domingo, maio 23

Happiness is overrated...

A crise económica e social em que estamos mergulhados ataca as fragilidades da nossa atitude perante a vida. Afinal, de que andamos à procura? Da felicidade? A maioria responderá que sim, claro. A maioria dos cristãos... a maioria dos comunistas...
Até o Bertrand Russel não resistiu a escrever um livro sobre A Conquista da Felicidade. A maioria está sempre errada.

19 comentários:

Sofia disse...

Deviamos andar à procura de quê, então?
De nós?
Isso é bom é para desocupados...

Diogo disse...

Haveria que definir primeiro o que é a felicidade...

Orlando disse...

Diogo, é claro que há várias definições possíveis de felicidade.
Estou a por em causa todas...

Orlando disse...

Sofia,
é claro que cada um anda à procura do que quiser...

... e tu, andas à procura de que felicidade?

Anónimo disse...

Os comunistas andam à procura talvez "da justiça"

Os cristão talvez "do bem".

Seja lá o que isso fôr.

Ou se me convenceres que eles andam à procura da felicidade, falta saber da felicidade de quem, e à custa da felicidade de quem outro.

Poderei dizer também da "justiça para quem" ou do "bem para quem". A resposta é, em ambos os casos: para eles, à custa dos que não são eles.

Eu ando à procura da minha felicidade, de preferência à custa de ninguém, mas se tiver que ser também não me faço rogado. Não sei bem o que é isso de objectivos mais altos que a minha felicidade. Sempre que examinei com mais cuidado cada um desses objectivos mais altos descubro debaixo deles um crápula qualquer a tentar convencer-me que o meu objectivo maior devia ser a felicidade *dele* (devidamente encapuçada por um nome altivo como "o bem", "Deus", "a justiça", etc - os comunistas são tão bons nesse jogo sujo).

O principio importante do liberalismo (no sentido antigo da palavra) é a ideia de que o estado deve gerir um jogo em que a cada um deve ser permitida a procura, sem interferências demasiado grandes da parte dos outros, da sua própria felicidade, definida como quer que ele a defina. Sem um Estado a definir o que é que deves almejar. É uma ideia com fragilidades, mas parece-me mais louvável que a maioria dos outros -ismos que conheço, talvez por ser mais modesto...

Para alguns a felicidade passará por uma medalha Fields, para outros será um Oscar da academia, para outros ainda umas décadas razoáveis com mulheres quentes e cervejolas frias. Cabe a cada um decidir (eu cada vez me lixo mais para as medalhas, estatuetas e cervejas :)).

Diogo: Quanto a definir felicidade... todas as teorias começam com conceitos indefinidos. No tempo do Euclides é que se pensava que não. A sensação de felicidade, pelo menos, (que não é bem a mesma coisa que "a felicidade" mas estará lá perto ) não tem que ser definida, é uma experiência directa que os humanos sentem e reconhecem, a não ser que tenham um dano cerebral qualquer ou que tenham tanto azar que nunca na vida ela foi elicitada pelas circunstâncias. Agora, maximizar "a felicidade" será maximizar a felicidade máxima sacrificando o tempo total de felicidade, ou vice versa? Acho que também isso dependerá do individuo, de novo se tantares definir demais estarás meramente a exigir que a definição corresponda à *tua* felicidade.

A função preferência é pessoal.

omwo

Anónimo disse...

OMWO,
uma das razões que me levou a escrever estas linhas foi precisamente o facto de tanto católicos como membros do PC me terem declarado que aquilo que andam a trás é da felicidade.
É claro que os católicos depois referem que se não se chegar lá nesta vida, ainda temos a próxima.
O que ajuda a lidar com alguns problemas que essa busca da felicidade nos põe.

Curiosamente os membros do PC diziam o mesmo. Está claro que subsituiam a outra vida pela outra sociedade.

Concordo que não há grande necessidade de definir felicidade.
Por outro lado não aceito a definir felicidade como sendo aquilo de que andamos à procura...
Talvez valha a pena opinar sobre a relação entre ser feliz e atingir o prazer.

Tenho mais umas coisas para dizer sobre o assunto mas vão aparecer quando me surgirem naturalmente.

Sofia disse...

ON, não ando à procura da felicidade. Já a encontrei.
Aliás, já ME encontrei.

Orlando disse...

E quantas vezes já a encontraste, Sofia?

Orlando disse...

Tenho um amigo que este ano já deixou de fumar seis vezes:)

Sofia disse...

Essa é a magia da coisa, ON!
Seria uma monotonia pegada se assim não fosse.
Ser feliz é como ser escuteiro, ou como andar de bicicleta.
Ou ambos em simultâneo.

maria disse...

Penso que existe diferença entre dizer-se que se anda à procura da felicidade ou dizer-se que se quer ser feliz.

Procurar a felicidade (não entrando em definições sobre a mesma) coloca- a como algo fora de nós. O ser feliz é uma dinâmica de vida.

Nem vou comentar a questão do ser católico e da felicidade para além túmulo que isso agora não é para aqui chamado. Até porque a questão não é como a puseste, ON.

Ser feliz e prazer. O prazer é uma emoção básica. Ninguém vive sem prazer. A menos que seja doente. O ser feliz já pertence a outro nível. (Não, não estou a optar pela teoria de Maslow). Eu (que não quero definir a felicidade) diria que se é feliz quando se alcança uma unidade interior. Para ela contribuem factores externos e internos da pessoa.

maria disse...

PS - a foto da minha esteva é uma foto feliz, não é? :)

Anónimo disse...

MC,
a foto não é feliz nem deixa de ser. A tua relação com a foto é que tem a ver com felicidade...

on

Orlando disse...

"Penso que existe diferença entre dizer-se que se anda à procura da felicidade ou dizer-se que se quer ser feliz."

MC,

OK, é diferente constatar que um momento de felicidade é uma das coisas mais agradáveis da vida e ter como projecto de vida a busca da felicidade.

Mas se não é esse o nosso projecto de vida, então qual é?
E o que é que ele tem a ver com felicidade?

Orlando disse...

A religião não tem a ver com a existencia das luas de Jupiter ou a idade do Universo. Tem a ver com coisas subjectivas, como por exemplo ... a felicidade.
Não encontras nenhuma relação entre a felicidade e a tua condição de católica?

Ainda não discutimos algumas consequências de andar à procura da felicidade, é só aí que alguns resolvem os problemas apelando à vida eterna.

Porque é que a felicidade além do tumulo não é para aqui chamada?

A Vida Eterna não tem tudo a ver com a felicidade?
A Vida Eterna é uma historia da carochinha?

maria disse...

Obrigada por clarificares que é a relação que tenho com a foto que a torna feliz. É mesmo - nela conjugam-se elementos que a tornam para mim uma foto feliz. O que para os outros é apenas uma foto, para mim é história, emoção, pessoas, locais, acontecimentos.

Postei um magnífico poema que refere algumas questões aqui abordadas.

Pareceu-me que no teu post estava ímplicito que os católicos vêem a vida eterna como um prémio de consolação para os paradoxos e contingências desta vida. Isso é um esteriótipo.

Há algum projecto de vida "tipo"? Não me parece.

Acho limitado andar à procura da felicidade, do amor...etc. Como se fossem o "tesouro escondido".

Usando o exemplo da foto é a nossa relação "com" que torna a nossa vida um projecto feliz ou não.

Orlando disse...

"Pareceu-me que no teu post estava ímplicito que os católicos vêem a vida eterna como um prémio de consolação para os paradoxos e contingências desta vida. Isso é um esteriótipo."

É normal que interpretes o meu comentário assim, mas não é isso que eu penso.

Como já disse atrás, acho que a vida eterna pode ser usada para lidar com alguns problemas teóricos ligados a fundamentar na nossa vista na busca da felicidade.

Orlando disse...

MC,
não respondeste às minhas perguntas:)...

maria disse...

Não respondi, pois não. Então sem espinhas aqui vai.

A relação que encontro entre o ser católica e a felicidade é uma só-amar. É essa a essência da mensagem cristã.

E a ressurreição faz parte da mesma essência. Logo, espero, creio na ressurreição dos mortos.

Resumindo: não me guio por projectos de vida que me conduzam à felicidade, mas procuro ser feliz, amando. (Porque vou descobrindo que sou amada). E no amor não existem só momentos bons, felizes, também fazem parte a dor e o sofrimento. Porque somos mortais.

Espero não te ter baralhado, nem me ter baralhado a mim.