domingo, janeiro 23

E viva a abstenção!

Pela primeira vez na vida, não vou votar numas eleições. Nem é por o Cavaco ter a vitória garantida. É que não vale mesmo a pena. Nenhuma candidatura me diz o que quer que seja.
Não venham os comentadores depois discorrer sobre a minha farta de dever cívico. Se não estou satisfeito com nenhum, devia ter feito algo para ajudar a lançar um candidato? No sistema actual, não há condições para fazer tal coisa.
Eu faço pelo meu país aquilo que sei fazer melhor.
Não votar é de momento aquilo que pode ajudar a criar condições para que da próxima vez as coisas mudem um pouco.

sábado, janeiro 1

A primeira década

Qual foi o homem que mais influenciou esta década e as próximas?
George W ganha a qualquer outro. Sem ele o acontecimento da década (o roubo descarado dos povos para pagar as falências dos bancos que só foi possível devido às desregulamentações que ele criou) nunca teria acontecido. Ao pé de Bush Richard Nixon parece um menino de coro. Afinal que fez ele? foi um pouco mais longe do que era costume em certas práticas habituais na época. No fundo o Watergate pouco mais foi do que o pagar da factura do Vietnam.
O mais grave de tudo é que normalmente o pêndulo oscila depois de chegar a um extremo. Tal não aconteceu. Obama limita-se a umas tímidas medidas. As leis criadas por Bush não foram revogadas. Afinal, dão jeito a qualquer presidente.
Nós ainda temos o nosso George W. A seguir a ele vem mais um clone de si próprio. O facto mais grave da política nacional acaba por ser a total incapacidade de dos partidos da extrema esquerda em se tornarem adultos e aceitarem os compromissos do poder, com os dilemas morais que lhe estão associados. Tornam impossível o aparecimento de alternativas e não são um alternativa. Acabam por fazer parte do Sistema.
Também aconteceram coisas positivas, mas essas acontecem de mansinho: o crescimento da internet, com a sua capacidade de resistir aos poderes instituídos. O Conhecimento é uma das armas mais importantes. A Wikipedia arrisca-se a ser a instituição do século. Ter ao nosso dispor uma fonte de conhecimento onde podemos encontrar quase tudo, que é imune às pressões de quem realmente manda, que nem sequer depende da publicidade, é algo a que apenas podemos dar o justo valor se a perdermos.
Sem a partilha de ficheiros não é possível potenciar as novas oportunidades criadas pela net. Os "direitos de autor" são essencialmente um meio de de apropriação pelas empresas distribuidoras do trabalho criativo desenvolvido pelos autores. Se a chamada pirataria é uma forma de combate contra as instituições que tudo querem controlar, é fundamental desenvolver novas formas de financiamento para as actividades que nos interessam. Por exemplo: dar uns dolares de três em três anos para a Wikipedia, se a usamos com regularidade. Mea culpa, ainda não me habituei a este novo conceito. Finalmente dei hoje o meu apoio à Wikipedia.
Do que é que eu me esqueci?