quarta-feira, novembro 14

Teorias da conspiração

Há para todos os gostos. Basta aplicar este rótulo para desacreditar uma opinião. Muitas teorias da conspiração tratam de temas sobre os quais é muito difícil saber exactamente o aconteceu. Só um trabalho de investigação de campo permitiria eventualmente chegar a uma conclusão séria. Como temos mais que fazer, só nos restas alvitrar uma opinião. Podemos é fazê-lo com mais ou menos consciência das limitações dessa opinião. Parece-me por isso que

Quando alguém subscreve uma teoria da conspiração, esse facto diz-nos por vezes mais sobre a pessoa em questão do que sobre os factos em causa.

Analisemos algumas:

Nunca fomos à Lua. Parece que as fotos da ida à lua mostram fenómenos de dispersão de luz e sombras que só poderiam ocorrer na presença de uma atmosfera. Só físicos engenheiros altamente especializados podem realmente discutir estas questões com seriedade. Na verdade, só um grupo de físicos que trabalhasse independentemente da Nasa e lançasse um foguetão à Lua podia realmente acabar com a discussão. Este meme teve sucesso por duas razões:
Muitas pessoas ainda não compreenderam lá muito bem que a terra é redonda. Essa história de a Lua ser um satélite da Terra é muito complicada.
A ida à Lua foi essencialmente uma manobra de propaganda da guerra fria, para fazer esquecer a humilhação do Sputnik. Não havia um projecto científico/económico subjacente. Por alguma razão o projecto de exploração espacial da Nasa entrou em crise com o fim do programa Apolo.
O homem foi à Lua: acho que sim. Existe uma vaguíssima possibilidade de não ter ido? Talvez. Vou perder tempo a pensar nisso? Para ter uma vaga hipótese de chegar a uma conclusão sobre o assunto, tinha que dedicar a minha vida a este problema. Tenho mais que fazer.

Inocente até prova em contrário. Quando alguém é acusado de um crime, devemos aguardar pela decisão do tribunal. Significa isso que:
Não vamos ter uma opinião sobre o assunto até surgir a decisão do juiz.
Vamos sentir como nossa obrigação tomar como nossa a decisão do juiz?
Nem pensar! Alguns casos são demasiado sérios para os deixar por conta dos juízes. Acabam por prescrever, por exemplo. Ou são afectados pela importância política/económica dos réus. Aceito de bom grado que o sistema judicial nunca pode ser perfeito. Acho que o nosso podia ser um pouquinho mais justo e mais rápido. Não vou assobiar para o lado e ficar calado. Vou emitir opiniões sobre a culpabilidade de alguns réus, independentemente de saber que não reuni todos os dados e que corro o risco de errar. Acho que é o meu dever enquanto cidadão não totalmente desinformado.

A teoria da evolução é falsa porque eu não a compreendo. Como é que a Teoria da Evolução explica a metamorfose de uma borboleta? Não sei. Não posso saber tudo. Não quero saber tudo. Se alguém me der uma vaga idéia em meia dúzia de páginas, até sou capaz de ler. A ciência é um edifício extremamente complexo. Deu algumas provas: produz computadores, aviões e a pílula anticoncepcional. Devia merecer algum crédito, até prova em contrário.
Wiles provou o último teorema de Fermat. Apesar de eu ser um matemático profissional e trabalhar numa área próxima da dele, não tenho mais do que uma vaguíssima ideia de como se prova o teorema. Para perceber minimamente a prova teria de trabalhar vários anos no assunto. Depois, para dar um esboço de explicação a um não matemático, teria de lhe pedir que estudasse matemática durante uma década. Existem menos de cem pessoas no mundo que compreendem a prova. Devemos concluir daí que se trata de um embuste? Tenho boas razões para achar que não. Não me vou dar ao trabalho de as escrever, o artigo já vai longo. Quem quiser duvidar, duvide à vontade.

16 comentários:

Maria disse...

O Diogo ainda não aprendeu a argumentar. Só quer provocar? Que tal citar a wikipedia, como o CA gosta:

http://en.wikipedia.org/wiki/Paul_Rassinier

Paul Rassinier (1906-1967) was a French pacifist, political activist, and author. He was also an anti-Nazi French Resistance fighter, and a prisoner of the German concentration camps at Buchenwald and Mittelbau-Dora. A journalist and editor, he wrote hundreds of articles on political and economic subjects, but has come to be remembered for his views on the Holocaust, which have caused some to call him the "father of Holocaust Denial".

In his 1988 book Why Did The Heavens Not Darken?, Princeton historian Arno J. Mayer does not question either gas chambers or a Nazi extermination policy, but still warns the reader that "sources for the study of the gas chambers are at once rare and unreliable", "there is no denying the many contradictions, ambiguities, and errors in the existing sources" and that "most of what is known is based on the deposition of Nazi officials and executioners at postwar trials and on the memory of survivors and bystanders. This testimony must be screened carefully, since it can be influenced by subjective factors of great complexity".

The book contains no quotes or citations, but Paul Rassinier and The Lie Of Ulysses are listed in Mayer's bibliography.

Why Did The Heavens Not Darken? The "Final Solution" in History , Arno J. Mayer, New York: Pantheon Publishers (1988)

Anónimo disse...

O On voltou com todo o seu fulgor? Ou é só para voltar a desaparecer?
Abraço

Diogo disse...

Meu caro ON, a volta que você foi dar para chegar a um dedução errada.

Evidentemente que a ciência merece crédito, os computadores, os aviões e as pílulas comprovam-no.

Mas existem determinados fenómenos que ainda não estão bem compreendidos. Daí a coexistência de varias teorias sobre o mesmo conjunto de fenómenos.

É o caso actual das teorias da evolução:

Neodarwinismo - teoria segundo a qual as condições exteriores não têm acção directa na variação das espécies, que resulta exclusivamente da constituição do ovo, sujeita ela mesma a variações acidentais, e que, depois, no indivíduo em que elas se reflectem, ficam sujeitas ao jogo da selecção natural.

Neolamarckismo - teoria segundo a qual as diferenças entre os organismos são devidas à herança dos caracteres adquiridos, não só pela influência do uso e do não uso dos órgãos, mas ainda pelas condições físico-químicas do ambiente.

Criacionismo – (Doutrina) ou teoria que resume a noção genérica de uma entidade ou entidades inteligentes por trás de eventos como a origem do universo, da vida na Terra ou das próprias espécies.

Intelligent design - The theory of intelligent design (ID) holds that certain features of the universe and of living things are best explained by an intelligent cause rather than an undirected process such as natural selection. ID is thus a scientific disagreement with the core claim of evolutionary theory that the apparent design of living systems is an illusion. In a broader sense, Intelligent Design is simply the science of design detection -- how to recognize patterns arranged by an intelligent cause for a purpose.

Pick and choose, meu caro ON. Se você não compreende a teoria neodarwinista, estude-a. Não é assim tão difícil como isso. Você parece-me um bocado mandrião. Recusou-se a ver o documentário «the Money Masters» cuja tese é, em minha opinião e de muitos outros, a melhor explicação da política e da finança dos últimos dois séculos.

Quanto à evolução, dou-lhe um conselho – Compre e leia o livro de Rosine Chandebois – «Para acabar com o Darwinismo».

Diogo disse...

Onde é que quer chegar, minha querida Laura? Não percebi.

O CA calou-se misteriosamente.

Maria disse...

É um puto. Não há pachorra...

Diogo disse...

Cara Laura,

Antes de insultar porque é que não explica melhor o seu ponto de vista? Ou não há ponto de vista?

CA disse...

Diogo

Nunca chegou a indicar qualquer site anti-holocausto além do do Zundel.

A Laura diversifica as referências. Fui ver o que havia na Wikipédia e só fica claro que há uma disputa sobre o assunto. Infelizmente as provas invocadas parecem ser poucas dos dois lados.

Diogo disse...

Você deve procurar melhor meu caro CA. Aqui tem três dos melhores sites anti-holocausto:

Institute for Historical Review

Committee for Open Debate on the Holocaust (CODOH)

VHO

Anónimo disse...

Também há papel lúdico das teorias da conspiração: dão óptimas histórias.

Maria disse...

Dioguinho,

despertou o meu instinto maternal...
Onde quero chegar?
Aqui vai:
Acredito que seja o melhor da sua rua.
Por aqui, ninguém se choca com as suas afirmações. Ninguém o vai insultar nem dar palmadinhas
nas costas. Já foi ver ao diccionário o significado da palavra credibilidade?
Que tal subir um pouquinho a fasquia ao nível da autocrítica?
Que tal compreender a diferença entre a verborreia propagandistica ,a vã tentativa de chocar o
próximo, e o uso de argumentos e provas.
Citar sites de propaganda não ajuda nada a ser levado a sério...
Cresça um bocadinho.
Um bejo na testa. Vê-se que ao vivo é uma rapaz tímido:)
So cute.

Maria disse...

Dioguinho,
Um exemplo. Escreveu uma verborreia sem fim sobre o facto de os japoneses terem proposto a paz aos EUA vários meses antes da bomba atómica ser lançada. Deu-se ao trabalho de apresentar alguma prova? Nada. Que tal limitar-se a copiar de

http://www.ihr.org/jhr/v06/v06p508_Hoffman.html

o que é suposto ser o princípio do artigo de Trohan. Embora este artigo apareça num site de lixo, é pouco provável que eles se arrisquem a mentir de forma tão descarada.
Assim, ganha-se C-R-E-D-I-B-I-L-I-D-A-D-E:)
Aqui vai:


Chicago Tribune, August 19,1945

JAPS ASKED PEACE IN JAN. ENVOYS ON WAY -- TOKYO

Roosevelt Ignored M'Arthur Report On Nip Proposals

By Walter Trohan

Release of all censorship restrictions in the United States makes it possible to report that the first Japanese peace bid was relayed to the White House seven months ago.

Two days before the late President Roosevelt left the last week in January for the Yalta conference with Prime Minister Churchill and Marshal Stalin he received a Japanese offer identical with the terms subsequently concluded by his successor, Harry S. Truman.

Maria disse...

Hello James:)

Anónimo disse...

Hello red haired lady. :-)

Diogo disse...

Laura disse... «Dioguinho, Um exemplo. Escreveu uma verborreia sem fim sobre o facto de os japoneses terem proposto a paz aos EUA vários meses antes da bomba atómica ser lançada. Deu-se ao trabalho de apresentar alguma prova? Nada.»


Laurinha, o instinto maternal tolda-lhe o discernimento. Se os sites da conspiração dizem: «Walter Trohan, Bare Peace Bid U.S. Rebuffed 7 Months Ago, Chicago Tribune, 8/19/45, pg. 1, [says Japan gave MacArthur a surrender proposal in Jan. 1945] »

Então, o que qualquer pessoa com dois dedos de testa faria era ir aos arquivos do Chicago Tribune procurar o artigo. E ao fim de 15 segundos de uma pesquisa tenaz, milagre:

BARE PEACE BID U. S. REBUFFED 7 MONTHS AGO

Chicago Daily Tribune (1872-1963) – Chicago
Author: WALTER TROHAN
Date: Aug 19, 1945

Release of censorship restrictions in the United States makes it possible to announce that Japan's first peace bid was relayed to the White House seven months ago.


Um beijo bom do seu

Diogo disse...

A maternal Laura calou-se.

Maria disse...

Caro sr. Diogo,
senti-me humilhada pela clareza da sua explicação. Como é possível ser-se tão burra? Estava eu a tentar recuperar da humilhação. Arranjar forças para lhe responder. QUem sabe, criar o Clube de fãs do Diogo, quando sou ofendida pelo comentário:

"A maternal Laura calou-se."


As mulheres ofenden-se com pouco.
Respondo-lhe então como a mentira que esteja mais à mão:

Dieguito:

Há quem goste de aproveitar os fins de semana para apanhar ar puro, ir jantar com os amigos, ir às compras...
Não lhe deram atenção?

PS: Gosta de beijos bons?
Compre um cão:)

Mentira descarada...

PS: ELES dão a referência. O Diogo não dá.