sexta-feira, junho 24

A luta de classes


Um pequeno grupo social controla os meios de produção e explora “os outros”.

Marx fala em controlar ou deter a propriedade? Nem fui verificar. Se no passado controlar e deter eram equivalentes, deixaram de o ser. Os accionistas de uma empresa dificilmente dão ordens ao CEO. O management da empresa acaba por absorver uma parte dos lucros que é comparável, ou superior à que acaba por chegar aos accionistas. Os nossos líderes políticos atribuem impunemente de um dia para o outro vários pontos percentuais do PIB aos credores do BPN. Afinal, toda a gente faz isso um pouco por todo o lado.

Finalmente, a coberto das antigas leis contra os exploradores, os pilotos da TAP arriscam a sobrevivência da companhia para sacar mais meia dúzia de privilégios e manter os antigos. Contra a opinião dos outros trabalhadores. Com o apoio dos muitos que ainda não perceberam que eles estão do outro lado da barricada. Será a atitude da Ryanair tão execravel assim?

terça-feira, junho 21

Um diálogo Pos-moderno: um interdito linguistico em abismo

Muito se tem falado do pos-modernismo agora que o Nuno Crato vai tomar conta do ministério da educação. Normalmente ele traduz a influencia pos-modernista na educação por "eduquês". Para quem nunca dialogou com um pos moderno, relembro aqui um dialogo que tive uma vez com um digno representante desta ideologia no falta de tempo.

Devo dizer que eu não considero que alguma corrente filosofica importante seja pura e simplesmente um erro. Teve as suas razões para aparecer e alguma contribuição dará. Derrida, Foucault e sobretudo Heidegger não são imbecis. Mas alguns dos seus seguidores são loucos perigosos á solta.

O interlocutor pos-moderno é o anónimo. Eu aqui rederencio-o por "PM".
Numa discussão desta acaba-se por dizer sempre umas parvoices. Eu também devo ter dito algumas...

PM A sua apreciação crítica releva com muita pertinência o desnorte da conceptualização dos programas e da sua aplicação nos curricula do ensino secundário. Todavia, não passa desapercebido o nihilismo e negativismo que subjazem ao seu discurso. In limine, ao recusar o horizonte de expectativas do chamado pós-modernismo, anula qualquer lugar que permite o exercício do pensamento, na medida em que a contemporaneidade não se compadece com o imobilismo e a obsessão por paradigmas caducos. Por outro lado, a intolerância excessiva face a determinadas práticas discursivas pode ter como corolário a criação de um vazio, como efeito de um interdito linguístico em abismo.

Lino Alguma razão terá. Talvez eu esteja obsecado por algum paradigma caduco. Mas os pontos de vista que critico constituem um paradigma que nem merece esta designação: vazio de conteúdo, reduz-se a fórmulas e frases feitas, procurando dar corpo aos desejos e intenções (aparentemente) boas dos que as utilizam.

ON gostei do "interdito linguistico em abismo". Já agora: o que é que isso quer dizer?
O resto podia ser dito emduas frases.
Só que assim fica fica claro até que ponto a quantidade de informação transmitida é diminuta.

PM Prezado On,
1. Não vou explicar-lhe o sentido da expressão aludida. Revela, pela sua questão, pertencer à classe de pessoas que, por mais que se expliquem as coisas, nunca chegam lá.
2. "O resto podia ser dito em duas frases." Sim, de facto foi dito em duas frases. Não sabe o que é uma frase? E já agora, não sabe contar?
3. "linguístico" é uma palavra acentuada por dois pressupostos gramaticais. Também quer que lhe explique, ou prefere consultar a gramática?

O Jorge Buescu acabou por citar este diálogo no Rerum Natura.
A coisa durou dias.

Entretanto cheguei à conclusão que as minhas opiniões da época sore o Heidegger eram um bocado ... idiotas.

sábado, junho 18

O Melhor, o Pior e o Logo se vê

O melhor do próximo governo:
O Nuno Crato, com uma tarefa ciclópica à frente. Boa Sorte.
O Alvaro Santos Pereira, ministro da Economia. Teve um percurso semelhante ao do Nuno Crato: escreveu e pensou durante anos a área para que foi convidado. Escreveu vários livros sobre o tema e previu à bastante tempo onde é que isto ia parar. Quem quiser saber o que ele pensa, só tem de ir ao blog dele e está lá tudo. É reconfortante saber que alguém que pense um assunto e vá dizendo umas coisas desagradaveis de forma consistente pode chegar a ministro. Pelo menos quando as coisas apertam. Não quer dizer que seja suficiente para ter uma chanche. Provavelmente é também indispensavel desenvolver uma grande grande rede de contactos.

O Pior:
Paulo Macedo, o ministro da Medis.

As caixas de chocolates, como diria o Forrest Gump:
A Leonor Beleza, (agora chama-se Paula Teixeira da Cruz?) merece toda a sorte no mundo na Justiça.
O Francisco José Viegas, um gajo porreiro e inteligente vai fazer na secretaria de estado da cultura o que o Rui Costa anda a fazer no Benfica? Alguém sabe o que é que o Rui Costa faz no Benfica, para além de ser o escudo invisivel do el Presidente?

segunda-feira, junho 6

O Pantano

Quem vai ser o próximo líder do PS? Seguro é um balão de ar quente que se esvaziará na primeira oportunidade. Sócrates reduziu Assis a um cão raivoso. Os dois únicos políticos de um partido de poder a quem eu daria o benefício da dúvida seriam Rui Rio e António Costa. Costa acha que o primeiro milho é para os pardais e guarda-se para mais tarde? Não me parece.
A demissão de Guterres ao perder as autarquicas foi o acontecimento mais importante desde a nossa entrada na CE. Um homem honesto, inteligente, com conhecimento do aparelho e capaz de passar uma rasteira ao parceiro e até gostar, Guterres já não controlava a canalha. Ou renegava todos os seus princípios ou então tinha de se ir embora.
A canalha são todos aqueles gajos da minha geração que foram colar cartazes e fazer claque para as juventudes partidárias. Nada os move para além da luta pelo tacho. Foram ganhando poder e começaram a tolerar um tipo decente como cabeça de cartaz, desde que lhes garantisse os tachos. Depois quiseram mais. Quiseram tudo. Costa nunca será lider do PS. Com um pouco de sorte, pode vir a ter a chance de concorrer a presidente. Caso contrário, paciência.
Nessa noite todos os interessados perceberam que as regras tinham mudado. Guterres falou no pantano mas não podia ser mais explícito. Queria uma cargo internacional longe da sargeta e só o seu silêncio o podia garantir.
Demasiada coisa terá de mudar para voltarmos a ter um tipo decente à frente de um partido do poder.