quarta-feira, novembro 4

Claude Levy-Strauss 1908-2009

Tristes Trópicos, a autobiografia de Claude Levy Strauss, é uma das maiores obras primas da Literatura do século XX. As suas descrições das suas viagens pelo Novo Mundo são inesqueciveis. Metade do livro é dedicado ao Brasil. Começa em Salvador da Bahia, e vai-se internando pela selva até chegar aos pontos mais inesplorados da selva amazónica. Fala-nos sobretudo das pessoas e mostra-nos que elas não são diferentes de nós. Não devido aos imperativos do politicamente correcto, mas por razões bem claras.
Os "primitivos" não são estúpidos. A haver estúpidos, somos nós.
Um habitante do Amazonas conhece a fauna e a flora da região tão bem como qualquer equipa de biologos composta por um botanico, um entomologista e um zoologo que tenham queimado as pestanas a fazer o seu PhD e depois tenham passado uns anos a complementar os seus conhecimentos in loco. Quando se desloca a uma região nova por qualquer razão, o primitivo recolhe exemplares da flora da região que não conhece e leva-as para tentar perceber para que servem, realizando todo o tipo de experiencias. Se possivel, conferencia com os habitantes da região, procurando obter informações sobre as plantas que descobriu e sobre outras que lhe tenham escapado.
A nossa sobrevivencia está assegurada e nós não precisamos de puxar pela cabeça para sobreviver. O cérebro dos animais domésticos é mais pequeno do que o dos seus equivalentes selvagens pela mesma razão: falta de uso.

6 comentários:

Hugo disse...

Já aprendi mais qualquer coisa, já que nunca tinha ouvido falar neste senhor. Só uma questão:

"O cérebro dos animais domésticos é mais pequeno do que o dos seus equivalentes selvagens pela mesma razão: falta de uso."

Isto é mesmo uma razão válida? Isto quase me parece a lei do uso e do desuso de Lamark...
Nós domesticamos animais assim há tanto tempo para causar essas mudanças adaptativas?

Anónimo disse...

Primeiro: é um facto!
Depois veremos como é que as teorias lidarão com ele.

Possível explicação: o cérebro é até certo ponto semelhante a um músculo. A zona do cerebro dedicada ao controlo da mão num pianista é maior do que o que mesma zona do cérebro de um futebolista.

O Garfield não utiliza por aí além nem o cérebro nem os músculos. Sobra-lhe material para aconchegar a barriguinha.

on

Anónimo disse...

PS:

Este senhor é um dos herois da minha juventude, juntamente com o senhor que inventou as jeans. O post ainda vai crescer mais um pouco, quando eu tiver tempo.

Anónimo disse...

Não me expliquei lá muito bem:
provavelmente o potencial genético está lá, mas o cérebro do animal doméstico não se desenvolve por falat de estimulação suficiente do meio ambiente.

Hugo Tavares disse...

sim, percebi a explicação logo na primeira resposta. assim concordo :)

Anónimo disse...

Hugo, estou sem tempo, mas rapidamente, nao é Lamark, é mesmo Darwin. um cerebro grande usa uma data de recursos. Grande parte do que comes é gasto por ele. Se metes os bichos num ambiente em que o cerebro grande nao da vantagens ( por exemplo um bicho com um grande modulo visual que é util no seu habitat natural e' fechado numa gaiola e a sua descendencia é criada aí) entao os bichos que nascem com menos capacidades cerebrais nao terao desvantagens devidas a isso, mas a energia que poupam pode ser usada por exemplo para serem mais férteis ou para terem, digamos, penas mais vistosas, o que poderá por exemplo levar a que atraiam mais parceiros ou mesmo que os donos os utilizem mais para procriar com outros especimens selccionados. Dessa forma os genotipos com cerebros maiores ficam em desvantagem reprodutiva. Assim, e ao fim de umas gerações, terás bichos mais bonitos e mais estupidos. Hey, ocorre-me que é o que se passa com os humanos! :D

>Nós domesticamos animais assim há tanto >tempo para causar essas mudanças >adaptativas?

De onde achas que vieram as raças de caes perfeitamente ridiculas que por aí andam?! Nao sei bem, mas pelo menos ha uns 10 mil anos que pegámos nuns lobos e começámos a brincar. Porque é que determinadas raças de caes sao tao afectuosas com as crianças? Provavelmente porque cortámos o pescoço dos que mordiam os pirralhos e procriámos à doida os que os lambiam. A evolução anda muito mais rápido quando damos uma ajuda à selecção natural.

>provavelmente o potencial genético está >lá, mas o cérebro do animal doméstico >não se desenvolve por falat de >estimulação suficiente do meio >ambiente.

Isso é outro tipo de situação, que tambem ocorre. O fenotipo resulta do genotipo e das pressoes ambientais. Mas a afirmação inicial, mais forte, é correcta: Se nao o usas, perde-lo. Não é por estimulares um salsicha numa escolinha especial para caezinhos especiais que o vais transformar num lobo cinzento, por mais que o afirmem os apostolos do politicamente correcto :). O genotipo é diferente, ponto final. A selecção que fizemos alterou irremediavelmente o genotipo. Para o repores, se possivel for, terás de fazer uma pressao inversa ao longo de muitas gerações.

Curiosamente, va-se la saber porque, os lobos detestam os caes domesticos - mesmo os mais nobres caes pastores. Ha sitios onde se pagam aos pastores mais indemnizacoes por perdas de caes do que de ovelhas devido a ataques de lobos. Bom, corrijo, ou nao gostam deles, ou gostam muito...da sua carninha tenra de caezinhos finos :)

Os gatos, pelo contrario, julga-se que têm um genotipo praticamente inalterado desde que os domestic...desde que nos domesticaram. :) Não foi preciso alterar o genotipo...eles ja estao satisfeitos com o que nós somos :)

omwo