sábado, janeiro 1

A primeira década

Qual foi o homem que mais influenciou esta década e as próximas?
George W ganha a qualquer outro. Sem ele o acontecimento da década (o roubo descarado dos povos para pagar as falências dos bancos que só foi possível devido às desregulamentações que ele criou) nunca teria acontecido. Ao pé de Bush Richard Nixon parece um menino de coro. Afinal que fez ele? foi um pouco mais longe do que era costume em certas práticas habituais na época. No fundo o Watergate pouco mais foi do que o pagar da factura do Vietnam.
O mais grave de tudo é que normalmente o pêndulo oscila depois de chegar a um extremo. Tal não aconteceu. Obama limita-se a umas tímidas medidas. As leis criadas por Bush não foram revogadas. Afinal, dão jeito a qualquer presidente.
Nós ainda temos o nosso George W. A seguir a ele vem mais um clone de si próprio. O facto mais grave da política nacional acaba por ser a total incapacidade de dos partidos da extrema esquerda em se tornarem adultos e aceitarem os compromissos do poder, com os dilemas morais que lhe estão associados. Tornam impossível o aparecimento de alternativas e não são um alternativa. Acabam por fazer parte do Sistema.
Também aconteceram coisas positivas, mas essas acontecem de mansinho: o crescimento da internet, com a sua capacidade de resistir aos poderes instituídos. O Conhecimento é uma das armas mais importantes. A Wikipedia arrisca-se a ser a instituição do século. Ter ao nosso dispor uma fonte de conhecimento onde podemos encontrar quase tudo, que é imune às pressões de quem realmente manda, que nem sequer depende da publicidade, é algo a que apenas podemos dar o justo valor se a perdermos.
Sem a partilha de ficheiros não é possível potenciar as novas oportunidades criadas pela net. Os "direitos de autor" são essencialmente um meio de de apropriação pelas empresas distribuidoras do trabalho criativo desenvolvido pelos autores. Se a chamada pirataria é uma forma de combate contra as instituições que tudo querem controlar, é fundamental desenvolver novas formas de financiamento para as actividades que nos interessam. Por exemplo: dar uns dolares de três em três anos para a Wikipedia, se a usamos com regularidade. Mea culpa, ainda não me habituei a este novo conceito. Finalmente dei hoje o meu apoio à Wikipedia.
Do que é que eu me esqueci?

10 comentários:

AD disse...

Penso que seja mais um problema de corporações versus indivíduos, com os políticos a venderem a alma a estas a troco de financiamento para as campanhas eleitorais. Infelizmente, ao contrário do Fausto, não se tem visto nenhuma redenção da classe política (com as honrosas excepções da Islândia e da Suécia).

Também vejo a web como algo positivo e intuo que a sua importância no contexto da civilisação seja comparável à invenção dos caracteres móveis por Gutenberg. Antevejo que os seus efeitos sejam tão positivos quanto a primeira, que foi a alavanca do Renascimento. Todavia, mais uma vez, temos a Inquisição à porta: The New McCarthyism, The Real Terrorists—The Case of Wikileaks, Part II.

Sofia disse...

Esqueceste-te de tantas coisas, ON...

on disse...

AD,
o que é que aconteceu na Suécia?

on disse...

Sofia,
esqueceste-te de dar exemplos...

Sofia disse...

Olha o meu nme em grego:

Σοφία

Não é giro?

Sofia disse...

nome

Sofia disse...

Σοφία

Giro.

Sofia disse...

Não é?

AD disse...

AD, o que é que aconteceu na Suécia?

Nacionalizou os bancos falidos e retirou quilos de carne aos accionistas dos respectivos bancos na crise de 1992. Um pouco mais em detalhe:

"Sweden did not just bail out its financial institutions by having the government take over the bad debts. It extracted pounds of flesh from bank shareholders before writing checks. Banks had to write down losses and issue warrants to the government.

That strategy held banks responsible and turned the government into an owner. When distressed assets were sold, the profits flowed to taxpayers, and the government was able to recoup more money later by selling its shares in the companies as well."

Fonte: http://www.nytimes.com/2008/09/23/business/worldbusiness/23krona.html.

AD disse...

AD, o que é que aconteceu na Suécia?

O que aconteceu na Suécia foi que no bail out da crise bancária de 1992 os accionistas dos bancos tiveram de dar em troca uns quilos de carne em troca da ajuda dos contribuintes:

"Sweden did not just bail out its financial institutions by having the government take over the bad debts. It extracted pounds of flesh from bank shareholders before writing checks. Banks had to write down losses and issue warrants to the government.

That strategy held banks responsible and turned the government into an owner. When distressed assets were sold, the profits flowed to taxpayers, and the government was able to recoup more money later by selling its shares in the companies as well."

Fonte: http://www.nytimes.com/2008/09/23/business/worldbusiness/23krona.html.