segunda-feira, junho 11

Aceitámos o Egoísmo

Fazer um aborto é o acto egoista por excelência. Negar o direito ao aborto é uma das formas mais visiveis de querer obrigar os outros a serem bons. Nunca veio nenhum bem ao mundo de tentar tal coisa. O último referendo mostra que demos mais um passo no sentido de não nos metermos todos os dias na vida dos outros.

21 comentários:

maria disse...

És um peso-pesado da argumentação. Mas não te vou dar razão.

Não se pode obrigar ninguém a ter actos altruistas e não egoístas. Nem condenar ninguém por isso. Isso seria a mais horrível das ditaduras. Mas...o que é um acto egoísta, é sempre um acto egoísta e todos têm de saber viver com isso.

Volto a dizer: uma sociedade fundada em pressupostos egoístas, pode trazer desenvolvimento, será vantajosa para algumas pessoas, mas anula completamente outras.

Dou-te um exemplo: O nosso bem amado desenvolvimento no hemisfério Norte, além de ser também à custa de diversos modos de muitos dos habitantes do hemisfério Sul, ainda os penaliza muito directamente através do aquecimento global. Pagam a conta de uma factura da qual não usufruem minimamente.

Louvo o bem amado desenvolvimento mas não me posso esquecer das suas vítimas.

Anónimo disse...

Quanto ao aborto ser um acto egoísta, por essa ordem de ideias quando o ON vai ao café e compra comida para si, está a cometer um "acto egoísta" porque está a negar ao cliente seguinte o "direito" a comer essa comida.
Se definirmos como egoísta todo o nosso acto nosso que de alguma forma limita a actuação de outrem, então (quase) todos os actos são egoístas.

Quanto à parte de não impor aos outros aquilo que acreditamos ser o moralmente correcto, não podia estar mais de acordo consigo.

Jaime
www.blog.jaimegaspar.com

Orlando disse...

também me parece que muitos dos nossos actos são egoistas.

Anónimo disse...

Eu percebo o que quer dizer, ON, mas não será que estamos a usar uma definição de egoísmo demasiado abrangente? Há actos de privar outras pessoas de algo que não costumam ser chamados egoístas. Por exemplo, não dizemos que o FC Porto foi egoísta porque privou o Benfica e o Sporting do título.

Jaime
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Sofia disse...

Parece-me que estamos a ir por um caminho perigoso, ao chamarmos egoísmo ao simples facto de termos alguma coisa.
Egoísmo, na sua forma mais vulgar, não é ter. É recusar a partilha quamdo essa possibilidade existe.
O FCP tem o título porque (de alguma forma)fez por isso. Egoísmo seria haver dois títulos para partilhar e o FCP ficar com os dois em vez de deixar o Sporting ter um tsmbém.
Na questão do aborto, é mais simples ainda. Não é um acto egoísta. É homicidio, mas em legitima defesa (para ser meiguinha).

Anónimo disse...

Sofia, às vezes quando coças a cabeça matas mais células do que quando fazes um aborto. Costumas chamar homicídio a coçar a cabeça? :-)

Jaime
www.blog.jaimegaspar.com

Sofia disse...

Considero essa comparação ligeiramente descabida, Jaime.
E só por isso, vou responder. :)
Não, não considero que coçar a cabeça seja homicidio.
Já quando uma cureta o faz nas paredes do útero...

Anónimo disse...

A ver se espicaço aqui a discussão: :P

http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1296878
"Ecografia não será mostrada à mulher que vai fazer aborto "

Afinal se são só umas células, qual é o risco de trauma para a mulher que aborta? Têm medo que esta se arrependa?

Orlando disse...

Obviamente que existe umrisco de trauma. Abortaré um acto muito sério que nenhuma mulher faz de animo leve.
É provavel que lhe fiquem dúvidas e remorsos para o resto da vida caso faça o aborto.
Mas é a ELA que cabe decidir!

Anónimo disse...

Foi uma provocação ao jaime :) Não percebi que raio de argumento foi aquele de coçar a cabeça. E como acho que a sofia não lhe respondeu convenientemente... (mas já agora, acho que deve ser a mulher/casal a decidir, mas com todos os dados ao seu dispor. Leia-se: se é para fazer um aborto, que tenha bem a noção do que faz! Não algo do tipo, olhe quer mesmo fazer um aborto? Então vá lá para casa mais 3 dias pensar e volte cá. Foi este o debate que acho que faltou durante a campanha, não quando começa ou não a vida.)

Agora que começo a comentar não paro...

Anónimo disse...

E vivam os sábados em que se acordou tarde e não apetece fazer nada...

Anónimo disse...

«Afinal se são só umas células, qual é o risco de trauma [resultante de mostrar a ecografia] para a mulher que aborta?»

Tanto quanto eu sei, nenhum. Nunca antes tinha ouvido falar de "ecografias traumatizantes". Parece que há uma comissão que diz disso, mas dizer não o torna verdade.

Jaime
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Orlando disse...

Não é preciso nehuma ecografia para uma mulher ficar traumatizada.Só a ideia de fazer um aborto já é trauma suficiente. Lá por defendermos o direito ao aborto, não temos de achar que fazer um aborto é uma ida ao dentista.

Anónimo disse...

ON, o que está em discussão na notícia citada pelo Hugo é só se a ecografia traumatiza, não se o aborto traumatiza.

Jaime
www.blog.jaimegaspar.com

Anónimo disse...

Vá lá Jaime, não era preciso vir nenhuma comissão para se perceber que ver um ser a mover-se e seguidamente matá... erh... destruir as cél... erhhh... whatever, é traumatizante para a maioria. bem sei que a imagem é a preto e branco e não tem grande resolução, mas...

ON, pela frase "Só a ideia de fazer um aborto já é trauma suficiente." deduzo que concorda que esta seja mostrada, ou não?

Orlando disse...

Até que ponto é que a "humanidade" que se revela na ecografia está lá presente ou é projectada por nós?
O nosso cérebro projecta continuamente significados.

Acho que a mulher tem direito a abortar sem ser submetida a qualquer tipo de pressões para não o fazer. A situação já é demasiado angustiante, as hormonas abundam...

Não acho que ela tenha qualquer obrigação de assistir a uma ecografia.

Anónimo disse...

Há uns tempos vi um filme em que um médico de reprodução assistida, pouco escrupuloso, fazias as suas pacientes acreditarem que estavam grávidas por meio de uma ecografia que mostrava, vá lá, certas "massas intestinais". :-)

Hugo, mais a sério, não digo que algumas mulheres não fiquem desconfortáveis ao verem o que vão matar. Podem ficar com dúvidas e até voltarem atrás com a decisão. (Acho exagerado chamar a isso trauma.) Mas continuam a ter o direito de decidir, seja em que sentido for. É só isso que está em causa: a liberdade de escolha.

Jaime
www.blog.jaimegaspar.com

Anónimo disse...

Trauma é algo que fica depois de ser tomada a decisão.

Anónimo disse...

O que fica depois de ter tomada a decisão é uma conta médica para pagar. :-)

Jaime
www.blog.jaimegaspar.com

Anónimo disse...

Là por defendermos algo, não temos de achar que esse algo é perfeito.
Deixemos as avós acharem sempre os netinhos os meninos mais bonitinhos do mundo. Não temos de as copiar.

Sofia disse...

Eu nunca respondo convenientemente a ninguém, Hugo.
Respondo o que penso, e foi apenas isso que fiz.