É o novo subtítulo do blog da Maria da Conceição. Vale a pena gastar umas linhas a analisar este aforismo de uma senhora simpática chamada Adélia Prado.
Inintelegível porquê? Porque não se pode saber de que são feitos as estrelas e os planetas? Nem por isso, até já se foi à Lua... Mas levou muito tempo a se descobrir que havia umas luas a andar à volta de Júpiter. A partir daí foi mais fácil acreditar que a Terra girava em volta do Sol. Foi um senhor chamado Galileu que se deu ao trabalho de construir um telescópio. Devia ter juízo.
Foi o que se pensou durante muito tempo. Agora já não. No entanto há muito quem continue a ignorar a eviedência: as fronteiras do conhecimento movem-se.
Ininteligível porquê? Porque não se pode compreender a mente humana? Nunca se desvendará o mistério do livre arbítrio? Quem quiser acreditar que assim é, está no seu direito. Não é algo que se compreenda sem empenhamento. Não é algo se explique nos comentários de um blog. Daqui a umas décadas uma nova geração crescerá com duas ou três novas palavras, a destilação de décadas de trabalho. Para eles nada haverá a explicar sobre o livre arbítrio. É assim que as novas ideias se propagam. poucas pessoas notam os progressos essenciais.
Afinal, Ininteligível porquê? Porque se quer acreditar que o mundo é bom, que existe um deus bom. Na verdade,
O mundo só pode ser bom se for inintelígivel.
Como se pode aceitar de outra forma a morte de uma criança?
Qual é o preço que se paga por acreditar no tal aforismo? Acabamos por nos fechar ao mundo. Estou a ouvir o clamor da indignação: eu sou bom, estar aberto ao mundo é bom, logo eu estou aberto ao mundo. Não é assim tão simples. Definimo-nos pelas nossas acções, não pelas nossas intenções. Ou pelas intenções que julgamos ser as nossas.
Inintelegível porquê? Porque não se pode saber de que são feitos as estrelas e os planetas? Nem por isso, até já se foi à Lua... Mas levou muito tempo a se descobrir que havia umas luas a andar à volta de Júpiter. A partir daí foi mais fácil acreditar que a Terra girava em volta do Sol. Foi um senhor chamado Galileu que se deu ao trabalho de construir um telescópio. Devia ter juízo.
Foi o que se pensou durante muito tempo. Agora já não. No entanto há muito quem continue a ignorar a eviedência: as fronteiras do conhecimento movem-se.
Ininteligível porquê? Porque não se pode compreender a mente humana? Nunca se desvendará o mistério do livre arbítrio? Quem quiser acreditar que assim é, está no seu direito. Não é algo que se compreenda sem empenhamento. Não é algo se explique nos comentários de um blog. Daqui a umas décadas uma nova geração crescerá com duas ou três novas palavras, a destilação de décadas de trabalho. Para eles nada haverá a explicar sobre o livre arbítrio. É assim que as novas ideias se propagam. poucas pessoas notam os progressos essenciais.
Afinal, Ininteligível porquê? Porque se quer acreditar que o mundo é bom, que existe um deus bom. Na verdade,
O mundo só pode ser bom se for inintelígivel.
Como se pode aceitar de outra forma a morte de uma criança?
Qual é o preço que se paga por acreditar no tal aforismo? Acabamos por nos fechar ao mundo. Estou a ouvir o clamor da indignação: eu sou bom, estar aberto ao mundo é bom, logo eu estou aberto ao mundo. Não é assim tão simples. Definimo-nos pelas nossas acções, não pelas nossas intenções. Ou pelas intenções que julgamos ser as nossas.
18 comentários:
bem, continuas a fazer a tua leitura do aforismo (completamente livre para o fazeres). Mas é bom que percebas que nele não está contida nenhuma guerra contra o conhecimento e a ciência. O Deus bom não é opositor dos mesmos. Eu também não.
E acho que te esforçaste pouco para fazer este post. Consegues fazer muito melhor. Muito menos esperava que te armasses em moralista (deixa isso para as minhas catequeses): o julgamento das intenções e ações. Foi um facilitismo que não é normal em ti.
Força para o Novo Ano :)
MC, numa coisa teremos de concordar: Com maior ou menor esforço, o ON atendeu o pedido e postou como há muito não fazia.
Merece a nossa indulgência.
Apenas o êxtase em que ainda me encontro, depois de matar saudades assim tão... inesperadamente, me impede de comentar o que li.
Um excelente 2009!
:)
Obrigado Sofia:)
MC,
vamos lá a uns silogismos:
o mumdo é bom;
se o mundo fosse inteligivel não era bom;
logo o mundo não pode ser inteligivel.
o conhecimento e a ciência são bons;
a MC e deus são boas pessoas;
as boas pessoas não agem contra o Bem,
Logo a MC e deus não agem contra o conhecimento e a ciência.
É preciso explicar onde reside a falácias destes silogismos?
E um bom ano para vocês e para os outros leitores do bolg. Se houver mais algum...
Olá, Sofia
Bom ano para ti.
Nada de indulgências aqui com o homem. Eu quero que ele explique isto melhor. E escreva mais posts.
"se o mundo fosse intelígivel não era bom"
Aqui entro em semi-acordo contigo, ON. O inintelível é para dar força à bondade. Mas mantém-se a questão:
terão necessáriamente que ser opositores a bondade e a inteligência?
Colocas a MC e Deus em paralelo, aí fico bloqueada. Não há paralelo.
Um dia, perguntou alguém a Jesus o que é o Bem? Ele deu-lhe uma proposta de vida e mesmo assim o outro virou as costas...Quanto a mim incapacidade para VER o que é o Bem. Que é o mal de que todos padecemos. Pergunto-me:se nos fosse dado a possibilidade de ver o Bem na sua totalidade, livremente, virávamos-lhe as costas? Como crente acredito que um dia teremos essa hipótese de escolha. Para além da morte.
Peço desculpa, mas os teus silogismos não me dão respostas. Porque para mim, e para todos, continuam as questões: que é o BEM? Que é o MAL? Se eu não tenho respostas intelígiveis para isto, o mundo é ininteligível.
Ainda outra coisa:
o teu silogismo:
Deus é Bom, mas existe o Mal. Logo não pode haver Deus.
e só mais uma coisinha...
sem ser indulgente:) podemos estar e ficar o resto da vida toda em desaordo sobre isto, sendo o mais importante formular as questões. Portanto, isto não é a "fumaça" da paz. Aguardo os reptos.
Obrigada, MC. Vai ser, com toda a certeza. Para todos nós. Há que acreditar. :)
Meus senhores:
O mundo não só é inteligível, como também é perfeitamente previsível e... irresistível. Nem bom, nem mau. Só mundo. Como eu, como nós, como a Madre Teresa e um vizinho meu, que sempre teve por entretenimento matar a tiro de caçadeira os meus gatos e, no entanto, é bombeiro voluntário e dador de sangue...
O que é o Bem? O que é o Mal?... Na impossibilidade de me debruçar sobre o assunto neste momento (apenas porque a minha proeminente barriga já não me permite debruçar sobre nada), remeto para Kierkegaard uma das possíveis respostas. Aconselho toda a gente a fazer o mesmo. O homem não teve aquela trabalheira toda para nada...
ON: Acabaram-se as indulgências. A MC tem razão: mais posts. Preciso de oxigenar o meu cérebro. :)
O que é o bem, o que é o mal?
Será necessário dar definições. Não será suficiente que estejamos de acordo perante uma acção sobre classificá-la como boa ou má?
"Deus é Bom, mas existe o Mal. Logo não pode haver Deus."
MC, não me parece que tenha feito tal silogismo. Pelo menos nesse post.
...e eu não preciso de fazer nenhum silogismo para provar que não existem deuses. Se alguém se quiser dar ao trabalho de provar a existência de deuses, bom proveito.
Há aqui diferenças na forma de pensar bastante profundas e de momento não me parece que estejamos em condições de avançar nesta discussão. Tavez faça uns posts sobre temas de alguma forma relacionados.
De qualquer forma acho que percebeste o meu ponto. Insistir nele agora só dificultaria a tua aceitação a médio prazo de algumas das ideias que expressei.
Do que percebo, quando dizes "O mundo só pode ser bom se for inintelígivel." queres dizer que não pode ser verdade que o mundo seja simultaneamente bom e inteligível.
Ora esta afirmação precisa de uma definição dos seus termos. Por um lado é necessário ter uma definição do que é um mundo bom. Por outro há que esclarecer se se está a falar de inteligibilidade em absoluto, inteligibilidade acessível ao cérebro humano ou apenas de inteligibilidade segundo os conhecimentos de hoje.
Para os crentes o mundo é inteligível para uma inteligência sobre-humana (Deus) mas a Bíblia adverte que não é inteligível para os humanos (interpretação minha de Is. 55, 8-9).
A experiência cristã permite chegar a um ponto em que a força do Amor parece superar claramente o poder do mal e do sofrimento, o que atenua bastante a contradição que de algum modo sustenta a tua afirmação. Será ilusão, vontade de dar sentido ao acaso ou será o princípio de uma intuição que poderia aproximar de uma outra inteligibilidade que ainda não temos?
Finalmente, talvez não faça sentido basear a fé naquilo que se não sabe (e talvez se venha a saber mais tarde), mas também me parece arrojado acreditar que alguém poderá vir a compreender o funcionamento do cérebro humano. Poderá existir uma máquina que se compreenda a si própria?
Carlos,
devíamos pedir as definições à Maria da Conceição. Foi ela que primeiro usou as palavras no blog dela. Mas aqui vão as minhas.
A aposta na inteligibilidade do mundo é a aposta básica da ciência. Podemos nunca vir a perceber tudo mas cada vez vamos perceber mais. Não há razões para crer que existam limites a priori sobre até onde pode progredir esse conhecimento. Todas as barreiras colocadas no passado foram ultrapassadas, cobrindo de ridículo quem as colocou. A religião sempre procurou explicar que existem limites em relação àquilo que se pode compreender. Até tu o fazes. Devias ter vergonha. A única resposta que se pode dar ao teu argumento é continuar a investigar. O resto são jogos de palavras.
Mundo Bom: mundo onde aqueles que são bons (segundo a moralidade cristã, por exemplo) são recompensados. Mundo onde não morrem crianças inocentes à fome.
Gostaria que começasses por comentar a frase da Adélia Prado. Também a pôes em causa?
Eu limito-me a fazer uma observação sobre essa frase.
Depois continuarei a discussao das tuas afirmações.
Carlos, CA? :)
Nenhum dos termos pode ser tido como absoluto. Isso tem de ser claro.
Bom, de modo absoluto, só Deus. Mas bom, no sentido da tese paulina do "já e ainda não". É, sem dúvida, da minha parte, uma afirmação de fé. Fé no que já experimento e espero vir um dia experimentar de modo total.
O inintelígivel é no sentido do que o mundo tem de contraditório. O próprio Homem, melhor dizendo.
ON,
fazes quase sempre uma leitura das minhas afirmações à luz daquilo que é o teu conhecimento das religiões. Em muitas coisas sou um produto dessa experiência religiosa, mas noutras não.
Retirando toda a "poeira" do que já discutimos sobre este tema, não temo acreditar que as Ciências irão um dia explicar e mostrar coisas sobre o próprio homem que nós, hoje, nem ousamos sonhar. Nada disso irá colidir com a Fé. A ciência pode explicar como acredito em Deus. Não me vai mostrar Deus.
A moralidade cristã não é no sentido de recompensar os bons. É que a salvação é oferecida a todos. Cada um aceita ou não. E não é isso que o faz bom ou mau. Eu não sou boa nem má. Sou eu.
À luz do que sabemos até aqui, não podemos provar que existe ou não existe Deus. Cada um aposta na posição que mais assume como sua.
e para resumir esta conversa toda vou usar a palavra que por pudor não usei nestas explicações todas e que resume a frase em questão:
Olhar o mundo com amor. tá dito, pronto :(
Ou seja, o subtitulo é uma frase bonita com uma certa poesia:)
Não interessa por aí além o seu significado?
Ou seja, que importância tem que, algures no planeta, uma mulher pouse o seu olhar sobre o mundo?
Vamos lá a ver, MC:
"O mundo é ininteligível, mas é bom" traduz-se por "Olhar o mundo com amor". Foi isso que disseste?
Ou eu percebi mal?
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