quinta-feira, junho 23

Vem aí um Le Pen?


O desemprego em Portugal vai continuar a aumentar. Estamos a passar pelos fenómenos que ocorreram em Espanha no tempo de Felipe Gonzalez. Agravados por um período de diminuição de fundos comunitários, crescimento da economia chinesa e aumento dos preços do petróleo. Os tempos difíceis ainda nem começaram. Eu esta semana estou optimista. Quando ando pessimista, faço posts sobre yoga.

Existem três grupos sociais que podem criar problemas sérios:
A comunidade imigrante, principalmente os imigrantes de segunda geração. São sempre os primeiros a sentir os efeitos da crise económica.
Os desempregados de longa duração que vão ser criados pela crise económica. É possível que cresçam as aitudes racistas e as atitudes xenófobas em relação aos emigrantes de leste. Especialmente quando eles começarem a subir na escala social.
Os filhos família com expectativas extremamente elevadas que não conseguem sequer sair de casa dos pais. O comportamento político destes jovens é completamente imprevisível e potencialmente explosivo. Ninguém lhes explicou que a vida é difícil. A sua fúria será mais do que justificada.

A emigração em Portugal segue a percurso da emigração em França com uns anos de atraso. O aparecimento de um partido ao estilo Front Nationale em Portugal na próxima década é uma possibilidade muito séria. Muitos dos votantes da Front Nationale eram antigos comunistas. Agora que Cunhal morreu, esse tipo de transição torna-se possível. A nossa sociedade civil não se pode dar ao luxo de não olhar para estes problemas de forma racional. Se ignorarmos os problemas, eles não vão desaparecer.
Ser inconveniente a ponto de levantar a possibilidade do aparecimento de um fenómeno Le Pen em Portugal não significa nem de perto nem de longe que eu desejo que tal aconteça.

Acreditam que existe o risco de surgir uma partido racista em Portugal com mais de 10% dos votos? Porquê?
Se acreditam, que podemos nós fazer para o evitar?

15 comentários:

Broken M disse...

É imigração e não emigração...

Broken M disse...

imigrantes entram no país
emigrantes saem do país

Orlando disse...

Pois... eu ainda sou do tempo em que só saíam...

Broken M disse...

Já existe um partido racista em Portugal: PNR. O mesmo que fez a manifestação anti-violência no último sábado.
Embora pouco, o número de votantes neste partido tem aumentado nos últimos anos como poderá ver no site do cne.
Podes dar uma vista de olhos ao programa eleitoral do pnr, merece ser visto:http://www.partidonacional.org/politica/programa_base.html

Orlando disse...

Madi, fui agora mudar a pergunta. Estava a referir-me a um partido com representação na Assembleia da República, tipo Front Nationale. O PNR nem uma manifestação a sério conseguiu organizar.

Broken M disse...

Ok. :)

Anónimo disse...

Mas vai lá chegar, isso vai.Porque carga de água esta sociedade vai ser diferente das outras?.A violência vai continuar a crescer, porque ser ladrão é uma boa opção económica.E ainda, certa sociedade lhe pede desculpas.Nós temos culpa de tu seres ladrão, diz o BE e o PC.No Nós eles estão excluidos, são Iluminados.Ou talvez : são uma boa clientela eleitoral.Enganam-se, eles não votam, não querem saber disso.Esta sociedade está desiquilibrada, meus amigos! Se temos a extrema-esquerda porque não teremos a extrema-direita?

Orlando disse...

Então MaDi,
depois de todos esses comentários acessórios estou à espera de pelo menos um comentário sobre o essencial da questão...

Anónimo disse...

Não tenho dúvidas. É uma possibilidade em aberto, e a probabilidade é elevada. Afinal, vivemos numa democracia...

Broken M disse...

Peço desculpa, on...
Mas estava sem tempo há bocado para comentar devidamente.
Acho pouco provável que ocorra uma alteração dos comunistas para a extrema direita. Acho que pode ocorrer uma deslocação para a direita, sem dúvida alguma.
Como em tudo na vida as pessoas têm alguma tendência para culpabilizar outras pelos problemas, assim a extrema-direita apresenta-se como uma solução fácil: a culpa é dos que vieram para cá e não são de cá.
Acho que pode chegar até 10%. Como podemos evitar? Não sei. Aliás é das coisas que de facto me aflige, porque por mais argumentos que se dê parece que a tolerância não é algo natural no ser humano. Só espero que os outros 90% não permitam que ocorram atrocidades.

Anónimo disse...

Isso, no caso de não passarem dos 10%, Madi... O medo é um dos indutores do desespero.

Pamina disse...

Nas Notícias dum canal televisivo, a propósito da manifestação de sábado, à pergunta da repórter um dos manifestantes respondeu: "Eu lá por ter orgulho em ser branco, não sou racista." Apetece pôr o título que a Euronews usa a acompanhar aqueles magníficos minutos de imagens que apresenta todos os dias, ou seja "NO COMMENTS".

É bom que, por enquanto, a extrema direita seja burra e desorganizada, mas acho que há o perigo de aparecer alguém mais inteligente com vocação para Führer (que um tal partido conseguisse obter 10% dos votos a curto prazo, julgo que não).
O que se pode fazer? Procurar resolver os problemas que mencionam no vosso texto e denunciar o eventual discurso demagógico de uma tal personagem.

Broken M disse...

Sofia
Dou-te toda a razão

Pamina
É esse o principal medo. A ideia de um "Salvador". As massas acabam por ter uma certa necessidade em seguir um líder. Alguém que pense por elas. Se aparecer alguém com carisma suficiente para convencer que é possível um milagre que resolva os problemas do país, através de ideais racistas/xenófobos, é bem capaz de estarmos novamente numa situação de ditadura de extrema-direita.
O que fazer? Acho que as soluções que apresentaste têm toda a lógica. Ter muito cuidado com o marketing/publicidade, que foi a principal "arma" utilizada no nazismo de Hitler.

Broken M disse...

Sobre estas questões nazis, não sei se foram ver o filme "A Queda"...(podem ver o meu post http://letmeknowwhy.blogspot.com/2005_05_22_letmeknowwhy_archive.html)
É interessante como as pessoas que estavam próximo de Hitler o seguiam sem qualquer questionamento.
As declarações de Traudl Junge (sua secretária) são impressionantes. O facto de ela só conseguir aperceber-se das atrocidades que se faziam muito tempo depois

Anónimo disse...

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