segunda-feira, outubro 10

O voto secreto garante a democracia?

Repetia ontem um convidado de um dos muitos programas sobre as eleições na Madeira: lá toda a gente tem vários familiares que dependem de uma forma do governo regional, logo o voto não é livre. Pergunta a locutora: mas o voto não é secreto? O convidado não responde.
No entanto a resposta não é assim tão complicada, apenas demasiado subtil para passar na televisão.
Quanto pesa um segredo? Quanto pesa votar A e dizer que se votou B perante toda a gente? Durante quatro anos, ou durante quarenta anos? Muito mais do que parece. Esse peso é maior para umas pessoas do que para outras. Nunca é negligenciavel e para a maior parte das pessoas é insuportavel.
Já agora quanto pesa admitir perante si próprio que até queriamos votar A e votámos B pelas razões referidas acima? Demasiado. Viver essa contradição a longo prazo é mais do que incómodo.
Que mais nos resta do que admitir que o Alberto João até tem graça?
Jardim recriou na Madeira as condições que garantiram a Salazar e Marcelo vitórias em muitas das eleições do nosso ancien regime. Agora vamos pagar a factura.

2 comentários:

MaDi disse...

Nestas alturas, sinto-me mesmo bem em estar a 18000km de Lisboa e num lugar onde as únicas notícias que interessam são os resultados do Mundial de Rugby e o preço do kg de bananas (que por acaso baixou de 14 dólares para 4 dólares o kg :))

JoZé disse...

O voto ser secreto ou não é apenas um detalhe, pois numa democracia saudável e verdadeiramente livre poderia ser até de braço no ar. O grande problema das democracias podres é a forma perversa como se condiciona o voto!