quinta-feira, novembro 29

Ebbsfleet United

Primeiro aprendemos a dar pontapés na bola. Depois começamos a organizar-nos em tribos, quero dizer: clubes. Esses clubes foram crescendo e foi o que se viu. Para mal dos nossos pecados, a democracia directa não funciona tão bem como nós gostaríamos. Alguns clubes começaram a ser controlados por demagogos, outros acabaram por ser vendidos a sociedades. Ou a tipos endinheirados com apetência por novos brinquedos. Os fãs das equipas da primeira liga inglesa deixaram há muita de ter uma palavra a dizer sobre os clubes.
O que está aqui em jogo é muito mais do que o futebol.
Entretanto surgiram jogos de computador como o Footbal Manager, cujo objectivo consiste em dirigir um clube de futebol e fazê-lo ganhar campeonatos. Dirigir não com o coração mas sim com a cabeça. Há sempre alguém pronto a descobrir um novo negócio. A empresa de internet MyFootballClub propôs-se arranjar 50.000 pessoas dispostas a pagar 50 euros por ano para ter uma palavra a dizer na gestão de um clube de futebol. Com esse dinheiro compraram o Ebbsfleet United. O ciclo fechou-se num ponto mais alto da espiral. Vamos agora ver se eles se entendem...
Para bem de nós todos, bom seria que esta experiência de democracia electrónica corresse um pouco melhor do que a anterior.

sábado, novembro 24

Hermenêutica do piaçaba

O niilismo e o subjectivismo subjacentes ao discurso de uma nova geração de bloggers manifesta-se através da substituição des-construtora da vassoura pelo piaçaba. A vassoura, objecto industrial, é substituida pela palmeira Attalea funifera, denunciando assim um dogma evanescente: a demarcação entre artefactos pré e pós industriais. O piaçaba é simultaneamente uma apropriação edipiana da tecnologia indígena e o seu resgate na recuperação contextualizante de uma relação não incestuosa com a natureza.
A intelectualidade pró-industrial pretende que a escolha do piaçaba decorre da náusea crescente do sujeito: a vassoura varre conteúdos diversos, o piaçaba varre os mais imundos dejectos. A vassoura teria perdido a sua condição de paradigma da afirmação da liberdade e subjectividade do sujeito. Esta interpretação caduca assenta em pressupostos limitadores do príncipio do prazer que têm o efeito castrador de um interdito linguístico em abismo.

Catequese Ateista

Se os ateus já podiam ir à missa, agora também podem enviar os filhos à catequese.

sexta-feira, novembro 23

Como ... , ... .

É a minha resposta à cadeia do José Luiz Sarmento. O blogger não sustenta formulas matemáticas. Parece que dá mesmo azar não continuar as cadeias. Embora eu não acredite nisso. Estendo a cadeia ao CA, ao Diogo, ao Hugo, ao Jaime e à Sofia (que, a partir de agora, já tem idade para ter juízo). Se estiverem para aí virados.

oops!...

Quando um governo só se preocupa com a eficiência esquecendo-se de salvaguardar os direitos, acontecem estas coisas. Veremos o que nos espera.

Ao que parece as medidas de segurança iniciais foram descontinuadas para poupar umas libras...

quinta-feira, novembro 22

O princípio do fim do papel?

Não podemos continuar a gastar madeira a produzir jornais que vão para o lixo ao fim do dia. Não acho indispensavel continuar a enchera a minha casa de livros. Quando quero um livro, quero-o logo. Só preciso de um pedaço de plástico leve e agradavel de ler que possa levar para todo o lado. parece que chegou a primeira geração destas maquinetas. As próximas vão certamente ser melhores.

Países decentes que exportam petróleo

A Noruega e
a Noruega e
a Noruega e
a Noruega e
a Noruega e
a Noruega e
a Noruega e
a Noruega e
a Noruega e
a Noruega e
a Noruega e
a Noruega.

Quem precisa de comprar petróleo na Venezuela?

Contra a Dialéctica

Gastei boa parte da minha adolescência a tentar desvendar três mistérios: as mulheres, a razão porque a Albânia era o farol do Socialismo e o Materialismo Dialéctico. Outros tempos. O problema da Albânia, já o resolvi. As mulheres...
Falemos então do Materialismo Dialéctico. Trata-se de uma "religião" criada por Friedrich Engels, o tipo que pagava os charutos de Karl Marx, depois da morte deste. Explica o progresso da história em termos inspirados na filosofia de Hegel. A história é um produto da luta de classes através de um processo de tese, antítese e síntese. A antítese é a negação da tese e a síntese é um fenómeno que simultaneamente anula e inclui em em si a tese e a antítese. Eu já explico.
Até à queda do muro do Berlim muita gente achava lá no intimo que existiam duas verdades. A dos americanos e a dos russos. A tese e a antítese. Mesmo que não gostassem dos russos. A verdade? Seria alguma coisa que ainda mal podíamos entrever. Se calhar um pouco mais perto dos americanos. Algo que ainda não existia ... Uma? ... Síntese?
O muro de Berlim caiu e afinal não houve síntese. Um dos lados ganhou. A realidade é muito mais simples e banal do que Hegel e Engels pensavam. Acabou aqui a dialéctica? Nem por isso.
Dum lado temos a realidade da guerra do Iraque e o degelo polar, do outro lado, o George W. Onde estará a verdade? Irá surgir uma síntese? Muitos dos apoiantes de Bush comportam-se como se a esperassem. Nunca foram marxistas. Mas continuam infectados pelo vírus da Dialéctica...
Dum lado estão toda uma série de explicações obvias para o facto da pessoas quererem acreditar, ou estarem predispostas a acreditar que seria tão bom acreditar. Todos os malefícios resultantes das religiões. Do outro, tantas pessoas simpáticas. Seria trágico que estivessem a desperdiçar as suas vidas. Seria demasiado triste que um dos lados estivesse errado.
Acham mesmo que a verdade será uma síntese que anula e inclui os contrários? Por mim, se estou errado, aqui estou à espera do raio que me fulmine.

quarta-feira, novembro 21

Negócios Estrangeiros

Diplomacia é mesmo disso que se trata: negócios. Existe uma grande comunidade portuguesa na Venezuela, eles têm petróleo. Nós vamos, na medida do possível, ser simpáticos para com este Chavez ou qualquer outro Chavez que ande por lá. De direita ou de esquerda. É barato e dá milhões. A menos que se cometam por lá atrocidades mais graves do que os problemas do dia a dia na Arábia Saudita. Ultimamente Mário Soares anda a pagar com juros todo o dinheiro que nos saca para a a sua fundação. Que assim continue por muitos anos.
Os monarquicos costumam dizer que os reis estão melhor preparados para exercer as funções de chefe de estado porque se prepararam para isso durante toda a vida. Juan Carlos mostra que não é bem assim. Vamos ver quanto é que vai custar à Espanha o ¿Por qué no te callas?

Talvez mais realista

Mas muito menos interessante do que os devaneios do Luís M. Jorge a propósito das guarda costas de Kadafi.

terça-feira, novembro 20

A outra Religião

Tenho entre os meus amigos pessoas que considero decentes e intelectualmente honestas, embora que não partilham certas opiniões políticas comigo.
Eles têm entre os seus amigos pessoas que consideram decentes e intelectualmente honestas, embora que não partilham certas opiniões políticas com eles.
Pessoas que considero criminosos.


Homens bem intencionados realizam em geral boas obras e homens maus cometem actos contra o bem comum. Só a religião consegue fazer com que homens bons cometam as acções mais maléficas sem qualquer remorso.

Richard Dawkins, A Desilusão de Deus. Citado de Memória.

O Lutz exprimiu ontem o seu ultraje perante as palavras do Sr. Correia da Fonseca a propósito dos atiradores que matavam quem tentasse atravessar o muro de Berlim. Subscrevo a posição do Lutz. No entanto acho que vale a pena tentar compreender o que se passa na cabeça do sr. Correia da Fonseca.

Muitos cristãos, pessoas decentes preocupadas como seu semelhante, acreditam na omnipotência de Deus. Acham que, se uma criança morre ao nascer, foi a vontade de Deus. Como podem então defender Deus? Algumas vezes com muita dificuldade. Mas acabam por de alguma forma se reconciliar com esse facto. Fazendo acrobacias que a sua honestidade intelectual não lhes permitiria caso se estivesse a falar de qualquer outro aspecto das suas vidas.

Os comunistas comportam-se de forma semelhante em relação às suas crenças.

Claro que há uma diferença, Lutz. Provavelmente achas, tal como eu, que Deus nunca matou uma criança, porque pura e simplesmente não existe. Mas muitos dos meus amigos cristãos acreditam que Deus matou a criança e defendem-no. Muitas vezes com conflitos interiores. Acredita que também existem alguns conflitos interiores no sr. Correia da Fonseca. Só que ele não os vai revelar a ti.

domingo, novembro 18

(Ciência &) Copyright

Cada vez que vamos ao cinema temos de aturar aquelas imagens super agressivas, em altos berros, defendendo o copyright. Os autores têm direito a receber direitos pelas obras que criaram. Entretanto, continua a greve dos argumentistas em Hollywood. Porque não recebem direitos de autor sobre as novas formas de venda dos seus trabalhos.

Não vou tratar aqui em detalhe a questão do copyright. O Ludwig Krippahl tem-lo feito bastante bem. Vou só falar de um dos casos mais ridículos.

Um cientista produz um artigo de investigação. Depois envia-o para um colega, num formato pronto para ser impresso. O colega envia-o a outro colega, que o lê em detalhe, aceita ou rejeita, propondo eventuais alterações. Se o artigo é aceite, o cientista recebe uma carta com um formulário, que devolve assinado na volta do correio, transferido os direitos de autor para o editor. Cujo único trabalho consiste em enviá-lo para a tipografia e distribui-lo. Os imbecis dos cientistas fizeram todos o trabalho à borla. Depois gastam metade do dinheiro que recebem para fazer investigação a comprar as revistas que produziram, vendidas pelo editor a preços exorbitantes. Que subiram 300% durante os últimos dez anos!

Expliquem-me então:
O que é que as leis do copyright têm a ver com a protecção da produção intelectual?
Porque é que os cientistas são tão parolos?

Será que as coisas vão mudar? A Comissão Europeia está a considerar a hipótese de obrigar a que toda a investigação subsidiada pela Comunidade Europeia esteja obrigatoriamente disponível para todos. Uma vez por outra, Bruxelas abre os olhos. Resta saber quantos milhões de euros é que as grandes editoras estão dispostas a despejar sobre este assunto até o fazer esquecer.

sexta-feira, novembro 16

Nintendo Yoga

A guerra das consolas pode afectar seriamente o futuro de empresas como a Sony, cuja PlayStation não tem tido grande sucesso. A culpa é da Nintendo que lançou a revolucionária Wii. Esta consola é a mais séria contribuição para a luta contra a obesidade infantil (e não só). Passamos a jogar um jogo como o ténis movendo um comando exactamente da mesma forma como moveríamos a raquete. E fazendo exercício a sério.
Vem aí um novo acessório, uma plataforma que analisa a forma como o nosso peso se distribui pelos pés, permitindo-nos por exemplo visualizar no ecrã o nosso centro de gravidade em tempo real. Uma das primeiras aplicações será um professor de Yoga electrónico. Será que eu ainda vou arranjar uma boa desculpa para comprar uma consola?

quarta-feira, novembro 14

Teorias da conspiração

Há para todos os gostos. Basta aplicar este rótulo para desacreditar uma opinião. Muitas teorias da conspiração tratam de temas sobre os quais é muito difícil saber exactamente o aconteceu. Só um trabalho de investigação de campo permitiria eventualmente chegar a uma conclusão séria. Como temos mais que fazer, só nos restas alvitrar uma opinião. Podemos é fazê-lo com mais ou menos consciência das limitações dessa opinião. Parece-me por isso que

Quando alguém subscreve uma teoria da conspiração, esse facto diz-nos por vezes mais sobre a pessoa em questão do que sobre os factos em causa.

Analisemos algumas:

Nunca fomos à Lua. Parece que as fotos da ida à lua mostram fenómenos de dispersão de luz e sombras que só poderiam ocorrer na presença de uma atmosfera. Só físicos engenheiros altamente especializados podem realmente discutir estas questões com seriedade. Na verdade, só um grupo de físicos que trabalhasse independentemente da Nasa e lançasse um foguetão à Lua podia realmente acabar com a discussão. Este meme teve sucesso por duas razões:
Muitas pessoas ainda não compreenderam lá muito bem que a terra é redonda. Essa história de a Lua ser um satélite da Terra é muito complicada.
A ida à Lua foi essencialmente uma manobra de propaganda da guerra fria, para fazer esquecer a humilhação do Sputnik. Não havia um projecto científico/económico subjacente. Por alguma razão o projecto de exploração espacial da Nasa entrou em crise com o fim do programa Apolo.
O homem foi à Lua: acho que sim. Existe uma vaguíssima possibilidade de não ter ido? Talvez. Vou perder tempo a pensar nisso? Para ter uma vaga hipótese de chegar a uma conclusão sobre o assunto, tinha que dedicar a minha vida a este problema. Tenho mais que fazer.

Inocente até prova em contrário. Quando alguém é acusado de um crime, devemos aguardar pela decisão do tribunal. Significa isso que:
Não vamos ter uma opinião sobre o assunto até surgir a decisão do juiz.
Vamos sentir como nossa obrigação tomar como nossa a decisão do juiz?
Nem pensar! Alguns casos são demasiado sérios para os deixar por conta dos juízes. Acabam por prescrever, por exemplo. Ou são afectados pela importância política/económica dos réus. Aceito de bom grado que o sistema judicial nunca pode ser perfeito. Acho que o nosso podia ser um pouquinho mais justo e mais rápido. Não vou assobiar para o lado e ficar calado. Vou emitir opiniões sobre a culpabilidade de alguns réus, independentemente de saber que não reuni todos os dados e que corro o risco de errar. Acho que é o meu dever enquanto cidadão não totalmente desinformado.

A teoria da evolução é falsa porque eu não a compreendo. Como é que a Teoria da Evolução explica a metamorfose de uma borboleta? Não sei. Não posso saber tudo. Não quero saber tudo. Se alguém me der uma vaga idéia em meia dúzia de páginas, até sou capaz de ler. A ciência é um edifício extremamente complexo. Deu algumas provas: produz computadores, aviões e a pílula anticoncepcional. Devia merecer algum crédito, até prova em contrário.
Wiles provou o último teorema de Fermat. Apesar de eu ser um matemático profissional e trabalhar numa área próxima da dele, não tenho mais do que uma vaguíssima ideia de como se prova o teorema. Para perceber minimamente a prova teria de trabalhar vários anos no assunto. Depois, para dar um esboço de explicação a um não matemático, teria de lhe pedir que estudasse matemática durante uma década. Existem menos de cem pessoas no mundo que compreendem a prova. Devemos concluir daí que se trata de um embuste? Tenho boas razões para achar que não. Não me vou dar ao trabalho de as escrever, o artigo já vai longo. Quem quiser duvidar, duvide à vontade.

terça-feira, novembro 13

A mulher pergunta

Francesco Clemente, Selfportrait as a bengali woman. 2005

O homem responde.

domingo, novembro 11

A Desilusão de Deus &

Nunca tinha lido um livro sobre ateísmo. A igreja católica já faz o seu trabalho suficientemente bem feito. Recentemente li dois. Desiludi-me um pouco com A Desilusão de Deus, de Richard Dawkins. Esperava-se que um especialista em evolução utilizasse esta teoria para estudar a religião. Dawkins limita-se a usar o senso comum. Dele, esperava-se algo mais. Ficou-me na memória a frase

Homens bem intencionados realizam em geral boas obras e homens maus cometem actos contra o bem comum. Só a religião consegue fazer com que homens bons cometam as acções mais maléficas sem qualquer remorso.

Bem mais profundo do que o livro de Dawkins é o livro de Daniel Dennett Breaking the Spell: Religion as a Natural Phenomenon. Dennett analisa em detalhe o processo de formação das religiões de um ponto de vista antropológico e evolutivo. As religiões organizadas começam exactamente no momento em que surge a divisão do trabalho. O conceito de meme, introduzido por Dawkins, é utilizado em detalhe para explicar a evolução das religiões.
Quando se fala na sobrevivência do mais forte pensa-se em geral em individuos. A teoria da evolução não se refere a individuos mas sim aos seus genes. Não somos nós que possuimos os genes, somos apenas o seu envolucro mortal. Um meme é o equivalente cultural de um gene. São exemplos de memes canções, receitas de cozinha, cortes de cabelo e teoremas matemáticos. Uma religião é um agregado extremamente complexo de memes. Os memes mais aptos são reproduzidos e sobrevivem. Os outros não. A ideia de Deus e conceito de ateismo são dois memes em competição.

A parte final do livro é dedicada a enfatizar uma série de ideias que valem a pena ser repetidas:

1. A religião é um fenómeno cultural como qualquer outro que pode e deve ser estudado por todos, crentes e não crentes.

2. Os crentes acreditam na existência de um estatuto especial para a sua religião, que a coloca acima da possibilidade de esta ser estudada. Encaram muitas vezes estes estudos como actos hostis contra a sua religião. Os cientistas olham em geral para o estudo das religiões como uma disciplina menor.

3. Num mundo globalizado e turbulento como aquele em que vivemos estudar as religiões usando métodos cientiíicos é algo quase tão urgente como estudar o clima.

4. Ninguém sabe como vão evoluir as religiões. Se perdurarão para sempre ou se definharão dentro de um ou dois séculos.

Mais do que apresentar certezas, o livro levanta questões e discute metodologias de trabalho.

Algum tempo atrás o Helder Sanches perguntava se as religiões eram eternas e inevitáveis. A resposta de Dennet é um pouco mais modesta do que a maioria das respostas dadas pelos vários bloggers: vamos primeiro estudar o assunto a sério. Depois logo se vê.

sábado, novembro 10

A era da Turbulência

Quem diria que o cinzento sr. Greenspan ganhava a vida como músico de Jazz antes de lhe passar pela cabeça transformar-se num economista? A sua autobiografia é muito mais interessante do que alguma vez pensei que pudesse ser. Um livro indispensável para alguém interessado em compreender como é que funcionam realmente a economia em geral e os mercados em particular.

Observador insuspeito, Greenspan confirma quais eram os presidentes dos EUA que realmente sabiam o que andavam por lá a fazer: Richard Nixon e Bill Clinton.

quarta-feira, novembro 7

O Holocausto

O Diogo põe em causa o holocausto. Quando li um comentário dele no Quase em Português, nem percebi o que ele estava a dizer. Depois ele também escreveu uns comentários semelhantes neste blog e fiquei de lhe dar uma resposta. Aqui vai ela.

Caro Diogo,

concordo que existem alguns exageros a propósito do holocausto. Por exemplo: não me parece que tenha sido um genocídio de uma magnitude diferente de muitos outros que ocorreram ao longo da história: o genocídio do povo arménio pelos turcos foi provavelmente mais grave. Recentemente, o genocídio no Rwuanda é certamente comparável. A forma como os nazis tratavam os ciganos foi provavelmente bem mais dura do que a forma como tratavam os judeus. Dar um nome especial à forma como os nazis trataram os judeus e considerá-lo um acontecimento singular na história mundial, é menosprezar o sofrimento de muitos outros povos.

O holocausto tem sido usado para justificar todas as atrocidades que o governo israelita tem cometido sobre os palestinianos. Tem sido também usado para justificar a censura e legitimar o delito de opinião. Nutro alguma simpatia por todos aqueles que que têm a coragem de ter opiniões diferentes dos outros e que para além disso as exprimem publicamente, mesmo que discorde das suas ideias.

Dito isto, acho que o holocausto ocorreu mesmo.
Ainda bem que os nazis perderam a guerra.
Vamos então ao que interessa:

Diogo,
passados sessenta anos, o que é que o leva a dar tanta importância a esta questão?
Quais são as suas motivações? Que pretende concluir da negação da existências das camaras de gás?

Parece-me muito mais interessante discutir isto do que discutir factos que ocorreram à duas gerações. Já agora: embora ache que os alemães que viveram durante a segunda guerra mundial são responsáveis pelo que aconteceu, não me parece que isso tenha deixado qualquer mancha sobre os alemães de hoje.