quarta-feira, setembro 21

Geografia e Geometria

Respondendo aO Setúbal. A forma mais pura da Geografia, a Geometria, tem algo a dizer sobre a evolução das sociedades. Se compararmos duas zonas da Terra mais ou menos isoladas, na maior podem viver mais pessoas e as possibilidades de interacção entre pessoas são maiores. Vai-se desenvolver mais depressa. A Eurásia vai-se desenvolver mais depressa do que a Austrália, se todos os restantes factores forem iguais.
A própria forma é importante. Um rectângulo deitado tem vantagens sobre um rectângulo ao alto. Um povo dependente da agricultura, da caça ou da recolecção para sobreviver desloca-se melhor na direcção leste-oeste do que na direcção norte-sul. Se a latitude se mantiver constante a flora e a fauna variarão menos e os seus movimentos serão facilitados. A forma da Eurásia tem maior potencial de desenvolvimento para os povos que a habitam do que as Américas ou África.

No caso de algumas invenções que só ocorreram meia dúzia de vezes ao longo da história da humanidade, a facilidade da sua propagação foi decisiva. É o caso da propagação da escrita, ou da simples ideia de que era possível criar um sistema de escrita.

Com o início da navegação de médio e longo curso, a geometria modifica-se. Hoje em dia estas considerações já não se aplicam. A geometria mudou radicalmente. De qualquer forma parece-me que ajudam a explicar porque é que todas as civilizações que tiveram uma influência decisiva na formação da nossa aldeia global se situam na Eurásia.

Existe a fatalidade da geografia? Lembra a Helena que Há uma teoria que afirma justamente isso: há partes do mundo que nunca conseguirão sair de uma situação de pobreza por motivos meramente geográficos, nomeadamente o clima.
Será mesmo assim?

14 comentários:

Anónimo disse...

Certo. Se no interior das forças produtivas o que varia são os recursos (geográficos neste caso) então são estes os determinantes. Isto não implica a fatalidade da geografia porque, como tu próprio dizes, a geografia muda. O clima também, infelizmente!

Anónimo disse...

Ah, pois, já me tinha esquecido do factor $$$ como regulador da geografia. ;-)
Sei pouco sobre essa teoria, porque me limitei a folhear o artigo numa revista, e o respectivo livro. Reti dela um mapa que mostra a distribuição da pobreza: em termos gerais, é uma faixa ao longo do equador.
Terá de ser mesmo assim?
Penso que o clima, ou a geografia, não têm a última palavra. O acesso à água e aos cuidados médicos essenciais (nomeadamente vacinas), juntamente com uma distribuição mais justa do produto nacional já ajudaria a resolver muitos dos problemas - mesmo que esses países nunca venham a fazer parte do clube dos mais ricos.
Uma nota marginal: muitas das casas americanas são um absurdo ambiental porque, apesar de sujeitas a variações climáticas extremas (veja-se Washington DC com 40º no verão e neve no inverno) não têm isolamentos convenientes. É incrível o que naquele país se desperdiça em energia!

António Araújo disse...

Um cómico americano dizia:

They say there is famine in Africa again.
Well, no shit! wake up, people! You're living in the middle of the fucking desert! MOVE OUT!

:)

Orlando disse...

Helena, não foi bem o factor $$$, foi mais a inovação tecnologica:)

Anónimo disse...

Não nos podemos resignar à geografia. Também temos uma margem de manobra!

Anónimo disse...

E a Noruega,que é um clima onde é preciso lutar pela sobrevivência?

Broken M disse...

Lutar pela sobrevivência foi mais ou menos a principal causa de qualquer desenvolvimento biológico.

Broken M disse...

Não existe nenhum país com um clima quente que faça parte dos países desenvolvidos. É normal quando há sol, as pessoas quererem trabalhar menos.

Anónimo disse...

Ou melhor, nos países com sol não se precisa de trabalhar tanto!

Anónimo disse...

Vamos lá definir essa história de "trabalhar tanto". Andar vários quilómetros a pé para ir buscar água em cântaros é trabalhar pouco ou muito?...
Parece-me que o esforço dos africanos rende menos que o dos noruegueses, mas não direi que uns trabalham menos horas que os outros.
O que dizia no tal livro que não li (isto está cada vez mais surrealista...) era o problema das doenças tropicais e das epidemias.
Mas calo-me aqui mesmo, que já estou a falar demasiado do que não sei.

Anónimo disse...

A fome não tem a ver com o clima directamente.A variável é a quantidade de pessoas pela quantidade de alimentos que aquele clima permite produzir.
Nas ultimas décadas já não é exactamente assim, com o desevolvimento e transferência exponêncial das tecnologias.
Contudo,ainda todos os dias vemos á nossa volta gente que fugiu da fome.
Pelo aumento da população numa região, se esta não consegue aumentar a produção de alimentos ( ou petróleo, que é a mesma coisa hoje em dia), só tem que ir ocupar lugar onde possa produzi-los, e de preferência que sejam os nativos a fazê-lo pois são mais baratos. Assim fizeram os gregos, os romanos, os nórdicos.
P.ex: em África ou na A. Latina trabalha-se muito, principalmente as mulheres!Aliás quando se fala da preguiça equatorial só nos podemos referir aos homens!
Agora também é verdade que os salários são tão baixos, que trabalhar muito ou pouco não faz tanta diferença.Qual a diferença entre comer arroz com feijão 7 dias por semana, e 5 assim e 2 só arroz? Vale o esforço?
Este assunto, pelo menos eu, não consigo rematá-lo num comentário.Mas fica uma ideia.

Anónimo disse...

A fome na África subsahariana tem mais a ver com a guerra e as minas que ficam depois da guerra do que com a capacidade da terra para produzir alimentos.

Anónimo disse...

Anónimo, não é verdade.Tem a ver que após a descolonização estão a ser escravizados por oligarquias locais. Tudo o resto são desculpas de bons ladrões.A culpa é dos Nekruma,Bokassas, Dos Santos,etc,etc,e sócios na Europa e EUA.

Anónimo disse...

Não existe o determinismo geográfico.
no caso de uma área desértica, confirmem: se o país é pobre, o deserto se expande, se o país é rico, o deserto desaparece (vide Atlanta, Detroit, deserto de Negueguev)