terça-feira, março 8

Poirot Probabilista 2

Discuti o case study seguinte na Escola. Os detalhes são inventados porque já passaram muitos anos mas penso que consegui reconstituir o essencial desta história verídica. Embora a estatística seja uma ciência exacta a sua aplicação na prática pode ter aspectos extremamente subtis. Mesmo para um especialista.

Um casal pára um carro descapotável de cor salmão perto de um indivíduo que está a passear o cão. O homem sai do carro e dispara dois tiros à queima roupa. Em seguida partem a grande velocidade. Uma senhora observa tudo da janela da sua casa e telefona à polícia. Descreveu as roupas do casal de forma bastante precisa e conseguiu fixar as três primeiras letras da matrícula. Não viu a cara dos criminosos. A polícia de Los Angeles lançou um alerta geral e conseguiu deter três horas mais tarde um casal que correspondia exactamente á descrição, guiando um carro da mesma côr, com as primeiras três letras da matrícula iguais. Decide acusá-los. Na falta de melhores argumentos contrata um estatístico. Este demonstra em tribunal que a probabilidade de existirem em Los Angeles naquele dia dois casais verificando todas aquelas condições era superior a um em quatro milhões. O júri condena o casal.

O advogado de defesa apresenta recurso e contrata um estatístico. Este admite que todo o raciocínio do seu colega estava correcto. Acontece porém que a probabilidade de haver dois casais naquelas circunstâncias, dado que havia um, era de um em mil e novecentos. Foi considerado que havia dúvida razoável e como tal o casal não foi condenado.