terça-feira, junho 29

Um homem de sorte

Akio Morita, o fundador da Sony era uma homem poderoso. Como todos os homens com algum poder, ninguém lhe fazia frente. Tudo o que ele dissesse, estava correcto. Quase tudo. Quando ele tinha setenta anos o seu professor de flauta tradicional japonesa, um jovem de noventa anos, ainda o tratava uma vez por outra como um miudo descuidado que precisava que lhe puxassem as orelhas. Morita achava que essas aulas de flauta eram o segredo da longevidade do seu sucesso.
Ainda tenho uns tipos a chatearem-me uma vez por outra. Mas pouco. E uma professora de yoga. Ou de natação. Mas não é a mesma coisa. Na falta de um professor de flauta tradicional japonesa, espero continuar a ter por muitos anos algum amigo que faça o seu trabalho.

Não é impossível...

quinta-feira, junho 24

A treta H1N1

Afinal há teorias da conspiração que até são mais do que isso, como se pode ver neste post do Diogo. Ou então o Conselho da Europa está a ser manipulado pelos conspiromaníacos. Devo andar muito distraído. Tenho lido o Diário de Notícias e o Público e nem por uma vez tropecei nestas notícias.

Por favor, percam com o Brasil!

Repetem-se neste campeonato do mundo alguns dos encontros míticos de 66: Coreia do Norte, Brasil. Há porém algumas diferenças. Desta vez no jogo com o Brasil não temos nada a ganhar. Não sabemos se é preferível acabar em primeiro ou segundo lugar. Se descansarmos os nossos melhores jogadores temos uma vantagem decisiva para a próxima eliminatória. A equipa do grupo H que nos vai calhar vai ter de dar o máximo para se qualificar amanhã. O tempo de recuperação vai ser mínimo. Nem a Espanha teria hipóteses contra nós. Este é um daqueles casos em que ser racional paga mesmo dividendos, senhor Carlos Queiroz.

Uma lição de música...

domingo, junho 20

Não vou ao funeral de Saramago

Não conheço a família. Não ia lá fazer nada. Mas há uns tipos que gostam dos rituais sociais e até concorreram a cargos onde são pagos pelos nossos impostos para participar neles. Façam o seu trabalho! Não é pelo Saramago. Se o Cavaco pretende ser o presidente de todos os portugueses, era agora que tinha de o demonstrar. Não é, não senhor.
Como eu aqui escrevi na altura, a gafe de Cavaco não lhe atrapalhou a corrida para o segundo mandato, que agora parece garantido. Basta-lhe manter Sócrates no poder até à sua eleição. Por outro lado deixei de ver qualquer utilidade em votar Cavaco na esperança de ele fiscalizar Sócrates. Porque Cavaco não tem fiscalizado grande coisa. Porque Sócrates vai cair e vamos ter um presidente e um governo da mesma cor. O segundo mandato de Cavaco vai provavelmente esgotar-se no dia em que dissolver a Assembleia da República, algures durante o próximo ano. Votar em quem? Nem me consigo iludir com nenhum candidato. Na altura logo se vê, mas nem sei se vale a pena ir votar ou escolher alguém.
Já há algum tempo que se começa a pôr em causa a capacidade intelectual de Cavaco. Há por aí tantas doenças neurológicas degenerativas... É uma hipótese. Talvez o escloresamento da sua personalidade seja suficiente para explicar as suas atitudes menos conseguidas. De qualquer maneira, o seu segundo mandato afigura-se penoso. Como ele disse erradamente de Soares, vai precisar de toda a nossa ajuda para o completar. E não a vai ter.

sexta-feira, junho 18

Saramago

Diga-se o que se quiser da Pilar, a verdade é que ela (com a ajuda do Nobel) conseguiu contradizer toda a sua obra. O homem zangado com o mundo viveu e provavelmente morreu feliz.
PS: Alguém leu o último livro do Saramago? Muito se falou dele, mas ninguém se deu ao trabalho. Eu pedi-o emprestado outro dia, vamos a ver se agora arranjo tempo.

quinta-feira, junho 17

No les gusta los entrenadores

No Real Madrid o treinador foi sempre o elo mais fraco. Que o diga o Queiroz quando aceitou o cargo sem ter condições para impor as suas escolhas. Luís Aragonês levou a Espanha ao título europeu. Mas teve a lata de fazer o que era preciso: pôs o Raul a andar. Foi desterrado para o Galatasaray. Foram buscar o del Bosque, o gajo porreiro que não faz ondas. A equipa espanhola estava montada, era só manter. No Suiça-Espanha defrontavam-se dois treinadores que ganharam duas vezes a Champions League. A Espanha devia ganhar. Só que o antipático do Hitzfeld ganhou uma Taça com um Borussia Dortmund em quem ninguém tinha ouvido falar e outra com um Bayern mediano. O del Bosque chegou lá ao colo de duas super-equipas do Real Madrid. Não é a mesma coisa. O Hitzfeld mostrou como é.
Para nós foi o melhor resultado possível. A incerteza da vitória no grupo da Espanha dá-nos a hipótese de, caso a sorte nos sorria e consigamos acabar à frente da Costa do Marfim, apanharmos um adversário ultrapassavel nos oitavos de final. Seria a ironia suprema.

sábado, junho 12

Saldanha Sanches

Como é que eu não fiz um post quando este Homem morreu? Nunca se pôs em bicos de pés a reinvidicar o seu passado antifascistas, dizia as verdades mais inconvenientes como se da maior trivialidade se tratasse. Felizmente o Diogo tratou do assunto.

quinta-feira, junho 10

LIE TO ME

é a última série da Fox inspirada em "House". Cal Lightman, o "homem da luz" é o especialista do lado negro: ganha a vida a detectar as mentiras dos outros e descobrir as razões que os levam a mentir. Passa às quartas-feiras no Fox Channel e passa ou vai passar fora de horas na TVI. O paralelo com House é total: o protagonista, Tim Roth, é inglês como Hugh Laurie. A sua ajudante é tão doce como a doutora Cameron, etc.
Tudo gira à volta das consequências de apontar a luz para as sombras das nossas vidas. A multiplicação deste tipo de séries significa que algo mudou na psicologia e sociologia das sociedades em que vivemos. Vinte anos atrás estas este fenómeno seria impossível.

Este video é uma aplicação das conhecimentos divulgados na série à análise do comportamento do Berlusconi. Aqui vai a versão de nuestros hermanos. Falta agora a versão Socrates...
Neste vídeo Tim Roth procura distanciar-se do personagem. Não consegue evitar desviar os olhos quando afirma que não percebe nada nessa coisa de detectar mentiras. This is only to use when we watch politicians. Right! Ninguém quer viver com o peso de ser o Dr. Cal Lightman...
Aqui fica o mais famoso video de Tim Roth, quando ele era mais novinho.

domingo, junho 6

Soren Kierkegaard

Sem a ciência a nossa sociedade não podia pura e simplesmente continuar a existir. Mas a ciência não tem nada para nos dizer sobre a nossa vida. Devia ser a religião a ter algo a dizer sobre essas questões, mas as suas propostas perdem a sua força a cada dia que passa. Pelo menos se excluirmos os pensamentos de meia dúzia de pensadores mais ou menos periféricos. Dez anos depois da morte de Kierkeggard a sua obra parecia completamente esquecida. Foi redescoberta no princípio do século XX e teve uma influência decisiva em Heidegger. Sartre tentou construir uma versão ateia do pensamento de Kierkegaard. Deitou fora o bébé com a água do banho. Recentemente Kierkegaard voltou a receber o interesse que merece. A Relógio de Água está a publicar uma tradução portuguesa dos seus trabalhos e o Guardian dedicou-lhe um série de artigos bastante interessante. Várias obras estão disponíveis online. Tanbém há traduções da Guimarães.

sexta-feira, junho 4

"Deus morreu" (2)

Costuma-se identificar mito com ilusão. Prefiro usar mito no sentido de algo que dá sentido à vida. Aquilo que Nietzche acha que morreu, ou passou a estar de má saúde, foi o mito cristão. Algures durante o século dezanove alguma coisa mudou. Nem tem a ver com deixar de acreditar. Basta acreditar de outra maneira. Ou passar apenas a acreditar em acreditar.

quinta-feira, junho 3

Alguém tem dúvidas de que a história é escrita pelos vencedores?

O OMWO chamou-me a atenção para o último livro de Pat Buchanan, que põe em causa as nossas certezas acerca da duas grandes guerras da primeira metade do século XX. O Churchill não fica lá muito bem visto. Vale a pena ler o artigo da Wikipedia sobre o livro.
Abandonei as longas metragens. Isto agora é mais telenovelas.

terça-feira, junho 1

"Deus morreu"

O vosso Deus está morto e só os ignorantes o choram. Nietzsche, Assim falava Zaratustra

Que fazer perante um aforismo? Vale por si? Se não somos capazes de o interpretar, não percebemos nada?