Crescer ao princípio é facil. É a biologia que nos lança desafios todos os dias. Aprender a andar, a falar, a namorar. Enquanto nós nao atingimos um dominio razoavel, embora ilusório, das forças da natureza, os desafios da biologia continuavam sempre: sobreviver aos animais que nos podiam caçar, às secas que nos podiam matar à fome, aos outros humanos que nos queriam escravizar. Até que um frigorífico cheio e uma conta bancária nos permitiram o luxo de vegetar em frente à televisao.
Quando a biologia deixa de nos obrigar a crescer, sociedade toma conta desse trabalho. O emprego, o doutoramento, a tropa. Até que chega o dia em que só continuamos a crescer se nos dermos a esse trabalho. Podemos increver-nos num curso de pintura (funciona por uns meses), fazer psicanalise (talvez funcione por uns anos) ou fazer paraquedismo.
Quando a biologia deixa de nos obrigar a crescer, sociedade toma conta desse trabalho. O emprego, o doutoramento, a tropa. Até que chega o dia em que só continuamos a crescer se nos dermos a esse trabalho. Podemos increver-nos num curso de pintura (funciona por uns meses), fazer psicanalise (talvez funcione por uns anos) ou fazer paraquedismo.
Pois, mas porque é que nos havemos de dar a esse trabalho? A verdade é que a alternativa ao crescimento nao é o nao crescimento, é começar a definhar. A vida é um grande funil. Por muito sucesso que tenhamos o número de possibilidades em aberto tem tendencia para decrescer. Deixamos de poder vir a ser ginastas de competiçao, jogadores de futebol, engenheiros, treinadores de futebol. Porque somos outras coisas, claro. Ter dinheiro para descer o elevador, entrar no automovel e larga-lo no estacionamento do nosso trabalho também significa que cada vez vemos menos pessoas que pensam de outra maneira e têm outros problemas. O tipo de movimentos que fazemos vai sendo também cada vez menor. As celulas do nosso cerebro que vao morrendo nao sao um grande problema. Bem pior sao as sinapses que se perdem por deixarem de ser usadas, e as poucas novas que sao criadas. É aí que começamos a definhar. Mesmo que ao principio nao se veja nada por fora. Somos como a rainha de copas: temos de correr muito, mesmo que seja só para ficar no mesmo sítio...
13 comentários:
Há sempre alternativas. Há muitos sabores de gelado à escolha. O pessoal é que escolhe sempre sabor a chocolate e baunilha. Vá-se lá saber porquê. :-)
Jaime: expelika lá otra vez!
sou eu que pergunto.
conhecer novas pessoas não chega. é preciso acolher a novidade que elas nos trazem. mas mais depressa mudavamos de galáxia, do que mudamos alguma coisa em nós.
acabei por fazer um post sobre o assunto. à minha maneira, claro. :)
Há um problema com a biologia: tira-nos a capacidade, mas não a vontade de crescer. Design pérfido.
:))))))))))))))))))))))))))))
on
Não aceito essa coisa da rainha de copas.
Primeiro, porque no caso dos homens, soa um pouco... enfim, ainda se fosse rei de copas...
Segundo, porque acredito (genuinamente, do fundo do meu coração e da minha alma - já tenho consulta marcada, sim...) que nunca ficamos no mesmo sítio, quando corremos. Nem quando apenas queremos correr, ainda que não o façamos. O verdadeiro crescimento, o mais doloroso também, mas o mais real, é feito dentro de nós. E crescemos tanto mais, quanto mais nos deixarmos permanecer pequenos. Crescemos quando deixamos viver a criança que somos.
E digo mais:
Gu-gu da-da :)
permanecemos jovens se crecermos.
Mas Gu-gu da-da não chega para garantir seja o que for...
Bom texto meu caro. Deprimente, mas verdadeiro.
Diogo,
deprimente porquê?
Quem quizer dar-se a esse trabalho,
pode tentar continuar a crescer.
Dá trabalho?
Pois dá...
Gu-gu da-da não chega?
Ohhh... Puquêêê?
Vá lá, vá lá, vá lá... Chega?
Engraçado...ainda me dá prazer vaguear pela blogosfera e descobrir blogs q nunca li. aterrar lá de pára quedas. Ainda bem.
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