quinta-feira, março 26

O Martir

Sacrificar uma semana por causa da doença de um filho é diferente de sacrificar uma carreira para tomar conta dele. No segundo caso, o sacrifício passa a fazer parte da identidade da pessoa, ela vive a história do martir. O verdadeiro martir dá sem esperar nada em troca. Nem sempre assim é. Algumas vezes espera-se em troca a pertença a um grupo ou algum tipo de recompensa futura. Muitas vezes não sabe receber tão bem como sabe dar.
O sacrifício era algo muito habitual na nossa cultura. A mulher sacrificava a possibilidade de se desenvolver enquanto pessoa pela harmonia do lar. Os homens sacrificariam a vida pelo seu país caso tal fosse necessário. Hoje em dia o sacrifício não é tão bem visto como já foi. Quando surge a ocasião em que seria natural alguma forma de sacrifício, muitos falhamos redondamente, por falta de modelos ou pura e simplesmente pela falta de hábito. Por outro lado ainda existem muitas pessoas, especialmente mulheres, que quando colocadas perante a opção entre o sacrifício e outra possível atitude, têm dificuldades em levar a sério a possibilidade de escolher a outra. Algumas vezes nem dão pela sua existência.

4 comentários:

maria disse...

a questão da recompensa futura está aqui mal colocada. Alguém está dependente disso para as opções que toma "hoje"?

acho que não! os motivos são outros. ponho mais a tónica na frase seguinte. tem mais a ver com a identidade dos tais mártires.

Anónimo disse...

MC,
parece-me bem claro que alguns se sacrificam sem esperar nada em troca e outros nem por isso. Esta afirmação não se refere em especial a questões religiosas. Acontece apenas que é impossível para um eurpeu falar de sacrificio ignorando o cristianismo.
O japonês falaria deste tema em termos bem diferentes.

Isto está muito morno, a seguir vem um post com uma foto do Lucky Luke...

sara monteiro disse...

fala então como um japonês...

Anónimo disse...

Mais valia ter estado calado...
Os japoneses não são muito de introspecções. Seria difícil que dissesse grande coisa. Como me disse uma japonesa uma vez, não lhe pagam para essas coisas. Para eles o sacrifício não tem a aura mística que nós não podemos deixar de lhe reconhecer. Basta ver a iamgem do post. Antigamente era banal um japonês sacrificar a vida em situações onde um homem europeu estaria disponível para correr altos riscos, mas onde tinha de haver a tal chance de se safar.
Agora as coisas estão a mudar muito depressa, como em todo o lado.