quinta-feira, março 31

A questão do aborto

Começo por dizer que votei sim e que penso votar sim outra vez no próximo referendo sobre interrupção voluntária de gravidez. Como muitas outras pessoas, tenho dificuldade em compreender a outra parte. Então porquê convidar alguem a defender posições diferentes das minhas? como eu expliquei no post Tentações Totalitarias 2, embora tenha convicções fortes, sei que nao sou o detentor da verdade. O CA e uma pessoa lúcida e equilibrada com quem mantenho um dialogo frutífero há mais de uma década. Isto apesar de termos posições bem divergentes sobre vários assuntos.
Teremos brevemente as primeiras contribuições do Lino e do A. Os três trarão a este blog uma maior diversidade de pontos de vista e uma outra riqueza de conteúdos.
Aproveito para lembrar que o software dos comentários e muito lento. Se já estamos irritados ainda mais irritados ficamos. Por isso que tal abrir o comentário, começar por escrever o post num processador de texto e depois de o corrigir fazer copy/paste? Pode ser que assim se consiga ter uma discussão menos emocional.
Alguns comentários sobre o post do CA. Neste post discutem-se duas questões. A questão do aborto e a questão dos embriões. Vou-me limitar a tratar aqui a questão do aborto. As pessoas reagem de forma extremamente emocional e tudo o que se possa fazer para simplificar a discussão ajuda. Agradecia que os comentaristas mais emocionados relessem o post do CA. As posições defendidas pelo CA até nem são tão anti-aborto quanto se poderia deduzir dos seus comentários. Estou certo que muitos dos comentaristas já commpreenderam que o insulto não leva a lado nenhum. Espero que depois de termos descarregado as emoções estaremos agora em estado de discutir as coisas em termos racionais.
Parece-me que algumas pessoas ficaram chocadas por um post tão longo não reservar um parágrafo para discutir os dramas pessoais das pessoas que abortam. Acho que o post está dirigido a um leitor mais anti-aborto do que os leitores que protestaram. Eles tomaram isso como uma afirmação implícita de que a populacao portuguesa é anti-aborto. Nao me parece que seja essa a opiniao do CA. Nada justifica os excessos nos comentários.
Eu nao poria tanta enfâse como CA na discussao das situações ideais. Portugal continua sem uma politica de aumento de natalidade que seria excelente investimento no futuro e a melhor forma de diminuir os problemas da segurança social. O desemprego vai aumentar durante a próxima década. O aumento dos problemas sociais acaba sempre por agravar o problema do aborto. Nenhuma lei que permita a interrupção voluntária de gravidez resolve o problema do aborto. Apenas diminui o número de mulheres estropiadas por abortos feitos em más condições. De forma análoga, uma vitória do não não acabará com os abortos.
O novo referendo sobre o aborto vai dividir novamente a sociedade portuguesa. Espero que este blogue possa dar uma pequena contribuição para evitar excessos que não contribuem em nada para a resolução dos problemas.
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