Estou a ver que já não és um adepto da austeridade? :)
Eu também costumava ser até me aperceber que a austeridade é mesmo só para alguns. Quando vemos que o dinheiro está a ser canalizado todo para o mesmo sítio, os apelos à austeridade mostram-se na sua essência meros incentivos à auto-flagelação católica. Não, obrigado. Nos EUA não há dinheiro para subsídios de desemprego, não há dinheiro para tirar da rua pessoas que morrem de frio e de fome, mas há dinheiro para os camelos que criaram a crise manterem à tona as suas empresas que pelas regras do mercado estariam falidas, e para receberem bónus recorde no fim do ano?
Num mundo ideal, eu sou um libertário. No mundo real, não há qualquer hipótese de obter, pelo menos neste momento, uma politica libertária. Os libertários são meramente usados como fachada para avançar os interesses dos 1% mais ricos, que são tudo menos libertários. Uma vez aceite que tudo o que existe no momento é de facto uma luta de classes (até me arrepia usar o termo) então, se tenho que escolher, prefiro escolher o lado que nos aproxima mais do New Deal do que aquele que nos leva ao novo estado feudal corporativo.
Uma pena, porque uma vez que entremos num tal jogo, perdemos a ideia de um "steady state". Estaremos sempre a oscilar entre um estado sujeito aos abusos plutocratas e, na outra oscilação do pendulo, aos abusos dos burocratas. Mas é assim a realidade, e sendo assim, o que há a fazer é saber ver em cada momento, em que extremos é que estamos. Neste momento o extremo é a plutocracia, é altura de lutar contra a perda dos "direitos adquiridos" (essa ficção útil), porque se não o fizermos só vamos derrapar mais e mais até o poder e o dinheiro estarem tão concentrados que nos tornaremos todos num conjunto de republicas das bananas. E se chegarmos a esse extremo então só restará tirar o pó ás guilhotinas, o que, sinceramente, era mesmo de evitar, por mais prazer momentâneo que isso nos desse.
Precisamos rapidamente de um Roosevelt para evitar que um dia destes precisemos de um cabrão de um Lenine.
Com o aumento na idade da reforma o que se vai passar é que por um lado, os gajos que não fazem nenhum e ganham milhoes, vao poder ganhar milhoes durante mais anos.
Por outro lado, os gajos que fazem trabalho duro vao ficar incapazes de o fazer antes da idade da reforma, e por isso vao passar um mau bocado, ou acabar com reformas ainda mais baixas do que esperavam.
Claro que, sendo optimistas, vao haver comissoes - que terao que ser numerosas - para ver caso a caso se o trabalhador se pode reformar mais cedo por incapacidade física de prosseguir com o trabalho. Isso curiosamente vai levar a muito mais burocracia e gastos publicos - o que parece contraditorio mas não é, porque o argumento dos gastos publicos é só uma manobra de diversão.
E quanto a essas comissões...eu conheço uma senhora que era muito bem paga para trabalhar numa secretaria de estado, sem grande esforço físico excepto empurrar papéis, e que tinha estatuto de incapacidade a noventa e tal por cento porque tinha tido em dado momento um cancro, do qual tinha recuperado. A questão é que ela estava plenamente saudavel e apta a trabalhar, mas tinha, pelas regras em vigor, incapacidade quase total - Enquanto isso ha casos de pessoas a fazerem trabalho braçal com doenças que de facto interferem com esse trabalho (mineiros com os pulmões lixados, operários que perderam dedos ou com as costas em mau estado), e com percentagens oficiais de incapacidade muito menores. Se deixarem de ser capazes de trabalhar vão simplesmente ter que comer menos e pronto. Uma idade realista para a reforma teria no mínimo que ser realisticamente indexada ao tipo de trabalho realizado. Como ja disse no outro dia, eu pessoalmente nao me importo de trabalhar ate aos 100, se continuar a fazer o meu género de trabalho, que às vezes até cansa, mas nunca magoa. É omo diziam na rua Sésamo, "alguém tem que martelar!"; mas o gajo que martela devia poder reformar-se mais cedo.
Sofia, ando a ver se arranjo uma alternativa aos Wham. Mas ainda não arranjei nenhuma. O Mama Mia não vem muito a propósito, mas é o que me vem à cabeça.
Julguei que este serviços de avisam de mandavam logo a mensagem.
Nunca tinhas ouvido falar do "Inside Job"? A sério? Ainda está nos cinemas, vale muito a pena (e o do Saramago também).
Ambos os documentários superaram as minhas espectativas (que já eram boas à partida). Surpresas no do Saramago? Depende da imagem que tens dele. :) Abraço,
Provavelmente não teremos guilhotinas, pois agora existe uma tecnologia chamada democracia que permite fazer a "mesma" coisa de forma virtual. Às vezes até a grande velocidade, como mostrou o início do séc. XX em Portugal.
Apesar da História não se repetir, muitas vezes rima. Não deixa de ser curiosa a segunda vinda de John Law à Terra acompanhada de mais bolhas de crédito a nível global, bem como o aumento do preço dos alimentos, agora não provocado pela Pequena Idade do Gelo, mas sim pelo Peak Oil.
Quanto à idade de reforma, é uma situação bem ingrata que me faz lembrar este cartoon:
>Provavelmente não teremos >guilhotinas, pois agora existe uma >tecnologia chamada democracia que >permite fazer a "mesma" coisa de >forma virtual
Eu espero bem que sim, porque as guilhotinas sempre trouxeram consigo efeitos secundários tão maus como o problema original. O problema é que essa tecnologia pode ser sabotada por políticos que prometem uma coisa e depois de eleitos fazem outra. Um exemplo é o Obama, que assim que chegou ao poder descartou as bases que o puseram lá (sim, debaixo de muita pressão, mas é um facto). Se as pessoas perceberem que o direito ao voto é um embuste, o que lhes resta? Esperar mais uns anos para repetir a fraude, ad infinitum? Devia haver um botão em que podíamos carregar para deitar abaixo um governo que achamos que renegou as suas promessas: um botãozinho electrónico acessivel na net, que se 3/4 da população activasse em simultaneo deitava abaixo o governo e levava a eleições - a diária flutuação do numero de descontentes seria um bom aviso aos governos.
O problema não é a ganância mas a estupidez. Em vez de irem sacando os ovos à galinha, coisa a que ela já estava resignada, resolveram comê-la. Isto não ajuda ninguém, no final. Muda a estrutura do jogo de tal forma que leva à revolta da capoeira. Curiosamente também demonstra a ausencia de uma conspiração, pelo menos uma bem feita - parece ser mais o mero frenesim cego dos tubarões, tão raivosos que acabam por se morder uns aos outros: um movimento que se realimenta do seu próprio impulso, como é frequente nas manadas de bestas acéfalas, ou nos mercados de capitais. É preciso por-lhes o açaime rapidamente, de preferência pelo voto, se possível.
E, esquecendo isto tudo: Boas Festas! ( e não se esqueçam do verdadeiro significado do Natal: miudas giras, vestidas com barretinhos vermelhos, mini-saias e botinhas farfalhudas - uma sugestão de prenda singela para as vossas garotas :))
Devia haver um botão em que podíamos carregar para deitar abaixo um governo que achamos que renegou as suas promessas: um botãozinho electrónico acessivel na net, que se 3/4 da população activasse em simultaneo deitava abaixo o governo e levava a eleições - a diária flutuação do numero de descontentes seria um bom aviso aos governos.
A possibilidade de poder convocar a "guilhotina" de forma extraordinária, parece-me positiva, pois os governos já se habituaram a "perder a cabeça" ao fim de 4 ou 8 anos. Todavia receio que possa não ser suficiente. O problema está em que as maiorias não são financiadas por quem vota nelas... mas sim por pequenas minorias capazes de proporcionarem uma vida bastante confortável após a "perda da cabeça".
Eu não acho que "chegue" (não acho que algo chegue, acho que será sempre um jogo contínuo de acréscimos, de passos em frente e de derrapes)...mas acho que seria positivo - um acréscimo tecnologico à democracia, só possivel graças aos novos meios disponiveis - e acho que é por acréscimos positivos que se vai chegando a algum lado. A democracia directa é perigosa e impraticável - de facto são precisos políticos a tempo inteiro porque o cidadão comum não pode andar a vistoriar todos os dossiers, nem a isso estará apto, etc . Mas já não vejo objecção a ter um travão de emergência sempre disponível nos momentos em que a intenção popular é clara, esmagadoramente maioritária, e é plenamente ignorada pelos supostos representantes dessa vontade - a ideia da Republica não é a eleição de ditadores a prazo fixo! E acredito que o medo da utilização deste mecanismo seria uma força positiva. Não se trataria meramente da queda de um governo. Se alguém incorresse nesse processo de "decapitação" política -que pela sua natureza seria uma declaração de pleno repúdio popular - teria certamente a sua carreira muito danificada ou mesmo arruinada, e isso seria o suficiente para deter muitos políticos, que são tão motivados pelo ego como pela ganancia financeira. Além disso a existência de tal mecanismo abrupto poderia eliminar um governo antes que ele tivesse tempo de incorrer no habitual processo de angariar favores futuros à custa da passagem de última hora do usual pack de favores a amigos e financiadores. Um safety switch desse género seria demasiado abrupto para tais jogos e poderia eliminar certo tipo de corrupção demasiado evidente.
19 comentários:
Uma nova versão da história do frango. Se eu como dois e tu não comes nada, em média comemos um.
E tu pagas o teu.
Estou a ver que já não és um adepto da austeridade? :)
Eu também costumava ser até me aperceber que a austeridade é mesmo só para alguns. Quando vemos que o dinheiro está a ser canalizado todo para o mesmo sítio, os apelos à austeridade mostram-se na sua essência meros incentivos à auto-flagelação católica. Não, obrigado. Nos EUA não há dinheiro para subsídios de desemprego, não há dinheiro para tirar da rua pessoas que morrem de frio e de fome, mas há dinheiro para os camelos que criaram a crise manterem à tona as suas empresas que pelas regras do mercado estariam falidas, e para receberem bónus recorde no fim do ano?
Num mundo ideal, eu sou um libertário. No mundo real, não há qualquer hipótese de obter, pelo menos neste momento, uma politica libertária. Os libertários são meramente usados como fachada para avançar os interesses dos 1% mais ricos, que são tudo menos libertários. Uma vez aceite que tudo o que existe no momento é de facto uma luta de classes (até me arrepia usar o termo) então, se tenho que escolher, prefiro escolher o lado que nos aproxima mais do New Deal do que aquele que nos leva ao novo estado feudal corporativo.
Uma pena, porque uma vez que entremos num tal jogo, perdemos a ideia de um "steady state". Estaremos sempre a oscilar entre um estado sujeito aos abusos plutocratas e, na outra oscilação do pendulo, aos abusos dos burocratas. Mas é assim a realidade, e sendo assim, o que há a fazer é saber ver em cada momento, em que extremos é que estamos. Neste momento o extremo é a plutocracia, é altura de lutar contra a perda dos "direitos adquiridos" (essa ficção útil), porque se não o fizermos só vamos derrapar mais e mais até o poder e o dinheiro estarem tão concentrados que nos tornaremos todos num conjunto de republicas das bananas. E se chegarmos a esse extremo então só restará tirar o pó ás guilhotinas, o que, sinceramente, era mesmo de evitar, por mais prazer momentâneo que isso nos desse.
Precisamos rapidamente de um Roosevelt para evitar que um dia destes precisemos de um cabrão de um Lenine.
A.
Leste os meus posts de sábado?
Li.
Com o aumento na idade da reforma o que se vai passar é que por um lado, os gajos que não fazem nenhum e ganham milhoes, vao poder ganhar milhoes durante mais anos.
Por outro lado, os gajos que fazem trabalho duro vao ficar incapazes de o fazer antes da idade da reforma, e por isso vao passar um mau bocado, ou acabar com reformas ainda mais baixas do que esperavam.
Claro que, sendo optimistas, vao haver comissoes - que terao que ser numerosas - para ver caso a caso se o trabalhador se pode reformar mais cedo por incapacidade física de prosseguir com o trabalho. Isso curiosamente vai levar a muito mais burocracia e gastos publicos - o que parece contraditorio mas não é, porque o argumento dos gastos publicos é só uma manobra de diversão.
E quanto a essas comissões...eu conheço uma senhora que era muito bem paga para trabalhar numa secretaria de estado, sem grande esforço físico excepto empurrar papéis, e que tinha estatuto de incapacidade a noventa e tal por cento porque tinha tido em dado momento um cancro, do qual tinha recuperado. A questão é que ela estava plenamente saudavel e apta a trabalhar, mas tinha, pelas regras em vigor, incapacidade quase total - Enquanto isso ha casos de pessoas a fazerem trabalho braçal com doenças que de facto interferem com esse trabalho (mineiros com os pulmões lixados, operários que perderam dedos ou com as costas em mau estado), e com percentagens oficiais de incapacidade muito menores. Se deixarem de ser capazes de trabalhar vão simplesmente ter que comer menos e pronto. Uma idade realista para a reforma teria no mínimo que ser realisticamente indexada ao tipo de trabalho realizado. Como ja disse no outro dia, eu pessoalmente nao me importo de trabalhar ate aos 100, se continuar a fazer o meu género de trabalho, que às vezes até cansa, mas nunca magoa. É omo diziam na rua Sésamo, "alguém tem que martelar!"; mas o gajo que martela devia poder reformar-se mais cedo.
A.
Não percebo... n'"O segredo" parece tudo muito mais fácil.
...
Falta muito para os Wham?
(obrigadinha por me teres avisado que estavas de volta, ON...)
(hás-de cá vir, deixa lá...)
(cá se fazem...)
Isto está a precisar de muitas cabeças cortadas…
Sofia,
ando a ver se arranjo uma alternativa aos Wham. Mas ainda não arranjei nenhuma. O Mama Mia não vem muito a propósito, mas é o que me vem à cabeça.
Julguei que este serviços de avisam de mandavam logo a mensagem.
Diogo, de uma vez por todas:
cão que ladra não morde!
Se não vamos cortar cabeças, então procuremos uma alternativa.
(Eu não vejo telejornais porque esse tipo de exposição podia levar-me a tomar atitudes perigosas)
E o "Inside Job", já viste?
Hugo
"Inside Job"?
Deixa lá ir ao Google...
Ahh, nunca tinha ouvido falar!
Ainda não fui ver o Harry Potter.
É interessante?
PS:
Só há pouco tempo que vi a sugestão do documentário do Saramago.
Não vi. Alguma surpresa?
Nunca tinhas ouvido falar do "Inside Job"? A sério? Ainda está nos cinemas, vale muito a pena (e o do Saramago também).
Ambos os documentários superaram as minhas espectativas (que já eram boas à partida). Surpresas no do Saramago? Depende da imagem que tens dele. :)
Abraço,
Hugo
Provavelmente não teremos guilhotinas, pois agora existe uma tecnologia chamada democracia que permite fazer a "mesma" coisa de forma virtual. Às vezes até a grande velocidade, como mostrou o início do séc. XX em Portugal.
Apesar da História não se repetir, muitas vezes rima. Não deixa de ser curiosa a segunda vinda de John Law à Terra acompanhada de mais bolhas de crédito a nível global, bem como o aumento do preço dos alimentos, agora não provocado pela Pequena Idade do Gelo, mas sim pelo Peak Oil.
Quanto à idade de reforma, é uma situação bem ingrata que me faz lembrar este cartoon:
http://economico.sapo.pt/forumbolsa/index.php/topic,17386.840.html#msg331162.
A mim ninguém manda nada...
Gosto mais desta
http://www.youtube.com/watch?v=Cjn8v4ixXuI&playnext=1&list=PL5483D5B082979B3C&index=20
Mas também tens esta, mais ajustada à época...
http://www.youtube.com/watch?v=dcLMH8pwusw
Sofia, este ano não ando muito virado para vídeos de Natal. Talvez arranje alguma coisa para o Ano Novo.
>Provavelmente não teremos >guilhotinas, pois agora existe uma >tecnologia chamada democracia que >permite fazer a "mesma" coisa de >forma virtual
Eu espero bem que sim, porque as guilhotinas sempre trouxeram consigo efeitos secundários tão maus como o problema original. O problema é que essa tecnologia pode ser sabotada por políticos que prometem uma coisa e depois de eleitos fazem outra. Um exemplo é o Obama, que assim que chegou ao poder descartou as bases que o puseram lá (sim, debaixo de muita pressão, mas é um facto). Se as pessoas perceberem que o direito ao voto é um embuste, o que lhes resta? Esperar mais uns anos para repetir a fraude, ad infinitum? Devia haver um botão em que podíamos carregar para deitar abaixo um governo que achamos que renegou as suas promessas: um botãozinho electrónico acessivel na net, que se 3/4 da população activasse em simultaneo deitava abaixo o governo e levava a eleições - a diária flutuação do numero de descontentes seria um bom aviso aos governos.
O problema não é a ganância mas a estupidez. Em vez de irem sacando os ovos à galinha, coisa a que ela já estava resignada, resolveram comê-la. Isto não ajuda ninguém, no final. Muda a estrutura do jogo de tal forma que leva à revolta da capoeira. Curiosamente também demonstra a ausencia de uma conspiração, pelo menos uma bem feita - parece ser mais o mero frenesim cego dos tubarões, tão raivosos que acabam por se morder uns aos outros: um movimento que se realimenta do seu próprio impulso, como é frequente nas manadas de bestas acéfalas, ou nos mercados de capitais. É preciso por-lhes o açaime rapidamente, de preferência pelo voto, se possível.
E, esquecendo isto tudo: Boas Festas! ( e não se esqueçam do verdadeiro significado do Natal: miudas giras, vestidas com barretinhos vermelhos, mini-saias e botinhas farfalhudas - uma sugestão de prenda singela para as vossas garotas :))
A.
Ao menos ainda me respondes. Nem tudo é mau.
Devia haver um botão em que podíamos carregar para deitar abaixo um governo que achamos que renegou as suas promessas: um botãozinho electrónico acessivel na net, que se 3/4 da população activasse em simultaneo deitava abaixo o governo e levava a eleições - a diária flutuação do numero de descontentes seria um bom aviso aos governos.
A possibilidade de poder convocar a "guilhotina" de forma extraordinária, parece-me positiva, pois os governos já se habituaram a "perder a cabeça" ao fim de 4 ou 8 anos. Todavia receio que possa não ser suficiente. O problema está em que as maiorias não são financiadas por quem vota nelas... mas sim por pequenas minorias capazes de proporcionarem uma vida bastante confortável após a "perda da cabeça".
Eu não acho que "chegue" (não acho que algo chegue, acho que será sempre um jogo contínuo de acréscimos, de passos em frente e de derrapes)...mas acho que seria positivo - um acréscimo tecnologico à democracia, só possivel graças aos novos meios disponiveis - e acho que é por acréscimos positivos que se vai chegando a algum lado. A democracia directa é perigosa e impraticável - de facto são precisos políticos a tempo inteiro porque o cidadão comum não pode andar a vistoriar todos os dossiers, nem a isso estará apto, etc . Mas já não vejo objecção a ter um travão de emergência sempre disponível nos momentos em que a intenção popular é clara, esmagadoramente maioritária, e é plenamente ignorada pelos supostos representantes dessa vontade - a ideia da Republica não é a eleição de ditadores a prazo fixo! E acredito que o medo da utilização deste mecanismo seria uma força positiva. Não se trataria meramente da queda de um governo. Se alguém incorresse nesse processo de "decapitação" política -que pela sua natureza seria uma declaração de pleno repúdio popular - teria certamente a sua carreira muito danificada ou mesmo arruinada, e isso seria o suficiente para deter muitos políticos, que são tão motivados pelo ego como pela ganancia financeira. Além disso a existência de tal mecanismo abrupto poderia eliminar um governo antes que ele tivesse tempo de incorrer no habitual processo de angariar favores futuros à custa da passagem de última hora do usual pack de favores a amigos e financiadores. Um safety switch desse género seria demasiado abrupto para tais jogos e poderia eliminar certo tipo de corrupção demasiado evidente.
A.
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