sábado, dezembro 18

Porquê?

Porque é que não temos um partido em que valha a pena votar?
Não há homens inteligentes e relativamente altruístas na política?
Há o Francisco Louçã, por exemplo. Pelos vistos, isso não chega.
Há muita gente inteligente a escrever blogues.
Muita gente percebe que vivemos numa cleptocracia, que os bancos agora até podem correr os riscos que quiserem. Se as coisas correrem mal, cá estaremos nós para pagar.
Também há muita gente que percebe que se os franceses se reformarem aos 62 e os alemães aos 67 alguém vai pagar a conta.
Que o país esteve a saque mas que também vivemos quase todos alegremente acima das nossas
possibilidades.
O mercado é em parte um mito com que nos querem aldrabar, em parte uma realidade que não podemos ignorar.
Uma solução viável para o país só poderá sair de alguém que esteja disposto a viver estas contradições. Como vivemos numa democracia, terá de ter uma base de apoio disposta a fazer o mesmo. Poucas pessoas estão dispostas a suportar esta tensão.
As guerras que não somos capazes de travar dentro dos nossos corações acabamos por travá-las por aí.
Depois, alguém acaba por apanhar os cacos.

3 comentários:

Bilder disse...

´Talvez porque a política tenha sido(como tudo o resto)monopolizada para defender interesses mais ou menos claros ou mais ou menos obscuros??
Perguntemos então o que aconteceu a alguns políticos ditos sérios que foram aparecendo no passado recente,ou foram queimados pelos média ou foram «vitimas de acidentes" eliminados,certo???
Mas não há razão para preocupação pois não?Tudo não passa de teorias de loucos dizem muitos,entretanto continua-se a propôr o Papai-Noel!

Orlando disse...

Bilder,
começo por reconhecer no post que existem realmente grupos que controlam o poder e sugam à nossa sociedade todo o dinheiro que podem.
Em Portugal não sei de casos de políticos que tenham sido "vítimas de acidentes". Não conheço a situação brasileira. Acredito que haja casos desses.

Já agora: o Lula conseguiu até certo ponto viver as contradições de que falo. Como resultado disso asituação no Brasil teve durante os últimos anos algumas melhorias. O contrário do que aconteceu em Portugal.

Se o Bloco de Esquerda e o PC aprendessem alguma coisa com o Lula, eu até acreditava que nos aparecesse em breve uma luz ao fundo do túnel.

Anónimo disse...

O Lula foi uma surpresa para mim. É bom levarmos de vez em quando com uma surpresa que nos ensine humildade.

O PC e o BE são um problema. O PC tem coisas boas, mas por outro lado tem uma ideologia doentia, e uma corrente quasi-religiosa a operar lá dentro, que me deixa doente. O BE tem algumas propostas que me agradam muito, mas está cheio de meninos betos daqueles que são comunistas para chatear o papá, e além disso desconfio das correntes mais radicais lá dentro. O Louçã é um gajo esperto, mas não sei o que lhe vai na cabeça. Ou seja: O problema do PC e do BE é que são mistérios. Mas o medo razoavel da coisa diferente é mitigado pela percepção que a coisa do costume não vai a lado nenhum. Nessa altura votamos no mistério e torcemos para nos sair um Lula e não um Chavez.

Estou a pensar votar no BE ou no PC com a intenção de que sejam minorias fortes com a capacidade de forçar concessões ao próximo governo. Hesitaria um pouco mais em votar neles com a intenção de os fazer ganhar...mas talvez não muito mais...quando andamos a pensar em guilhotinas, o que é que nos assusta num boletim de voto? Mas as intenções não interessam nada para os resultados, de qualquer forma...

Agora, o que precisávamos mesmo era de um FDR. Capitalismo moderado por um estado social que não tem medo de o ser. O resultado foi o boom da classe média nos EUA(?). Bom, correlação não é causalidade, mas valia a pena voltar a tentar o mesmo truque, na falta de melhor ideia...

A.