domingo, fevereiro 12

É Proibido Pensar ou: Entre Fascistas e Esquerdalhos venha o profeta e escolha

Dedicado ao Zé

Eis o problema de pertencer (a própria palavra já diz tudo) a um partido, ou de ter uma visão partidária da política.

Metem-me asco os espíritos confusos que por ai andam, que acham que reconhecer as legitimas aspirações do povo Palestiniano, e apoia-lo numa determinada posição politica, implica necessariamente ter que apoiar em toda a linha os tarados religiosos extremistas do Hamas.

Metem-me asco os que acham que criticar a administração Bush pela agressão injustificada ao Iraque, feita sob falsos pretextos, e pelas suas políticas ruinosas é o mesmo que ter que estar do lado dos inimigos mais aberrantes que combatem os EUA no terreno, eles próprios usando o Iraque como mero pretexto para outras lutas, que com essa terra pouco têm que ver.

Metem-me asco os que a pretexto de combater a xenofobia, ou a pretexto de uma visão igualitária dos povos se julgam obrigados a tomar como legítimos as pretensões medievais dos extremistas Islâmicos no que diz respeito a toda a palhaçada dos cartoons Dinamarqueses. Ou seja, a pretexto da igualdade e da tolerância, apoiar a mais ditatorial intolerância.

Mete-me asco que certa esquerda se insulte a si e a nós todos com as posições que toma, e com as que convenientemente não toma. E que se arrogue posições morais impolutas, e que fale dos resistentes anti-fascistas, e que fale da censura comparativamente moderada e da violência comparativamente moderada do regime Salazarista com tanto asco enquanto fechou e fecha os olhos a tanta outra censura, violência, opressão, desde que venha da parte daqueles que estrategicamente apoia, por vezes meramente por consistência com a herança de outros tempos em que seguia às cegas as orientações de Moscovo, e não por qualquer real posição moral. E mete-me asco certa Direita que é culpada de outro tanto, e que por esta e aquela negociata vende a alma.

Mete-me asco quem necessita de tomar posições em bloco (de esquerda ou de direita) em vez de pensar em cada uma por si mesmo, com erros e tudo. Mete-me asco quem não pode mudar de opinião, limitado não ao menos por orgulho, mas porque carrega em cima o peso de toda uma estrutura partidária, que não lhe permite fazer as curvas com destreza, pois é essa a natureza da inércia. Mete-me asco quem acha que tem que fazer alianças permanentes com esta e aquela facção e apoiá-la em toda a linha ou em nenhuma. Ou de outra forma: quem acha que apoiar as aspirações legítimas implica apoiar também as ilegítimas.

Sou o meu próprio partido. Tomo as minhas posições uma a uma. Sei que fora do grupo tenho menos força. Mas tenho mais liberdade. Suporto que que decidam por mim, mas jamais que pensem por mim. A força que o grupo nos dá é apenas a força para fazer o que o grupo quer – a força para ser um escravo bem sucedido. Prefiro ser um homem livre na prisão do que um preso em liberdade. Declaro as minhas próprias guerras, travo os meus próprios duelos. Levantar o punho no anonimato da multidão requer pouca coragem. Levantar a voz no meio do grupo, e em discordância com o grupo, é mais difícil. Prefiro assim. Nem por isso o recomendo aos outros. Requer um amor pelas escarpas gélidas e solitárias, pelo ar rarefeito, e pelo silêncio. Os outros que façam o que entenderem. E eu direi o que entender.

15 comentários:

lb disse...

Também sou deste partido!

António Araújo disse...

Vai fazer o teu! Este só aceita um membro! :P

António Araújo disse...

Tanto trabalho para o Zé e ele calou-se...gente mal agradecida.

lino disse...

OMWO: subscrevo sem reservas.

Anónimo disse...

E agora um comentário completamente diferente: para onde foi aquela história dos sábados e domingos? :P

Hugo

Orlando disse...

Hugo,
vê quem assina os posts:)

Anónimo disse...

"Requer um amor pelas escarpas gélidas e solitárias, pelo ar rarefeito e pelo silêncio"
Conheci uma pessoa assim(suspiro!...)nunca mais ninguém soube nada dela! (suspiro!)

António Araújo disse...

aiii....:)

bom, é o tal amor pelo silêncio, se calhar ;)

Anónimo disse...

Deve ser mesmo isso. Ele disse antes de partir: "Vou e vou. Preciso das escarpas gélidas." E e eu disse: "veja lá se não lhe farão mal.". E ele dise: "onde é que já se viu o ar rarefeito fazer mal?" E de nada serviram os amáveis conselhos. Talvez o Omwo, que partilha o mesmo amor pelas alturas, se tenha cruzado com ele, a subir ou a descer, e me saiba dar alguma notícia. Chamava-se Samurai e fazia-se acompanhar por um lagarto. Agradecida. Macha K.

Anónimo disse...

Fica claro que se não encalha em nenhum partido...pelo menos com disciplina partidária...

Por mim penso de forma similar, isto é preciso ser livre para dizer o que eu penso.
Se fosse obrigatório termos partido eu tinha que ser anarqista!

Orlando disse...

Cara Magnólia,
ser anarquista também é fazer parte de uma corja que não pensa.

IF you see the Buddha on the road,
Kill him!

Anónimo disse...

ON,"If you see the Buddha on the road, Kill him!" é um dos chavões mais usados do chavão-Zen! A que corja é que pertences?

Orlando disse...

setúbal,
cada um tem os seus pontos fracos...

Anónimo disse...

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Anónimo disse...

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