sexta-feira, abril 1

Tolerância Zero 2

Num estado de direito as leis são respeitadas. Sou um defensor acérrimo da tolerância zero no cumprimento das leis. O desrespeito de uma lei enfraquece todas as outras. A lei com que mais portugueses lidam todos os dias é o código da estrada.
A lei da limitação de velocidade é a menos respeitada de todas. Como dizem os brasileiros, a lei da velocidade média nas auto-estradas não pegou. Os políticos, incluindo o Presidente da República e o Dr. Carlos Carvalhas, não a respeitam. Quando é que esta lei será baseada numa análise racional da situação?

Pior do que os cidadãos não respeitarem a lei é serem os próprios juízes a julgar contra a lei. No entanto foi precisamente isto que aconteceu nos últimos julgamentos sobre o aborto. Trata-se de uma crise grave do estado de direito. Espero que seja rapidamente ultrapassada.

Num outro plano o igreja católica padece de problemas semelhantes e muito mais graves. Uma percentagem considerável dos crentes não respeita as leis da igreja relativamente ao sexo e aos anticoncepcionais. Este assunto não me diz respeito mas preocupa-me por duas razões.
A posição da igreja católica complica consideravelmente a discussão da questão do aborto. Não me parece que a posição da igreja seja baseada em argumentos racionais. Sendo a igreja uma instituição transnacional, como é possível que a igreja francesa aceite uma lei do aborto que a igreja portuguesa considera herética? Alguém me explica este fenomeno?
Por outro lado todas as igrejas nacionais europeias lutaram fortemente contra o estabelecimento ou aprofundamento das leis de interrupção voluntária de gravidez. Afirmaram repetidamente que estas leis violavam a vida humana, constituindo uma licença para matar. Uma vez as leis aprovadas raramente voltaram a discutir o assunto. O mesmo fenomeno aconteceu em Portugal quando foi aprovada a nossa timida lei do aborto.
Alguém me explica isto? Será que a igreja se limita a tentar não perder terreno? (Whatever that means). Certamente estou errado. Agradeço que alguém me ilucide.
A segunda razão é a seguinte. A questão dos anticoncepcionais esta a afastar as pessoas da igreja a grande velocidade. Estas pessoas largam uma instituição que lhes dava apoio e as integrava na sociedade sem terem encontrado outra situação ou outra visão do mundo que a substitua. É um mau negócio. Espero que a eleição de um novo papa venha simplificar a vida de todos nós.

15 comentários:

Orlando disse...

Como ninguém comenta os meus posts, comento eu.
A posição da igreja em relação às sucessivas leis do aborto é semelhante à posição do PC relativamente à sucessivas revisôes da constituição. A próxima é sempre má, a anterior foi sempre boa.

Depois de trabalhar afincadamente durante um mês também tenho direito a ser insultado!

Anónimo disse...

O teu problema é que fazes posts tão sensatos que todos acham que já não é preciso dizer mais nada :)

Anónimo disse...

Esse CA cheira a beato. É má influência. Como é possível alguém que não parece ser católico defender que as pessoas permaneçam no obscurantismo?

Um abraço para o CA. Afinal não parece ser má pessoa.

JJ

Caro CA, estou despontado. Ainda não me deu a outra face.

Orlando disse...

Discutir com outras pessoas no meu post é uma grande falta de educação!

Respondo a isso um dia destes.

Anónimo disse...

Quem é este ON que aparece aqui de vez em quando e a quem ninguem liga? Isto não é o blog do CA? :))

A.

PS: Que historia é essa de estares à espera de um artigo meu? Só em respostas ao pelotão de choque ideologico ja escrevi quase tantas palavras como o autor do blog! (não tu, o outro >:->)

Anónimo disse...

Quando alguém morre, normalmente pegamos mais nas coisas boas do que nas más. Além disso o Papa defendia as posições que ele acreditava que eram as melhores para todos, dentro da forma que ele tinha de ver as coisas. Penso que o que mais se aprecia nele é esta capacidade de levar até ao fim aquilo que ele acreditava ser o melhor para todos.

Anónimo disse...

Como Hitler!

JJ

Anónimo disse...

Ana, subscrevo totalmente as suas palavras!

Luciana

Anónimo disse...

Ser católico, ortodoxo ou protestante é quase o mesmo de um ponto de vista teológico. Quem compreende intelectualmente as diferenças? Quem as considera importantes?

Anónimo disse...

Ana, poderia explicar melhor que inocentes são esses que morreram às mãos do Papa?

Anónimo disse...

Hitler não estava a tentar fazer o melhor para todos mas sim o melhor para o seu povo e dentro do seu povo apenas para a raça superior.

Hitler não fez o que fez nem chegou onde chegou sozinho. Foram precisos milhares ou milhões de homens ou mulheres que o apoiaram ou que não disseram não em determinadas circunstâncias.

Isto levanta a questão do mal. O grande mal, ao contrário do que muitos filme sugerem, não é fruto de um homem muito mau mas sim de muitas pequenas maldades, cobardias, demissões, etc., de muitos homens e mulheres.

Será que cada um de nós seria capaz de suportar a consciência de todo o mal que já gerou ao longo da sua vida e das consequências desse mal? Às vezes fazer o mal é como tombar a primeira peça de um dominó que não sabemos onde vai terminar. Às vezes responder ao mal com o mal é participar num processo de amplificação do mal que, se mantido, pode dar origem a um efeito borboleta. Mas estes efeitos só surgem se muitas pessoas participarem nesta propagação.

É assim que eu entendo as palavras de Jesus "se não vos arrependerdes, perecereis todos". (Lc. 13) Não é Deus que nos vem castigar, somos nós que alimentamos o processo.

Anónimo disse...

Nao será uma demissão continuar dentro da igreja católica apesar de todo o mal que esta tem feito, como parece ser o caso do CA?

Para quê? para continuar a ser aconchegado por uma comunidade poderosa?

Jesus seria católico? Não teria ele a força para mais uma travessia do deserto?

Maria

Anónimo disse...

Carla e Ana

Quanto à matéria de facto estou de acordo convosco em quase tudo: o Papa perseguiu teólogos de forma chocante, teve um ecumenismo de qualidade duvidosa e manteve uma política discutível. Não sejamos ingénuos quanto aos chineses: eles vivem num regime sem respeito pelos direitos humanos e não querem interferências de fora. A Rússia também não parece primar pela democracia. O que quero dizer é que os países democráticos ocidentais não têm problemas em ter a igreja católica livre, pois trata-se apenas de mais um grupo organizado dentro de cada país. Se tem muitos adeptos tem mais peso, se tem poucos não dá votos e não tem peso.

A existência de um chefe centralizado é uma tradição católica que tem vantagens e desvantagens. Não sei se é o maior problema da igreja.

Quanto ao preservativo, não estou de acordo com o Papa, e creio que há missionários católicos em África que não o seguem. A única coisa que posso dizer é que o Papa pensava que para aquelas pessoas o uso do preservativo era pior do que correr o risco de apanhar SIDA.

Anónimo disse...

Maria

Todos as organizações humanas, porque constituídas por homens e mulheres, fazem bem e mal. Se eu não quisesse estar em nenhuma rede ou organização que tivesse sido responsável por fazer algum mal não poderia sequer viver.

Viver neste mundo é viver nesta mistura de mal e bem, dentro de mim e fora de mim. A mensagem de Jesus é que ele próprio, não sendo senão amor, podia viver neste mundo e podia, com o amor, fazer nascer bem onde o mal dominava, tirar a vida da própria morte.

Por isto é possível para os cristãos viver neste mundo com as suas imperfeições, tentando fazer um mundo melhor.

Anónimo disse...

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