sábado, junho 16

Perguntas inevitáveis



Helder Sanches propõe um debate interessante no seu blogue. Aqui fica uma pequena contribuição.
É quase inevitavel que cada ser humano se pergunte o que é que acontece depois da morte, que princípios morais deve seguir, que sentido dar à sua vida, onde arranjar energia para ultrapassar as dificuldades da vida, como encontrar outros seres humanos com que partilhar as suas alegrias e desventuras. Uma religião é uma espécie de pronto a vestir onde se pode encontrar respostas para estas perguntas e rituais que nos ajudam a ultrapassar os momentos de fraqueza. Claro que há um preço a pagar por estas benesses.
Um ateu é alguém que compreende as desvantagens do pronto a vestir e prefere pensar pela sua cabeça. Acontece que proclamar-se ateu não é o final de um caminho, mas o princípio. A inevitabilidade da confrontação com as questões referidas acima (ou de as bloquear) leva muitos de nós a cair numa pseudo religião pouco depois de nos libertarmos da religião:
-Dedicamo-nos ao estudo dos ovnis.
-Seguimos um guru que advoga a meditação transcendental.
-Passamos a ser fanáticos do Benfica.
-Criamos um odio de estimação à nossa religião preferida.
-Entramos para a Maçonaria.
-Gastamos o nosso dinheiro em consultas à abelha Maya ou ao professor Karamba.

É muito dificil não cair no lume quando se salta da frigideira. Muitos dos que abandonam uma religião acabam por abraçar uma pseudo-religião. Procurar respostas genuinas às questões de que falei é um caminho arduo mas que vale a pena seguir. Não seria mais util que os blogs ateus gastassem um pouco menos de tempo a cascar na padraria e o usassem para discutir estas questões?
Não me dedico por aí além à propaganda anti religiosa porque se convencermos uma pessoa a abandonar uma religião tradicional o mais provavel é ela acabar por ser presa de algum culto ainda pior. Poucos são capazes de pensar pela sua cabeça e estão dispostos a fazer o esforço. As religiões existem desde sempre e não vão acabar este século.
Não posso deixar de mencionar o facto de haver algumas pessoas que, permanecendo dentro de uma religião organizada, tentam apesar de tudo pensar por si próprias. Seria mais esperto tentar dialogar com elas do que hostilizá-las.

22 comentários:

Anónimo disse...

Fico contente por ver que voltou aos post (gostei do "-Passamos a ser fanáticos do Benfica.", eheheh).

Quando ao post propriamente dito, cujo tema me agrada muito, acho que é muito difícil ser completamente ateu. De facto, sem seguir nenhuma religião, acho que o ser humano se sente muito frágil ao não ter bengala para questões do tipo "que sentido dar à sua vida, onde arranjar energia para ultrapassar as dificuldades da vida".

Há duas hipóteses: ou um tipo não pensa demasiado, ou então arranja uma própria teoria que o satisfaça, e que usualmente é baseada na religião que seguia, mas sem os aspectos que lhe desagradavam e que achava serem contradições (que, confesso, é o meu caso: é uma teoria ainda work-in-progress).

Enfim, há tanto que falar sobre estes assuntos, talvez fique para o próximo comentário (mas de facto, não vale a pena cascar nas religiões. Acho que são - na maioria dos casos - uma mais valia para muita gente).

Orlando disse...

Finalmente ficou esclarecido o misterio do milanês que vinha cá ler o blog todos os dias:)

Anónimo disse...

Eheheh... esperava o post certo para me apresentar :P Nada melhor que Religião e Aborto para abrir as hostilidades :)

Orlando disse...

Hugo,
eu considero-me-me completamente ateu. E nem um bocadinho agnóstico. Só que não acho que valha a pena pregar o meu credo.

Tenho uma veia missonária: gosto de provocar todas as almas, crentes e incredulas, procurando espalhar a Dúvida, aúnica Boa Nova que vale a pena anunciar.

Orlando disse...

Quando se está fora, os blogues sabem melhor. Pena que no meu tempo não existissem estas coisas.

Anónimo disse...

«De facto, sem seguir nenhuma religião, acho que o ser humano se sente muito frágil ao não ter bengala para questões do tipo "que sentido dar à sua vida, onde arranjar energia para ultrapassar as dificuldades da vida".»
Hugo

O sentido da vida é o amor. Não há outro objectivo a perseguir e não é precisa mais nenhuma razão. E tem a vantagem de dispensar a missa de Domingo. :-)

Jaime
www.blog.jaimegaspar.com

Orlando disse...

Se não acreditamos em objectivos predefinidos por algum Ser Superior, cabe-nos a nós próprios criar esses objectivos. Cada um escolhe os seus.
Muitos católicos dizem que "Deus é Amor" e tém exactamente esse pontos de vista.
O outro fazia prosa sem saber:)

Anónimo disse...

ON, concordo consigo quanto a quem não acreditar em objectivos prédefinidos procurar definir os seus próprios objectivos.

Quanto a "Deus é Amor", não parece ser o caso. Deus (a existir) é uma entidade sobrenatural, e o amor é um sentimento.

Jaime
www.blog.jaimegaspar.com

Anónimo disse...

Jaime: Onde se lê "O sentido da vida é o amor." devia ler-se "O meu sentido de vida é o amor" :)
O amor pode e deve ser um objectivo de vida, mas não acho que seja o único a que devamos aspirar. Seja como for, pelos vistos no teu caso o teu deus é o Amor.

Anónimo disse...

Muito interessante a idéia de dialogar com os crentes. Tendo a crer também que tal diálogo é produtivo. Eu sempre acabo por ter uma idéia nova e subversiva :)
Há um objetivo no "espalhar a dúvida"? Qual seria o objetivo, um mundo ateu? Fim da opressão?

Orlando disse...

Caro Sombrero,

Os ateus tem muitas vezes um comportamento semelhante aos piores crentes:
Não discutem limitam-se a concordar com qualquer coisa que seja dita contra alguma religião. Talvez por acharem que tem deveres de solidariedade ou por razões tribais.
Parce-me fundamental que os ateus concordem que podem discordar e comecem a dialogar.
Não acreditar em Deus é só o princípio de um caminho. Só por si, não vale grande coisa.

CA disse...

"Deus (a existir) é uma entidade sobrenatural, e o amor é um sentimento."

O amor em sentido cristão é mais do que um sentimento, é um acto de vontade.

Anónimo disse...

"é um acto de vontade."
Caro CA,
o que é que isso quer dizer?

CA disse...

Quer dizer que quando decidimos amar continuamos a fazê-lo mesmo que os sentimentos umas vezes andem mais altos e outras vezes não sintamos nada. O amor caracteriza-se então pelo que vamos decidindo fazer e não pelo que sentimos.

Anónimo disse...

Depois de a ciencia desvendar o que já desvendou, qual o sentido de necessidade de religioes... so se for para reconforto proprio. Mas isso é demitirmo-nos de sermos aquilo que natureza nos fez - o primeiro ser vivo com consciencia propria.
Ora, hoje cada vez mais, vemos que as pessoas se demitem de ter consciencia propria (dá muito trabalho e, é sempre mais facil seguir a carneirada).
Querem um objectivo... eu dou-vos o objectivo da sobrevivência! E, se essa sobrevivencia, poder ser conseguida com qualidade de vida, então sim, estamos a chegar a algum lado. Não falo desta sobrevivencia a que somos obrigados nos dias de hoje... falo daquela que nos pode permitir sobreviver como especie durante mais tempo (não eternamente).
O mais parecido que li com isto, neste espaço de comentario, foi aquela do objectivo do amor!
Que responsabilidade mostramos nós ao nos explorarmos, matarmos, maltratarmos uns aos outros e aos restantes companheiros de viagem - todos os serres vivos.
O caminho de trilhamos é desastroso e está mais de diagnosticado e estudado - é o da auto-destruição. As almas mais tolhidas já estarão a pensar " ora aqui está mais um pessimista"... mas para estes não tenho nada a dizer, digo-lhes aquilo que eles me dizem quando confrontados com o mesmo paradigma - " tu é que ainda não viste a luz"...
Tema, de facto, muito interessante, se bem que iniciado em terras muito estéreis! e num tempo em que a reflexão sofre grandes revezes...

Anónimo disse...

"Depois de a ciencia desvendar o que já desvendou, qual o sentido de necessidade de religioes..."

Aproveito esta frase para dizer que nunca percebi porque razão religião e ciência têm de estar separadas. Não há contradição nenhuma em ser crente nas duas coisas, em minha opinião.

Orlando disse...

No essencial, estamos de acordo.
Um dia destes faço um post sobre isso.

maria disse...

o que eu acho graça é ao que "a ciência já desvendou"...mas que bem! como se a ciência respondesse a todas as questões/necessidades do homem.

Tão desvendada que eu ando feita num oito para aceitar uma não/resposta da ciência. Coisa para a qual eu não estava minimamente preparada. Também achava ingenuamente que a ciência já tinha uma resposta para mim. Vou ter que usar a minha fé para enfrentar a ciência.

E estou como o Hugo, não sei porque se há-de opôr fé à ciência e vice-versa.

Orlando disse...

MC, como diz o Hugo, no essencial nãohá intersecção entre a ciência e a religião. Espero fazerum post sobre isso quando tiver oportunidade.

maria disse...

intersecção...essa coisa da geometria (?) não dá muito comigo...mas porque não pode haver?

Orlando disse...

Tratam de assuntos distintos.
A ciência não tem nada a dizer sobre o bem e o mal, por exemplo.
Quando a religião (ou a filosofia) se pronunciam sobre um assunto que cai no ambito da ciência, metem a pata na poça.
A ciência pode no entanto estudar o fenómeno religioso. Aí é que as coisas aquecem...

Anónimo disse...

A palavra de deus ela é tao poderosa que ela fala por si só eu poderia responder todas as suas perguntas mas a biblia ela ja responde por si propria pq as palavras que estão contidas nelas são a palavra de deus,
Aí voces podem falar que foram escritas por um homem sim mas estes homens estavam cheios do espirito santo de deus
pois se isto não fosse verdade o que a biblia diz a respeito dos ultimos tempos que jesus disse q teria muitas mortes pai matando filho, guerras, miseria e mtos se esfriariam na fe e isso foi dito por jesus faz mais de 2000 anos isto esta acontecendo hoje.

Segue um trecho da biblia:

(I Corintios 1:18) - Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus.
(I Corintios 1:19) - Porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, E aniquilarei a inteligência dos inteligentes.
(I Corintios 1:20) - Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo?
(I Corintios 1:21) - Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação.
(I Corintios 1:22) - Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria;
(I Corintios 1:23) - Mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos.
(I Corintios 1:24) - Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus.
(I Corintios 1:25) - Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens.
(I Corintios 1:26) - Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados.
(I Corintios 1:27) - Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes;
(I Corintios 1:28) - E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são;
(I Corintios 1:29) - Para que nenhuma carne se glorie perante ele.
(I Corintios 1:30) - Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção;
(I Corintios 1:31) - Para que, como está escrito: Aquele que se gloria glorie-se no Senhor.