quinta-feira, novembro 22

Contra a Dialéctica

Gastei boa parte da minha adolescência a tentar desvendar três mistérios: as mulheres, a razão porque a Albânia era o farol do Socialismo e o Materialismo Dialéctico. Outros tempos. O problema da Albânia, já o resolvi. As mulheres...
Falemos então do Materialismo Dialéctico. Trata-se de uma "religião" criada por Friedrich Engels, o tipo que pagava os charutos de Karl Marx, depois da morte deste. Explica o progresso da história em termos inspirados na filosofia de Hegel. A história é um produto da luta de classes através de um processo de tese, antítese e síntese. A antítese é a negação da tese e a síntese é um fenómeno que simultaneamente anula e inclui em em si a tese e a antítese. Eu já explico.
Até à queda do muro do Berlim muita gente achava lá no intimo que existiam duas verdades. A dos americanos e a dos russos. A tese e a antítese. Mesmo que não gostassem dos russos. A verdade? Seria alguma coisa que ainda mal podíamos entrever. Se calhar um pouco mais perto dos americanos. Algo que ainda não existia ... Uma? ... Síntese?
O muro de Berlim caiu e afinal não houve síntese. Um dos lados ganhou. A realidade é muito mais simples e banal do que Hegel e Engels pensavam. Acabou aqui a dialéctica? Nem por isso.
Dum lado temos a realidade da guerra do Iraque e o degelo polar, do outro lado, o George W. Onde estará a verdade? Irá surgir uma síntese? Muitos dos apoiantes de Bush comportam-se como se a esperassem. Nunca foram marxistas. Mas continuam infectados pelo vírus da Dialéctica...
Dum lado estão toda uma série de explicações obvias para o facto da pessoas quererem acreditar, ou estarem predispostas a acreditar que seria tão bom acreditar. Todos os malefícios resultantes das religiões. Do outro, tantas pessoas simpáticas. Seria trágico que estivessem a desperdiçar as suas vidas. Seria demasiado triste que um dos lados estivesse errado.
Acham mesmo que a verdade será uma síntese que anula e inclui os contrários? Por mim, se estou errado, aqui estou à espera do raio que me fulmine.

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