Todos nós assistimos ao aparecimento dos telemóveis. Agora a nossa vida é muito mais cómoda. Por outro lado tornou-se mais difícil estarmos sós. Ter uma tarde para executar uma tarefa mais profunda, sem interrupções. Estamos mais longe de nós próprios.
O miúdos não entendem muito bem do que estamos a falar. Não conheceram uma sociedade sem telemóveis. Era bom haver uma maneira de lhes explicar estas mudanças. Os ganhos e as perdas. Não ter telemóvel não é grande solução. Ter consciência das mudanças que estes instrumentos provocam nas nossas vidas e tentar minimizar os seus inconvenientes, talvez valha a pena. Só tive televisão em casa a partir dos sete anos. Tenho uma vaga ideia dos tempos antes da caixa que mudou o mundo. A vida era por vezes mais enfadonha mas havia mais tempo para ler um livro, falar com os outros, estar a sós com a nossa pessoa. A telefonia não se apoderava de nós com tanta facilidade. Acontece ir a casa de alguém e a televisão estar sempre ligada, mesmo sem ninguém a estar a ver. Serve para evitar o silêncio e espantar algum pensamento ligeiramente perturbador.
A nossa sociedade muda continuamente fruto de mudanças tecnológicas e sociológicas. A um ritmo cada vez mais vertiginoso. A nossa vida é agora mais cómoda e segura, pelo menos enquanto não acabarmos de destruir o planeta.
A historia da donzela sem braços foi criada por alguém que presenciou o primeiro moleiro a ter um moinho de vento e as mudanças que esse moinho provocou na sua vida e na vida dos que o rodeavam. Exprimiu-se da única forma ao seu alcance, uma forma simbólica. Podemos aprender alguma coisa com ela. O senhores Fernando Ulrich e António Borges passaram a maior parte da vida a olhar o mundo como um objecto que tinham de manipular. Acabaram por deixar a parte mais terna do seu ego perder as mãos. A parte que dá valor às coisas, a todas as pequenas e grandes coisas. O autor da historia viu acontecer algo de semelhante ao moleiro. A outra escala. Estes senhores não são capazes de saborear aquilo que ganharam bem ou mal.
Só conseguem sentir-se bem a ganhar mais dinheiro ou a tirar o dinheiro aos outros. Quando conseguem que os outros se sintam miseráveis, conseguem sentir-se um pouco menos miseráveis eles próprios. Pelo menos melhor durante algum tempo.
A historia da donzela sem braços foi criada por alguém que presenciou o primeiro moleiro a ter um moinho de vento e as mudanças que esse moinho provocou na sua vida e na vida dos que o rodeavam. Exprimiu-se da única forma ao seu alcance, uma forma simbólica. Podemos aprender alguma coisa com ela. O senhores Fernando Ulrich e António Borges passaram a maior parte da vida a olhar o mundo como um objecto que tinham de manipular. Acabaram por deixar a parte mais terna do seu ego perder as mãos. A parte que dá valor às coisas, a todas as pequenas e grandes coisas. O autor da historia viu acontecer algo de semelhante ao moleiro. A outra escala. Estes senhores não são capazes de saborear aquilo que ganharam bem ou mal.
Só conseguem sentir-se bem a ganhar mais dinheiro ou a tirar o dinheiro aos outros. Quando conseguem que os outros se sintam miseráveis, conseguem sentir-se um pouco menos miseráveis eles próprios. Pelo menos melhor durante algum tempo.
A Donzela que perdeu as mãos pode ser interpretada de várias formas: fala sobre as mudanças que ocorreram numa sociedade, sobre as mudanças que ocorreram numa mulher, sobre as mudanças que ocorreram na parte feminina de um homem. Podemos aprender algo com ela se a relacionarmos de alguma forma com a nossa vida.
3 comentários:
Era preciso estarmos dispostos a isso. Não conheço muitas pessoas que estejam.
Por muito ilusória e passageira que seja a sensação de estarmos acima dos outros, é, de longe, muito menos dolorosa do que a de nos reduzirmos ao nosso real tamanho.
O nosso real tamanho talvez seja muito maior do que julgamos. Quase infinito. Reflectir sobre esta historia outra vez, quando estive a escrever os posts, foi um experiência bastante enriquecedora.
Eu reformulo: do nosso real tamanho em relação ao outro, não em termos universais. Neste último caso somos mesmo de tamanho infinito. Cada elemento que constitui o Universo contém o Universo em si.
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