirou aceitasse a decisão e deixasse de se preocupar com o assunto. Muitas vezes a única alternativa verdadeiramente má que se nos apresenta é não decidir, ou continuar a perder tempo ou a estar atormentado por ainda não ter decidido. Nestes casos, que são muitos, qualquer método de decisão que aceitemos é bom.

Existem vários instrumentos de apoio à decisão que nos podem ajudar a lidar com um problema. Um deles é abrir a Bíblia ou outro livro sagrado numa página escolhida ao acaso e começar a ler a partir do sítio onde apontamos o nosso dedo. A ideia destes métodos é simples: criar uma atmosfera que predisponha a pessoa a aceitar uma decisão; introduzir um novo dado que eventualmente nos ajude a encontrar uma nova solução ou que nos surja com um sinal. Esse dado pode ser uma frase ou um pequeno texto. Os versículos da Bíblia prestam-se lindamente para este fim.Existem métodos mais sofisticados de consulta da Bíblia para fins divinatórios.Quero dizer: como auxiliar do processo de decisão.

O I Ching ou Livro das Mutações, é o livro mais antigo da cultura chinesa. Trata-se de uma tradição oral compilada e recompilada várias vezes. Foi profundamente estudado por Confúcio, que escreveu a versão definitiva. A tradição de Confúcio está ainda hoje viva na Coreia do Sul. A bandeira deste país é composta pelo símbolo de Yin e do Yang e por quatro dos oito trigramas do I Ching.

Leibniz ficou profundamente fascinado por este livro. Leibniz queria desenvolver um calculo universal que pudesse tudo calcular. Um aspecto particular desse calculo era o calculo infinitesimal, criado por ele próprio e por Newton. O I Ching era o primeiro protótipo dum processo de cálculo que nos permitiria tomar decisões de forma racional e perfeitamente mecânica, em tudo semelhante ao método de calculo de um integral. Convém não esquecer que Newton, o outro criador do calculo infinitesimal, escreveu os Principia nas horas vagas dos seus trabalhos de alquimia. Leibniz também ficou fascinado pelo facto de os autores do I Ching terem inventado a numeração binária.


Jung, o psicanalista do post anterior, foi outro grande estudioso do I Ching. Como é que se usa o Livro? Toma-se três moedas, fixando à partida que um dos lados é a cara e o outro a coroa. Atira-se as três moedas anotando o número de caras saídas. Repete-se o processo seis vezes, obtendo uma sequência ordenada de seis números entre zero e três. Obtem-se a partir desta sequência dois hexagramas. Lemos em seguida os textos associados a estes hexagramas, que nos ajudam a meditar sobre a nossa vida e a tomar decisões.
Quando eu e O Setúbal andávamos nos últimos anos do liceu e primeiros da universidade,discutíamos bastante as ideias de Jung e o livro das mutações, entre muitas outras coisas.Quando alguém consultava pela primeira vez o I Ching, o efeito da consulta era em geral muito forte. Não pretendo que o livro tenha quaisquer poderes mágicos mas a verdade é que está muito bem organizado e nos ajuda de alguma forma a pensar sobre a nossa vida.O facto de ter por base a sorte ajuda a retirar-lhe toda carga mística. Não o uso há muitos anos, mas continuo a possuir pelo menos quatro edições do livro. Um antigo colega do aikido conheceu em Paris o autor de uma das versões que eu tenho lá em casa. Diz que é uma pessoa muito simpática, que fala muito bem e que escreve livros sobre tudo. Mesmo sem perceber grande coisa do assunto.Parece que escreveu o primeiro livro de yoga dois anos depois de começar a praticar. Deve ser meu primo.


Não encontrei na net nenhum site a partir do qual se possa consultar facilmente o I Ching. Se encontrar, depois digo. De momento só podem consultá-lo se comprarem o livro. Procurei encontrar uma solução alternativa. Escrevi a um velho amigo, o Professor Off, que se prontificou a interpretar ele próprio os vossos lançamentos de moedas.
Basta enviar a sequência de seis números entre zero e três que obtiveram lançando as moedas. Podem acompanhá-la de uma pergunta. Algum problema sério da vossa vida que queiram resolver. No entanto fiquem cientes que a primeira vez que lançam as moedas o resultado obtido refere-se sempre à situação geral das vossas vidas.

Convém que sigam as instruções. A poderosa intuição do Professor Off permite-me detectar facilmente os casos pouco sérios. Caso queiram permanecer anónimos, escrevam sob pseudónimo.
Já agora, o Professor Off trouxe da Coreia especialmente para vocês vários conjuntos de moedas onde o lado caras é uma baixo relevo de Confúcio himself. Usando estas moedas, dispensadas por uma módica quantia, o Professor Off garante uma melhoria de 17,5% na qualidade dos resultados. As consultas são gratuitas até ao fim do mês. Aproveitem.
O professor Off só acedeu a fazer esta demonstração dos seus poderes devido á grande amizade que nos une deste há uma vintena de anos.
Aviso desde já que todos os comentários jocosos que apareçam neste post serão imediatamente apagados. O Professor Off só tem disponibilidade na sua agenda a partir de terça feira. Podem começar a enviar desde os resultados do lançamento das moedas. Como ele só vai dar um número limitado de consultas, tratem de enviar rapidamente os resultados dos lançamentos das moedas.

Intuição feminina 2: Tipos Psicológicos

A intuição tem mais a ver com as mulheres? Já fez o teste do post abaixo? Faça primeiro e leia depois...

Carl G. Jung foi um dos discípulos de Freud que procurou desenvolver uma teoria psicanalítica do inconsciente independente das questões de natureza sexual. A religião tem um papel fundamental na sua obra. Para Jung, uma neurose era uma oportunidade de crescimento interior. O psicanalista era em parte um guru.

Jung desenvolveu uma classificação das personalidades de acordo com o maior ou menor desenvolvimento de certas funções. Foi ele que introduziu os conceitos de personalidade introvertida e personalidade extrovertida, que já fazem parte da nossa linguagem do dia a dia.
Quando se faz uma análise de tipo macro, olha-se para aquilo que é comum a todos os indivíduos. Quando lidamos com uma pessoa concreta, é indispensável olhar para as suas característica individuais. A tipologia de Jung pode ajudar-nos a perceber as diferentes maneiras de agir de diferentes pessoas, dando-nos a possibilidade de melhor interagir melhor com elas.
Algumas pessoas desenvolvem mais uma das funções racionais: o pensamento ou o sentimento. O pensamento está associado ao raciocínio analítico, o sentimento à valoração moral das coisas. Estes duas funções são complementares. São também antagónicas. Quem desenvolve uma está parcialmente a bloquear a coisa. Simplificando um pouco, temos aqui a oposição típica entre o cientista e o padre.

Outras desenvolvem mais uma das funções irracionais: A intuição e a sensação. A sensação é o aqui e o agora, são os sentidos. A intuição é o que está para lá dos sentidos.

Cada pessoa é mais ou menos extrovertida e desenvolve mais uma ou duas funções. Temos aqui um pequeno esboço das ideias de Jung. Foi feito um pouco à pressa mas não há problema. Se tiver erros "O Setúbal" corrige :)).
Qunado a nossa relação com um aluno, um colega, o chefe ou a namorada não estão a funcionar bem, é possível que tal aconteça porque estamos à espera que essa pessoa veja o mundo da mesma forma que nós. Normalmente não é assim. As ideias de Jung apresentam uma forma estruturada de lidar com estes problemas.
Podem encontrar aqui uma descrição de vários perfis possíveis em função das vossas respostas. para uma descrição mais completa dos tipos, ver este link.

Voltando à questão inicial: a intuição feminina é a intuição de que fala Jung? Que vos parece?

sexta-feira, agosto 12

Intuição feminina?

Vamos lá a ver quais são as senhoras declaradas intuitivas por este teste de personalidade. Deixem os resultados nos comentários, please.

quarta-feira, agosto 10

Finalmente compreendi


a estratégia da classe dirigente para a reforma da administração pública.

terça-feira, agosto 9

Inteligência masculina

Masculina porquê? Porque é minha!
Madi, não levas a mal, pois não? Em Agosto vale tudo. Com este calor!
E eu acredito que as mulheres também a tenham.

A8

Pela primeira vez, estou a passar férias numa auto-estrada (Lisboa-Ericeira-Lisboa). Nos anos anteriores, era mais a IC19. Tenho que começar a pensar nas férias a sério. Sugestões?

domingo, agosto 7

Conheço estes senhores de qualquer lado!


Algo me diz que ainda vou ouvir falar deles. Que raio de ideia colocá-los aqui. Falta de ideias. Deve ser do calor.

terça-feira, agosto 2

O elogio do desconforto


É desconfortável para um farmacêutico perder oito por cento do seu monopólio. É desconfortável para cada um de nós ser questionado sobre o nosso trabalho. Não o podíamos fazer melhor, mais económicamente, mais rápido? É desconfortável quando a pergunta provém de um superior, de um subordinado ou mesmo de nós próprios.
É desconfortável andar uma hora a pé. É desconfortável levantar pesos. É desconfortável manter o equilíbrio numa posição menos comum. É desconfortável esticar o corpo para além daquilo a que estamos habituados.
Se não testarmos os nossos limites todos os dias, estes limites vão-se encurtando e a dor que queríamos evitar acaba sempre por nos apanhar.
Vivemos numa sociedade que evita a dor. Evitamos a nossa dor, a dor dos outros, a ideia de dor. Quanto a própria ideia de dor se torna insuportável, a dor acaba por vir em nosso socorro e cura-nos da nossa doença.

segunda-feira, agosto 1

O logótipo da BMW


velho! eu?

A Renault e a Fiat actualizaram o seu logótipo várias vezes nas última décadas. A BMW e a Audi não o fizeram. O número de mudanças de logótipo de uma marca de automóveis é proporcional ao número de crises por que a marca passou. Nenhum especialista de marketing seria capaz de impingir o emblema da BMW a uma empresa: está completamente desactualizado. No entanto isso não afecta a imagem de BMW. A estética em sentido estrito subordina-se aqui à imagem da marca. Como aquele emblema aparece naqueles carros, o emblema passa a ter classe. A FIAT não mudou de emblema por o anterior ser feio. O anterior ficou gasto porque foi usado em carros que não vingaram.
Vem isto a propósito do artigo A nossa língua e a língua dos outros publicado em tempos no Alerta Amarelo. Refere MJL que a IKEA, multinacional sueca do mobiliário, não hesita em utilizar a lingua sueca nos produtos que vende em Portugal. Pergunta porque é que as empresas portuguesas não usam o português nos produtos que exportam. Porque é que usamos tantas expressões inglesas that sound much better? Não me parece que seja uma questão de falta de segurança ou de falta de vontade de afirmação que nos leva a comportar desta forma. Acho que agimos da forma mais racional possível. Uma empresa portuguesa que queira exportar, se tiver um produto líder de mercado pode usar um nome português. São exemplos disso os Madre Deus e o Mateus Rosé, que fizeram subir a cotação da língua portuguesa nas suas áreas de influência. Uma empresa portuguesa que queira vender um produto de qualidade média numa área em que o nosso país ainda não se afirmou terá tudo a ganhar se se informar primeiro sobre quais são as línguas que estão a facturar no seu ramo de actividade. Nós estamos a vender-nos todos os dias: as nossas personalidades, os nossos talentos, os nossos blogs... Usamos termos da língua que dá mais jeito na altura e não há que ter complexos com isso. Se formos bons naquilo que fazemos a nossa língua vai ganhar terreno, caso contrário...
O filho do sr. Encarnação, emigrante português na Alemanha, teve de ir estudar informática para os Estados Unidos. O seu pai tornou o nome Encarnação tão prestigioso no mundo da informática alemã que o filho preferiu ir para uma universidade onde pudesse ser um ilustre desconhecido.