domingo, fevereiro 3

Tribal Wars

Os meus sobrinhos andam loucos com este jogo. Convém saber o que eles andam a fazer. Aqui fica o relatório. É um típico jogo de estratégia. Temos de construir uma cidade, resolver problemas logísticos, criar um exército, conquistar um império. Tem a novidade de funcionar online, ser interactivo e ser gratuito. Quem quiser algumas comodidades suplementares e umas pequenas vantagens, pode ter acesso à versão premium por cerca de vinte euros/ano. O jogo funciona na filosofia tamagochi: temos de executar tarefas a intervalos regulares. O jogo pode durar anos, exigindo dois ou três minutos, meia dúzia de vezes por dia.
Este tipo de jogo atrai miúdos com capacidades intelectuais acima da média, desfiando-os a resolver problemas relativamente complexos e a tomar decisões. Aprendem aqui coisas úteis que ninguém lhes ensina na escola. Neste jogo aprendem algo mais. Aprendem que a sua capacidade intelectual só por si não chega para ganhar. Têm de desenvolver uma política de alianças com os vizinhos que lhes garanta mais hipoteses de sobrevivência. Podem assim investir menos na criação de exercitos, crescendo mais depressa. Bem gostaria eu de ter aprendido esta lição aos doze anos.
Cada nova geração sabe coisas novas melhor e mais cedo do que a anterior. Por outro lado deixa cair capacidades e conhecimentos a que as gerações anteriores dão grande valor. Platão salientava a influência nefasta da escrita, que desvalorizou a capacidade de saber longos textos de memória. Convém fazer um esforço para não olhar só para o que eles perdem, tendando vislumbrar o outro lado da moeda. Não desdenhemos completamente as telenovelas, que dão aos miúdos a possiblidade de já saberem de antemão todas as voltas e reviravoltas que os esperam nos labirintos do amor. Que preço estariam os adolescentes da minha geração dispostos a pagar pelo acesso a essa informação?

tribalwars.net tribalwars.com.br

Sem comentários: