Assisti na segunda-feira a uns minutos do Prós e Contras sobre o caso Freeport. Dum lado estavam um ex-secretário de estado envolvido no processo e várias pessoas com posições próximas dele. Do outro lado pessoas que estavam longe de se lhes opor. Para variar, a apresentadora estava equidistante dos dois lados. Havia alguém do contra? Bem, apareceu alguém da audiência, com direito a uma breve intervenção.
Muito se fala sobre a importância da presunção da inocência, de respeitar o segredo de justiça, de evitar julgamentos na praça pública. Vale a pena reflectir um pouco sobre este tema.
É muito difícil combater a corrupção. Há no entanto uma série de medida bem longe de serem originais, que complicariam a vida a alguma gente. Que tal todos os cidadãos terem de actualizar ano após ano a lista dos seus bens e explicar os aumentos de património em função dos proventos declarados?
Será assim tão drástico considerar que qualquer deputado honesto tem a obrigação de propor uma lei destas na assembleia da república? Esperar que qualquer partido político decente deveria ter uma proposta destas no seu programa? Seria assim tão maledicente dizer que quem não o fizer é suspeito até prova em contrário?
Num país tão pequeno, onde as instituições vivem sobre a pressão asfixiante das pessoas importantes, não será dever patriótico de qualquer membro da polícia judiciária ou do ministério público deitar cá para fora todas as informações que possam contrabalançar essas pressões e dar aos processos uma chance de chegarem ao seu termo?
Será nosso dever de bons cidadãos esperar pelas decisões dos tribunais antes de formarmos uma opinião sobre a inocência ou culpabilidade de alguém, quando os tribunais funcionam à velocidade do caracol e um bom advogado pode atrasar as decisões quase indefinidamente? Será nosso dever não termos uma opinião sobre a decisão de um colectivo de juízes, esquecendo todos os detalhes do processo que nos deram voltas ao estômago?
Muito se fala sobre a importância da presunção da inocência, de respeitar o segredo de justiça, de evitar julgamentos na praça pública. Vale a pena reflectir um pouco sobre este tema.
É muito difícil combater a corrupção. Há no entanto uma série de medida bem longe de serem originais, que complicariam a vida a alguma gente. Que tal todos os cidadãos terem de actualizar ano após ano a lista dos seus bens e explicar os aumentos de património em função dos proventos declarados?
Será assim tão drástico considerar que qualquer deputado honesto tem a obrigação de propor uma lei destas na assembleia da república? Esperar que qualquer partido político decente deveria ter uma proposta destas no seu programa? Seria assim tão maledicente dizer que quem não o fizer é suspeito até prova em contrário?
Num país tão pequeno, onde as instituições vivem sobre a pressão asfixiante das pessoas importantes, não será dever patriótico de qualquer membro da polícia judiciária ou do ministério público deitar cá para fora todas as informações que possam contrabalançar essas pressões e dar aos processos uma chance de chegarem ao seu termo?
Será nosso dever de bons cidadãos esperar pelas decisões dos tribunais antes de formarmos uma opinião sobre a inocência ou culpabilidade de alguém, quando os tribunais funcionam à velocidade do caracol e um bom advogado pode atrasar as decisões quase indefinidamente? Será nosso dever não termos uma opinião sobre a decisão de um colectivo de juízes, esquecendo todos os detalhes do processo que nos deram voltas ao estômago?
13 comentários:
Concordo plenamente com o que foi exposto ...
1º. O mal deste país começa pelo poder politico e suas influências poderosas junto do poder judicial ... provocando uma dicotomia ... com portugueses de 1ª e portugueses de 2ª e por aí adiante ... contrariando a constituição... arrastando processos anos e anos ... muitos acabam por prescrever ... e o silêncio é arma poderosa ...
O caricato é que só 25 pessoas estão presas por corrupção é no minimo escandaloso ...
2º. Graças ao politicosde maior assento parlamentar ... fizeram leis ... alteraram leis e surge o novo código penal ... com tantas lacunas e erros ... nós como cidadãos qu dignificam e trabalham em prol de uma sociedade justa e equilibrada ficamos indefesos ...
3º Termos uma comunicação Social demasiado sensacionalista ... em torno das notícias que deviam ser dadas e tratadas com sobriedade ... acho importante a divulgação ... a comunicação social tem esse papel ... mas muitas vezes as audiências é que contam para as estatisticas e não o principal ... que é a informação com rigor e realizar um Serviço Público ... acontecendo o reverso muits vezes ...
Este assunto tem "pano para muitas mangas" e faria aqui um testamento ... mas fico-me por aqui com uma frase " Error Iuris"... num Estado de Direito... "Sine iure"
Quem lhes dá o poder, somos nós. E toda a gente sabe que o poder corrompe.
Votem em mim, nas próximas eleições!
(Quem não acredita em Deus, não devia acreditar na política. Não faz sentido não acreditar numa coisa e acreditar na outra.)
E além de votar em ti, que mais poderíamos nós fazer?
Podiam convencer a minha obstetra a não esperar pelo fim do próximo mês...
Além disso, não estou a ver mais nada, assim de repente... Talvez começar a ter fé. Pode ser que, um dia, os políticos se aniquilem mutuamente e sobrem apenas pessoas.
As pessoas são políticas. E se assumirem esse papel em vez de o ignorarem toda a sociedade andará melhor.
Nota-se, CA... :)
Aliás, o que há mais no mundo celular, na Natureza em harmonia e na poeira das estrelas é, precisamente, política...
Não divaguemos. :)
O que adoro ver no "Corredor do poder" - além do Nuno Melo, que é tão giro e das orelhinhas da Ana Drago a espreitar - é a forma como os argumentos dançam entre eles e o humor que, menos vezes do que todos concerteza gostariamos/precisamos de ver, vai colorindo as trocas que ali se dão.
A política é um acessório que pode e deve ser muito interessante, estimulante, útil, etc. Mas não passa disso mesmo: um acessório.
Sofia
Os acessórios são opcionais. Em que sociedade é que não se faz política?
Nenhuma, CA. :)
Mas acessório significa apenas "anexo", ou "secundário". Não obrigatoriamente "opcional".
O meu problema, é que tenho sempre imensa dificuldade em aceitar como absolutamente necessário, tudo aquilo que não contribuiu de forma decisiva para a nossa existência enquanto simples seres-vivos.
No tempo das cavernas, não havia nada disto. E sobrevivemos na mesma. Temos mesmo de complicar tudo?
"No tempo das cavernas, não havia nada disto. E sobrevivemos na mesma. Temos mesmo de complicar tudo?"
Parece-me que no tempo das cavernas sempre houve quem dominasse e quem se submetesse. Como é natural entre os animais.
Salazar também dizia que no fundo o importante é que haja quem mande e quem obedeça e que isso da política não dá jeito nenhum.
Será que viver é sobreviver como no tempo das cavernas?
Dizem que Salazar não gastava dinheiro do estado em benefício pessoal...
E será que viver é isto?
Guerra, crianças a morrer de fome, quando bastava um gesto dos que mandam, dos que têm o poder?
Não digo que se elimine a política do Mundo, mas daí a defendê-la como se fosse um bem essencial, e não apenas útil...
"Guerra, crianças a morrer de fome, quando bastava um gesto dos que mandam, dos que têm o poder?"
Sofia
O mundo é muito mais complicado do que isso. Em primeiro lugar os políticos têm muito pouco poder efectivo, sobretudo quando comparado com o poder económico. Em segundo lugar nem sempre ajudar é tão simples como pensamos.
CA
O mundo não deveria ser assim tão complicado.
Haverá maior simplicidade do que o ciclo de nascer, viver e morrer?
Dar, não é complicado. Vender, sim.
Como o mundo é, e como deveria ser.
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