sábado, setembro 17

Reflexões sobre a Polinésia

Foi interessante ler os comentários feitos às acções dos Maoris. Pessoas que normalmente condenam acções violentas mostraram-se agora relativamente permissivas em relação às atitudes dos Maori. Porquê? É possível que haja boas razões para proceder desse modo e eu gostaria de as compreender. A referência à cantora Kiri Te Kanawa também é interessante. Nunca houve uma cantora de opera Moriori. Seria difícil, sobraram poucos Morioris e as suas referências foram destruídas. Acontece porém que a cultura Maori é considerada pelos especialistas como muito mais interessante do que a cultura Moriori.

Algumas pessoas seriam tentadas a dizer que o facto de a arte Maori ser mais interessante do que a arte Moriori poderia de alguma maneira minimizar o genocídio. Algumas outras negariam a superioridade da cultura Maori.
A Polinésia fica muito longe, quase que fica noutro planeta.
Que tal substituir os Maori pelos Mundos 1 e 2 e os Moriori pelo Terceiro Mundo?

A tecnologia ocidental parece ser indiscutivelmente superior.
A Arte Ocidental também será melhor?
Se for melhor, isso é um indicio de superioridade da cultura ocidental?
De uma superioridade dos Ocidentais?
De uma superioridade dos nossos genes?

(Esta é uma faca de dois gumes, alguns conterrâneos do Lutz poderão querer olhar de cima para baixo para os nossos genes)

As nossas posições sobre estas questões têm consequências práticas nos curricula universitários. Vamos continuar a confundir Literatura com Literatura Ocidental?
Qual a verdadeira razão das modificações dos curricula de muitas universidades americanas? As pessoas que o fizeram acreditavam mesmo na importância das novas obras que introduziram ou acharam insustentável não o fazer?
Algumas posições menos politicamente correctas que são difíceis de defender em público continuam a ser professadas por muita gente.
Só consigo compreender algumas posições de esquerda de pessoas que me parecem ser indiscutivelmente bem intencionadas se considerar a possibilidade de algures in the back of their minds acreditarem em certas teorias politicamente correctas ou temerem que elas possam ser verdadeiras.
Desembuchem: se uns povo não é constituidos por pessoas em média mais capazes do que as pessoas do outro povo, como é que conseguiu dominá-lo?

27 comentários:

lb disse...

Excelente, este debate!
O problema é que segundo a moral de todos nós que participamos neste debate aquilo que o Maori fizeram não está certo. Mas tendemos para admitir atenuantes ou até a desculpabilização porquê os próprios Maori também são um povo vítima da subjugação por outra cultura (a nossa) ou porque sabemos da relatividade cultural e histórica da moral. Do ponto de vista antropológico e histórico a moral é relativa: Sabemos que não devemos julgar moralmente os romanos, isto é, olhá-los, os indivíduos, com condescência ou desprezo, porque praticaram a escravatura e tinham habitos tão violentos como o circo e as crucificações. Mas não podendo fazê-lo, isto não torna a escravatura ou o circo romano hoje aceitável.
A nossa moral é condicionada pela cultura em que vivemos, mas mesmo assim não podemos tratá-la como relativa. Se o fizessemos, ela deixava de existir como tal.

António Araújo disse...

Sabes bem que não faço parte do esquadrão politicamente correcto, mas tenho grandes objecções a esta tese, da forma como a colocaste, por motivos históricos. A supremacia oscilou muito entre os vários povos, muito mais rápido do que a genética parece justificar. Tirando a Africa negra, que passou o tempo (quase) todo (pelo menos na historia registada?) a levar nas trombas primeiro de uns e depois de outros...considera as oscilações da China, que em tempos era militar e intelectualmente dominante e depois implodiu subitamente, ou a Grécia, que parou os persas mas depois caiu face a Roma, ou Roma, que teve momentos de grande brilhantismo militar mas também sofeu derrotas ridiculas e tanto foi um imperio gigantesco como acabou por cair nas maos dos bárbaros. Os bárbaros eram então melhores em média, ou piores? E essa média mudou tão rapidamente? E o que aconteceu aos Arabes, que quase tomaram conta da Europa e agora são o que são? Ainda que contemos com a selecção genética rápida de uma era de grandes massacres, acho dificil. As oscilações de poder dependem de muitos factores que não só os genéticos...

Ha uma tese razoavel aí escondida, mas não consigo discuti-la nos termos em que a formulaste. Ha muita neblina pelo meio. Penso que ja a discuti muitas vezes de outras formas.

Vou tentar pensar melhor nisto, mas agora estou distraido porque espera-me um duelo e estou a escrever o meu testamento - nunca se sabe.

lb disse...

Há bastantes anos, pouco depois da independêcia do Zimbabwe, um tio meu voltou de lá, depois de uma visita de negócios. Na vizina Africa do Sul ainda reinava o "apartheid" e no Zimbabwe, os grandes delírios de Mugabe ainda estavam para vir, muitos anos depois.
O meu tio, um homem bom, temente de deus, conservador mas democrata, relatou com indignação como tudo se ia abaixo, desde que os negros tinham assumido o poder na "Rhodesia" como ele o ainda chamava. Um país com recursos e potencial caminhava para a ruina. A conclusão que tirou era evidente: A independência, o fim da variante rhodesiana do "apartheid" foi um desastre para todos e os negros teriam feito bem em ter continuado submissos sob o poder dos seu senhores brancos.

Indignado, perguntei-lhe se ele achava que os japoneses deviam tomar o comando na Alemanha, na sua empresa, uma vez que se revelaram melhores gestores do que nós...

Para isso o tio não tinha resposta, excepto dum frouxo "isso é outra coisa"...

Mas agora pergunto eu: Onde estaria a civilização humana, se não tivesse existido o imperialismo (babilónio, chinês, romano, por exemplo), o poder que garantiu ócio e tempo para uma minoria de privilegiados para criarem os avanços culturais, e uma política expansionista que tratou da sua distribuição pelas províncias e colónias?

António Araújo disse...

Lutz, tudo o que isto mostra é que em geral é pouco produtivo discutir as coisas em termos morais :)

Anónimo disse...

Lutz,
eu tenho uma receita caseira para essas questões do paradeiro da civilização humana: pergunto-me "em caso de ter de optar entre, por exemplo, a biblioteca de Alexandria e um dos meus filhos, o que é que eu preferia?"
A resposta é-me fácil: "que se lixe a civilização!"

Pelo que sei, a África estava bastante bem antes da chegada dos europeus. A escravatura sangrou o continente; a agricultura de subsistência era, apesar de tudo, melhor que as monoculturas dependentes de preços impostos exteriormente. Em termos líquidos, ganharam ou perderam com o "progresso" que lhes levámos? Não poderiam ter chegado lá de um modo mais pacífico?

Será que os avanços civilizacionais valem o que custaram em termos do sofrimento de pessoas escravizadas?
Não haverá uma pequena contradição na própria expressão "avanço civilizacional"?
E como podemos transpor isso para a nossa época?
Por exemplo, experimentar novos medicamentos em condenados à morte representa um avanço ou um retrocesso civilizacional? A medicina avançaria, com certeza...

ON,
essa pergunta sobre a dominação exercida pelo povo de pessoas mais capazes leva-me logo para o Afeganistão e o Iraque. Se os americanos são mais capazes, porque raio é que ainda não foram capazes de dominar esses países?
Os espanhóis eram mais capazes que os povos índios que destruíram? Os portugueses eram mais capazes que os indianos? Os árabes eram mais capazes que os persas? Os cristãos da reconquista eram mais capazes que os mouros?

Talvez a superioridade de uns grupos em relação a outros tenha mais a ver com o acaso, a oportunidade e a crueldade que com as capacidades de uns e outros.

Anónimo disse...

Demasiadas questões para um só post. Vou só falar dos genes. Não faz sentido falar nos "nossos genes": a variância genética intrapopulacional é superior à variância interpopulacional. A não ser que te refiras a um ou poucos genes. Nesse caso diz-me em que cromossoma é que estão e então começo a escutar-te.

António Araújo disse...

Setubal, esse argumento nao faz sentido. Um ou dois genes fazem uma grande diferença. Prova por absurdo: Um só erro numa unica base pode significar a diferença entre um fenotipo saudavel e um fenotipo morto...

O facto de se saber ou não - por agora - onde se encontra uma diferença importante é irrelevante para o argumento especulativo de existencia de uma tal diferença.

Exigir a exposição prévia do tal gene ou cromossoma é um argumento politicamente correcto sem valor nenhum. De novo, a prova é que nunca se usa esse argumento quando se fala da genética animal (não-humana) ou vegetal. E se exigissemos tal coisa quando nos dispomos a ver se uma doença é genética então nunca sequer podiamos começar o trabalho...

Sabemos bem que ha diferenças entre um cocker e um pastor alemão e ninguem precisa de lhe mostrar em que gene estão para que comece a escutar. E sabe bem distinguir as duas raças, não sabe? E sabe bem ver que ha diferenças. E a genética dos dois também é muito semelhante. Que diabo, a genética de um humano e de um rato não é assim tão diferente.

A maioria do codigo genético realiza funções bioquimicas essenciais tanto para um rato como para um homem. Muitos dos genes têm várias formas possiveis. Isso providencia uma variação genética intrapopulacional substancial que esconde a variação interpopulacional se insistirmos - nada inocentemente de motivações politicas - em contabilizar a diferença de forma cega.

As raças humanas são diferentes, tal como as raças dos cães. Em todas as caracteristicas - físicas, psicologicas, etc. - em média e em desvio padrão.

Não há necessidade nenhuma de esconder isso, e ninguem tem que se sentir mal (ou bem) por causa desse facto, desde que no final de contas cada individuo tenha a possibilidade de mostrar o seu potencial individual - os valores medios não determinam a capacidade de um individuo, pois existe a tal variabilidade intrapopulacional a ter em conta, e as curvas de Gauss de todas as raças intersectam-se grandemente.

Eu estou sinceramente a lixar-me para a raça em que nasci. E sei bem que poucos caes sao puros cockers ou puros pastores alemaes, e da mesma forma poucos de nós têm uma raça bem definida. Isso não implica de todo que o conceito abstracto de raça não possa ser usado nos humanos, tal como é nos cães, e pelo mesmo motivo. Mas para mim o mais importante é que isso da raça é um acidente - como nascer feio ou bonito, esperto ou burro, Portugues ou Espanhol. Estou-me a lixar para essas questoes acidentais. Não tenho fidelidade nenhuma especial ao meu suposto país, à minha suposta religião, à minha suposta raça, à minha suposta terra. Escolho os meus valores um por um. Alguém orgulhar-se de ter nascido negro ou branco é o mesmo que alguém se orgulhar de ter nascido rico - não fez nada por isso, portanto esteja calado. Pelo mesmo motivo também não me venham chatear com os supostos crimes passados da "minha raça". É engraçado que para o politicamente correcto as raças nunca existem - a não ser quando chega a hora de nos sentirmos culpados. Aí de repente já é claro que somos Europeus e brancos e portanto carregamos uma culpa pesada desde a nascença.

Dai-me paciencia.

Finalmente: Quem não consegue ver a diferença entre as raças humanas (ou meramente as sub-populações) ou é cego ou não lhes dá valor. Não é preciso conhecer o genotipo para ver as diferenças do fenotipo. Eu, como toda a gente, consigo distinguir a léguas uma brasileira de uma alemã, mas também consigo distinguir bem uma chinesa de uma japonesa. Com os homens é mais dificil porque lhes presto menos atenção, na medida em que gosto menos deles :)
O que me leva à seguinte reflexão: Se calhar as pessoas que não vêm de todo a diferença entre as raças são precisamente as que não gostam delas, de todo, e portanto não lhes prestam a devida atenção e não lhes apreciam as diferenças.

Ha por aí muitos humanistas que amam a humanidade mas não gostam das pessoas.

António Araújo disse...

Helena: subscreve então a fantasia de que foram os brancos mauzões que inventaram a escravatura?

Caso não saiba, quando os Europeus se voltaram a meter em grande nesse negócio, ele vivia de boa saude entre os africanos negros - pelo menos algumas das tribos escravizavam-se mutuamente - e entre os àrabes, que faziam comércio de escravos negros e não só.

Os europeus apenas o fizeram em maior escala, porque tinham mais meios para isso. Vão agora ser culpados só por serem mais eficientes? :)

Não há culpa Ocidental nenhuma. Na verdade foi o Ocidente que tomou a iniciativa de, de livre vontade, abolir progressivamente a escravatura. Que eu saiba não foram os escravos africanos que os obrigaram a isso. Nem foi algum movimento seminal de libertação em africa (sub-sahariana ou não) que os inspirou no humanismo.

Agora posso repousar o meu rabo branco na cama e dormir sossegadamente ou ainda tenho que expiar os pecados dos meus supostos antepassados malvados?

Para além do mais ainda quero saber onde está a minha herança. Ja que tenho a culpa que tenha o proveito. Não me recordo de algum antepassado meu ser um latifundiario rico e dono de escravos, mas se calhar para ter culpa basta ter nascido branco. É que nascemos todos iguais e livres de culpa, a não ser nesse caso, ao que parece.

Ja agora, porque é que ninguem chateia os arabes com esta história?

Ou vão chatear um Maori qualquer porque eu ja dei que chegue a este peditório. Talvez com eles ainda pegue.

António Araújo disse...

>Ha por aí muitos humanistas que amam a >humanidade mas não gostam das pessoas.

Caro Setubal, não estava a querer implicar que era esse o seu caso. O meu argumento começou consigo mas depois generalizou-se. Comecei a ver o bloco de esquerda a materializar-se à minha frentre e fiquei logo a salivar.

Quis deixar isto claro, até porque o meu livrinho dos duelos já está cheio por hoje :)

Anónimo disse...

As mutilações à nossa cultura que estão a ser auto infligidas nos Estados Unidos, colocando Shakespeare ao mesmo nível de um contador de historias chinês que publicou meia dúzia de panfletos durante a Revolução Cultural são preocupantes. Haverá psicologos especializados nestas questões?

Anónimo disse...

omwo, se quando falamos dos genes, falamos do genoma , então, ou estamos a falar de todos os genes, e a amostra é igual à população ou estamos a falar de uma amostra que para ser representativa deve ser aleatória e estamos assim a "contabilizar a diferença de forma cega". Se existem motivações, consequências, fantasias, obsessões, lucubrações, rancores ou expimafatropacatas políticas é irrelevante para a correcção do procedimento. Se quando falamos dos genes falamos só daqueles genes eventualmente responsáveis pelo carácter em questão, ou seja, a "indiscutível" superioridade da tecnologia ocidental (não estando em discussão a existência comprovada de genes para abas do nariz largas, pregas epicânticas e outras traquitanas), então necessito de um depósito que eventualmente será devolvido em esforço argumentativo: é parte do ónus da prova. E muita gente para além de mim exigiria esse esforço inicial em relação a qualquer organismo: não necessáriamente a localização cromossómica, hoje em dia mais provávelmente a sequenciação parcial ou total do gene candidato à função pretendida. Também podia exigir a heritabilidade do carácter em causa. A exigência não era menor.
Mas podia ser ainda mais crítico e pedir que esteja excluída a possibilidade do carácter ser um carácter-Cambridge, isto é, uma reificação de um predicado: na minha rua existem cães que estavam em casa quando Aquiles...perdão, quando Sócrates derrubou as torres de Tróia, e outros que estavam na rua. Que tal estudarmos o gene subjacente a essa diferença? Aceitas o desafio sem eu te dar alguma prova adicional que há um gene por detrás da diferença?( Aliás, esta crítica vai ao encontro do teu primeiro comentário ao post).
Relativamente ao resto do comentário não tenho nada de interessante a dizer. O consenso é condição necessária para um desacordo interessante (esta já vinha de trás:)).
Agora vou ser chato mas acho que mereces: o código genético não realiza funções bioquímicas absolutamente nenhumas!

Anónimo disse...

OMWO,

subscreve então a teoria de "ladrão que rouba ladrão tem 100 anos de perdão"? ;-)

Bem sei que o negócio da escravatura não foi inventado pelos europeus. Mas você acha que hoje a África estaria ainda pior se não tivesse havido intervenção europeia, nomeadamente escravatura e colonialismo?

Na realidade, não estava a falar de culpa, nem de escravatura. Estava a responder à pergunta do Lutz: "Onde estaria a civilização humana, se não tivesse existido o imperialismo (...) e uma política expansionista (...)?"
Será que há verdadeiro avanço civilizacional se para isso é necessário que o povo A inflija sofrimento ao povo B? Foi nesse sentido que falei no "sofrimento de pessoas escravizadas".

Se quer, podemos agora falar da culpa. A questão coloca-se para muitos outros casos: os alemães e o holocausto, todos os países ocidentais e o holocausto, os turcos e os arménios, os japoneses e as prisioneiras chinesas feitas escravas sexuais, a igreja católica e a inquisição, entre milhentos outros. Destes exemplos, os alemães e a igreja católica assumiram a sua culpa, os outros todos andam a ver se o assunto cai no esquecimento.
Penso que a civilização avança quando os actores (ou os seus sucessores) são capazes de parar e pensar sobre o que aconteceu, gerando atitudes de Paz, em vez de sacudirem a água do capote, dizendo que isso eram os outros, era outra época, outra mentalidade, outra moral.

Quanto à questão da herança, concordo consigo: não sobrou para mim nenhum ouro dos negreiros ou dos negócios das colónias. Mas sobraram os problemas - bem patentes na tragédia de New Orleans, ou nos guetos da área metropolitana de Lisboa. Mesmo não tendo culpa directa, temos a responsabilidade de resolver o problema.
E isso não é uma questão de raça, mas de povo e história: são 800 anos de uma história comum, com tudo o que acarreta - orgulho, vergonha, responsabilidade.

António Araújo disse...

>Agora vou ser chato mas acho que >mereces: o código genético não >realiza funções bioquímicas >absolutamente nenhumas!

Acho que não mereço de todo. Um gene (simplificando) codifica uma proteina, que tanto pode ser uma proteina estrutural, como pode ser uma enzima. Essas enzimas entre outras coisas são catalizadores das reacções quimicas essenciais ao funcionamento do organismo - desde a glicólise às funções de síntese passando por muitas outras.

Não vejo qual é a objecção à frase, a não ser que agora tenha que despejar o livro de bioquimica todo para dizer uma coisa simples. Dizer que os "genes não realizam nada" porque sao as proteinas que eles geram que o fazem é como objectar a que "os genes produzem proteinas" porque não se está a mencionar todo o processo intermédio de transcrição (etc.) ou o papel dos ribosomas ou o RNA.

Os atalhos são uteis when we want to get to the point.

António Araújo disse...

>Se quer, podemos agora falar da >culpa. A questão coloca-se para >muitos outros casos: os alemães >e o holocausto, todos os países >ocidentais e o holocausto, os >turcos e os arménios, os (...)os >alemães e a igreja católica >assumiram a sua culpa, os outros >todos andam a ver se o assunto cai >no esquecimento.

No esquecimento cairam tambem, peo que depreendo da sua lista, o mesmo genero de crimes quando cometidos pelos africanos negros. Os Zulus não eram flor que se cheirasse,que eu me lembre. Porque não menciona nada disso? Ou subscreve a fantasia de que os africanos negros eram um povo especial, docil e pacifico, que se tratava a si e aos outros com uma humanidade desconhecida pelos outros? Como eu disse, é dificil reclamar da escravatura imposta por outrem quando o fazemos entre nós. O unico crime especial dos brancos foi o facto de que por acaso ficaram por cima num jogo em que todos lutavam por essa posição com igual "humanidade".

>Mas você acha que hoje a África >estaria ainda pior se não >tivesse havido intervenção >europeia, nomeadamente >escravatura e colonialismo?

Nao faço ideia. Voce sabe?
Ou tambem subscreve a fantasia (ver acima) de que eles viviam em paz antes de nós chegarmos, num idilio de ouro e de mel?

Ja agora, eles estao melhor depois de termos saído de lá? Ou a culpa também é nossa? Eu tenho a culpa do imbecil do mugabe, e de todos os ditadores africanos de quinta categoria que infestam o continente?

E se eles não estiverem melhor, isso é um argumento contra a descolonização?

lb disse...

Helena,
também e naturalmente escolheria o meu filho e sacrificava a Biblioteca de Alexandria. Mas essa é a escolha do pai. Se essa fosse a minha postura enquanto político responsável, nem podia mandá-la os bombeiros combater o fogo, em caso de haver uma hipótese elevada de algum deles morria nesta tarefa.

Mas salvar os livros da biblioteca de Alexandria não só significa salvar a Odisseia e as peças de Sophokles, mas também as descobertas de Pitágoras, Archimedes e Euclides. Para além da Bíblia, claro.
Tudo isso não vale umas vidas? Acho que vale, embora prefiro não ser eu que tem de decidir. Ter civilização não equivale muitas vidas salvas? (Apesar de Auschwitz?)

Não defendo, no caso da África, que o domínio branco do continente lhe foi benéfico. Ao que me parece, a resposta é que não foi, embora não me sinto à vontade de ter aqui uma opinião fundada, por falta de conhecimento.

Mas creio, por exemplo, que sem a concentração do poder em impérios, sem a criação de condições privilegiados para uma minoria, que a custa do trabalho - escravo - de outros podia dedicar-se a aprendizagem da escrita e leitura, entre outro, ainda viveriamos no estado de cacadores colhedores, fariamos belos desenhos nas grutas e morriamos todos, se tivermos a sorte de chegar a essa idade, aos trinta e cinco anos.

Anónimo disse...

Omwo,não percebeste o ponto da objecção. O ponto era ser chato!:)Mas eu não disse que os genes não realizam nada. Os genes têm capacidades causais. O CÓDIGO genético, condição necessária (actualmente, porque na origem da vida a história é outra) dessas capacidades causais, não realiza funções bioquímicas nenhumas.

Orlando disse...

Cara Helena,
eu limitei-me a levantar problemas. Só começo a expressar opiniões sobre o assunto no meu post de hoje.
Eu não acho que os americanos queiram resolver nenhum problema do Iraque ou do Afeganistão. Se foram lá resolver algum problema, foram problemas de agenda política interna do W. Bush.

Anónimo disse...

A propósito do get to the point. Quando o Richard Brooks (Cat on a hot tin roof) queria ser realizador o Karl Freund (dos magníficos The Mummy e Mad Love) disse que o ajudava e emprestou-lhe uns filmes para ele ver. Eram filmes pornográficos. Segundo Brooks eram bons: viu-os duas vezes. Quando encontrou Freund agradeceu-lhe mas disse-lhe que não percebia a ajuda. Freund:"Get to the fucking point".

Orlando disse...

Nesta situação extrema a geografia parece ter determinado tudo. Será sempre assim?

António Araújo disse...

> O CÓDIGO genético (...)

Ah, ok, apanhaste-me distraido. Concedo o ponto (que sim, era mesmo so ser chato :))

Anónimo disse...

ON,
parabéns pelo seu post de hoje!
Há uma teoria (lamento, não sei quem é o autor) que afirma justamente isso: há partes do mundo (África, Índia, América Latina) que nunca conseguirão sair de uma situação de pobreza por motivos meramente geográficos, nomeadamente o clima.
Agora conte o resto da história, que fiquei curiosa: que aconteceu aos Maori quando começaram a viver no "habitat" dos Moriori? Acalmaram os seus ímpetos bélicos para lutar pela sobrevivência?

Lutz,

Sobre a Biblioteca de Alexandria, faço uma concessão: que seja salva pelos bombeiros voluntários, não pelos escravos... ;-)

O meu problema é aceitar que um povo domine outro em nome do progresso ou da civilização. A gente só sabe se houve progresso lá mais para o fim do jogo, e no limite corremos o risco de ter de aceitar fenómenos como o III Reich, que se entendia como o sistema perfeito e naturalmente superior a todos os outros. Ou Bush e a sua teoria do dominó democrático.
Não sou adepta do progresso a qualquer preço. Concordo que houve momentos imperiais que promoveram o progresso, mas não me parece que o modelo deva ser copiado para os nossos dias.

Felizmente o progresso de hoje depende não do domínio, mas da cooperação: mobilidade de cientistas, projectos de colaboração internacional em grande parte independente dos sistemas políticos, bolsas de estudo para aprender em laboratórios mais avançados.
E o Iraque e o Irão aí estão para mostrar os limites do "progresso" imposto à força.

Obviamente não vou dizer que o império romano foi um erro. Mas quero apreender dele para o nosso presente apenas o que foi positivo: a tolerância, a capacidade de integrar o know-how dos outros povos, a mobilidade das pessoas.

E duas provocações, antes de terminar:
- Nem tudo era mau no tempo dos caçadores-colectores. Foram povos desse tipo que pressentiram o perigo da tsunami e fugiram a tempo. Os outros, os "civilizados", foram apanhados completamente desprevenidos.
- Será que é correcto, nos nossos dias, haver uma grande parte da população a trabalhar arduamente e a pagar impostos para garantir bolsas de estudo a pessoas que saem do país, se enchem de conhecimentos, e nunca mais voltam?

OMWO,
não dei exemplos de África porque conheço muito pouco essa realidade.
Não divido o mundo entre povos bons e povos maus. Sei que em África, como em todos os outros continentes, sempre houve conflitos. Sei que esses conflitos foram agudizados pela intervenção dos europeus: a dimensão da escravatura que "sangrou" o continente (Portugal teve um problema semelhante na época áurea dos descobrimentos, quando faltavam trabalhadores para a economia nacional), a imposição de monoculturas, a criação de fronteiras artificiais, a política colonial de preferir uma etnia em detrimento de outras.
Por estes motivos, parece-me que os africanos estariam melhor (não disse perfeitos, não disse "idílio de ouro e mel") se não tivesse havido intervenção colonialista europeia, nem guerra fria, nem ditadores sustentados por interesses internacionais.
Mas tudo isso aconteceu e provocou feridas profundas no continente.
Se não podemos mudar a História, saberemos mudar o Futuro?

António Araújo disse...

Cara Helena,

concordo que o futuro deve ter outra fórmula. Esperemos que sim...

Apenas acho que o passado deve ser olhado com exactidão - sem juizos baseados em modas ou em complexos de culpa - sob pena de não aprendermos o suficiente com ele, o que será a melhor forma de garantir que nada mude...ou que mude para pior ainda!

De resto, (quase) todos esperamos pelo melhor...

PS: Conheço uma historia dos arabes em portugal que tem tudo a ver com a dos maori e essa questao da geografia. Infelizmente estou de saida. Amanha a ver se me lembro...

Orlando disse...

Helena,
penso que os Maori foram em expedição para saquear e fazer escravos, mais nada.

Anónimo disse...

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Anónimo disse...

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Anónimo disse...

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