domingo, agosto 17

Mais do que compreender o mundo, é preciso transformá-lo?

Ron Suskind escreveu The Price of loyalty, a biografia de Paul O'Neill, secretário do tesouro durante a primeira administração de George W. Bush. Entre outras coisas, apresentou provas de que Bush tinha planeado a invasão do Iraque em janeiro de 2001. A Casa Branca não gostou. Uns anos depois descreveu na New York Times Review uma conversa que teve com um alto colaborador de Bush, provavelmente Karl Rove. Disse-lhe esse senhor que individuos como Ron pertenciam àquilo a que ele chama uma comunidade baseada na realidade. Pessoas que acreditam que as soluções dos problemas surgem a partir de um estudo judicioso da realidade discernível.
Suskind concordou.
O tal senhor explicou-lhe que já não é assim que o mundo funciona. Agora somos um império e quando actuamos criamos a nossa própria realidade. Enquanto você estuda essa realidade - judiciosamente - nós agiremos de novo, criando novas realidades, as quais você terá de estudar de novo. Nós somos os actores da história ... e vocês, a todos vocês caberá apenas estudar o que nós fazemos.
Parece que o tal senhor tinha uma visão incompleta acerca do funcionamento do mundo. Como entretanto se provou.
Temos aqui um exemplo particularmente explícito acerca de duas visões do mundo. Alguns procuram começar por o compreender, outros preferem a acção. Mas à misturas interessantes: Karl Marx, que passou a vida a contemplá-lo, escreveu a frase que aparece no título deste post. Sem ponto de interrogação, claro. Karl Rove e George W. Bush estão de acordo, mas acham mais facil manipulá-lo. Será esta atitude um exclusivo da direita? Olhem que não, olhem que não. Mas isso fica para uma próxima oportunidade.

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