terça-feira, julho 5

LIVE 8 – The Long Walk to Justice

Uma grupo de cantores pop dão um puxão de orelhas aos G8 e explicam como se resolve os problemas do mundo. Só temos que ouvir e aprender como se faz. Será assim?
Perdoar a dívida resolve alguma coisa ou apenas permite recomeçar o jogo? Nem uma palavra sobre os governos corruptos dos países do terceiro mundo. Depois era mais difícil tira a foto com as criancinhas.
Uns estão lá porque o agente lhes disse que era um bom career move. Outros porque o contabilista lhes explicou quanto poupavam nos impostos. Muitos até acreditam no que estão a fazer. Para todos eles: o mais fantástico exercício de relações públicas que se pode imaginar. De borla.

24 comentários:

Anónimo disse...

“Nem uma palavra sobre os governos corruptos dos países do terceiro mundo”.

Para haver corruptos, tem que haver corruptores, não é verdade?

Orlando disse...

Não necessáriamente. As cleptocracias que grassam em África não precisam de ser corrompidas. Está claro que se alguém estiver interessado, eles não dizem que não. Há obviamente algumas honrosas excepções. Poucas.

Anónimo disse...

Bom, do icebergue você só quer comprar a ponta...

Anónimo disse...

Ninguém quer comentar esta frase de ON:
"As cleptocracias que grassam em África não precisam de ser corrompidas"?
É que eu fiquei um pouco enjoado...
Até já vomitei!

António Araújo disse...

Eu posso comentar:

Concordo.

Os paises Africanos que mais sofrem de pobreza estão na mão de senhores feudais da pior espécie. Estão a passar por uma fase política que a Europa atravessou na idade média. Vir culpar por isso o passado colonial ou as influencias estrangeiras é falhar o problema completamente.

A pior culpa do Ocidente hoje em dia é que, ao querer por vezes forçar a paz (por motivos supostamente humanitarios mas muitas vezes realmente à procura de novos mercados estaveis), acaba por ajudar a manter no poder todo o tipo de ditadores miseraveis que mais uns anos de guerra acabariam por eliminar. As vidas que se perdem à custa da fome e da doença acabam por ser tantas como as que se perderiam se deixassem os povos estabelecer a sua própria paz à sua propria maneira...com a diferença de que no fim os culpados estão ainda no poder.

Porque é que na Europa esta fase acabou? Porque finalmente a pior ralé dos senhores feudais acabou por se chacinar mutuamente e conseguiu-se pôr no poder alguns que não eram assim tão maus. Mas a Europa não tinha umas entidades externas cheias de boas intenções para perturbar esse processo Darwinista.

O caso da Somália é um bom exemplo disto. As intenções dos americanos até nem eram as piores, mas mais valia terem ficado quietos.

A.

PS: Eu tambem vomito, mas é quando vejo as estrelas POP, talvez as criaturas mais futeis do universo, a darem-se ares de moralistas. E a malta a papar aquilo como rebuçados...

Anónimo disse...

Essa estória do perdão da dívida tem mais que se diga do que aquilo que se tem dito... Seguir o trilho do dinheiro deve dar algumas pistas...

Quem é que emprestou esse dinheiro? Foram instituições privadas? Os países africanos têm condições para pagar essas dívidas? Eles estão realmente a pagar essas dívidas? Quem é que paga então? Os credores perdoam as dívidas ou são os contribuintes do G8 que pagam a fiança aos credores?

Olhando para o que tem acontecido na América Latina leva-me a crer que a última opção seja a verdadeira, como mostra a seguinte pesquiza no Google:

debt latin-america banks moral-hazard bail creditors

Orlando disse...

Caro Eugénio,

é claro que as potências ocidentais tém grandes culpas. Isso toda a gente sabe. Eles manipulam os governos africanos. Se fôr preciso até deitam abaixo um governo que tente fazer coisas diferentes. Mas os intervenientes no live 8 até denunciam isso!
O que eu questiono é que as suas acções tenham as consequências que são supostas ter.

Quando se perdoa uma dívida que nunca será paga quem é que beneficia: o credor! Quem é o credor? Um banco privado, que emprestou dinheiro a juros altíssimos, porque corria um risco grande, e que depois arranja maneira de não sofrer nada. Esses bancos são os grandes beneficiàrios de tudo.

Ainda acredita nas histórias da carochinha que lhe contam na televisão?

Orlando disse...

Caro Eugénio,

Existem ou não cleptocracias em África?

Anónimo disse...

The Press has over the years taken an active part in the exposure of scandals, two of them involving French Presidents. The first was the Bokassa Affair (or "l'affaire des diamants"), broken in 1979 by Le Canard enchaîné and taken up by Le Monde, which alleged that the President, Giscard d'Estaing, had been given substantial gifts of diamonds by ex-Emperor Bokassa of the Central African Republic. He eventually appeared on television, to deny the value of the gifts he had received, but in 1980 Bokassa himself confirmed their value. Here the Press and the Judiciary were on opposite sides.
Valéry Giscard d'Estaing was a friend and loyal to the former Central African Empire's emperor Jean-Bédel Bokassa , he supplied the regime with much financial and military backing.
BBC:
Diamond scandal
But Valery Giscard d'Estaing was mocked for his lordly and arrogant style.
There was a scandal over diamonds given to him by Emperor Bokassa of the Central African Republic, and in 1981 he was defeated by the socialist, Francois Mitterrand.

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Death of Lumumba
Sixty-seven days after he came to power, Patrice Lumumba was dismissed by state president Joseph Kasavubu. Lumumba, in turn, tried to dismiss Kasavubu, but to no avail. Lumumba was placed under informal house arrest at the prime minister's residence.
Lumumba now made perhaps the worst decision of his life: he decided to escape. Smuggled out of his residence at night in a visiting diplomat's car, he began a long journey towards Stanleyville. Mobutu's troops were in hot pursuit. Finally trapped on the banks of the Sankuru River, he was captured by soldiers loyal to Colonel Mobutu.
He appealed to local UN troops to save him. The UN refused on orders from headquarters in New York. He was flown first to Leopoldville, where he appeared beaten and humiliated before journalists and diplomats.
Further humiliation followed at Mobutu's villa, where soldiers beat the elected prime minister in full view of television cameras. Lumumba was dispatched first to Thysville military barracks, one hundred miles from Leopoldville.
The Belgians demanded a more decisive ending - they wanted Lumumba delivered into the hands of his sworn enemy, President Tschombe of Katanga.
Lumumba was beaten again on the flight to Elizabethville on 17 January 1961. He was seized by Katangese soldiers commanded by Belgians and driven to Villa Brouwe. He was guarded and brutalized still further by both Belgian and Katangese troops while President Tschombe and his cabinet decided what to do with him.
That same night it is said Lumumba was bundled into another convoy that headed into the bush. It drew up beside a large tree. Three firing squads had been assembled, commanded by a Belgian. Another Belgian had overall command of the execution site. Lumumba and two other comrades from the government were lined up against a large tree. President Tschombe and two other ministers were present for the executions, which took place one at a time.
Nothing was said for three weeks - though rumour spread quickly. When Lumumba's death was formally announced on Katangese radio, it was accompanied by an implausible cover involving an escape and murder by enraged villagers.
For many years there was much speculation over the roles that western governments had played in the prime minister's murder. In 2002 both Belgium and the United States were revealed to have been partially culpable in the events. In February of 2002, the Belgian government admitted to "an irrefutable portion of responsibility in the events that led to the death of Lumumba." In July of the same year documents released by the United States government revealed that the CIA had played a role in Lumumba's assassination, aiding his opponents with money and political support, and in the case of Mobutu with weapons and military training.

Anónimo disse...

Caros omwo & on,

Acho que a vossa discussão evade as questões que estão mais atrás, é preciso fazer essa inferência. No fundo trata-se de uma questão moral, que é como quem diz de uma questão de valoração das coisas.

Há pressupostos que estão na base deste tipo de atitudes caritativas bon marché, que é sim o que interessa atacar. E deixar retalhados em poças de sangue.

1. O conceito de justiça distributiva.

2. Como isso deriva da moral cristã.

3. Como a moral cristã é infiltrada pelos desejos imodestos dos grandes argentários.

4. Como a caridade serve vários propósitos, todos eles repugnantes.

Ah e sim, omwo, o recurso que fazes à Idade Média, é bastante banal, e completamente errada, IMHO. A Idade Média é uma das épocas mais ricas da Europa. Muito do que somos vem dela. Tratar a Idade Média de época das trevas é um equívoco renascentista que os apóstolos do progresso no dito "Século das Luzes" -- vês o contraste ? -- acharam por bem explorar.

Não creio que se possa comparar a história Europeia do medievo à história contemporânea da África. Que os mesmos apóstolos do progresso regurgitando uma já mais que rançosa ideia dizem ser o "Continente do Futuro". Diz-me onde estão os Machaut, Petrarca, Giotto, Ockham, Roger Bacon, &c, da África. Eu não os vejo. Pode ser miopia minha. Quiçá.

Broken M disse...

Por falar em moral cristã.

Bob Geldof, o organizador, mandou um pedido ao papa para que ele fosse cantar um salmo a Edimburgo. O que recebeu como resposta foi uma fotografia autografada.

António Araújo disse...

Olá Appa,

referia-me apenas ao facto de que há momentos da história em que a paz só se encontra após muito derramar de sangue, e em que as interferências externas só conseguem manter as partes em conflito temporariamente afastadas, e atrasar a resolução da coisa. Muitas vezes, como no caso da Somália, intervem-se quando um grupo esta quase a vencer os outros, dando apenas tempo a todos de se recuperarem para um novo round que teria sido desnecessario. É que é por vezes quando um conflito está a terminar que ele parece pior. E é também aí que os perdedores se lembram de bradar aos céus acerca do desastre humanitario do seu país...quando julgam que ganham já não se preocupam com isso. Por vezes tentar intervir entre as partes é o mesmo que repetir o velha partição arbitrária de Africa. Africa não é a Europa, terá que forjar os seus próprios estados. Quantos anos durou a Guerra Civil Americana? Quantos séculos esteve a Europa a definir as suas fronteiras a traços de sangue?

Peço perdão pela referência à Idade Média, já conhecia os teus argumentos acerca disso e não os contesto, se quiseres referia-me "áquela Idade Média que nos ensinaram", e apenas no que diz respeito aos conflitos entre senhores feudais, que precederam a instauração de reinos mais uniformes e finalmente dos estados modernos.

Não estava a alstrar a comparação nem à arte nem à ciência nem a quaisquer outros aspectos sociais/culturais que não os que referi.

Raios, se vais andar por aqui vou ter que conter os meus disparates, e se é para isso mais vale nem abrir a boca :)

António Araújo disse...

Olá MaDi,

e ele não enviou outra ao Papa?

Ambos são estrelas acabadas de grupos POP que em tempos estiveram na berra :)

Orlando disse...

Caro Eugénio,
estou totalmente de acordo com todas as suas observações. Para mim tudo isso é um dado adquirido. Parece-me apenas que insiste em que não se diga mais nada sobre o assunto.

Não respondeu às minhas perguntas...

Anónimo disse...

It takes two to tango

I find the whole topic of corruption extremely fascinating. One of the aspects of global corruption that bothers me is the way in which western countries, and white people- yes I am generalising - come down so hard on black people and African countries for being corrupt when they so often indulge in corrupt practices themselves. Take the latest example of Hallibuton in the US.

Continuar a ler em
http://mzansiafrika.blogspot.com/2005/03/it-takes-two-to-tango.html

Orlando disse...

Bem, parece que afinal até estamos de acordo sobre a questão da corrupção. Só me parece haver um assunto por discutir: acha que o live8 contribui realmente para resolver os problemas de Africa? Porquê?

Anónimo disse...

Eu não me pronunciei sobre o Live8.
Nem me pronuncio.
Não tenho uma opinião sobre tudo...
Quando não tenho uma opinião, não critico.

But...
It takes two to tango!
Não há corrupção sem corrupto(s) e corruptor(es).
Quando há a ponta do icebergue há também a parte submersa do icebergue. Que até é bastante maior.
A corrupção não está ligada à cor da pele.

Orlando disse...

"A corrupção não está ligada à cor da pele."
"It takes two to tango!"
São mantras. Repeti-los pode fazer baixar a nossa pressão arterial, mas não resolve nenhum problema.

Anónimo disse...

E como classificaria a sua frase:
"As cleptocracias que grassam em África não precisam de ser corrompidas"?
E com isto me calo, porque, por mim já chega deste assunto.
Dentro de um mês faz 60 anos que cairam as bombas sobre Hiroxima e Nagasáqui. Vou preparar o meu luto.

Orlando disse...

Quando num país africano com milhares de problemas a mulher do presidente vai a Paris para ir ao cabeleireiro...

Anónimo disse...

"Quando num país africano com milhares de problemas a mulher do presidente vai a Paris para ir ao cabeleireiro..."
Claro que isso é escandaloso, se for verdade. Satisfeito?
E como classificaria a sua frase:
"As cleptocracias que grassam em África não precisam de ser corrompidas"?

Orlando disse...

Eu só estarei satisfeito se chegarmos a um entendimento. Não ando aqui para chatear ninguém. não percebo qual é o seu problema com a frase da cleptocracias.

Espero que numa próxima conversa consigamos aproximar u pouco os nossos pontos de vista. oportunidades não faltarão.

Orlando disse...

Mas não resisto a copiar aqui uma parte de um post de Pacheco Pereira no Abrupto de dia 4:

a RTP1 passa uma pequena peça sobre Angola, em que a palavra corrupção não é pronunciada, e em que não se explica como é que se pode ter petróleo e diamantes, um dos melhores e mais bem equipados exércitos de África, uma elite riquíssima que manda os filhos estudar para a Suiça e…nada para a esmagadora maioria da população. Mas a culpa é do capitalismo e do G8.

Anónimo disse...

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